Côco-de-mar nas praias das Maledivas
ed. A.A.Bispo na

Revista

BRASIL-EUROPA 155

Correspondência Euro-Brasileira©

 

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N° 155/12 (2015:3)



Côco-de-mar nas praias das Maledivas nascidos no paraíso das Seychelles

O quebra-cocos na India e os cocos praianos no Brasil


Estudos promovidos pela A.B.E. no Mont Fleuri Garden
e no National Biodiversity Centre at Barbaron, Seychelles




 
Seychelles. Foto A.A.Bispo 2015. Copyright

A Botânica nos Estudos Culturais e a Cultura na Botânica são duas faces de um mesmo empenho de aproximação das Ciências Naturais às da Cultura, Humanas ou do Espírito, e de consideração das múltiplas dimensões das interações Cultura/Natureza. (Veja


A consideração da vida vegetal nas suas relações recíprocas com o homem na história e na atualidade adquire atualidade e relevância em ano em que se comemorados os 450 anos do Rio de Janeiro.


Poucas cidades do mundo são tão marcadas na sua imagem não só pela natureza vegetal exuberante na qual se inscreve como pelo fato de possuir um dos mais antigos, ricos, belos e renomados jardins botânicos do mundo.


A história do Jardim Botânico do Rio traz à lembrança o sentido utilitário da aclimatação de plantas para a agricultura e o enriquecimento da vida do homem, mas também as dimensões científicas, histórico-culturais, estéticas, artísticas, filosóficas em geral e aquelas de fomento à contemplação, fruição da natureza e de lazer.


Traz sobretudo à luz a transpassagem de fronteiras representada pela transplantação de espécimes de diferentes partes do mundo e a internacionalidade dela resultante, o que faz com que estudos de relações botânico-culturais apenas podem ser conduzidos adequadamente sob a consideração de processos em contextos globais.


É justamente sob a perspectiva dessas transplantações e do intercâmbio daqueles homens da política, da economia, do comércio e das ciências nelas envolvidos que se manifestam os principais elos entre o Brasil e o mundo insular do Índico.


Essa história é estreitamente relacionada com aquela das grandes viagens de navegação, do comércio de especiarias entre a Índia, o Extremo Oriente o a esfera do Atlântico, do estabelecimento de colonias e da história do colonialismo europeu tanto no Ocidente como no Oriente, do desenvolvimento da agricultura nas colonias e das relações inter-insulares.


É uma história extra-européia e européia: não só foram europeus e seus descendentes os principais agentes dessas transplantações e aclimatizações, como também foram eles que trouxeram plantas das várias partes do mundo para os jardins botânicos dos países do Velho Mundo, fazendo surgir centros de cultivo de plantas exóticas e de estudos botânicos com múltiplas irradiações, também na construção de paisagens, no paisagismo em geral, na configuração de jardins e parques, assim como na alimentação e na medicina.


Compreende-se, assim, que os estudos euro-brasileiros veem dando particular atenção a jardins botânicos de uma esfera do globo que, por falta de elos mais estreitos de língua e da história colonial, pouco tem sido considerada nas suas relações com o Brasil: os do Índico. Esses estudos adquirem atualidade em 2015 pelo fato de se relembrar o início da colonização francesa das Mascarenhas.


Dando continuidade a estudos no Jardim Botânico de Pamplemouses, Maurício


Principal jardim botânico do Índico que merece ser relembrado no ano em que se comemora o Rio de Janeiro e os franceses na antiga Ile de France é sem dúvida o de Pamplemouses, em Maurício. Esse jardim já foi alvo de estudos promovidos pela A.B.E., em 2009, quando então considerou-se o contexto histórico-cultural no qual a sua concepção e implantação se inserem, os seus elos com o Brasil, os pressupostos e irradiações na história do pensamento, da literatura e das artes.  (Veja)


Quando, no Rio de Janeiro, visita-se a gruta de Paul et Virginie na Tijuca ou se lê a Inocência (1872) do Visconde de Taunay (1843-1899), adquire-se a consciência das dimensões da irradiação da obra de B. de Saint-Pierre (1737-1814), cujo conteúdo é estreitamente relacionado com a vida do passado colonial de Maurício, em particular com Pamplemouses. (Veja)


Os estudos desenvolvidos nesse jardim de Pamplemouses da antiga Île de France abrem caminhos para a consideração de outros jardins botânicos do mundo insular do Índico em referenciações com o Brasil. 


Seychelles. Foto A.A.Bispo 2015. Copyright

Jardim Botânico de Mont Fleuri, Victoria, Seychelles


Entre êles, destaca-se aquele do Mont Fleuri, em Victoria, capital das Seychelles, país emancipado apenas há poucas décadas, estreitamente relacionado com Maurício.


A decisão de criação de um jardim botânico nas ilhas das Seychelles foi tomada pela autoridade administrativa do arquipélago em 1900. Também aqui, em continuidade a preocupações próprias do sistema colonial, foram sobretudo intenções práticas de fomento da agricultura as razões da criação do jardim.


As ilhas tinham a sua economia baseada quase que exclusivamente na baunilha e no coco, surgindo a necessidade de uma maior diversificação das plantagens, evitando-se assim demasiada dependência econômica desses produtos. Esse projeto retomava um mais antigo, o do Jardin du Roi, implantado em século anterior à presença britânica no sul de Mahé.



Foi a um dos botânicos e especialistas em questões agrícolas de Maurício, Paul Evenor Rivalz Dupont (1870-1938), que se confiou a implantação do Jardim Botânico que tornou-se, para as Seychelles, o que o Jardim Botânico é para o Rio: centro de ciência-aplicada e de conservação de espécies, obra de arte, ciência e cultura, um dos principais atrativos da cidade e importante fator na sua imagem.


Esse botânico deu início à implantação do jardim em 1901, realizando grandes viagens para a coleta de espécimes entre 1905 e 1932, sobretudo na esfera do Madagáscar, das Comores e de outras ilhas do Índico.


Como responsável pelas florestas da palmeira própria de Seychelles existentes em Praslin e Curieuse, Rivalz Dupont cuidou do cultivo dessa espécime no Jardim de Mont Fleuri, e que constitui hoje principal motivo do mesmo receber visitas de todas as partes do mundo.


Esse diversificado patrimônio botânico criado por Dupont faz com que o Jarim de Mont Fleuri tenha-se transformado num dos mais importantes jardins de plantas tropicais do globo. É significativo constatar-se que foi a partir da direção do jardim que se instituiu o Ministério do Ambiente das Seychelles, órgão que tem a sua sede na área.


Como em outros casos, também a função do Jardim do Mont Fleuri modificou-se com o tempo, passando o seu sentido utilitário-agrícola e econômico a ser ampliado por tarefas de conservação de espécies e de formação em ambientalismo, planejamento e arquitetura de paisagens, assim como de promoção do turismo ecológico.


O Jardim Botânico, não distante do centro de Victoria, encontra-se implantado na encosta de montanhas nas quais se encontra um dos últimos refúgios da mata nativa da ilha. Por um profundo vale é separado da estrada que, em serpentina, contorna a montanha. O Jardim encontra-se em bairro marcado por vários edifícios governamentais, entre êles o do Ministério do Exterior das Seychelles.


Palmeira e côco de Seychelles


A principal atração do Jardim Botânico de Mont Fleuri - e pelo qual é procurado por todos os visitantes da ilha, são as palmeiras, que ali se encontram em grande número de variedades, seis delas endêmicas. Entre estas últimas, destaca-se a palmeira de Seychelles, cujo nome científico pereniza a suposição de tratar-se de uma planta de outra proveniência, trazida às Seychelles pelo mar: Lodoicea maldivica. Ela também é denominada de côco de Seychelles, pois cresce nas ilhas de Praslin e Curieuse. É a planta que apresenta as maiores sementes conhecidas do globo.



O significado dessa palmeira para o país e para a ciência em geral é documentado pelo ato de plantação de uma dessas árvores por personalidades estrangeiras que visitam as Seychelles. No Jardim do Mont Fleuri, pode-se constatar o considerável número de visitantes que plantaram mudas do côco de Seychelles, destacando-se, entre êles aquele plantado pelo Príncipe Philipp quando da visita da família real inglesa em 1956.


O interesse cultural da palmeira ou coqueiro de Seychelles reside nas suas peculiaridades reprodutivas e nas associações que desperta. Há plantas masculinas e femininas, florescendo repetidas vezes. As florescências masculinas e femininas são claramente distintas. As masculinas são curtas e estreitas, terminando num único eixo. A feminina é a maior conhecida entre as palmeiras. O fruto - apenas um por ano, é muito grande, podendo alcançar 50 cm de comprimeiro. É oval apontilhado e possui de um a três samens. O samen é o maior conhecido do mundo vegetal.


Centro Nacional de Biodiversidade em Barbaron


Para além do Jardim Botânico de Mont Fleuri, a Seychelles criou uma nova área de grandes dimensões como Centro Nacional de Biodiversidade no interior da ilha de Mahé, em Barbaron. Ali, grande quantidade de palmeiras de diferentes tipos e proveniências foram plantadas.


Como em Mont Fleuri, também nessa
área deparam-se com palmeiras das Seychelles plantadas pelo presidente do país, James Alix Michel, em 1962, e por dignatários estrangeiros, como o primeiro Ministro de Maurício, no mesmo ano. Em placa de cunho educativo, o visitante é levado a distinguir os seis tipos de palmeiras endêmicas das Seychelles.


Significado do côco de mar nas tradições populares das Seychelles


O significado do coco não se limita a seu múltiplo emprego na prática: as folhas são utilizadas para a cobertura
de casas e para tecelagens, a madeira para cercas e receptáculos, as sementes para a confecção de talheres, ou como marfim vegetal, a pelúcia de folhas novas para almofadas.


O côco de mar desempenha sobretudo papel importante nas tradições orais das Seychelles. É objeto de lendas e estórias.


As praias das Maledivas na elucidação do termo „coco-de-mar“


Uma dessas estórias dirige a atenção às Maledivas, demonstrando dever ser as concepções e imagens relacionadas com o côco de mar considerado a partir da perspectiva desse arquipélago situado ao sul da Índia.


É a partir dessa posição que se explica a indicação de origem no seu nome científico: Lodoicea malvidica. Assim designado segundo o rei Luís XV (1754-1793) da França, e portanto à sua época e em contexto já presença francesa no Índico, indica que este côco era ainda no século XVIII apenas conhecido pelo fato de ser encontrado nas Maledivas. Já à época dos Descobrimentos, o côco do mar era conhecido como côco das Maledivas pelos portugueses.


O coqueiro, porém, não crescia nesse arquipélago, sendo o côco trazido para as suas praias pelas águas do mar. Era, assim, um côco de praia ou praieiro. Não se conhecia a região do qual provinha, as ilhas de Praslin e Curieuse, uma vez que as Seychelles não eram habitadas.


A proveniência misteriosa do côco que vinha às praias da Maledivas levou à suposição de que o côco nascia no mar. Supunha-se, em remota tradição, que haveria coqueiros no fundo do mar, sendo estes relacionados com a mitologia hindu de Garuda, veículo de Vishnu, mensageiro divino matadar da serpente, representado como águia.


Relações e harmonização de imagens mitológicas com aquelas do relato bíblico


A suposição da existência de coqueiros no fundo do mar correspondia à idéia de uma floresta em monte submerso pelas águas e a sua associação com a árvore do Conhecimento de Eden e o seu fruto do pecado, razão da queda de Eva e da expulsão do homem do Paraíso.


O côco do mar seria assim o fruto apresentado pela demoníaca serpente no ato da sedução, sendo lançado às praias das águas que submergiram as terras no dilúvio. O fruto que levara à expulsão do Paraíso, à humanidade marcada pelo trabalho, guerras e pela degeneração que levou ao dilúvio, teria sido também simbolicamente o responsável pela retomada desses desenvolvimentos negativos após o dilúvio.


Essas imagens parecem explicar associações lúbricas e pecaminosas do fruto e o sentido do „quebrar“ côcos e as práticas religioso-festivas de quebra-côcos com danças e músicas encontradas pelos portugueses na Índia.


Segundo Frei Paulo da Trindade, ao redor de 1615 chegou-se a proibir o costume festivo do „quebra-cocos“ junto a uma árvore, praticado „com tangeres e muitas bandeiras, armas e sombreiros“ (Conquista Espiritual do Oriente, Lisboa: Centro de Estudos Históricos Ultramarinos, 1962, 405). Essa proibição foi resultado de um conflito com os proprietários de um terreno no qual se encontrava a árvore ao redor da qual se realizava a festividade. Embora tendo sido assegurada a proteção da árvore pelos compradores, os cristãos não queriam tolerar a realização das festas indianas. (A.A.Bispo, Grundlagen christlicher Musikkultur in der außereuropäischen Welt der Neuzeit: der Raum des früheren portugiesischen Patronatsrechts II, Roma 1987-88, 723).


A harmonização com o relato bíblico de remotas concepções da mitologia da Índia conhecidas também do Budismo e mantidas vivas na tradição popular também em sociedades islamizadas torna-se plausível considerando a conversão cristã de um rei das Maledivas em Goa à época de D. Pedro de Mascarenhas, assim como a intervenção militar portuguesa para auxiliá-lo a reconquistar o poder que ter-lhe-ia sido usurpado, o que teria aberto perspectivas para a cristianização desse arquipélago tão rigorosamente muçulmano. (Veja)


A correspondência das imagens da antiga tradição mitológica com aquela do relato bíblico do dilúvio, trazia consigo necessariamente elos com a história de Noé e sua barca, o que explica a sua permanência através dos séculos em tradições relacionadas com o côco no Brasil.


Se o côco que chegava às praias pelo mar sugeria ter vindo de coqueiros que teriam sido submersos, remontava porém a uma geração em condições associadas ao pecado. Compreende-se, aqui, a tradição que supõe a união sexual de coqueiros femininos e masculinos em noites de tempestade nas matas e as suas associações com perigos para o homem: aquele que enxerga tal união sexual na sensualidade das palmeiras corre o risco de morte ou de perder a luz dos olhos, tornando-se cego.


Esse complexo de imagens torna assim compreensível não haver incompatibilidade entre o côco das praias e aquele do interior de terras, o primeiro indicando a sua saída do mar após a submersão que destruiu a humanidade decaída, o segundo à sua misteriosa geração de negativas associações. Essas remotas tradições do edifício de concepções e imagens da mitologia - nas suas correspondências e harmonizações com o relato bíblico atravessaram os séculos, levando até mesmo ao surgimento de movimentos religiosos que giravam ao redor da imagem do coco.


Com o descobrimento da região de origem da palmeira que dá origem ao côco nas Seychelles no decorrer da sua tardia exploração e colonização, houve uma secularização das concepções, refletindo porém as antigas concepções nas repetidas associações das matas da Vallée de Mai na ilha Praslin com o jardim de Eden e o Paraíso.


Coqueiros da Índia à África Oriental e ao Brasil e transplante de imagens


Os portugueses, tomando contato com a utilidade dos coqueiros e do seu fruto no século XVI na Índia, transplantaram-no à costa do Leste da África, possibilitando a difusão da planta no continente africano e no Brasil, onde tomou conta de grandes faixas do seu litoral, sobretudo no Nordeste.


A questão da difusão do coqueiro do Oriente à América Central e do Sul no âmbito das viagens dos portugueses à época dos Descobrimentos foi alvo de estudos publicado em 1992 (José E. Mendes Ferrão, A aventura das plantas e os Descobrimentos Portugueses, Lisboa: Instituto de Investigação Científica Tropical, Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, Fundação Berardo, 1992, 176 ss.).


Este autor considera que o  Piloto Anónimo, que escreveu por volta de 1545, dá informação da presença do coqueiro nas proximidades da Ribeira Grande, na ilha de Santiago em Cabo Verde, onde haviam já sido plantadas ‚palmeiras que produzem cocos‘, isto é. ‚a noz da Índia“.


Assim, o coqueiro teria sido provavelmente introduzido nas ilhas de Cabo Verde, onde teria chegado de Moçambique, daqui irradiando-se para a América Central e do Sul.


A cultura já estava muito divulgada em Ceilão quando lá chegaram os portugueses. Os portugueses devem ter aprendido com os orientais a servirem-se do coco como processo prático e eficiente de transportarem alimento fresco e água nas embarcações com grande facilidade de conservação por longos períodos, não custando admitir que, utilizando os cocos sobrantes, os fossem semando nas terras pontos-chave das viagens marítimas ou fazendo-o mesmo propositadamente para garantirem uma cadeia de aprovisionamento alimentar para o futuro. Garcia da Orta e Cristovão da Costa referem-se ao coqueiro na Índia. Gabriel Soares de Souza informa que as palmeiras que dão cocos, já se davam melhor na Bhia melhor que na India, também dando testemunho que os primeiros cocos vieram de Cabo Verde para a Bahia, donde se espalharam por outras regiões do Brasil. (ibidem)


Com o coco veio porém também imagens fundamentadas nas remotas tradições do Oriente nas suas relações com o relato bíblico, e que permaneceram vivas nos seus sentidos por detrás de diferentes formas de expressão, também daquelas musicais e coreológicas. A lógica da imagem que o fruto da árvore que causara a perdição do homem mantivera-se capaz de germinar também entre a humanidade pós-diluviana explica a sua permanência.


Novas perspectivas para os estudos dos cocos no Brasil


O processo de difusão da planta no litoral brasileiro vindo do Oriente - através de sua passagem pela África Oriental e Ocidental - correspondeu também a um transplante cultural, este porém de natureza processual no próprio contexto imagológico, um exemplo de estreitas relações no campo de interações Cultura/Natureza.


É a consideração desses elos que permite a solução de enigmas que marcam os estudos das expressões de música e dança do côco no Brasil, possibilitando a revisão de hipóteses explicativas e a compreensão de sentidos.


O côco não tem origens africanas ou portuguesas, sendo uma expressão cultural proveniente da esfera indica, transplantada porém pelos portugueses através da África. Isso não impede, porém, que a realização do ato do edifício cultural proceda segundo os meios existentes e formas de expressão próprias dos diferentes contextos, com a inclusão de instrumentos de diferentes origens, africanos, europeus e mesmo indígenas. Explica-se assim também o fato de possibilitar ser designado com diferentes termos.


Vários dos conceitos e imagens registrados pelos pesquisadores tornam-se compreensíveis, tais como o de quebrar cocos e o de quebrar o corpo na dança, o de côco praieiro, menções do mar, de sereias do mar, de Noé e de sua barca.


Hipóteses de proveniências e interpretações, assim como tentativas de sistematização devem ser corrigidas, em particular também aquelas que, na distinção de assuntos, fala de um conjunto de temas „atlânticos“. Esse termo foi escolhido entre as opções deixadas por Mário de Andrade: Cocos Marítimos ou Atlânticos pela organizadora dos seus materiais por motivos de gosto pessoal e „por achar a palavra mais bela e mais cheia de ressonâncias líricas. (Os cocos, Preparação, ilustração e notas de Oneyda Alvarenga, São Paulo: Duas Cidades/INL, Fundação Nacional Pró-Memória, 1984, 21). No contexto considerado, surge como compreensíveis o sentido de vários textos, entre êles, como ja mencionado o da „Arca de Noé“ e da „Barquinha de Noé“, coletados na Paraíba. (op.cit. 88 e 89).


Segundo Altimar de Alencar Pimentel (O coco praieiro: uma dança de umbigada, João Pessoa: Editora Universitária UFPb, 1978), o Coco Praieiro ou de Roda tem a sua área de cultivo mais acentuado na região litorânea da Paraíba, onde constitui dança típica integrada na paisagem física e humana, o que nem sempre ocorre em relação à sua presença em outros pontos do Estado.


Particularmente representativa é a área de Cabedelo, embora também possa ser encontrado em municípios vizinhos e próximos a João Pessoa. O autor inclina-se à opinião de José Aloísio Vilela (O Coco de Alagoas, Maceió, Departamento Estadual de Cultura, 1961), que via a origem do folguedo no Quilombo dos Palmares, inicialmente como canto de trabalho ligado á extração do coco e ao quebrar o coco por escravos. Embora podendo ocorrer em qualquer data do ano, apresenta uma relação particular às festas do período das festas de São João. Esse elo com o Precursor é compreensível, uma vez que este pertenceu à antiga Humanidade, da qual foi o seu maior homem na linguagem cristã.




De ciclo de estudos da A.B.E.
sob a direção de

Antonio Alexandre Bispo


Todos os direitos reservados

Indicação bibliográfica para citações e referências:
Bispo, A.A.(Ed.). „Côco-de-mar nas praias das Maledivas nascidos no paraíso das Seychelles. O quebra-cocos na India e os cocos praianos no Brasil
“. Revista Brasil-Europa: Correspondência Euro-Brasileira 155/12 (2015:03). http://revista.brasil-europa.eu/155/Coco_de_Mar.html


Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira

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