Revista

BRASIL-EUROPA

Correspondência Euro-Brasileira©

 

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Colonia 2006. A.A.Bispo©Arquivo A.B.E.


Colonia 2006. A.A.Bispo©Arquivo A.B.E.


Colonia 2006. A.A.Bispo©Arquivo A.B.E.

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Folclore portugues,Colonia 2006. A.A.Bispo©Arquivo A.B.E.



Folclore portugues, Colonia 2006. A.A.Bispo©Arquivo A.B.E.


Fotos:Acervo particular A. Borges e Arquivo A.B.E.

 

Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira 148/21 (2014:2)
Editor: Prof. Dr. A.A.Bispo, Universidade de Colonia
Direção administrativa: Dr. H. Hülskath

Organização de Estudos de Processos Culturais em Relações Internacionais (ND 1968)
Academia Brasil-Europa
Instituto de Estudos da Cultura Musical do Mundo de Língua Portuguesa (ISMPS 1985)

© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1998 e anos seguintes © 2014 by ISMPS e.V. Todos os direitos reservados
ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501

Doc. N° 3092




De Roma à Alemanha em anos pós-conciliares: da música prática à Pesquisa
e à Missão Católica Portuguesa de Colonia
Visitas à comunidade lusófona de Toronto/Missasauga


Armindo Borges: 80 anos (2013). Dos Açores a Roma e à Alemanha, no Canadá, Brasil e em Portugal III







Dr. Armindo Borges
Este texto deve ser compreendido no conjunto de outros artigos desta edição da Revista Brasil-Europa dedicados à passagem, em 2013, dos 80 anos do teólogo, regente, compositor e musicólogo açoriano Pe. Dr. Armindo Borges.


Essas publicações procuram trazer a consciência o significado de sua trajetória de vida, de sua obra e de suas múltiplas atividades nos Açores e nos diferentes contextos internacionais em que atuou. Concomitantemente, trazem à luz a projeção internacional dos Açores e o papel que a cultura açoriana desempenhou em interações e processos culturais das últimas décadas.


Membro fundador e Vice-Presidente do instituto de Estudos da Cultura Musical do Espaço de Língua Portuguesa (I.S.M.P.S. e.V.), foi protagonista desde 1975 das interações e conferências que, centralizadas em Colonia, determinaram iniciativas posteriores e levariam à constituição do instituto no "Ano Europeu da Música" de 1985.


Como pároco da Missão Portuguesa de Colonia, e assim vulto de liderança de uma das maiores comunidades portuguesas da migração européia, possibilitou e dirigiu eventos culturais e sacro-musicais na igreja sob a sua responsabilidade - monumento arquitônico do Românico na Europa -, celebrou missas solenes com a apresentação de obras-mestres de autores portugueses por ocasião de eventos do instituto, organizou encontros e recepções de pesquisadores portugueses e brasileiros pela comunidade, participou ativamente como conferencista de colóquios e simpósios, representando a ponte entre os trabalhos do I.S.M.P.S. e a comunidade de língua portuguesa da imigração centro-européia.


Integrando as mais significativas organizações voltadas à música sacra, é membro eleito da Consociatio Internationalis Musicae Sacrae, Roma, da Associação Geral de Santa Cecília para Alemanha (Allgemeiner Cäcilienverband für Deutschland) e da Church Music Association of America, Saint Paul, EUA. É também membro de sociedades musicológicas da Alemanha (Gesellschaft für Musikforschung) e da Itália (Società Italiana di Musicologia, Roma), tendo colaborado estreitamente com iniciativas da Sociedade Brasileira de Musicologia.

Autor de trabalhos musicológicos, é também compositor de missas, motetes e obras para órgão. Participou como conferencista representando os Açores no II Congresso Brasileiro de Musicologia, relizado no Rio de Janeiro, em 1992. Em 2002, co-dirigiu o Colóquio Internacional "Dimensões Européias da Música Portuguesa" da A.B.E. por motivo da celebração do Porto como Capital Européia da Cultura. Desde 2003 é mestre da
Capella Olisiponensis da Basílica dos Mártires, Lisboa.


 

Como já expressamente manifestado na sua conferência de 1961 - base do plano que desenvolvera para a Vila da Praia da Vitória - Armindo Borges possuia uma admiração pela vida musical da Alemanha e pela obra dos grandes compositores alemães, na qual via, na lógica do seu edifício de pensamento, sinal mais manifesto do desenvolvimento cultural do país.


A sua admiração pela cultura alemã baseava-se assim nas suas concepções teóricas relativas à cultura e à educação, fornecia ao mesmo tempo os argumentos para justificá-la e era relacionada com intuitos de difusão cultural e educação popular. O seu intuito era o de servir à intensificação da vida musical, em particular da prátíca coral e à elevação do nível cultural da população de meios urbanos dos Açores, em especial da então Vila da Praia da Vitória.


Essa admiração fundamentara-se no cultivo de obras de compositores alemães no Seminário Episcopal de Angra do Heroísmo. Significativo é o fato de uma das primeiras grandes obras por êle dirigidas nos Açores tenha sido o coro do Tannhäuser de Richard Wagner (1813-1883), fato que também parece poder ser explicado a partir de suas concepções relativas à cultura e pelos intuitos de difusão da época. (Veja artigo nesta edição)


Em Roma, essa admiração intensificara-se pelos estreitos elos do Pontificio Istituto di Musica Sacra com personalidades do Catolicismo alemão de influência no Vaticano. Se o centro dos representantes do clero e dos alemães que estudavam em Roma era o tradicional Colégio Germânico, a presença alemã fazia-se sentir sob diferentes aspectos e de forma ampla em Congregações, institutos e sobretudo no próprio desenvolvimento das sessões do Concílio, exercendo peritos alemães um papel fundamental em questões relativas à música sacra.


Através do seu professor de História da Música, o musicólogo e prelado espanhol Higino Anglès, marcado pela sua formação em universidades e com grandes nomes da Musicologia da Alemanha, Armindo Borges conheceu correntes de pensamento musicológico alemão. Esses elos entre o Instituto e a Alemanha não eram recentes, mas remontantes à época de sua própria fundação e, ainda mais, ao movimento litúrgico-musical de Reforma da música sacra do século XIX, que teve um de seus maiores centros de irradiação em Regensburg (Ratisbona).


O Instituto estava assim profundamente imbuído do espírito da restauração musical, marcado nas suas origens pelo combate à música sacra de acompanhamento orquestral considerada como de cunho teatral e mundano do século XIX, pelo fomento do Gregoriano e da Polifonia e pelas concepções que tiveram o seu marco na legislação litúrgica no Motu Proprio de Pio X (1903). Os elos com a música sacra do mundo de língua alemã puderam ser mantidos e aprofundados durante os congressos internacionais de música sacra, simpósios e intercâmbios.


O desenrolar do Concílio Vaticano I, e sobretudo os debates que levariam à reforma litúrgica, não poderiam deixar de ter uma relevância fundamental para a música sacra, cujas concepções estavam tão profundamente vinculadas aos ideais litúrgico do movimento reformador e restaurador pré-conciliar. Pode-se, compreender, assim, o empenho de peritos alemães no Concílio e de personalidades influentes da música sacra e do Catolicismo alemão em geral em revitalizar, sedimentar e intensificar os elos do Pontificio Istituto di Musica Sacra com a Alemanha, o que, em visão retrospectiva, surge como iniciativa de alto significado político-eclesiástico e mesmo das relações entre a Alemanha e o Vaticano.


Uma das iniciativas alemãs de maiores dimensões e consequências foi a da possibilitação de uma viagem de duas semanas do Pontificio Istituto di Musica Sacra por cidades alemãs, em 1966, e que contou com a participação de grande número de seus professores, estudantes e funcionários.


De Munique, o grupo dirigiu-se significativamente em primeiro lugar a Regensburg, o centro da tradição Ceciliana, de lá, passando por Nürenberg, à então ainda dividida Berlim, cuja visita por maior número de estrangeiros constituia um anelo do poder político da Alemanha Ocidental. Vindos de Berlim e descendo em Düsseldorf, o próximo objetivo da viagem foi Colonia, centro do Catolicismo renano.


Houve, portanto, uma lógica consistente na programação da parte alemã, centralizada em Colonia, trazendo praticamente todo um instituto primeiramente ao centro da história e da tradição da restauração musical ceciliana em Regensburg e, como coroamento, a Colonia com a sua catedral como monumento do Gótico completado no século XIX, o século do Historismo. O objetivo da viagem era aqui alcançado também pelo fato de atuarem em Colonia renomados representantes da música sacra católica alemã, seja na sua Escola de Música, o antigo Conservatório, seja na sua Escola Superior de Música. (Veja artigo)


Foi nessa ocasião de sua primeira estadia em Colonia, durante almoço em tradicional restaurante junto à Catedral, que Armindo Borges entrou em contato pessoal com o compositor Hermann Schroeder (1904-1984), desde 1946 docente e desde 1948 Professor na Escola Superior de Música em Colonia, onde ensinava Teoria Musical, Regência, Morfologia, História da Música e onde fora vice-diretor de 1958 a 1961. Tinha sido, de 1946 a 1972, docente no Seminário de Musicologia da Universidade de Bonn e regente da Sociedade Bach de Colonia após a Guerra (até 1961), atuando ainda como regente do Madrigal da Escola Superior de Música, cargo que manteria até 1974.


Na personalidade, na sua história de vida, nas concepções e na obra de Schroeder uniam-se a criação, o ensino de matérias teóricas e da História da Música de forma particularmente estreita com o seu Catolicismo convicto e a cultura alemã, por êle representada também de modo convictamente nacional ou patriótico.


Alcançara renome na década de 30 no âmbito das atividades da "Sociedade Internacional para a Renovação da Música Sacra Católica", fundada em Frankfurt a.M. em 1930 (Internationale Gesellschaft für Erneuerung der katholischen Kirchenmusik, IGK) tanto como compositor de obras sacro-musicais como propagador de uma nova música sacra que, dentro dos princípios da reforma ou restauração musical no espírito ratisbonense da Associação Geral de Sta. Cecília (Allgemeiner Cäcilien-Verband, ACV), a tornasse compatível com desenvolvimentos contemporâneos.


Atuara em fins da década de 30 e durante a Guerra em Trier, onde fora organista da catedral, conselheiro de estudos de Ginásio e diretor da Escola Municipal de Música, ali criando um Departamento de Música Sacra.


Schröder tornou-se amplamente conhecido não apenas em círculos católicos pelos compêndios para uso de estudantes das várias disciplinas teórico-musicais que escreveu (Lehrbuch des Kontrapunkts, 1950; Harmonielehre, 1954, Formenlehre der Musik, 1962). Esses tratados alcançaram ampla divulgação por ser utilizado por estudantes que se licenciavam para o ensino musical escolar, por estudantes da Escola Superior de Música e mesmo por estudantes de Musicologia nos cursos teórico-musicais complementares.


Dominando o italiano, Hermann Schröder sugeriu a Armindo Borges que viesse realizar estudos de aperfeiçoamento em Música Sacra e Composição sob a sua orientação na Escola Superior de Colonia após o término de sua formação no Pontificio Istituto di Musica Sacra.


Após assistir a um concerto com obras de Schröder oferecido aos visitantes do instituto na Abadia de Himmerod, Armindo Borges convenceu-se que este seria o caminho certo, aceitando assim a proposta de Schröder. Se em Colonia o compositor havia-lhe aberto portas, o seu coração foi conquistado em Himmerod.


A escolha dessa antigo convento cistersiense no vale do Salm da região do Eifel pelos programadores da viagem não tinha sido arbitrária. Possuía um alto significado histórico e religioso, uma vez que remontava ao próprio Bernhard von Clairvaux (1090-1153), que dali, em 1135, enviou os seus monges cistersienses a outras regiões para a propagação de um espírito de claustro que devia inspirar e mesmo marcar os estudantes visitandos do instituto romano.


Já nessa época, portanto, havia estreitas relações entre Roma, Colonia e a região do Eifel, e o papel que Himmerod desempenhou para Armindo Borges passaria a ser na década de 70 exercido pela Abadia de Maria Laach.


Em Colonia. Escola Superior de Música e Instituto de Musicologia


Transferindo-se para Colonia em 1967, Armindo Borges realizou os seus cursos de especialização na Escola Superior de Música de Colonia até 1972. Nessa época, devendo retornar aos Açores, já tinha conhecimento que a situação da prática da música sacra no arquipélago modificara-se totalmente em consequência de impulsos pós-conciliares, sobretudo com o intenso fomento de uma participação ativa do povo através do canto de assembléia em português, e consequente perda de significado do repertório em latim, do Canto Gregoriano e da Polifonia.


Sob essas condições, já não via perspectivas para a aplicação dos conhecimentos que em longos estudos tinha obtido em Roma e em Colonia, e muito menos para a realização do plano cultural e educativo idealizado em 1961.


Já tendo uma posição desde 1970 como sacerdote e mestre de capela da Igreja do Bom Pastor de Colonia, que manteve até 1981, decidiu, assim, dedicar-se aos estudos musicológicos, uma vez que na Universidade de Colonia existia um dos maiores institutos de musicologia da Alemanha, onde atuava uma das mais renomadas personalidades católicas da Musicologia, Karl-Gustav Fellerer (1902-1984).  No Instituto de Musicologia, porém, que frequentou por dez anos, foi orientado pelo então diretor, Heinrich Hüschen, evangélico, alcançando o doutoramento a 12 de fevereiro de 1983 (Duarte Lobo 156?-1646 - Leben und Schaffen des portugiesischen Komponisten)


No Instituto encontrava-se nesses anos a pesquisadora portuguesa Dra. Maria Augusta Alves Barbosa (1913-2013), que realizara o seu doutoramento em 1970 e que preparava a publicação de sua obra. (Veja artigos nesta edição) Como representante da pesquisa musical portuguesa e altamente conceituada pelos professores alemães, era o referencial por excelência de pesquisadores lusófonos do instituto. Foi ela que sugeriu a Armindo Borges que se dedicasse ao estudo de Duarte Lobo (156?-1646), mestre-capela da catedral de Lisboa, cuja pesquisa ainda não tinha sido intentada por outro pesquisador e que lhe surgia como um dos principais vultos da História da Música portuguesa.


Armindo Borges devia vir assim a preencher uma fundamental lacuna na pesquisa e oferecer com o seu trabalho subsídios indispensáveis para o desenvolvimento dos estudos da Polifonia não só em Portugal como nas suas dimensões européias. Com a formação que obtivera em Roma, em particular de Contraponto, Harmonia e Fuga com Carducci, e com os conhecimentos obtidos na sua especialização em Colonia, Armindo Borges surgia como a personalidade ideal para o tratamento da Polifonia no seu período áureo e nas suas expressões no mundo português através do vulto de Duarte Lobo.


Missão Católica Portuguesa de Colonia


Sendo nomeado pároco da Missão Católica Portuguesa de Colonia em 1981, ministério que exerceu até 1993, tornou-se o Pe. Dr. Armindo Borges personalidade central e de liderança da grande comunidade portuguesa e de católicos de língua portuguesa de Colonia, uma das maiores da Europa Central.


Responsável também pela música sacra e assumindo em si as funções de mestre-capela na igreja que abrigava os portugueses na Arquidiocese, a Gross St. Martin, um dos maiores monumentos arquitetônicos da cidade, o Dr. Armindo Borges pôde, em parte, e de forma adequada às circunstâncias, realizar o seu plano cultural e educativo já há décadas acalentado.


Durante o período de seu ministério, mais do que uma década, a comunidade portuguesa tornou-se uma das mais conhecidas de todas aquelas de estrangeiros da Arquidiocese pela sua presença em solenidades litúrgicas e paralitúrgicas, em particular em procissões, pelos seus grupos folclóricos que se apresentavam em festas religiosas e, sobretudo, pelos grandes festivais de Folclore que, à época do Dr. Armindo Borges, alcançaram a sua expressão mais significativa.


Esses festivais, nos quais se apresentaram numerosos grupos de várias regiões da Alemanha e de outros países vizinhos, durando muitas horas e reunindo milhares de portugueses, constituiam as mais expressivas realizações de migrantes da Alemanha e das maiores da imigração portuguesa do mundo. Foi um anelo do Pe. Dr. Armindo Borges, seguindo os seus antigos propósitos, fazer com que esses festivais contribuissem também para a aproximação de representantes lusófonos de outros países, integrando-os em comissões julgadoras das apresentações. Ponto alto de suas atividades de fomento às manifestações culturais dos imigrantes deu-se por ocasião dos 25 anos da Missão de Colonia, quando os eventos contaram com a presença do Embaixador de Portugal.



Em Lisboa. Plano de criação de uma Escola de Meninos Cantores e realizações


Transferindo-se para Lisboa, o Pe. Dr. Armindo Borges realizou grandes esforços para a criação de uma escola de música junto ao ao Patriarcado que, segundo modêlos que conhecia da Alemanha, em particular de Limburg e Augsburg, possibilitasse a formação de um coro de meninos cantores e, posteriormente, elementos bem formados para um coro.


Apesar de ter obtido sucessos em várias iniciativas, a intensidade com que as concepções e as práticas do canto em português de comunidades se encontram enraizadas em Portugal dificultaram o despertar das atenções para o significado espiritual e cultural de obras do patrimônio músico-cultural com textos em latim.


Além do mais, as exigências que, com a sua formação, não poderia dispensar quanto ao nível qualitativo das interpretações da polifonia vocal da época da Renascença apenas podiam ser satisfeitas através da participação de cantores de formação musical e vocal, capazes de ler sem maiores dificuldades partituras, evitando-se assim muitos ensaios.


A sua mais significativa iniciativa em Portugal foi a da criação da Capella Olisiponensis da Basílica dos Mártires, em 2003. Com esse coro chegou a realizar grandes obras, entre outras de G. P. da Palestrina (c. 1525-1594), Josquin Desprez (ca.1450/5-1521) e T. L. de Vitoria (c. 1548 - 1611), assim como possibilitou por longo tempo a celebração de missas solenes na Basílica com obras sacro-musicais significativas do patrimônio polifônico.


No Canadá. Presença anual na comunidade portuguesa de Toronto e Missisauga


O papel relevante desempenhado pelo Pe. Dr. Armindo Borges no contexto da imigração portuguesa adquiriu dimensões internacionais não apenas através de seu ministério na Europa Central, mas também através de seus vínculos com o meio da imigração portuguesa na América do Norte.


Esses vínculos explicam-se pelo fato de toda a sua família ter emigrado dos Açores ao Canadá anglófono, um processo que teve o seu início ainda na época em que era estudante no Seminário Episcopal de Angra do Heroísmo, quando a sua irmã mais velha transferiu-se a Toronto, sendo então seguida pelos outros membros da família.


Tendo visitado os seus familiares primeiramente em 1975, passou a realizar viagens anuais ao Canadá, permanecendo em particular em Toronto e Missisauga. Esta metrópole, a oeste de Toronto, uma das maiores do Canadá, oferece com o seu aeroporto internacional e as muitas firmas ali localizadas, entre elas de aviação, de indústria eletrônica e farmacêutica, assim como pelos seus bancos, favoráveis possibilidades de trabalho aos imigrantes. Não só portugueses, mas também grupos de outras nações, sobretudo do Sul da Ásia desempenham ali um papel significativo na vida cultural marcada pela diversidade de Missisauga.


Já há muito possuia o Pe. Dr. Armindo Borges contatos com a Igreja do Canadá, uma vez que, no seu primeiro ano de estudos no Pontificio Istituto di Musica Sacra teve como colega o mestre-capela da catedral de Missisauga.


Quando de suas estadias nessa comunidade canadense, o Pe. Dr. Armindo Borges tem a possibilidade de observar a situação da prática musical local. Como nos Açores, em Portugal e em outras comunidades, também ali cultivam-se em geral os mesmos cantos de assembléia em português, havendo, porém, um coro e um organista que, sob alguns aspectos, possibilitam um nível qualitativo e de escolha de repertórios superior àqueles que conhece dos Açores.


(Veja artigo em continuidade)



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Indicação bibliográfica para citações e referências:
Bispo, A.A. (Ed.)."De Roma à Alemanha em anos pós-conciliares: da música prática à Pesquisa
e à Missão Portuguesa de Colonia".
Revista Brasil-Europa: Correspondência Euro-Brasileira 148/21 (2014:2). http://revista.brasil-europa.eu/148/Imigrantes-Portugueses.html