O Kalanoro do Mont Passot e o Curupira
ed. A.A.Bispo

Revista

BRASIL-EUROPA

Correspondência Euro-Brasileira©

 

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Mont Passot. Foto A.A.Bispo. Copyright. Arquivo A.B.E.

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Mont Passot. Foto A.A.Bispo. Copyright. Arquivo A.B.E.

Mont Passot. Foto A.A.Bispo. Copyright. Arquivo A.B.E.

Mont Passot. Foto A.A.Bispo. Copyright. Arquivo A.B.E.

Mont Passot. Foto A.A.Bispo. Copyright. Arquivo A.B.E.


Fotos A.A.Bispo 2015 ©Arquivo A.B.E..

 

154/10 (2015:2)



Folclore comparado e ecologia: Madagáscar e Brasil
O Kalanoro do Mont Passot e o Curupira

Estudos internacionais pelos 450 anos do Rio de Janeiro - Programa Cultura/Natureza da A.B.E.



 
Mont Passot. Foto A.A.Bispo. Copyright. Arquivo A.B.E.
Em estudos de relações e cotejos entre o Brasil e o Madagáscar, a natureza e problemas ambientais oferecem-se em primeiro lugar. Ambos os países são possuidores de extraordinário patrimônio de florestas tropicais, de fauna e flora, e ambos vivenciam a destruição desse mesmo patrimônio em dimensões trágicas e alarmantes.


Os problemas derivados do de-florestamento de imensas regiões, que levam à deterioração do solo, à desertificação, ao empobrecimento e ao rebaixamento da qualidade de vida de grandes parcelas populacionais são graves em ambos os países.


Mont Passot. Foto A.A.Bispo. Copyright. Arquivo A.B.E.
A quase que inacreditável duração e a abrangência da sêca que assolou em 2014 regiões do Brasil conhecidas até hoje pela sua riqueza em águas e o estado de depauperamento natural e social em que se encontra o Madagáscar trouxe à consciência as implicações múltiplas de desenvolvimentos de destruição do patrimônio natural no decorrer dos séculos e que se prolongam no presente.


Esse desenvolvimento delapilador do patrimônio foi resultado de ações dirigidas ou espontâneas, conscientes ou inconscientes, produtos de interesses econômicos mas também de práticas, impulsos e de uma auto-consciência do homem recebidos pela tradição, ou seja, pode e deve ser considerado sob o aspecto de condicionamentos culturais.


Em contextos nos quais o homem se confronta com uma pujança natural que surge como incomensurável e inesgotável, a gravidade do processo destruidor tende a ser relativada, deixando-se preocupações, responsabilidades e procura de soluções para futuras gerações.


A impressão de que se dispõe de terras e recursos infindáveis vale tanto para o Brasil como para o Madagáscar.


O momento crítico de perda de equilíbrio que se vivencia no presente, cujas causas são sobretudo vistas nas transformações climáticas causadas pelo aquecimento global, aguça a consciência para as dimensões amplas, internacionais desse comportamento do homem perante a natureza.


Tanto o Brasil como o Madagáscar surgem frequentemente como objetos de apreensões de organizações internacionais voltadas ao meio-ambiente e de iniciativas para a proteção da biodiversidade.


Muitas dessas tentativas possuem uma dimensão pedagógica, incluem projetos que se desenvolvem em escolas e que visam a formação de consciência ambiental e de um posicionamento de respeito de novas gerações para com a natureza. Reconhece-se cada vez mais que o desaparecimento de espécies animais e vegetais, muitas delas ainda não estudadas pela ciência, seja na Amazônia, seja no Madagáscar, representa uma perda para toda a Humanidade.


A ilha do Madagáscar, verdadeiro continente, resto de uma remota massa continental entre a África e a Índia, manteve, justamente devido à sua antiguidade e seu isolamento insular espécimes que surgem como endêmicas e arcaicas, apenas ali encontradas, únicas para o globo e que hoje se encontram em risco de desaparecimento ou já desaparecidas.


Surge como macabro o fato de que no Madagáscar e em outras ilhas do Índico, seja Maurício ou Réunion, uma ave que foi extinta pela avidez humana nos últimos séculos seja considerada como animal emblemático, representada de forma lúdica e simpática, símbolo da placidez e inofensividade, de sua falta de resistência perante a agressão humana: o Dodo. Também o Madagáscar conhece o fenômeno de celebração de uma espécime que já não existe, a de um grande pássaro extinto.


A visão global de decorrências apesar de todas as suas diferenças nos diversos contextos geográficos diz respeito não apenas a causas e evidências da deterioração ambiental, mas também às tentativas de inversão de processos, de formação de consciência, de projetos de reflorestamento, de proteção da fauna e da flora, assim como criação de reservas e parques naturais. Tomar conhecimento dos esforços mútuos, compará-los nas suas similaridades e diferenças, surge como pré-condição para possíveis ações conjuntas e solidárias.


Nesse sentido, uma das preocupações da A.B.E. tem sido comparar tendências do pensamento e da prática ambiental nas suas relações com processos culturais em diferentes contextos, entre êles no Madagáscar.


Valorização eco-turística do cimo do Mont Passot


Mont Passot. Foto A.A.Bispo. Copyright. Arquivo A.B.E.
Entre os projetos de natureza ecológico-cultural da atualidade destaca-se aquele do Mont Passot (Bongo Pisa), uma elevação de origem vulcânica na ilha de Nosy Be. O monte é denominado segundo Pierre Passot (1806-1885), oficial francês de artilharia da Marinha que entrou na história colonial por ter instaurado em Nosy Be o protetorado francês através de um acordo assinado em 1841 com a rainha do povo Sakalava, Bemihisatra Tsiomeko.


O nome de Pierre Passot mantém-se vivo na região, sobretudo também pelo fato de ter criado a principal cidade da ilha - Hell Ville - que denominou segundo o seu superior, Anne Chrétien Louis de Hell (1783-1864) então governador da ilha de Bourbon (La Réunion).



O Mont Passot reune assim, para além do seu interesse natural, uma vez que dele se descortina vasta região, lagos e ilhas - entre elas a ilhota do Pão de Açúcar - significado histórico-cultural relevante, tanto relativamente à história interna malgache, em particular dos Sakalava, como à história colonial, em particular das relações com a França.


Do seu cimo avista-se o local sagrado dos Sakalava, a ilha na qual se situam túmulos de ancestrais. Os lagos da região possuem sentidos religiosos, sendo em parte tabuizados, marcados por diversos preceitos que os vedam a humanos. Trata-se, assim, de uma região marcada por vegetação luxuriante e águas, de mistérios, proibições, estórias e crenças. Natureza e cultura interagem de forma estreita nessa região impregnada de sentidos.


A recente valorização do Mont Passot como local de ecoturismo é uma tentativa de procura de meios de subexistência para a população da ilha de Nosy Be. Com o encerramento das atividades da usina açucareira local e com a crise da pesca, que causou nos últimos anos uma grave crise de desemprego e depauperamento da ilha, as esperanças concentram-se no turismo, e este, devido às característics das potencialidades locais, apenas pode contar com os atrativos naturais.


Como local de ecoturismo, o Mont Passot foi inaugurado em 2014 pelo Presidente do Madagáscar e pelo Ministro do Turismo. Abriu-se uma via melhor pavimentada a seu cimo, criou-se uma plataforma para estacionamento à entrada do portão da área, da qual se avista a ampla paisagem de vegetação e águas, e implantou-se um caminho para a plataforma, onde se agrupam cabanas para a venda de artesanato.


Nesse belvedere, uma placa expositiva do panorama lembra o reino dos Sakalava. Apresenta-os como um povo que sabia viver, repartido em dois clans nas costas noroeste do Madagáscar, os Bemihisatra e os Bemazava, governados por reis que se tornaram míticos, repartidos em vários principados. Estses soberanos eram respeitados e tidos como seres divinizados, emanação de forças ocultas, exigentes de respeito e obediência absoluta de seus súditos, deles apenas se aproximando de joelhos e cabeças baixas.


Nesse ambiente impregnado por sentidos misteriosos, de lembrança de tempos de glória mas de submissão, temores, receios, maldições e proibições, o observador brasileiro se surpreende em defrontar-se, na cabana à entrada do parque, uma representação do Kalanoro, um ser fantástico que lembra sobre muitos aspectos o Curupira do Brasil.



O Kalanoro na recepção dos visitantes do Mont Passot


A imagem e os dizeres que ali se vêem são resultado evidente da ação consciente de folcloristas locais que trabalham com os responsáveis pelo aproveitamento ecoturístico do Mont Passot. Eles se organizam numa associação sem fins lucrativos (Mont Passot Tsararivotra) com elos com a comunidade urbana de Nosy Be, o ofício regional de turismo e a comunidade local de Base Avotra do Mont Passot. Segundo os seus estatutos, a entidade age em conjunto com a comunidade local e a seu favor, procurando fomentar a conservação do patrimônio natural do Mont Passot e o melhoramento das condições de vida da comunidade local.


A imagem do Kalanoro, em escultura em madeira polida, obra significativa de artesanato, expõe aos visitantes as principais características desse ser fantástico.


O Kalanoro surge como um homem de pequenas dimensões, quase que como uma criança ou anão, com formas roliças e expressão matreira, nariz chato, grossos lábios e olhos empapuçados, e sobretudo com longos cabelos que, lisos, envolvem o seu corpo. Traz as mãos escondidas sob os braços, de modo que o observador não pode ver o que se diz a respeito de seus muitos polegares, dedos encurvados ou de suas longas unhas ou garras.


O que mais lembra ao observador brasileiro o Curupira são os seus pés voltados para trás.


Nos dizeres ali colocados, o Kalanoro se apresenta como um „gentil petit lutin“ que vive nas florestas do Leste do Madagáscar, que come frutas mas que prefere caranguejos, que é em geral invisível mas que pode tornar-se visível, neste caso estando pronto a satisfazer os desejos daqueles que o vêem sob a condição que nada contem a seu respeito. Êle próprio indica os seus pés, lembrando que dificultam ser encontrados, necessitando-se seguir as pegadas em direção contrária.


Essas explicações do Kalanoro que dá as boas vindas aos visitantes refletem uma intenção de folcloristas em emprestar a esse ser fantástico uma imagem divertida, inócua e simpática. Ainda que mencionando o seu apetite, silencia-se o fato de ser tido como ladrão de alimentos de viajantes, entrando nas casas para tomar leite.


Esse intento parece indicar uma nova fase no aproveitamento de conhecimentos de pesquisadores de folclore malgache, dos quais um dos maiores nomes foi o do botânico, etnólogo e oficial colonial francês Raymond Decary (1891-1973) (e.o. Mœurs et coutumes des Malgaches, Paris : Payot, 1951; Contes et légendes du sud-ouest de Madagáscar, Paris, G.-P. Maisonneuve et Larose, collection Les Littératures populaires de toutes les nations, 1964).


A presença do Kalanoro como portador de boas vindas à área de proteção ambiental lembra ao pesquisador brasileiro o emprêgo do Curupira como emblema da conservação florestal - como instituido exemplarmente em São Paulo em décadas passadas. Por lei assinada pelo Governador R. C. de Abreu Sodré, em 1970, o Curupira foi instituido como emblema estaudal de guarda de florestas e de animas, inaugurando-se uma plástica do Curupira no Horto Florestal de São Paulo, no Dia da Árvore (L. da Camara Cascudo, „Curupira“, Dicionário do Folclore Brasileiro, B. Horizonte: Itatiaia, 5a. ed 1984, 273).


Sugere-se, no Mont Passot, que o Kalanoro não é apenas misterioso e temível habitante das matas e de regiões aquosas, mas também uma espécie de protetor da vegetação luxuriante, da flora e da fauna.


Elos com a tradição oral dos Bemihisatra/Betsimisaraka


Entre os grupos étnicos do Madagáscar mais conhecidos pela sua diversidade e força de crenças, crendices, locais e objetos tabuizados ou proibidos, mitos e lendas salientam-se os Betsimisaraka, povo que vive na costa leste malgache e que são lembrados no cimo do Mont Passot.


Terminologicamente, a palavra Kalanoro parece referir-se ao pequeno tamanho desse ser, que não teria mais do que dois pés de altura. Nesse sentido, corresponde ao sentido do termo Curupira, que também é explicado como referência ao fato de ter corpo de menino (curumi e pira, L. da Câmara Cascudo, op.cit.).


Ainda que particularmente difundido na esfera cultural dos Sakalava, a crença na existência desse ser fantástico também pode ser constatada em outras regiões do Madagáscar, ainda que sob outras denominações, tais como Kotoky ou Vazimba.


Registram-se variações quanto a características e modos de vida desses homúnculos, acreditando-se entre alguns grupos que vivam em cavernas. Em geral, são considerados como habitantes milenares da ilha do Madagáscar. Aqui se relacionam fatos fantasiosos com possíveis referências aos Vazimba como primeiros habitantes do Madagáscar. Segundo a tradição popular, esses teriam sido também de pequena estatura, talvez uma espécie de pigmóides que teriam imigrado do mundo insular da atual Indonésia entre 350 A.C. e 500 D.C..Segundo os Betsileo, esses homúnculos teriam sido no passado chefes do país betsileo.


Locomovendo-se apenas à noite, falando com voz baixa, emitem sons que lembram o canto de pássaro.


Segundo estórias contadas por aqueles que supostamente teriam encontrado um Kalanoro, vestígios de sua passagem são restos de comida consumidas em geral sob grandes árvores ou à beira de rios.


Misteriosas e inverossímeis referências falam de encontros com os Kalanoro ou mesmo de capturas. Sempre se recorda uma suposta notícia de ter-se capturado um Kalanoro transmitida à Royal Geographical Society em 1889, ou seja, da época da instauração do sistema colonial francês na ilha. Lembra-se também frequentemente de menções de pessoas que teriam visto esses seres.


Também correspondendo a idéias conhecidas de outros contextos, os longos cabelos do Kalanoro seriam relacionados não só com a sua invisibilidade, mas sim também com misteriosos poderes que lhe são atribuidos. Essa crença explicaria o fato de haver entre a muita difundida crença em feitiçarias no Madagáscar a menção de haver trabalhos de cunho mediúnico com esses seres do mundo vegetal e animal, das florestas e das águas.


O fato do Mont Passot encontrar-se em região marcada por ilhas lagos tabuizados ou sacralizados, vem de encontro aos preceitos transmitidos pela tradição de que não se deve passar por locais tidos como sagrados para os Kalanoro.


As similaridades que se constatam entre o Kalanoro do Madagáscar e o Curupira do Brasil trazem à memória e atualizam as múltiplas tentativas que têm sido feitas para explicar a ocorrência de imagens similares em diversas regiões do globo. Um dos mais recentes debates relativos ao Curupira foi promovido no âmbito dos estudos euro-brasileiros no contexto norueguês, quando estabeleceram-se cotejos com os Trolle do norte da Europa. (Veja)


Essas tentativas de comparação do Kalanoro com esse e outros seres fantásticos conhecidos da Europa foram já encetadas, ainda que refutadas pelos malgaches, fato compreensível em povo que é cioso de ver origens autóctones em muitas de suas expressões culturais, ainda que sejam essas evidentemente recebidas de outros povos, como no caso de instrumentos musicais e danças. Muitas das características e dos atributos dos Kalanoro correspondem indubitavelmente àqueles de seres fantásticos conhecidos de outras regiões do mundo.


O próprio Kalanoro do Mont Passot define-se a si próprio como gentil e divertido coboldo, o que pode ser compreendido pelo fato de causar confusões e trocas, o que vale para correspondentes seres de outros contextos. Também como em outros casos, o Kalanoro serve para „dar mêdo“ a crianças quando choram. Quando agarrado, o Kalanoro perguntaria: é um homem magro e pequeno ou magro e longo. Se o homem responde ser magro-pequeno, enterra as suas garras no corpo, caso contrário, o rasga da cabeça aos pés.


Kalanoro do Madagáscar e o Chupa-cabra do Congo


Uma das tentativas de aproximação ao estudo dessa imagem é aquela que supõe uma existência real desse ser, procurando-se um fundamento real para as muitas estórias que se contam a respeito de pessoas que o teriam visto. Essa aproximação, que poderia ser designada como zoológico-cultural oferece-se de forma especial no caso do Madagáscar, ilha conhecida pela singularidade e antiguidade do seu mundo animal.


Segundo essa aproximação, o Kalanoro - e outros seres fantasiosos - seriam remontantes a animais reais. Nesse sentido, estabelecem-se nebulosas referências com símios ou homúnculos que teriam sido encontrados na África, em particular no Congo, também ali em regiões marcadas por florestas, lagos e rios.


Na esfera congolesa, seres similares ao Kalanoro - kappa - seriam também conhecidos sob um termo português: chupacabra. Essa designação portuguesa refere-se pelo que tudo indica à suposta preferência por leite também atribuida aos Kalanoro. Talvez essa referência abra caminhos para supor uma relação dessa imagem com costumes e crenças de povos pastores.


O Curupira indígena e a hipótese de remota origem malaia


Nas trocas-de-idéias com responsáveis malgaches do Mont Passot, lembrou-se de alguns dados compilados por folcloristas brasileiros, em particular de L. da Câmara Cascudo. Este registrou que já José de Anchieta, em 1560, constatou a crença no Curupira entre os indígenas de São Vicente, coletando múltiplas referências em diferentes épocas e regiões do Brasil. Muitos dos seus dados indicam similaridades com aqueles relativos ao Kalanoro do Madagáscar: dilaceração , machucauras e mesmo mortos, entrega de oblações em regiõe ermas e em cimos de montes, produtores de ruídos estrannhos nas matas, causas de desaparecimentos, de pavores súbidos.


Segundo o pesquisador, na imagem ter-se-iam harmonizado atributos e concepções de outros seres fantasiosos conhecidos da tradição européia de antiga proveniência, tais como aquelas dos pés virados para trás. Também no Brasil houve a suposição de terem constituido antigo povo indígena que vivia na região do Amazonas. A noção de não ter orifícios no corpo, constatado no Brasil, é exposta de forma expressiva na imagem do Kalanoro do Mont Passot. Este também exige dos caçadores que o vêem segredo absoluto, cumprindo em troca de comida os seus desejos.


A tendência geral das explanações do folclorista é a de corroborar explicações que supõem não apenas uma origem indígena, mas uma mais remota proveniente da esfera asiatica, como suposto por J. Barbosa Rodrigues (1842-1909).


Tratar-se-ia, assim, de um processo secular de difusão de imagens, conceitos e crenças, tendo-se expandido entre os povos indígenas do continente americano através de migrações pré-colombianas.


Essa hipótese, por muito tempo descartada por etnólogos e pesquisadores como improvável ou incomprovável, adquire nova atualidade e nuances considerando-se a convicção malgache de origem do Kalanoro. Apesar de registrar-se a ocorrência de similares seres fantasiosos na África, uma origem africana dos Kalanoro é refutada pelos malgaches, sempre remontando-os a um período mais remoto da história da arcaica ilha, anterior mesmo à vinda da população malaia que constituiria um fundo do complexo étnico do Madagáscar.




De ciclo de estudos da A.B.E.
sob a direção de

Antonio Alexandre Bispo




Todos os direitos reservados

Indicação bibliográfica para citações e referências:
Bispo, A.A.(Ed.).„Folclore comparado e ecologia: Madagáscar e Brasil. O Kalanoro do Mont Passot e o Curupira“.
Revista Brasil-Europa: Correspondência Euro-Brasileira 154/10 (2015:02).http://revista.brasil-europa.eu/154/Kalanoro_e_Curupira.html


Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira

© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1998 e anos seguintes © 2015 by ISMPS e.V.
ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501


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