Morar em sintonia com os trópicos: G. Devoud
ed. A.A.Bispo

Revista

BRASIL-EUROPA 155

Correspondência Euro-Brasileira©

 

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N° 155/11 (2015:3)



Morar em sintonia com os trópicos: Gérard Devoud
Um hino à casa creola 
Imutabilidade da arquitetura como arte do espaço de um tempo a-temporal


Colóquio promovido pela A.B.E. na Val Mer Art Gallery de Gérard Devoud na Baie Lazare, Mahé
10 anos do seminário „Música na Teoria da Arte“ e 5 anos e de visita à Chácara do Céu, Museu Castro Maya, RJ

 
Gerard Devoud. Foto H. Huelskath 2015. Copyright

No encontro com o artista Gérard Devoud na sua Val Mer Art Gallery na baia Lazare, não distante da cidade de Victoria, capital das Seychelles, mas inserida em região não urbana, coberta por vegetação tropical luxuriante, (Veja) um dos temas considerados disse respeito às relações entre a vida e o morar do homem em sintonia com o meio ambiente e os problemas da arquitetura e das cidades do presente nas suas relações com a paisagem e o mundo natural.

A troca de idéias procedeu-se sob o signo da passagem dos 450 anos do Rio de Janeiro, cidade situada em meio natural dos mais privilegiados da terra, decantada pela magnificência de sua natureza, pela beleza de sua fronte urbana voltada ao mar, mas também conhecida pelas suas favelas nos morros e pelos problemas urbanos e ambientais de bairros e cidades periféricas da Baixada Fluminense.

Se a vegetação tropical desempenha um papel essencial na obra de Gérard Devoud, pintada como resplandescente de luz como vista pelos olhos internos do artista, também a vida e a moradia do homem nas suas relações com a natureza surgem como motivos sempre presentes e caracterizadores de suas telas. Estas são ou dedicadas exclusivamente a árvores, coqueiros, plantas ou cascatas, ou a paisagens que incluem casas tradicionais da gente simples do mundo insular. Mesmo nas obras nas quais o construído pelo homem surge em plano principal, êle se inscreve no quadro multicolorido e irradiante da natureza envolvente.

As casas na pintura de Devoud são aquelas do povo insular modesto, casas que marcaram no passado a fisionomia das Seychelles. Casas construídas de madeira, por vezes de pedras ou de fundamentos de pedra, cobertas dem geral de zinco, algumas maiores com mansardas nos seus „telhados truncados“, refletindo a recepção de modêlos europeus e sua adaptação segundo as circunstâncias e os materiais disponíveis.

Esse tipo de construção, apesar das diferenças de soluções, é visto como creolo, ou seja uma correspondência arquitetônica ao creolismo na fala, na música, no modo de vida e costumes.

Junto a essas casas vêem-se figuras humanas, homens e mulheres, com chapéus de palha e roupas coloridas em tecidos estampados, que surgem como traços na pujança do mundo envolvente.


A vida insular apresentada é aquela da simplicidade e descontração, da tranquilidade de espírito e mente na languidez da atmosfera tropical, de uma parcimônia em grandes bens materiais que não é miséria, mas que na sua pobreza é rica em valores humanos. Elas sugerem a vida do homem de homem que tem tempo, que frui um ócio no sentido positivo e clássico do termo, um não-acionismo como pressuposto para a contemplação o desenvolvimento maior da mente e da alma.

Victoria, Seychelles. Foto A.A.Bispo 2015. Copyright

Alguns comentadores da obra de Devoud leram nessas representações de casas e modos de vida creolos expressão de uma tendência do pintor ao passado. Uma obra como „La Kaz Kreol“ é entendida como expressão de melancólica nostalgia, de um apego sentimental „aos bons velhos tempos“.

Como elucidado nos diálogos, trata-se aquiporém  antes da expressão de um posicionamento do artista perante o papel do homem relativamente ao meio ambiente, de uma crítica velada de desenvolvimentos de uma arquitetura e planejamento urbano que progressivamente vem substituindo as tradicionias moradias e formas e configurações de espaço de Seychelles.

A capital, Victoria, já não muitas construções possui como aquelas celebradas nas pinturas de Devoud e que tanto marcam a imagem do país no Exterior.

Embora a cidade tivesse sido no passado colonial implantada segundo simples e claros critérios racionais na geometria de suas ruas, ela passou por um processo de adaptação e transformação segundo circunstâncias, possibilidades e necessidades, correspondente às transformações processuais em outras expressões culturais. Essa acomodação, adaptação e mudança de modêlos de ocupação do espaço e de construções segundo as condições do meio teriam possibilitado uma modo de morar e viver adequado ao modo de vida tropical.

Em diferentes fases da história colonial, planejadores, formados na Europa ou seguindo tendências internacionais, interveniram nesse processo em constante dinâmica, nele reprojetando modêlos externos, um desenvolvimento que se intensifica na atualidade.

Os projetos urbanísticos de Victoria, arrojados nas suas dimensões, linhas e formas, corresponderiam - guardadas as dimensões - àqueles que se observam em cidades brasileiras e que estariam já à base da metamorfose cultural experimentada pelo Rio no início do século XX. (Veja)

Se não resultado de empreendimentos particulares, essa intervenções foram e são resultado de projetos desenvolvidos por arquitetos e planejadores que, projetando da mente e da vontade criadora à realidade, representando por assim dizer um movimento configurador de fora para dentro ou de cima para baixo. O projeto visualizado é em geral percebido apenas das alturas, de uma perspectiva de pássaro, não a partir da vivência interna dos espaços. Para o homem que neles vive. essa falta de relação com o espaço envolvente traz em si uma perda na percepção do espaço e seus significados, até mesmo de perda de sua „posse“ perdido que é em ruas e praças supra-dimensionadas, com inevitáveis consequências para a qualidade de vida.

Longe parece estar ainda Victoria - e as Seyschelles em geral - de perder o equilibrio entre desenvolvimentos processuais na configuração de espaços nas suas casas e caminhos e os ambicionados edifícios e planos urbanisticos que se implementam.

Justamente porém o fato de um artista com a sensibilidade aguçada para relações entre o homem e o ambiente como Devoud tematizar na sua obra - e nas suas elucidações - um desenvolvimento no seu estado embrionário  nas dimensões limitadas do mundo insular é que favorece a reflexão sobre princípios teóricos que permitem análises e soluções para situações urbanas mais complexas, como aquelas conhecidas do Brasil.

O creolo, relações com o espaço e tempo e o vibrar em sintonia do homem

No momento em que se desenvolvem esforços de valorização do creolismo no idioma, na cultura e em modos de vida nas Seychelles - capital mundial do creolo - surgiria como incoerente que similares tendências não tivessem a sua expressão nas reflexões e iniciativas concernentes à arquitetura e o urbanismo.

Assim como na pintura da floresta irradiante de luz o artista realiza uma obra segundo os seus olhos internos e que assim denotam uma procura ou cultivo de mente e sensibilidade, de pureza e luz, também na pintura de casas e vida do creolo refletem essas uma visão interior, não retratando a realidade. Elas surgem, assim, para alguns comentadores, como expressão de uma arte ingênua, mal compreendendo que essa simplicidade de expressão é produto de reflexões e trabalho interno do criador.

Nesse sentido, tornou-se perceptível que o artista não se orienta segundo critérios de harmonia, mas sim de sintonia. A sua visão do mundo não é marcada por oposições e suas harmonizações, mas sim pelo ressoar em simpatia.

Não se trataria, nas reflexões concernentes às relações entre o homem e a natureza, de procurar, defender e no caso retratar o ideal de uma harmonia entre o morar e o viver do homem e o meio ambiente. Tratar-se-ia antes de estabelecer uma sintonia, um vibrar em simpatia entre o homem e a vida no espaço envolvente.

Essa distinção seria determinante na percepção do mundo, pois harmonia estabelece-se entre contrários ou polos opostos ou complementares, a sintonia entre iguais ou aptos de ressoar em simpatia. Esta percepção do igual no mundo exterior, marcado por polaridades, é parte integrante do todo, não é porém evidente, necessitando ser revelada pelos olhos internos.

Correspondendo o vibrar em sintonia a um fenômeno conhecido da acústica poder-se-ia, ver na criação de Devoud a vigência de um princípio de natureza musical, o que explicaria a musicalidade que se sente na sua obras. Essas impressões e sensações, numa primeira aproximação vagas, conduzem as reflexões a questões de relações entre música, arquitetura e materiais construtivos, nos seus fundamentos teóricos e filosóficos à tríade tempo, espaço e matéria.

Na apreciação das obras de Devoud, essa tríade se evidencia na vagarosidad e parcimônia de movimentos de suas figuras humanas, quase que hieráticas, reflexos de uma quase que eternidade que determina o próprio tempo, nas casas que emergem da vegetação e nela imergem, e no material empregado, que no fundo é imaterial, luz e espírito que representa a verdadeira ação movimentadora que se evidencia nas palmeiras.

Patrimônio arquitetônico e a „casa creola“

Numa primeira aproximação, um arquiteto convencionalmente formado estaria tentado a ver nas casas crecreololas decantadas por Devoud simples transplantes de arquitetura das metrópoles às colonias e ali realizadas segundo os meios disponíveis. Sob esse aspecto, não teriam maior importância arquitetônica, podendo ser vistas como cópias ou imitações.

Cidades como Victória apresentam ainda alguns poucos exemplos de mansões construídas no século XIX de maior ambição arquitetônica, representativas da situação econômica e social de seus proprietários,, dignas de serem consideradas no seu valor patrimonial.
As construções tradicionais mais modestas, porém, surgem como sendo sem maior interesse. Pelo contrário, sobretudo devido às deteriorações causadas pelo tempo, são vistas como sinais de pobreza e
de pouco conforto. Sobretudo os telhados de zinco, em clima tropical, faz com que surja como plausível essa consideração das construções tradicionais mais modestas. É essa visão que justifica nos seus princípios a intenção e as iniciativas modernizadoras de planejadores, políticos e investores particulares.
O tratamento da casa creola no contexto geral do movimento de valorização do Creolismo coloca porém outros critérios na apreciação da arquitetura e urbanismo. Esse movimento tão acentuado nas Seychelles parte antes da linguagem do que de critérios étnicos ou de
miscigenação. O termo creolo difere, assim, daquele em geral empregado no Brasil.

A sua compreensão aproxima-se antes àquela concepção do creolo como o nascido nas colonias, independentemente do fato de ser europeu ou produto de misturas raciais, como conhecido sobretudo do uso do termo em contextos hispano-americanos.

Também essa compreensão do termo, porém, exige ser diferenciada, pois o Creolismo que passa a ser valorizado na capital mundial do
creolo deixa de ser visto como o nascido em contextos regionais, adquirindo dimensões internacionais.

Do ponto de vista da língua creola, abre-se aos estudiosos um mosaico global do seu uso, em complexa dispersão por todas as partes do mundo, com diferenças, mas também com traços determinadores de uma unidade.

Assim compreendido, a concepção do creolo expresso na pintura de Devoud supera os limites das ilhas Mascarenhas. Ele tematiza modos construtivos e o morar do homem que não só seriam tradicionais dessas ilhas do Índico, mas também de outras partes do globo, em particular no Caribe e norte da América do Sul. À pesquisa caberia analisar os elementos comuns dessas relações do homem com o espaço e a natureza nessa complexa rêde e, a seguir, as suas diferenças.

A apreciação da arquitetura passa assim a ser feita a partir dos estudos de processos culturais, do Colonialismo e do Pós-Colonialismo, assim como da Transculturalidade como área de estudos que vem sendo desenvolvida de forma pioneira pela A.B.E..

Fontes históricas: fotografias, desenhos e pinturas - Arquitetura e Botânica

Um dos caminhos do estudo de questões relacionadas com a „casa creola“ é o das fontes históricas representadas por antigas imagens. Antigos fotografias e sobretudo desenhos e pinturas refletem porém sempre visões daqueles que registram a realidade que veem segundo as suas próprias condições, de modo que essas fontes históricas sempre exigem especial cuidado analítico.

A discussão sobre a „casa creola“ sempre tão presente nas obras de Devoud pôde ser complementada com aquela levada a efeito em encontro nos Arquivos Nacionais de Seychelles (Veja), assim como no Centro Internacional de Estudos Creolos (Veja) e no Museu de História Natural.

Neste último tem-se uma sala em homenagem à botanista, viajante e pintora Marianne North, que esteve na ilha em 1883/84 e cuja numerosa obra pictórica se encontra na North Gallery do Royal Botanic Gardens of Kew, Inglaterra. Das imagens apresentaas em Victoria, encontram-se representações de casas e modos de vida população.



Material fotográfico antigo de construções encontra-se na obra de Denise Johnstone, Réveil Seychellois: Life in Seychelles 1770-1903 (2009, ISBN 978-99931-803-5-7).

Várias ruas de Victoria encontram-se aqui retratadas em fotografias de fins do século XIX. Comparações com a situação atual da arquitetura tradicional podem ser feitas sobretudo relativamente à Market Street, reconhecendo-se ainda hoje na arquitetura os mesmos princípios básicos registrados em 1892. Sob o título de „creole cottage“ em 1892, vê-se uma choupana coberta de folhas de coqueiro e paredes de tábuas, com grandes vãos abertos, cercada de jardins e imersa na vegetação.

Esse tipo de construção, caracterizada pela sua cobertura com folhas de coqueiro foi fixada também numas das obras de Marianne Norte, a „Coconut House“ de Praslin de 1883. Aqui, sobretudo pelo fato de serem as paredes feitas com estrutura de madeira cujos vãos são preenchidos com folhas de coqueiro, encontram-se fundamentos para a visão da casa creola emersa da natureza e nela imersa dos trabalhos de Devoud.

Já em fotografia da escola missionária da Baia Sainte Anne em Praslin, de 1892, registra-se a questionável solução de substituição das folhas de palmeira por folhas de zinco e das paredes forradas de fibras vegetais por tábuas. Essa fotografia, assim, pode ser vista como um indicativo da intervenção européia em processo que já estava em andamento de adaptação do recebido segundo as circunstâncias locais, e sob muitos aspectos negativos. Essa substituição de folhas de coqueiro por folhas de zinco permite assim associações de mais amplas dimensões, pois indica relações de transformações construtivas com a missionação.

A „cottage de Livingstone“ nas Seychelles e a casa do Pará em visão francesa

Uma particular atenção mereceu a „Livingstone Cottage“ descrita por Charles New como „uma espécie de arquitetura das Seychelles“ nos arredores de Victoria. Nela, Charles New e Henry Stanley (1841-1904) viveram durante a sua estadia na ilha, em 1872. O desenho mostra una construção com base retangular,com alto telhado de quatro águas e mansarda, tendo à frente vasta varanda com grades de madeira; elevada com relação ao terreno, essa varanda é alcançada no centro por escada de alguns degraus. Também aqui a casa é totalmente envolta pela natureza, cercada por grandes árvores.

Essa fotografia da casa descrita como „uma espécie de arquitetura das Seychelles“ trouxe à lembrança a ilustração de uma casa em Belém do Paraná da obra „Voyage de l‘Ocean Pacifique a l‘Ocean Atlantique“ de Paul Marcoy, publicada em Le Tour du Monde, em 1867. (ed. M. Édouard Charton, XVI, Paris: Hachette, 152). (Veja)


Também aqui o leitor europeu adquire uma visão do morar nos trópicos daquela que se aproxima da imagem da habitação das Seychelles. Não apenas a descrição da construção, mas também e sobretudo da sua inserção na paisagem e da cor alegre de sua pintura fazendo à resplandecer do meio da vegetação tropical permitem paralelos com as reflexões sobre o morar em sintonia com a natureza tematizado no encontro euro-brasileiro em Mahé.

„Après quelques deux cents pas faits en droite ligne, j‘avisai à ma gauche, derrière un mur à hauteur d‘appui, coupé d‘une porte à claire-voie et surmonté d‘un treillis en bois peint, un fourré de manguiers de la plus belle venue. Jamais la serpe ou le sécateur n‘avait contrarié les inclinations naturelles de ces arbres, dont les branches entrelacées formaient, à trente pieds du sol, un couvert impénétrable aux rayons du soleil. Une charmante habitation, peinte de couleurs gaies, se détachait sur ce fond de verdure. Aux piliers de la veranda qui longeait sa façade, étaient suspendus, à distance, deux de ces hamacs en coton, avec lambrequins de guipure, que les donas du Para et leurs noires esclaves tissent conjointement dans le mystère et l‘ennui du harem. Du toit de cette galerie pendait, en manière de lanterne ou de lustre, un cercau de métal, qui servait à la fois de perchoir et d‘escarpolette à un magnifique Ara rouge et bleu. Une plate-bande circulaire, bordée de jasmin des Açores, de plumerias, d‘hibiscus et de cardamomes, faisait au gracieux logis comme une ceinture embaumée.“ (op.cit. pág. 150).

De ciclo de estudos da A.B.E.
sob a direção de

Antonio Alexandre Bispo



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Indicação bibliográfica para citações e referências:
Bispo, A.A.(Ed.). „Morar em sintonia com os trópicos: Gérard Devoud. Um hino à casa creola. Imutabilidade da arquitetura como arte do espaço de um tempo a-temporal“.
Revista Brasil-Europa: Correspondência Euro-Brasileira 155/11 (2015:03). http://revista.brasil-europa.eu/155/Devoud_e_a_casa_creola.html


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Fotos A.A.Bispo, Seychelles. 2015 ©Arquivo A.B.E.