Música e aviação no Brasil e no Alasca

ed. A.A.Bispo

Revista

BRASIL-EUROPA 157

Correspondência Euro-Brasileira©

 

_________________________________________________________________________________________________________________________________


Índice da edição     Índice geral     Portal Brasil-Europa     Academia     Contato     Convite     Impressum     Editor     Estatística     Atualidades

_________________________________________________________________________________________________________________________________

N° 157/7 (2015:5)




Música e aviação no Brasil e no Alasca
A marcha two-step
„Edu“ de J. Antão Fernandes

100 anos do primeiro vôo São Paulo-Rio e da aviação no Alasca

Pelos 450 anos do Rio de Janeiro



 
Arquivo A.B.E.
Dois centenários de feitos da história da aviação celebrados nos últimos anos trazem à consciência paralelos entre o Brasil e o Alasca. Em ambos os casos tratou-se da intrepidez de pioneiros em regiões distantes e de florestas, uma nos trópicos e outras nos ermos árticos, provas de habilidade técnica e de coragem de homens ousados e do progresso técnico.


Em fins do século XIX e início do século XX, as florestas do Brasil e as terras cobertas de gelo e neve do Alasca surgiam na Europa entre as mais desafiadoras regiões selvagens ou desérticas de vida humana e civilização do globo (Wilderness). Eram ambas atuais devido aos empreendimentos que exigiam coragem e ousadia de época do boom da borracha no Amazonas e do descobrimento do ouro em Klondike. (Veja)


Florestas tropicais do Brasil e o território gélido do Alasca ofereciam-se assim como obstáculos a serem vencidos por aqueles que desejavam estabelecer marcos na história de desenvolvimentos e conquistas do homem.


Esse estado de espírito de corrida e concorrência na técnica e nas ciências dava continuidade àquele de fé no progresso e na evolução que marcou o século XIX e correspondia à realidade à febre da borracha e ao rush do ouro no Alasca.


O grupo plástico The Rock, em Ketchikan


Se Alberto Santos Dumont  (1873-1932) é lembrado por todo aquele que hoje chega ao Rio de Janeiro de avião pela denominação do seu aeroporto, o pioneiro da aviação do Alasca encontra-se representados em monumental grupo The Rock na Front Street de Ketchikan, principal cidade portuária do Alasca.


The Rock. Ketchikan. Foto A.A.Bispo 2015
O visitante que chega a Ketchikan depara-se com esse memorial que celebra a época da fundação e dos primeiros anos da cidade e da história do Alasca. Trata-se de uma obra de Dave Rubin que, para a sua realização, contou com a participação de vários artistas e instituições, entre elas da Tongess School of Arts and Sciences.


As várias figuras humanas ali representadas personificam fatos e feitos considerados como fundamentos da comunidade e do território, desencadeadores de desenvolvimentos que marcaram a região até o presente.


Nele encontram-se representados o garimpeiro e o mineiro com trajes e fisionomias européias, lembrando que muitos desses homens eram migrantes que abandonaram com fé e coragem o Velho Mundo à procura de oportunidades de sucesso material e de vida. 


The Rock. Ketchikan. Foto A.A.Bispo 2015

A presença feminina nessa sociedade de homens é marcada no conjunto plástico por estátua de mulher de traços europeus trajando roupas elegantes e espalhafatosas. com expressão decidida e de orgulho, lembrando aquelas que vieram ganhar a vida com os seus corpos e atrativos. O grupo escultórico de Ketchiken parece ser assim o único do globo no qual se encontra uma estátua de prostituta sem conotações desqualificadoras e que lembra o papel desempenhado por essas mulheres que, também com coragem e audácia, dirigiram-se sós a essas zonas pioneiras, marcando a vida social e mesmo cultural local. (Veja)


Todo o conjunto memorial é dominado por uma figura de velho indígena com trajes tradicionais no topo da roch e que, com gesto solene de proclamação, anuncia ao mundo o achamento do ouro que levou à vinda de tantos homens e mulheres de olhares dirigidos ao futuro e a conquistas.


Não só essa figura, porém, que traz à consciência o fundamental papel do indígena no descobrimento do ouro e assim no rush de Klondike, atesta a presença do nativo no processo histórico representado.


The Rock. Ketchikan. Foto A.A.Bispo 2015
Aos pés do monumento encontra-se uma das mais expressivas figuras do conjunto, a de uma mulher indígena sentada que canta, percutindo o seu instrumento.


Essa imagem empresta ao todo e ao desenvolvimento representado uma conotação musical, fazendo o monumento „soar“, estabelecendo paralelos entre o processo histórico desencadeado e a música, ou melhor, a um canto de histórias e estórias como conhecido da tradição indígena.


A leitura do memorial passa a adquirir novas conotações, pois sugere que todo o vir-a-ser personificado nas suas figuras decorreu acompanhado pelas batidas do instrumento nativo e pelo canto da mulher, a principal preservadora da antiga cultura.


O conjunto passa a poder ser lido também como sinal de que todo o desenrolar de acontecimentos causados pela descoberta do ouro representaria apenas um momento na secular história indígena, ou seja, quer apresentar-se como um memorial visto a partir da perspectiva nativa.


A estátua do aviador insere-se nesse conjunto de personificações de fatores e motores dos processos desencadeados nos primórdios de Ketchikan, quando volveu-se uma nova página na história dos nativos do Alasca.


Também os seus feitos são interpretados no conjunto como seu tivessem decorrido ao som das batidas do canto indígena, também os seus vôos adquirem uma conotação musical. Com olhos dirigidos ao horizonte, vestido de forma a proteger-se do frio, arregaçando mangas, o aviador, que surge no rochedo memorial como conquistador dos ares, é a figura que mais expressivamente traduz o dirigir de olhar ao alto e ao longe, personificando a coragem, confiança e audácia na realização de feitos e proezas de pioneiros.


O ano de 1913 na história do Alasca e da aviação - a festa com música em Ketchikan


A imagem do aviador de Ketchikan lembra sobretudo o ano que precedeu àquele da eclosão da Primeira Guerra, o último ano de uma época marcada por inabalável certeza na continuidade do progresso: 1913.


Este ano foi marcado no Alasca e na história da aviação americana e mesmo mundial pelo primeiro vôo realizado na região. Deu-se significativamente no dia comemorativo da Independência Americana, o 4 de Julho, o maior dia festivo dos Estados Unidos.


Decorridos 100 anos desse feito, celebrou-se, em 2013, o seu centenário com rememorações da época e das circunstâncias desse vôo inaugural.


O Alasca tinha sido elevado em 1912 de distrito a Território dos Estados Unidos, um avanço na sua história administrativa que demonstrava a atenção que despertava na nação e no mundo. Essa elevação instigou o orgulho local e a auto-consciência comunitária e nacional americana da sociedade plural da região. É compreensível, assim, que o Alasca tenha sido escolhido para uma das mais audaciosas provas de habilidade de pilotagem e de desenvolvimento técnico da aviação norte-americana nos seus anos iniciais.


O seu realizador foi James Vernon Martin (1885-1956), principal organizador da The Harvard Aeronautical Society, em 1910. Acompanhado por sua esposa, Lily, escolheu Fairbanks como local do ação aérea que simbolizava mais do que qualquer outro ato festivo a unidade nacipnal na diversidade a ser criada na americana glorificação da liberdade.


Não é sem significado registrar que esse feito aéreo foi apoiado financeiramente por negociantes locais, correspondendo assim à liberdade de comércio preconizada. Para atingir Fairbanks, o biplano teve de ser transportado por navio até Skagway, e, dali, por trem da White Pass Railroad ao Whitehorse (Veja), prosseguindo por barcos pelos rios Yukon, Tanana e Chena.


Canto e rítmo indígena e a música de marcha da banda de Ketchikan


Circundando o memoral The Rocks, quadros com documentos fotográficos elucidam nos seus textos o contexto histórico nos quais se inserem as figuras representadas. Um deles lembra os festejos do dia 4 de Julho de 1913 em Ketchikan, apresentando como principal documento histórico uma fotografia da parada da banda de música local pela Front Street da cidade, ou seja, no próprio local em que hoje se eleva o monumento. (Veja)


O monumento, desperta, com os cartazes circundantes, novos sentidos musicais, „soando“ à música do marchar da banda. Esta, representada em foto histórica, favorece uma leitura do monumento e uma interpretação dos processos então desencadeados como marcha de homens com diferentes instrumentos mas em passos sincronizados, ao som de música vibrante e decidida, civís, mas com uniformes de feição militar.


Nessa leitura, relativa-se assim o entendimento do monumento metaforicamente ao som do canto e da percussão da velha índia representada. Esta é suplantada pelo som da marcha intuida da banda de música da fotografia histórica.


A sugestão de que todos os processos desencadeados podem ser lidos como uma nova fase da secular história indígena revela-se, assim, como ilusória.


A marcha da banda de música de Ketchikan de 1913 traz à consciência o poder e o processo americanizador fundamentado em visões do mundo, do homem e da história guiado pelo conceito de liberdade compreendido no seu sentido contextualizado nos EUA.


Centenário do primeiro vôo São Paulo-Rio de Janeiro (1914-2014)


O centenário do primeiro vôo no Alasca, em 2013, não foi o único a ser lembrado nos últimos anos da história da aviação. Em 2014 transcorreu a passagem dos 100 anos do primeiro vôo entre São Paulo e o Rio de Janeiro, feito realizado em 5 de Julho de 1914.


A proximidade das datas - o feriado dos EUA da Independência Americana no dia 4 com o vôo em Fairbanks e o início da história da ligação aérea entre São Paulo e o Rio de Janeiro no dia 5 do mesmo mês do ano seguinte desperta a percepção para paralelos e contextos que relacionam ambos os acontecimentos.


Ambos os feitos foram considerados como triunfos da aviação, um nos Estados Unidos, outro no Brasil.


40 anos de morte de Eduardo Pacheco Chaves (1887-1975) - „Edú“


Se a principal personalidade do vôo no Alasca fora a James Vernon Martin, o triunfo brasileiro foi devido a Eduardo Pacheco Chaves (1887-1975), conhecido como Edú Chaves.


O percurso de 450 quilômetros entre São Paulo e o Rio de Janeiro foi vencido pelo aviador em seis horas e meia. Apesar das dificuldades que teve de superar para realizar esse vôo, efetivou-o por fim com sucesso, sainda do campo da Móoca e aterrando com segurança no campo de vôo da fazenda dos Afonsos, onde foi recebido com entusiasmo por outros aviadores presentes.


Anteriormente, Edu Chaves tinha realizado notável vôo em Santos, em 1912, assim como também tentado rvoar ao Rio de Janeiro, caindo porém no mar nas proximidades de Mangaratiba. O vôo triunfante de 1914 foi realizado com um monoplano Bleriot, alcançando uma altitude média de 2000 metros, chegando a 3000 na Serra do Mar. A velocidade foi de cerca de 80 quilômetros por hora.


Edú Chaves pode ser visto como personalidade representativa do espírito marcado pela confiança no progresso, no desenvolvimento técnico e empreendendorismo corajoso e ousado da época do sucesso econômico da expansão cafeeira de São Paulo, do crescimento e da transformação urbana de sua capital e do cosmopolitismo resultante da intensa imigração. Filho de Elias Antônio Pacheco e Chaves (1842-1903)  e Anésia da Silva Prado, Edú Chaves era de família de grandes posses alimentadas sobretudo pelas plantações de café, marcada pela atividade empreendedora de seu pai.


Este, nascido em Itú, cidade-marco no movimento republicano, tinha sido chefe de polícia e personalidade de destaque na política conservadora do país. Bacharel em ciências jurídicas e sociais, foi juiz municipal e de órfãos, deputado, vereador, Vice-Presidente e Presidente da Província, Senador estadual e membro do Congresso Constituinte em 1891 após a Proclamação da República. (Antonio Barreto do Amaral, Dicionário de História de São Paulo, São Paulo: Governo do Estado de São Paulo, 1980, 138) Essa tradição familiar parece explicar as relações que se registram entre Edú Chaves com meios policiais, em particular com a Força Pública do Estado de São Paulo.


Com os recursos que dispunha e no costume das viagens à Europa de seu pai, Edú Chaves teve possibilidade de desenvolver os seus estudos em países europeus, na Inglaterra e na França. Na Europa, travou conhecimento com A. Santos Dumont, passando a fazer parte dos jovens entusiastas pela aviação em Paris.


Em 1911, obteve o seu brevé de piloto da Federation Aeronautique internationale. Foi, na França, o primeiro aviador a realizar vôos noturnos. Trazendo um avião para o Brasil, realizou já no ano seguinte o vôo inaugural em Santos.


Edú Chaves em Paris da época anterior à Guerra e a visão galicana de processos


Há um aspecto da personalidade e da vida de Edú Chaves que mereceria maior atenção nos estudos culturais. Na sua estadia na Europa, o brasileiro de posses vivenciou o meio parisiense da Belle Époque do período anterior à Guerra, uma época em que se encontravam na capital francesa não só vários brasileiros em estudos e atuações artísticas (Veja), como também outros estrangeiros vindos de diferentes partes do mundo, entre outros, jovens de posses e talento das colonias francesas como La Reúnion (Veja) ou de formação histórico-cultural francesa, como Maurício (Veja).


Os estudos e as atuações em Paris nesses anos de florescimento cultural, artístico e das ciêncis marcaram a vida e visões de desenvolvimentos e posicionamentos desses jovens. Assimilaram um galicanismo decorrente em grande parte da ferida representada pela derrota da França na Guerra Franco-Prussiana de 1870/71 e a humilhante instauração do Império Alemão em Versailles. Apesar da recepção de obras e impulsos alemães nas artes, na cultura e nas ciências, e consequentes esforços de auto-afirmação, mantiveram-se tensões que se manifestaram com a eclosão da Primeira Guerra. Entre os brasileiros que estudaram em Paris nessa época e que se destacaram a seguir pelo seu americanismo salienta-se em primeiro lugar a pianista Guiomar Novaes (1895-1979). (Veja)


Roland Garros (1888-1918), música e aviação


É no contexto assim esboçado que deve ser considerada a amizade entre Edú Chaves e Roland Garros (1888-1918), músico e pilôto.


Roland Garros merece uma especial atenção nos estudos culturais euro-brasileiros pelo fato de ser músico e aviador proveniente da esfera colonial francesa de La Réunion e ter mantido relações com brasileiros. Foi um dos muitos artistas e intelectuais dessa ilha do Índico „mais francesa do que a França“, marcada pelo alto nível cultural e artístico da vida de suas famílias de grandes posses obtidas na agricultura e no comércio. (Veja) Todo o visitante dessa ilha é confrontado com o seu nome, que designa o aeroporto local.


Tendo passado parte da sua infância na Indochina francesa, veio à França para completar a sua formação. Como pianista de talento, Roland Garros pretendia dedicar-se à música. Abandonou, porém, os seus planos musicais,para entregar-se à aviação. Após aquirir um modêlo Santos-Dumond Demoiselle, aprendeu de forma auto-didática a pilotar, tornando-se um dos mais conhecidos aviadores da sua época. Participou de vários concursos de aviação da sua época, destacando-se em trajetos Paris-Roma e Paris-Madrid, em 1911, entrando na história da aviação sobretudo pela sua travessia do Mediterrâneo.


Vindo para o Brasil com Edú Chaves, participou nos seus intentos e empreendimentos. Com a eclosão da Primeira Guerra, participou como pilôto em aviões adaptados para fins bélicos ao lado da França, Inglaterra, dos EUA e de países aliados contra as potências centro-européias da Alemanha, Áustria e outros. Nessa participação ativa nos combates, caiu em prisão alemã; após a sua libertação e retomada de vôos do lado da França, encontrou a sua morte nas Ardennes.


Alasca e a marcha two-step „Edú“ de J. Antão Fernandes


O mais expressivo documento musical para estudos de relações e paralelos entre o Alasca e o Brasil é o fato da marcha „Aláska“ de João Berti (Veja) ter sido editada concomitanemente com a marcha two-step „Edú“ de J. Antão Fernandes pela casa A. Di Franco de São Paulo (A.D.F. 300).


O fato dos compositores e do editor pertencerem ao Centro Musical São Paulo, fundado em 1913, salienta os estreitos elos entre os músicos da colonia de imigrantes italianos e aqueles da esfera mais popular e tradicional das bandas de música militares e civis.


Assim como o Centro era presidido por um músico italiano - Savino de Benedictis (1883-1971) - e tinha como vice-presidente um mestre de banda e de música sacra de irmandades estreitamente relacionado com a tradição paulista e interiorana - Veríssimo Glória - as duas peças publicadas conjuntamente são respectivamente de um músico da imigração italiana e um de banda, este o mais renomado e influente mestre de banda de São Paulo, cujo nome ficou estreitamente vinculado à história da Força Pública do Estado.


Ambas as peças foram publicadas em versão para piano, que teria sido a base para instrumentações. Ainda que escritas ao piano, foram concebidas para a sua execução por banda ou mesmo orquestra, uma vez que a marcha „Aláska“ de Berti inclui indicações em tipos menores de intervenções instrumentais não consideradas na parte para piano, mas que deveriam ser „ouvidas“ pelo executante.


A edição das duas obras numa só partitura sugere a sua execução em sequência e uma relação musical ou pelo menos de sentidos entre elas. Na sua versão para conjunto instrumental, a „Edú“, executada após „Aláska“ em 6/8, com ela contrasta com grande efeito pelo seu caráter mais enérgico, em 2/4. A marcha „Aláska“ surge nesse contraste assim como precedente e preparadora da intrepidez da „Edú“.


A intrepidez na composição de J. Antão Fernandes


A Marcha-Two-Step de Antão Fernandes é dedicada „ao intrepido aviador paulista Edú Chaves“ como homenagem do autor e do editor.


Os tradicionais elos da família de Edú Chaves com os corpos policiais de São Paulo tornam compreensíveis a homenagem a êle prestada por Antão Fernandes.


A indicação de que a edição também representava uma homenagem do editor A. di Franco abre margens a suposições quanto a relações com os círculos italianos de São Paulo, em particular com o Centro Musical de São Paulo.


A expressa dedicação da obra a Edú Chaves e a menção à sua intrepidez permitem ler - com as devidas reservas - na partitura intenções ilustrativas ou associações com arrojos do piloto. Assim, após a decisiva e marcial entrada, a entrada da linha melódica ascendente, com cromatismos, parece sugerir a ascensão de um vôo, constituindo a principal característica da composição.


Rio de Janeiro e São Paulo na música de banda

                                                                   

Com base em gravações da banda da Força Policial de São Paulo sob a regência de Antão Fernandes, José Ramos Tinhorão procurou apontar diferenças entre a música de banda no Rio de Janeiro e aquela de São Paulo.


As bandas do Rio, cujo maior vulto foi Anacleto de Medeiros (1883-1971), seriam constituídas na sua maioria por instrumentistas da esfera do choro, o que se faria sentir em execuções, enquanto que a banda da Força Policial de São Paulo denotaria um cunho mais militar. (José Ramos Tinhorão, Os sons que vêm da rua, 2a. ed. revista e ampliada, São Paulo: Editora 32, 2005 (1a. ed. 1976).


Os elos entre Edú Chaves e a Força Pública de São Paulo são conhecidos através do uso que deu à propriedade que possuía na baixada cortada pelo rio Cabuçú, em região assim não muito distante daquela hoje se situa o aeroporto de Guarulhos.


Tem-se conhecimento que Edú Chaves tinha como objetivo estabelecer e manter um campo de vôo nesses terrenos. Devido às frequentes enchentes do rio Cabuçú, desfêz-se da propriedade sob a condição de que nela fossem construidas habitações que apenas muitas décadas mais tarde puderam ser oferecidas a sargentos da Força Pública. O seu nome mantém-se na denominação do bairro „Parque Edu Chaves“ e na Avenida „Edu Chaves“, que também corta a Avenida „Rolando Garros“.


Quem pensaria, ao passar por esses bairros, no Alasca? Apenas o soar do Edú de J. Antão Fernandes após a marcha Aláska de João Berti traz à memória um espírito do tempo marcado pela intrepidez, pela coragem da ação de homens imbuídos da convicção de avanço e progresso que relaciona tanto o vôo inaugural no Alasca com aquele da ligação São Paulo-Rio.


De ciclos de estudos da A.B.E.
sob a direção de
Antonio Alexandre Bispo

Todos os direitos reservados



Indicação bibliográfica para citações e referências:
Bispo, A.A.(Ed.).“ Música e aviação no Brasil e no Alasca. A marcha two-step „Edu“ de J. Antão Fernandes“.
Revista Brasil-Europa: Correspondência Euro-Brasileira 157/7 (2015:05). http://revista.brasil-europa.eu/157/Marcha_Edu_Antao_Fernandes.html


Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira

© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1998 e anos seguintes © 2015 by ISMPS e.V.
ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501


Academia Brasil-Europa
Organização de Estudos de Processos Culturais em Relações Internacionais (ND 1968)
Instituto de Estudos da Cultura Musical do Espaço de Língua Portuguesa (ISMPS 1985)
reconhecido de utilidade pública na República Federal da Alemanha

Editor: Professor Dr. A.A. Bispo, Universität zu Köln
Direção gerencial: Dr. H. Hülskath, Akademisches Lehrkrankenhaus Bergisch-Gladbach
Corpo administrativo: V. Dreyer, P. Dreyer, M. Hafner, K. Jetz, Th. Nebois, L. Müller, N. Carvalho, S. Hahne
Corpo consultivo - presidências: Prof. DDr. J. de Andrade (Brasil), Dr. A. Borges (Portugal)




 
The Rock. Ketchikan. Foto A.A.Bispo 2015










Fotos A.A.Bispo, 2015 ©Arquivo A.B.E.