Natureza tropical, liberdade, alegria e luz
ed. A.A.Bispo
Revista
BRASIL-EUROPA 155
Correspondência Euro-Brasileira©
Natureza tropical, liberdade, alegria e luz
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BRASIL-EUROPA 155
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N° 155/10 (2015:3)
Natureza tropical, tempo, liberdade, alegria e luz: Gérard Devoud
- uma saudação em cores das Seychelles ao Brasil -
Colóquio promovido pela A.B.E. na Val Mer Art Gallery de Gérard Devoud na Baie Lazare, Mahé
10 anos do seminário „Música na Teoria da Arte“ e 5 anos e de visita à Chácara do Céu, Museu Castro Maya, RJ
Considerou-se o papel da criação artística no contexto da procura de identidade cultural de países emancipados que procuram meios próprios de expressão como as Seychelles, do seu papel na educação e na formação do homem e na configuração da imagem do país no Exterior.
Relações entre recepção, assimilação e transformação sob as condições do meio, ação e efeitos no contexto local e sua irradiação no Exterior, do recebimento de impulsos de fora para dentro no período colonial e dos anelos de ressonância de dentro para fora na época pós-colonial constituiram importante foco das atenções no desenvolvimento dos diálogos.
Nesse sentido, o encontro inseriu-se na linha de eventos e seminários realizados pela A.B.E. nas últimas décadas e dedicados a temas relativos ao Colonialismo e Pós-Colonialismo, à Estética e Filosofia Intercultural e à Arte em Processos Transculturais.
Um artista em época de afirmação nacional e de imagem em décadas pós-coloniais
Gérard Devoud representa de forma exemplar a vida, o desenvolvimento criador e a ação da arte em processos de formação de identidade e imagem do país por parte de um artista que vivenciou o período de transição à independência e as suas primeiras décadas de emancipação.
Tendo revelado a sua aptidão para a criação artística durante a sua formação escolar de infância e juventude, realizou a sua primeira grande exposição no tradicional Hotel Pirates Arms em Victoria, em 1974. A essa apresentação inaugural seguiram-se estudos em Paris, o caminho natural para artistas das Seychelles - e de países de formação colonial em geral - que procuravam aperfeiçoamento e contato com correntes cosmopolitas para o desenvolvimento de suas visões, concepções e meios de expressão.
Com a independência das Seychelles, Gérard Devoud tornou-se o artista que mais se distinguiu no empenho de tornar conhecida as Seychelles como nação que acabava de se emancipar da Grã-Bretanha. Quando das festividades da emancipação, em 1976, o próprio artista ofereceu pinturas suas a personalidades e representantes de diferentes nações que estiveram presentes nas cerimônias em Victoria, e que, levando-as consigo, deviam marcar assim desde o início a imagem do país no Exterior.
Foi sobretudo a serviço dessa imagem que o artista, representando uma identidade em gestação das Seychelles, realizou exposição em várias cidades européias (Londres, Brighton, Blackpool, Paris, Avignon, Bruxelas, Genebra, Bonn, Freiberg i. W., Milão), nos Estados Unidos (Miami, New York), na Índia e no Japão.
Questões teóricas relativas à História e à Crítica da Arte
O encontro no atelier de Gérard Devoud em Mahé ultrapassou assim o simples intento de tomar conhecimento das tendências da pintura nesse país do Índico e de considerá-la segundo critérios de uma História e Crítica da Arte que dirigem a atenção sobretudo qualificações de escolas, de identificações de estilos, de vanguarda ou academismo, de alta criação artística ou popular. Esse tipo de aproximação, rotulações e enquadramento da arte de Devoud segundo categorias e concepções esquematizadas não faria jus a seus pensamentos e às dimensões de sua obra.
Qualificar a sua pintura de naif seria simplificadora e poderia trazer conotações desqualiicadoras, ver a sua multiplicabilidade em inúmeras reproduções realizadas pelo próprio artista poderia ser mal-entendida nos seus propósitos, obscurecendo o seu empenho de contribuir à imagem do país e à sua presença em meios internacionais.
Compreende-se, assim, que a questão de uma necessária revisão de aproximações e critérios teóricos de apreciação artística fosse tematizada no encontro em Mahé.
Embora já se tenha há muito reconhecido e procurado superar delimitações e problemas decorrentes de qualificações de artes em maiores e menores, do artístico e do popular, a institucionalização da História da Arte em universidades européias favorece a permanência de compreensões de áreas disciplinares que necessitariam ser modificadas.
Ainda é mantida, em universidades, a divisão entre uma História da Arte que se delimita à Europa e aos Estados Unidos e a Etnologia da Arte, que toma a si o estudo de expressões artísticas no mundo extra-europeu.
Como também vale na Musicologia, na Literatura ou em outras áreas de estudos, essa divisão é problemática e inadequada sob diversos sentidos. A aproximação histórica não vale apenas para a Europa e os Estados Unidos, uma vez que também países situados geograficamente fora do Velho Mundo e os EUA merecem ser estudados sob a perspectiva temporal.
De uma História da Arte convencional a uma Ciência a Arte de orientação cultural
Após séculos de intensificação de contatos entre povos, de colonialismo e missão, de viagens transcontinentais e da globalização intensificada no presente, sobretudo através dos meios de comunicação em geral e da Internet em particular, acentua-se a necessidade da consideração de processos históricos em países extra-europeus, relativando e mesmo transpassando fronteiras entre o europeu e o não-europeu.
Para países que adquiriram a sua emancipação política em época relativamente recente, a perspectiva histórica é de particular significado para a identidade cultural, a memória e a consciência do vir-a-ser nacional.
Não se trata, porém, apenas de uma ampliação da História da Arte no sentido de superar fronteiras continentais da Europa e passar a considerar outras esferas do globo.
O tratamento de expressões artísticas do espaço geográfico extra-europeu não pode ser tratado apenas sob a perspectiva e metodologia historiográfica. Necessita considerar as suas inserções em contextos étnicos, sociais, religiosos, filosóficos, políticos e outros, o que exige outros tipos de aproximações e procedimentos, em grande parte baseados na observação empírica, voltados ao presente ou dele partindo.
A História da Arte passa nesse sentido a dar lugar - como na Musicologia e em outras áreas - a uma Ciência da Arte que não só abrange aspectos históricos, etnológicos e sistemáticos do objeto de estudo, mas que ela própria se compreende como interdisciplinarmente dirigida à análise de processos culturais.
Essa compreensão da área de estudos favorece também um redirecionamento da atenção: da Obra ao artista nas suas inserções em processos culturais, da análise de sua pintura não só como resultado de condições, circunstâncias e decorrências, mas como personalidade agente e fator de desenvolvimentos e transformações, ou seja, ao homem de pensamento e responsabilidade que se utiliza da arte como meio de expressão e comunicação.
A problemática de análises estilísticas segundo categorizações de esferas da arte segundo arte erudita ou de arte popular, da arte contemporânea ou da em geral depreciada arte figurativa e acadêmica passam para segundo plano com o direcionamento da atenção a processos.
40 anos do início das reflexões euro-brasileiras e 10 anos de „Música na Teoria da Arte“
Reflexões nesse sentido remontam a fins da década de 60 no âmbito da História da Arte e Estética da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo e na área de Estética do curso de Licenciatura da Faculdade de Música e Educação Artística do Instituto Musical de São Paulo. Essas reflexões foram acompanhadas por reconsiderações da arte folclórica, popular e sobretudo naif no âmbito dos trabalhos do Museu de Artes e Técnicas Populares da Associação Brasileira de Folclore. (Veja)
No âmbito internacional, essas discussões tiveram continuidade a partir de 1975 no Institut für Kunstgeschichte da Universidade de Colonia e em seminários dedicados à Estética nas suas relações com a Ética nessa universidade e na de Bonn. Desses cursos, salienta-se aquele dedicado à Música na Teoria da Arte - o Moderno e o Pós-Moderno, realizado em 1974/1975 pela A.B.E. em cooperação com institutos universitários. Como consequência desse seminário, preparou-se viagem de pesquisadores da A.B.E. a instituições de arte de relevância para o tratamento dessas questões no Brasil.
Da Chácara do Céu em Santa Teresa ao Vallée de Mai nas Seychelles
Um dos principais momentos desse deu-se com a visita de membros da A.B.E. à Chácara do Céu, Museu Castro Maya, em Santa Teresa, Rio de Janeiro, em 2006/7, quando, a atenção foi voltada sobretudo às relações entre a arte e a natureza no âmbito do programa Cultura/Natureza da A.B.E..
As reflexões foram ali favorecidas pela natureza luxuriante que envolve a casa e as obras de arte, assim como o grandioso panorama que dali se descortina sobre o Rio de Janeiro e a baía da Guanabara.
Decorrendo quase cinco anos das impressões ganhas em Santa Teresa, pareceu oportuno retomar algumas das reflexões então encetadas no contexto dos ciclos de estudos internacionais que celebram o Rio de Janeiro nos seus 450 anos.
É sobretudo na Seychelles, ilha marcada pela sua vegetação tropical, muitas vezes comparada na sua exuberência àquela do Brasil, que se oferece possibilidades para um prosseguimento dos debates com a participação de artista que dedica a sua vida à exaltação da natureza e de uma vida local nela inserida.
Partindo da recepção da pintura de Gérard Devoud no Exterior
Em primeiro lugar é por todos constatada a prioridade dada à natureza no seu ímpeto criador, de expressão e comunicação, que testemunha o seu fascínio pela sedução dos trópicos, pela exuberância vegetal, pela pujança de sua fertilidade e que o leva a um trabalhar sem cessar para a fixação na tela de sua magnificência.
Passa-se, assim, a considerar que várias de suas obras tematizam a cultura e a vida quotidiana das ilhas, o homem do povo nas suas diferentes atividades, o mercado, as modestas casas tradicionais do passado, modos de trajar e viver, o artesanato, lembrando-se aqui sobretudo os tecidos pintados com motivos criolos que tanto marcam o comércio popular das Seychelles.
Alguns veem aqui o homem e sua vida quase que sobrepujados pela magnitude da natureza, em dimensões muito menores do que as grandes bananeiras e coqueiros que dominam os quadros. A representação de casas e e pessoas, lembrando desenhos infantís, levam a categorizações de sua pintura como pertencente à arte naif.
Outros reconhecem que aqui se trata de expressão de um artista que procura recuperar, viver e valorizar uma idade da inocência, de sentidos não obscurecidos à percepção e à fruição do mundo envolvente.
Trata-se aqui, assim, de uma expressão de valores internos do artista, de seu trabalho de mente e alma para a recuperação e vivência da pureza que se manifesta quase que como uma mensagem nas suas telas.
A luminosidade da natureza tropical e a visão iluminada do homem
Explica-se, assim, que as pinturas de Devoud não apresentem as cores escuras de pinturas de florestas tropicais, que tanto marcaram a pintura de paisagens do passado acadêmico (Veja), mas sim que, evitando o uso do preto e do cinza, reproduzem a natureza imersa em luz.
Árvores, a vegetação em geral e mesmo casas e figuras humanas não são porém iluminadas de fora, mas resplandecem de seu interior, perdendo a sua materialidade, transfigurando-se elas próprias em luz.
A luminosidade da pintura de Devoud é antes uma expressão de uma metamorfose em luz da vegetação e de objetos opacos do meio envolvente que se processa no íntimo do artista e que procura irradiar através da obra à vida interior daquele que a contempla.
O artista de Seychelles não pinta a vegetação tropical repleta de mistérios e perigos para o homem nela inserido, mas como sendo ela própria um mistério, aquele da metamorfose em luz do percebido sensorialmente.
Assim interpretada, a pintura de Devoud surge como manifestação e agente de um processo interno, espiritual, mental e afetivo de transfiguração da noite em dia, de um sol interno e de primavera.
„Carnaval“ na transfiguração da realidade material em luz: a alma alegre
Alguns daqueles que comentaram as suas obras nela sentiram uma atmosfera de carnaval. Cita-se aqui uma de suas obras, aquela que representa uma cascata envolta por samambaias, de plantas e flores tropicais que concorrem uma com a outra criando um todo festivo e alegre.
O carnaval não é tropical, mas foi transplantado para regiões tropicais. Representa a superação das algemas da carne e da matéria associadas ao frio do inverno através de uma libertação possibilitada pelo rir e gozar, precedente a uma purificação e ao surgir da luz do novo dia na primavera do hemisfério norte.
Trata-se, assim, de um processo interior do homem, correspondente ao ano natural no norte, dele porém defasado no hemisfério sul. Nesse sentido de um „carnaval“ interno, purificação e luz primaveril que também a visão do mundo exterior se transfigura na luz que se manifesta na obra de Devoud.
A sua pintura não representa uma natureza tropical de Seychelles como sendo carnavalesca, mas manifesta um processo interno metamorfoseante, recuperador de pureza e adventício de luz e da primavera.
O viver não em harmonia, mas em sintonia com vibrações por detrás de polaridades
Alguns apreciadores de sua obra nela leram também uma tendência nostálgica ao passado, vendo numa obra como „La Kaz Kreol“ uma expressão sentimental de apego „aos bons velhos tempos“. Trata-se, aqui, porém, antes de uma crítica de desenvolvimentos, de uma arquitetura que progressivamente vem substituindo as tradicionais moradias de Seychelles, casas que melhor se inseriam em harmonia no mundo natural do que edificações projetadas e construidas sem a consideração do meio ambiente.
Lembranças de aproximações de natureza científica do Pointillismus
A técnica de pintura de Devoud nas suas obras mais antigas traz à lembrança o Pointilismus francês.
Os fundamentos culturais franceses de Maurício, à qual pertencia Seychelles antes da Independência, apesar do domínio colonial britânico da antiga Ile de France, assim como a formação do artista em Paris, tornam compreensível essa revivência no Índico de uma corrente da História das Artes que teve o seu florescimento nas últimas décadas do século XIX e primeira década do XX.
Nomes como Paul Signac (1863-1935), Georges Seurat (1859-1891), Henri Edmond Cross (1856-1910) e Camille Pissarro (1830-1903) vêm à memória, e aquele que se confronta com a pintura de Devoud é tentado a estabelecer comparações, procurar similaridades e diferenças.
Essa lembrança revela dimensões primeiramente não supostas do Pointillismus na sua transplantação às regiões tropicais como exemplificada em certas obras de Devoud.
Fundamentos teóricos e mesmo científicos de criar obras cheias de luz do século XIX atualizam-se com um posicionamento teórico do presente voltado à natureza.
Descobrimentos de natureza física da Óptica do século XIX, da fotografia e da experimentação quanto à percepção de cores adquirem nova relevância. Pontos vizinhos que se interagem na percepção, atuano em correspondência com o seu meio envolvente faz com que as cores puras utilizadas levem à impressão de um todo à distância, misturando-se e em parte sendo percebidos diferentemente das cores originais. Essa mistura de cores fazem com que as imagens surjam mais cheias de luz.
Da luminosidade sul-francesa do Mediterrâneo à luz das Seychelles e à do Rio
Nesse sentido, Devoud não pode ser visto como inserido na tradição do Impressionismo, mas sim antes daquela que levou à formação da Société des Artistes Independants. Obras dessa época testemunham o interesse pela vida de fruição da natureza à beira do rio Seine; paisagens cheias de luminosidade do sul da França e de regiões marítimas expressam essa procura da luz do Mediterrâneo francês e ibérico.
Trata-se de um momento significativo de processos culturais-artísticos franceses em época marcada não só por anelos de libertação e procura do ar-livre na época áugea de Paris mas também pelo fascínio do Mediterrâneo que passa a ser atualizado no Índico e que pode explicar também a Latinidade que se percebe nesse universo insular.
A contemplação da obra de Devoud traz à lembrança sobretudo Camille Pissarro (1830-1890). Surge como significativo o fato de Pissaro ter sido filho de uma ilha nas Antilhas, tendo nascido em Charlotte Amalie, capital de St. Thomas, Ilhas Virgens, ter ascendência sefardita, ou seja, portuguesa de antepassados fugidos para a França. Também Pissaro realizou seus estudos em Paris e merece ser estudado nas suas relações com a América Latina, uma vez que atuou na Venezuela.
As relações com o Rio de Janeiro no encontro na Galeria de Devoud foram estabelecidas através da luz e da luminosidade, atmosférica e pessoal, não da luz natural que ilumina a vegetação tropical nas duas latitudes, mas aquela que a ilumina por dentro nos olhos do artista.
Essa luz interna daquele que procura estar em sintonia com vibrações por ressonância quase que de natureza acústica por detras das oposições visíveis determina uma alegria interna do artista e uma visão do mundo marcada por alegria.
Nesse estado mental e de alma imbuído de alegria é que resplandece em luz e cores a floresta tropical vista por Devoud, manifestando a preciosidade desse patrimônio natural, cuja conservação e valorização representam os principais anelos do artista e o cerne de sua mensagem de saudação ao Rio de Janeiro.
Texto em continuidade. (Veja)
De ciclo de estudos da A.B.E.
sob a direção de
Antonio Alexandre Bispo
Todos os direitos reservados
Indicação bibliográfica para citações e referências:
Bispo, A.A.(Ed.). „Natureza tropical, tempo, liberdade, alegria e luz: Gérard Devoud - uma saudação em cores das Seychelles ao Brasil“. Revista Brasil-Europa: Correspondência Euro-Brasileira 155/10 (2015:03). http://revista.brasil-europa.eu/155/Devoud_Natureza_tropical.html
Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira
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Fotos A.A.Bispo, Seychelles 2015 ©Arquivo A.B.E.