O Pão de Açúcar na recepção cultural do Brasil
ed. A.A.Bispo

Revista

BRASIL-EUROPA 156

Correspondência Euro-Brasileira©

 

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N° 156/3 (2015:4)




O Pão de Açúcar na recepção cultural do Brasil na Europa

Vistas e visões na pintura, fotografia e na literatura de viagens:
K. Oenike (1862-1924), A. Funke (1869-1941), K. Guenther (1874-1955) e outros


Recapitulações no parque do Niagara promovidas pela A.B.E.
no âmbito das comemorações internacionais pelos 450 anos do Rio de Janeiro

 

As reflexões relativas à imagem do Brasil vêm sendo desenvolvidas desde o primeiro forum internacional de estudos culturais euro-brasileiros levado a efeito em 1982 em Leichlingen, cidade que se orgulha de ser o berço natal de Julius Pohlig (1842-1816). Pohlig foi o engenheiro detentor de patente de técnica de tração de bondes aéreos, celebrado na Alemanha como responsável pela construção do Caminho Aéreo do Pão de Açúcar. (Veja)

Em visita antecedente de representantes de instituições européias ao Pão de Açúcar por ocasião de simpósio internacional realizado no Brasil, em 1981, tinha-se considerado o engenheiro brasileiro Augusto Ferreira Ramos (1860-1939) como autor do projeto e realizador do Caminho Aéreo, lembrado em busto e placa comemorativa existente no monte da Urca.

Essa diferença na celebração de nomes de engenheiros que atuaram na construção do transporte ao cimo do Pão de Açúcar trouxe à lembrança que também em outros casos - como naquele de Santos Dumont (1873-1932) - atribuições de prioridades variam segundo nações ou contextos culturais.

Independentemente de estudos históricos que possam esclarecer primazias e possibilitar justiças históricas, o próprio fato da existência dessas diferenças de visões e celebrações de nomes e obras merece maior atenção.

O Pão de Açúcar adquire especial significado nesses estudos de imagens, uma vez que do seu cimo, a partir da data que passou a ser alcançado pelo Caminho Aéreo, brasileiros e estrangeiros passaram a tera oportunidade de descortinar a paisagem e a cidade de um ponto de vista e abrangência até então impossíveis. O panorama oferecido marcou a fisionomia do Rio guardada na memória de seus visitantes, tendo necessariamente consequências para descrições da então capital do Brasil na literatura e, através dela, do Brasil.

Se o Pão de Açúcar sempre teve uma função emblemática para o Rio e para o país, o alcance de seu cimo possibilitou uma vista da cidade e da sua inscrição no meio natural de um ângulo que determinou mais do que o de outros pontos de vista perspectivas e retratos divulgados em imagens e textos.

Para o estudo de recepção do Brasil na Europa a partir de sua imagem e correspondente transformações no tempo e nos diferentes contextos e situações, torna-se necessário considerar não só as representações visuais no sentido mais imediato do termo na pintura e na fotografia, mas sim também as descrições em textos publicados em livros sobre o Brasil e em relatos de viagens.

Mesmo em publicações de natureza científica ou de intuitos de tratamento objetivo do Brasil, o Pão de Açúcar na sua visão de fora e as visões que possibilita do alto determinou descrições de natureza pictórica, visualizações e prospecções.

Consequentemente, para o tratamento dessas questões de imagem tematizadas no primeiro forum euro-brasileiro na cidade natal do engenheiro J. Pohlig, deu-se início ao levantamento de fontes necessárias para o estudo da recepção cultural do Brasil na Europa. Algumas delas e alguns aspectos das reflexões merecem ser relembrados no ano em que se comemora o Rio de Janeiro pelos seus 450 anos.


Geografia e Pintura de Paisagens: W. Sievers (1860-1921) e K. Oenike (1862-1924)


O mais significativo exemplo da função da imagem do Pão de Açúcar em obras de natureza científica do início do século XX poucos anos antes da construção do Caminho Aéreo é o volume dedicado á América do Sul e Central, na sua segunda edição, revista e ampliada, como parte da Allgemeine Länderkunde de Wilhelm Sievers, Professor de Geografia e profundo conhecedor da América do Sul, por êle pesquisada em várias viagens.  (Wilhelm Sievers, Süd-und Mittelamerika, 2a. ed.. Leipzig e Viena: Bibliographisches Institut 1903 = Allgemeine Länderkunde, ed. W. Sievers).

Editada pelo Instittuto Bibliográfico, nas suas várias edições entre 1891 e 1935, foi obra considerada como básica dos estudos de Geografia na esfera de língua alemã. O volume dedicado à América do Sul e Central na edição de 1903 inclui nada menos do que 144 imagens no texto, assim como 11 mapas e 20 encartes, alguns deles em cores de A. Goering, E. Hayn, W. Kuhnert, K. Oenike e O. Winkler.

A imagem da Baía do Rio de Janeiro, em cores, traz a indicação de ter sido realizada „segundo a natureza“ por Karl Oenike, renomado representante da pintura paisagística alemã.

Oenike participou como pintor e fotógrafo em várias expedições científicas em países sul-americanos entre 1887 e 1891. A imagem incluída na Allgemeine Länderkunde fixou, para além do tempo de sua estadia,  uma visão pessoal do artista de determinado momento no desenvolvimento histórico-artístico na Alemanha. Como em outras de suas obras, essa imagem da Baia do Rio revela a visão pessoal da natureza do pintor paisagístico, que se destacou pelo seu fascínio pela magia das florestas tropicais.

Também o Pão de Açúcar na „Die Bucht von Rio de Janeiro“ é visto de longe a partir da mata tropical, apresentando palmeiras e bananeiras em primeiro plano, com as ondas do mar batendo nas encostas do outro lado. O Pão de Açúcar no centro, com as montanhas como fundo são apresentados em relações de altura com os grandes coqueiros proximos daquele que contempla e pinta do meio da vegetação.

Na obra, a imagem fala mais do que as palavras com que Wilhelm Sievers trata a Baía do Rio de Janeiro no ítem referente à costa do Brasil oriental.

„Até para além do Cabo Frio estende-se a costa plana, e ainda a leste de Niterói surgem lagoas de praia. A seguir, porém, começam a aproximar-se do mar as extensões da Serra dos Órgãos. Elas formam a famosa Baía do Rio de Janeiro, uma das mais belas paisagens da terra (veja o encarte em cores ‚Die Bucht von Rio de Janeiro‘). Duas pontas de terra do oeste e do leste confrontam-se e deixam apenas uma estreita entrada livre na baía que se abre ao largo por detrás, e que é ainda mais estreitada pelas ilhas; na língua de terra a leste encontra-se Niterói, a oeste Rio e à frente o Pão de Açúcar, um cone de granito isolado, de 387 m de altura, o emblema do Rio.“ (op.cit.- 210-211)

Natureza/Cultura e a face do Brasil: K. Guenther (1874-1955)

Diferente relações entre a ciência e a impressão visual na imagem do Rio e do Brasil revelam-se em obra publicada já após a Primeira Guerra e explicitamente dedicada à „face do Brasil“, à „natureza e cultura de um país de sol“ do zoólogo Konrad Guenther, Professor da Universidade de Freiburg i.B. . (Konrad Guenther, Das Antlitz Brasiliens: Natur und Kultur eines Sonnenlandes - Sein Tier- und Pflanzenleben, Leipzig: R. Voigtländers Verlag 1927).

Considerado como um dos pioneiros da proteção da natureza e portanto da ecologia, Konrad Guenther tematiza a questão da fisionomia do Brasil a partir das relações entre a sua natureza e cultura.

Trata-se de obra ilustrada com numerosas fotografias e desenhos do autor. Realizadas por cientista natural, diferencia-se assim da inclusão de pintura paisagística a partir da perspectiva de Niterói em obra geográfica como no caso pintura de K. Oenike na Allgemeine Länderkunde de W. Sievers.

Também as observações e visões do cientista foram porém ideterminadas pelo Pão de Açúcar, agora já possibilitando ver a cidade e a paisagem das alturas do seu cimo.

Logo no primeiro capítulo, dedicado à beleza do Brasil, o autor dedica um longo trecho ao relato ao Pão de Açúcar.

De início, salienta que o Rio de Janeiro era por todos os lados decantado como a mais bela cidade do mundo, e, de fato, a Baía da Guanabara era incomparável. Nela se encontravam unidos os maiores atrativos de todas as cidades e regiões do globo, sintetizando formas da natureza e criadas pela mão do homem, a ela sobrepujando-se e nela derramando-se a vegetação tropical exuberante.

„Diz-se que o Rio de Janeiro, devido à sua situação, é a mais bela cidade do mundo. De fato, a baía da Guanabara é incomparável. Aquilo que já por si empresta a uma cidade a sua fama, encontra-se aqui unido com outros encantos. Assim, encontra-se no Rio o Golfo de Nápoles, as costas de Amalfi, o Vierwaldstädter See, formas das Dolomitas nas montanhas, um pedaço do porto de Hamburgo, boulevards de Paris e sobre tudo derrama-se a floresta tropical cintilante das alturas e embaixo ilumina nos jardins a grande magnificência da vegetação tropical.“

Se na pintura de paisagens de Oenike o observador se posicionava no meio da vegetação em Niterói, vendo a paisagem ao longe, em quadro marcado por unidade, em K. Guenther é a visão de cima do Pão de Açúcar que determina as suas observações e o seu pensamento. Este caracteriza-se pelo conceito de diversidade, tanto na ordenação e formas como na de cores, e seria essa diversidade que elevava o Rio acima de todas as demais cidades e regiões belas do globo.

A unidade nessa diversidade era conferida pela vegetação tropical que sobre o todo dominava e tudo transpassava. Nesse quadro, o autor via, como cientista natural, a ação secular de ocorrências naturais, da ação da água, de truncamentos e quedas de montanhas.

„Assim, a multiplicidade, a riqueza surpreendente da organização de formas e cores, é o que eleva a imagem o Rio sobre todas as demais cidades. Na baía e fora da entrada, 98 ilhas emprestam variedade e as montanhas ao redor mostram todas as matizes de formas, das suaves às selvagens e até mesmo grotescas. E todo essas montanhas dilaceradas não são resultado de forças vulcânicas, mas sim (...) originadas por quebras, caídas e da ação da água.“

Do pensamento científico-natural, Konrad Guenther estabelece uma ponte à filosofia, apresentando o Rio como exemplo do princípio do vir-a-ser - do „Werden“. Mencionando a pintura de paisagens, que em muitos casos dava a impressão ao observador de ser este tomado por um movimento, por um movimento que era interno àquele que contempla, a visão da paisagem do Rio a partir o Pão do Açúcar fazia com que aquele que a via nela percebesse movimentações através de séculos.

O movimento que K. Guenther via no panorama oferecido de cima do Pão de Açúcar não dizia respeito portanto à agitação da cidade pulsante de vida, mas sim àquele do qual falavam as formas das montanhas.

„Ainda assim, se o filósofo Hegel estivesse à frente das montanhas do Rio, não se teria deles afastado com as palavras: „êles me dizem sempre que é assim“, como teria feito na Suíça. Eu vi poucas paisagens que de forma tão impressiva apregoa o vir-a-ser como as montanhas da baía da Guanabara. Assim como certas pinturas são traçadas de forma tão viva que aquele que se encontra diante delas é tomado da ilusão de que nele há movimento, do mesmo modo as montanhas ao redor do Rio são atiradas com tal impulso que vê-se por todo lado sempre movimento. É como se uma tempestada global tivesse passado pela terra!“

Guenther tematiza também o significado da posição do observador nas diferentes possibilidades do próprio Pão de Açúcar ser visto e das visões que possibilita. Partindo da impressão do seu cimo, também aquela a partir de Niterói passa a ser percebida como movimentada ou como resultado de movimentações naturais de séculos.

„O Pão de Açúcar emerge da terra e, ainda que visto da entrada da baía como um cone de forma regular em aprumo às alturas, surge a partir e Niterói como que entornado em direção à terra, e também as montanhas vizinhas parecem curvar-se como árvores atingidas por um vendaval vindo do mar.“

É sob o pano de fundo dessa maneira de interpretar o que via a partir de sua formação científico-natural e filosófica é que deve-se ler a pintura que K. Guenther faz com palavras da paisagem que descortinou do alto do Pão de Açúcar. Apesar de provir de um zoólogo, sua descrição é até hoje uma das mais impressionantes referentes ao Rio.

„Várias vezes subi ao Pão de Açúcar em carro pequeno balançando num cabo como se fosse um elevador subindo, pairando sobre os abismos. Todas as vezes fiquei cinco horas lá no alto, de tão embasbacado estive com a vista, da qual não me queria separar. Fora estende-se o oceano, azul de luz, como pintado em pastel. Com traço branco leitoso limita-se no horizonte. Ilhas pairam em perfume branco azulado, parecendo não tocar na água, tendo apenas os seus cumes elevando-se ao céu com com molduras nitidamente traçadas. Bem abaixo encontra-se a entrada, as vagas, que o mar para dentro envia, e que surgem como crespos finos da água. Um vapor oceânico parte, parecendo um brinquedo dessa altura, e lentamente levanta-se e abaixa-se, com lampejos brancos à sua frente.

Do lado oposto aproxima-se a península de Niterói. Em magnífica queda, as montanhas vertem-se lá longe à água, levantam-se para trás de forma cada vez mais brejeira. Por todo lado, entre as encostas verdes ou os picos vermelho-amarelos lampeja a água no mais luminoso branco-azulado. Cúpulas mas altas fecham o horizonte.

Agora, o olhar, passando sobre as inumeraveis baías, ístmos, encostas de montanhas de Niterói, banha-se no azul da baía da Guanabara. Ilhas emergem, aqui e ali, e a longa distância vê-se ainda a água luzir, até que a terra desvanece, dissolvendo-se na parede etérea, pontilhada da longínqua serra dos Órgãos. Agora, o olhar depara-se com a outra costa da baía. O Rio, a grande cidade, se espraia com as suas massas de casas brancas ao comprido da água, sobrepassa colinas, atira-se como vagas nas rochas, cobre-as como espumas e levanta-se finalmente nas montanhas da Tijuca e do Corcovado às alturas, até próximo à verde mata que cobre todas as encostas e alturas. Desafiadores emergem das encostas verdes cabeços rochosos abruptos.  Formas cada vez mais ameaçadoras se ajuntam quanto mais o olhar se dirige ao fundo, surgindo formas cada vez mais extravagantes, cada uma procurando superar a outra em ousadia, a lei da gravidade parecendo suspensa para esses rochismos cadentes e picos curvos.“ (op.cit. 14-15)

Técnica alemã como possibilitadoras de visões do alto: A. Funke (1869-1941)

A modificação de visões e modos de ler a paisagem nas suas implicações para a imagem do Brasil que se registra na „Face do Brasil“ de K. Guenther apenas tornou-se possível devido ao fato por êle salientado de ter podido ver o panorama do cimo do Pão de Açúcar. (Alfred Funke, Brasilien im 20. Jahrhundert, Berlin: Reimar Hobbing 1927, 169-170)

Esse fato surge como dominante no texto referente ao Pão de Açúcar no livro „Brasil no século XX“ de Alfred Funke, influente personalidade no empenho pelo reestabelecimento e promoção de relações entre a Alemanha e o Brasil após a Primeira Guerra Mundial, no teuto-brasilianismo e no fomento à colonização alemã no Brasil. (Veja)

Funke lembra de início que o Pão de Açúcar tinha sido inatingível no passado, escalado apenas como feito extraordinário. Lembra aqui a escalada do Pão de Açúcar por cadetes da Escola Militar quando do retorno de Dom Pedro II da Europa. A possibilitação do acesso ao cimo do Pão de Açúcar representara assim a realização de um sonho que teria sido sempre acalentado, intensificando-se à época da transformação urbana do Rio.

„Ao contemplar as montanhas, que envolvem protetoramente o Rio, nenhum viajante precisa mais lamentar com o salmista: Oh, pudesse ter asas como a pomba!“ Pois ele pode sem esforço com todo veículo, do bonde elétrico até o bonde suspenso, atingir as alturas. O mais fácil é ir ao Pão de Açúcar, o que no passado parecia ser impossivel de ser vencido pelos mais ousados alpinistas. Entretanto,  enérgicos e hábeis formados pela Escola Militar da Praia Vermelha já o tinham vencido há décadas e do seu cimo com uma enorme bandeiora saudaram o Imperador Dom Pedro II ao retornar da Europa. 392 metros de altura eleva-se o antigo torreão do Rio como vigilante orgulhoso no oceano, um rochedo gigantesco, cinzento escuro, em cujo manto se inscreveram rusgas e veios de chuva profundos.“ (ibidem)

Os comentários de A. Funke referentes ao Pão de Açúcar necessitam ser compreendidos no contexto político em que se inseria, determinado pela derrota a Alemanha na Guerra e que, em situação econômica crítica e abalada com a perda de sua posição de potência de liderança, vivenciava uma intensificação de correntes nacional-conservadoras.

Funke tematiza no seu texto o silenciamento do papel desempenhado pela Alemanha antes da Guerra na construção do Caminho Aéreo, lembrando-o e assim corrigindo a versão de sua realização como apresentada no Brasil.

Esse silenciamento por parte dos brasileiros era para Funke não só expressão do nacionalismo ou mesmo chauvinismo como do país, atribuindo a brasileiros o papel preponderante na obra, mas sim da situação política estabelecida pela Guerra. Os brasileiros reconheciam o papel da Light canadense na força necessária ao funcionamento dos bondinhos, não, porém, a da Alemanha, a que teria sido decisiva quanto à técnica.

Corrigindo essas afirmações, Funke diz ironicamente que brasileiros teriam antes colaborado na obra alemã, podendo-se dizer, neste sentido, que a sua colaboração teria sido até mesmo relevante.

„Como finos fios de teia surgem ao mareante os fortes cabos pelos quais desliza os carros da via suspensa da terra até o cimo e dos altos até o vale, a realização técnica de antigos sonhos. De forma particular os guias turísticos brasileiros acentuam que essa via suspensa ao cimo do Pão de Açúcar foi projetada por engenheiros brasileiros e executando por trabalhadores brasileiros e quase que todo com material brasileiro, e que a canadense Light and Power  - que no Rio e em outros lados no Brasil fazem os seus bons negócios - oferece a força para o seu funcionamento. Mas permanece o fato que foi a firma alemã J. Pohlig de Colonia no Reno que preparou a construção dessa via suspensa ‚brasileira‘, elaborou os planos e fêz todos os cálculos e que também executou esses planos e calculações. A colaboração de ténicos brasileiros nessa execução pode continuar, ressalvadas essas condições, a ser salientado.“ (ibidem)(

Diferentemente de outros relatos, mas fato compreensível segundo os seus intuitos de salientar o papel da Alemanha que via como silenciado, a atenção de Funke é dirigida a aspectos técnicos e aos próprios bondes. O autor salienta as qualidades de engenharia avançada, a segurança e o conforto dos veículos alemães.

„Da estação de partida na Praia Vermelha, o carro, muito confortável, que comporta 16 pessoas, atravessa suspenso em 4 minutos o primeiro trecho de 600 metros, que entrou a serviço em outubro de 1912 até a Urca, cuja estação se encontra a 220 metros de altura. Aqui faz-se a baldeação para um segundo carro, que atinge o cume do colosso em 5 minutos. Esse  trecho, que passou a funcionar em janeiro de 1913, tem 800 metros de comprimento.“  (ibidem)

É após ter assim salientado a obra de engenharia e de construção técnica e de máquinas da empresa de J. Pohlig é que A. Funke trata da vista que se descortina do alto do Pão de Açúcar, cujo alcance não poderia ter sido realizado sem a participação alemã.

„No alto do Pão de Açúcar há um simples Chalet com serviço de restaurante sobre o qual se eleva uma plataforma panorâmica. O bonde suspenso nunca perdeu a sua segurança e é visto hoje como absolutamente seguro. A vista do oceano, do porto, das montanhas, e da cidade é incomparavelmente bela. Encantadora é a impressão do rio iluminado ao cair da noite - o poente é muito rápido no Rio - com os cordões de luz infinitos das avenidas, com os milhares de candelabros elétricos nas suas ruas e praças. Soma-se o farol do porto, as luzes dos navios, os cilindros branco-azuis intermitentes dos holofotes. Fala-se não sem razão de un céu estrelado caído na terra; só que as figuras desse plano estrelado é mais regular e denso do que o seu concorrente celestial.“ (ibidem)

Natureza e poesia em visões brasileiras: Cidade verde e mulher. M. Capistrano (1905-1987)

Nas imagens do Pão de Açúcar e do Rio a partir do seu cimo, chama a atenção a frequência de conotações de gênero em descrições de viajantes que o visitaram e se extasiaram com a paisagem que dele se descortina.

Essas associações manifestam-se hoje na plástica „Guanabara Mitológica“ de Remo Bernucci que ali se encontra, e que pode ser contemplada por brasileiros e estrangeiros que sobem ao Pão de Açúcar. Em placa, em português e em inglês, decanta-se a feminilidade da paisagem e da cidade - trata-se de uma „visão poética do Rio de Janeiro de Cristóvão Leite de Castro:


„A cabeleira, as florestas; Os seios, as montanhas; a cintura, as praias; A silhueta, a graça da mulher carioca; Aos pés da estátua, a Íbis.“

Essa associação da paisagem e da cidade com a mulher não é de data recente e foi conhecida já por visitantes do Rio através de guias turísticos, lembrando-se aqui o Guia de Turismo Carioca, de 1933. Essa obra foi dedicada a Octavio e Carlos Guinle, presidentes do Touring Club do Brasil e do Automovel Club do Brasil. (Mario Domingues e S. Lopes Fonseca, Como Conhecer o Rio de Automóvel, Guia de Turismo Carioca I, Rio de Janeiro, 1933).

Com o livro que se publicava, pretendia-se que o turista ficasse livre de cicerones, podendo êle próprio tomar decisões.

Na sua apresentação, os autores lembram que o carioca, no seu patriotismo ingênuo, mas que seria essencial, não necessitava viajar para tonificar o seu amor pátrio, Na convicção de que „Deus é brasileiro“, contentava-se em exaltar a beleza e os dotes magníficos de exuberância de sua terra, certo de que, „ao pregão alviçareiro que elle lança aos céos, o turista de outras terras accode pressuroso, avido por apreciar os encantos de que tanto ouviu falar.“

Como prefácio, o livro inclui um texto de Herbert Moses (1884-1972), no qual este jornalista recorda que, ao retornar ao Brasil de viagem á Europa, em 1914, aprendeu a reconhecer a beleza do Rio.

Teria sido preciso que o Orient Express o levasse de Paris a Constantinopla, com escalas, e passar uma noite de luar diante das pirâmides, para perceber que tinha nascido na mais linda cidade do mundo.

Herber Moses, entre outros fatos, lembra que, em banquete no Copacabana Palace Hotel, na presença dos mais destacados representantes do jornalismo americano, fizera-se um brinde ao Rio como „oitava maravilha do mundo“. Em outra ocasião, o príncipe de Gales, ao contemplar o por do sol, exclamara „é a cidade de Deus“. („Como Ciceroni do Paraiso...“, op.cit. s/p)


O texto introdutório de Martins Capistrano decanta o Rio primeiramente como cidade verde. Do verde da natureza e das águas passa a considerar os seus jardins, o amor, assim como as associações do verde com a esperança. O amor veste-se de verde para „poder fascinar a volupia esmeralda do coração carioca“.

„Do alto do Corcovado ou do Pão de Assucar, todas as sensibilidades se emocionam, contemplando a harmonia dos bairros que se agitam na alma tumultuosa da cidade. Para qualquer lado que a gente se volte, encontra um poema verde palpitando á flôr da natureza. Á luz do sol ou á luz do luar, em pleno dia ou dentro da noite, ha sempre um painel de belleza marcando a seducção e o fulgôr de todas as horas da metropole. E nas velhas paizagens que se multiplicam, luxuriantes, á sombra destes morros opulentos, os poetas têm sempre novos motivos para as suas vibrações de arte.“

Passando a tratar mais especificamente de Copacabana, Martins Capistrano estabelece relações do Rio com a poesia e com a mulher.

„(...) Vaidosa, como toda mulher, bonita, e chic, ella se apresenta garrida ao viajante que ainda a bordo se extasia no primeiro panorama panorama da terra carioca. (...)
Para quem chega, a praia linda, o mar agitado, a imponencia architectural da avenia Atlantica, os bungalows modernos, as ruas modernissimas... Para quem a vê todos os dias, o banho matinal, os crepusculos afogados na inquietação das ondas, as mulheres... Sobretudo as mulheres. Ellas são a graça esplendente (...). Ellas são as primaveras rutilantes do verão carioca. Loiras, morenas, de olhos côr de floresta ou côr do déo, vaporosas, esguias, todas illuminam as areias batidas e sol, e o mar verde, cuja furia se detem perto dos maillots femininos, e a volupia insatisfeita dos homens...
(op.cit. 17-18)

Essas associações com a mulher valem para Martins Capistrano não só para Copacabana, mas para Tijuca, aqui altaneira e serena, seduzindo os homens com delírio verde, para Laranjeiras, ou Santa Teresa, que viveriam inciumadas a requestar o coração do Corcovado: „Ambas são elegantes e formosas, mas ainda não conseguiram a preferência do gigante voluvel...“. (ibidem)

Na sua interpretação da cidade para a preparação de turistas, o poeta tece relações entre praias e bairros conotados como femininos e masculinos:

„A avenida Beira-Mar é mulher. Dahi, a victoria do Flamengo...“. „(...) Urca... Esta, mulher, joven, bonita, namorada do Pão de Assucar, soffre, como o Grajahú, seu irmão de infortunio, a antipathia da Light, que não lhe á bondes nem omnibus para os seus admiradores.  Entretanto, os seus bungalows guardam centenas de carinhas mimosas que já fizeram successo em Compacabana ou na Tijuca...“

„A avenida Rio Branco, é a rainha, que ali domina, sem rivaes que possam fazer sombra á sua belleza. Beijada duas vezes pela bahia da Guanabara, ella se movimenta, seductora, no seu throno de asphalto, tecendo a fascinação das suas horas deslumbrantes (...) „A tarde, as rosas da elegancia perfumam o jardim da vaidade. Rosas que ninguem póde colher sem ferir-se nos espinhos do desengano. A illusão dos sorrisos não passa de uma suave mentira promettendo a felicidade. O amôr se insinua nos olhares que acompanham o turbilhão vespertino (...)“ (op.cit. 19-20)

Essas associações com a mulher e o amor da paisagem, da cidade do Rio de Janeiro e em particular do Pão de Açúcar não se limitam a visões de um poeta cearense que tinha sido, êle mesmo, um visitante do Rio. As próprias informações objetivas apresentadas aos turistas continham referências à mulher, em especial naquelas da Urca e do Pão de Açúcar.

„Esses dois morros de granito que, como dois seios tumidos dessa mulher formosa que é a terra carioca, montam guarda á entrada da bahia de Guanabara (...)“ (pág. 49)

Diferenças de associações: a virilidade do Rio segundo K. Edschmit (1890-1966)

Contrastando com o Guia de Turismo Carioca que pretendia dar informações objetivas e preparar o visitante para a compreensão da cidade, não se registram em relatos de viajantes estrangeiros associações tão intensas da paisagem e da cidade com a mulher - e nem mesmo excessos de interpretações de teor sexista.

Um exemplo da relatividade de conotações de gênero na imagem do Rio é a descrição da paisagem e da cidade vistas do alto do Pão de Açúcar pelo escritor Kasimir Edschmid na sua obra em forma de romance „Brilho e miséria da América do Sul“. (Kasimir Edschmid, Glanz und Elend Süd-Amerikas- Roman eines Erdteils, Frankfurt am Main: Societäts-Verlag 1934, 443-444)

Se o Guia Turístico de 1933 descrevia o Pão de Açúcar e a Urca como „dois seios tumidos“ da mulher formosa que seria o Rio, Kasimir Edschmidt viu no Pão de Açúcar um gigantesco falo ao qual se subia balançando-se no cabo do bondinho.

„Seu amigo, o Pão de Açúcar“

Göhrs se preparou para subir ao Pão de Açúcar, o que antes era impossível - antes que o teleférico ali passou a ir.

Ele subiu no fim da tarde um pequeno carro, bem no meio das casas do Rio. O carro era dependurado num cabo e nele subia 200 metros para cima de uma rocha chamada de Urca. Nas costas desse rochedo arredondado e sem importância, Göhrs desceu, andou um trecho e subiu noutro carro, que o levou novamente aos ares. Ele tinha muitas vezes visto esse carro dependurado no cabo entre as duas rochas de baixo - o que era ridículo e perigoso.

Göhrs sentou-se no carro, que o devia levar do rochedo de 200 metros de altura àquele de 400 metros - e essa viagem decorria sobre uma floresta bastante intrincada, que êle podia ver de cima, como uma ave.

Essa viagem pendente ficou inesquecível para Göhrs, não apenas por ter-lhe proporcionado um sentimento terrivelmente desagradável de estar pendurado num cabo, num cabo sul-americano, que a todo momento poderia romper, mas também porque o falo gigantesco do rochedo, ao qual o carro  se dirigia balançando tal como um navio em tempestade, com decisão e energia,e a beleza da floresta, que nunca tinha sido por alguém penetrada, esgotaram toda a fantasia de Göhrs.

Este era o Pão de Açúcar, o amigo de semanas de Göhrs, sobre o qual agora descia.

No cimo desse falo de rocha havia uma pequena plataforma. Como num balanço, Göhrs ali estava, pois o Pão de Acúcar era inclinado sobre a entrada dos navios na baía, que parecia que estava a meio caminho de cair no mar.“ (ibidem)

Kasimir Edschmid salienta a possibilidade oferecida pelo alcance do cimo do Pão de Açúcar para que se pudesse visualizar a cidade e todo o ambiente em que se inscrevia. O seu texto surge como uma das mais entusiásticas descrições da literatura de viagens, afirmando tratar-se de uma imagem marcada pela mais alta perfeição nas relações entre cidade e natureza.

Correspondendo à sua repetida associação do Pão de Açúcar com um falo de granito, Kasimir Edschmid emprestou à imagem do Rio uma conotação masculina, salientando a sua graça viril.

„Para trás, porém, como a a língua de terra do Pão de Açúcar entrava fundo no mar, Göhrs via pela primeira vez o Rio espraiar-se completamente: todos os fiordes, todos os golfos, todas as linhas de suas bem traçadas avenidas, todas as cadeias de montanhas que cruzam o Rio e o estruturam, as suas lagunas e a sua lagoa interna - todo o ornamento rico de arabescos da costa e das formações encurvaas das colinas, que parecia dar a todo o conjunto a impressão de graça masculina.“

Essa associação da beleza do Rio com a masculinidade inseria-se, pelo que se deduz de sua argumentação, em tradição de pensamento referenciada pela filosofia e arte da Antiguidade, do homem como modêlo de beleza nas suas relações com com a civilização.

Era a imagem da mais perfeita graça da natureza com todos os testemunhos da barbárie, que tinham sido há pouco domesticados, com montanhas, que se tornaram belas colunas e pirâmides, com florestas, que perfumadas como jardins suspensos desciam nas suas extremidades às ruas, com quarteirões de casas que se aconchegavam à natureza, e com ruas, que pareciam ser um só cortejo triunfal da paisagem ordenada - um pastel da máxima unidade que uma povoação humana pode formar com a paisagem, ainda mais que a ela se ajunta o mar. Perfeição de beleza que emudece. (...)

Depois de uma hora, o cabo metal atirou de novo o bonde na escuridão. O odor da floresta subia das profundezas. Depois, o cabo arremessou o carro de novo na claridade e sobre  a Urca.

Os grilos gritavam, como os animais da floresta de Moçambique na Áfica do Sul rugem - mas tudo encontrava-se perfeitamente na sua harmonia serena. Apenas no fundo do quadro vibrava a avenida Rio Branco cheia de reclames movimentados com fogo verde e vermelho, como em incêndio.“ (ibidem)

Cidade de muitas fisionomias. J.Hanzelka (1920-2003) e M.Zikmund (1919-)

Os textos dedicados ao Rio nos relatos de viagem de automóvel de Jirí Hanzelka e Miroslav Zikmund (Südamerika: Zwischen Paraná und Rio de la Plata, Berlin: Volk und Welt, 1956), registram uma cidade em cruciais mudanças na sua fisionomia devido ao tráfego cada vez mais intenso e à especulação imobiliária.

Todo um capítulo é dedicado ao Pão de Açúcar, visitado no último dia da estadia dos viajantes na capital do Brasil. De interesse são as diferenças tematizadas pelos autores entre as paisagens descortinadas a partir do Corcovado, da Vista Chinesa e do Pão de Açúcar. Este teria a vantagem de sua localização, como guardião das portas da cidade, uma espécie de farol, suficientemente longe para permitir uma contemplação da cidade, suficientemente próximo para permitir a percepção do pulsar da cidade.

„O último dia no Rio.

O último dia na encantadora cidade de muitas fisionomias; na cidade com um excesso de beleza exótica; na cidade, que sabe brilhantemente esconder as suas muitas feridas purulentas por detrás do véu safira do Atlântico tecido com fios de pérolas da costa.
Onde poderíamos ir para admirar mais uma vez essa cidade, para juntar todos as inumeráveis impressões como numa concha e encerrar a experiência Rio?
Subir ao Corcovado?
Do seu cimo vê-se é fato o Rio como que se estendesse numa palma de mão; mas também dele se percebe por demais as suas entranhas, as grotas pedregosas de seus muros. O mar, as baías marítimas típicas, correm por demais próximo do horizonte.
A um dos numerosos morros, que como ruínas escuras de uma casa incendiada emergem do mar de luzes?
Nos cimos das favelas encontram-se por demais faces que desaprenderam de rir. Infinitas necessidades, sofrimentos e rebaixamentos humanos aderem-se às pedras, colam-se na alma, e por demais deprimente é o vermelhão mentiroso dos tuberculosos, os dedos magriços das crianças raquíticas. De lá sai-se como que de uma sufocante prisão e se quer ao mesmo tempo chorar e rebater-se.
No bairro chinês sob o Alto da Boa Vista?
De la o Rio é demasiadamente distante, irreal. É visto através do véu da floresta. Sob êle encontra-se a praia de Ipanema, mas o Rio surge como um cenário posto à demasiada distância.
Pão de Açúcar?
Sim, Pão de Açúcar, a êle! O guarda das portas da cidade e do seio dos mares, o monte por excelência do Rio de Janeiro. Um farol, sobre o qual não se escuta nem o ruído de freagens nem o barulho das orquestras ou o chorar das crianças. Uma ilha, suficientemente próxima para deixar  perceber o respirar da cidade grande, e longe bastante para entregar-se a seu encanto romântico. (op.cit. )

Também esse texto dos viajantes tchecos emprestam particular atenção à viagem pelo Caminho Aéreo e ao próprio „bondinho“, assim como a superficialidade de turistas norte-americanos que, apressados em conhecer o Rio em poucos dias, não têem o tempo suficiente de contemplarem a paisagem com a necessária tranquilidade.

„Entre Copacabana e a baia de Botafogo levanta-se uma íngrime encosta de morro do mar, que separa ambas partes da cidade. Êle cai abruptamente ao mar, passa para uma sela plana que emerge gradualmente do espelho do Atlântico e torna-se crescendo uma massa rochosa de forma de cone. O seu cimo é preso à terra firme com um cabo de sete fios de metal, do qual pendem ininterruptamente pequenas caixas prateadas com doze formigas humanas pairando no ar.
Este não é, porém, o Pão de Açúcar.
Mais mar a dentro levanta-se um outro cone rochoso, mais esbelto, íngrime e alto, o irmão gêmeo do primeiro, algemado com as mesmas correntes de cabos de aço.
Ele é o objetivo da nossa última excursão no Rio: O Pão de Açúcar, um gigante rochoso,que olha para baixo de 390 metros de altura o espelho incapaz de ser abrangido pelos olhos do Atlântico, qu se estende do estreito de Niterói até longe em direção do horizonte.
Na primeira estação há uma grande multidão.
No porto do Rio de Janeiro encontra-se um nave que trouxe turistas ricos dos Estados Unidos. Os „visitantes de domingo“ desse navio se apertam como nós na rampa de entrada do „bondinho“. Êles teem pressa..
(...)
Somo levados pairando atraves do ar sobre o desenho geométrico do cruzamento no fim do Botafogo, sobre telhados e novas construções, sobre o verde das matas que cobrem os pes da primeira montanha.“ (op.cit.)


De ciclo de estudos da A.B.E.
sob a direção de
Antonio Alexandre Bispo


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Indicação bibliográfica para citações e referências:
Bispo, A.A.(Ed.). „O Pão de Açúcar na recepção cultural do Brasil na Europa . Vistas e visões na pintura, fotografia e na literatura de viagens: K. Oenike (1862-1924), A. Funke (1869-1941), K. Guenther (1874-1955) e outros“.
Revista Brasil-Europa: Correspondência Euro-Brasileira 156/3 (2015:04). http://revista.brasil-europa.eu/156/Pao_de_Acucar_na_Recepcao_Cultural.html


Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira

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