Co-atuação do espírito na criação de realidades

ed. A.A.Bispo

Revista

BRASIL-EUROPA 158

Correspondência Euro-Brasileira©

 

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N° 158/5 (2015:6)



Mutabilidade e diversidade de visões
em interações sujeito/objeto e a co-atuação do espírito na criação de realidades
Apropriação de idéias e imagens na América do Sul
e „melodias de vida“ em desenvolvimentos desconexos da vida cultural




 
A.A.Bispo RJ. Foto H. Huelskath 2007

As diferenças nas imagens transmitidas do Brasil ao Exterior no decorrer da história vieram de novo à consciência nas releituras de relatos de viajantes europeus que estiveram no país no ano em que se comemorou os 450 anos do Rio de Janeiro. (Veja)


Como poucas outras cidades do mundo, a antiga capital do Brasil, pela própria beleza de sua incomparável paisagem, chama a atenção a questões de imagens, do visual e o do ver a realidade nos estudos culturais em relações internacionais.


Foi, assim, a partir do Rio de Janeiro que nasceu a preocupação por estudos da imagem e da recepção do Brasil no Exterior já de início dos estudos euro-brasileiros há 40 anos e que levou a um primeiro Forum dedicado ao tema no início dos anos 80. (Veja)


Constatou-se, desde esses inícios, que a imagem do Brasil na Europa era por demais marcada por estereotipos como país de „samba, carnaval, futebol e mulatas“, e que muitos desses lugares comuns baseavam-se em visões do Rio de Janeiro.


Esses estereotipos não correspondiam à diversidade cultural e natural das regiões do imenso país. Não só porém sob o aspecto geográfico, regional ou sob critérios do espaço revelava-se uma diversidade pouco considerada, mas sim também sob o aspecto temporal.


O Brasil do futebol é relativamente recente, pois a história da recepção desse esporte no país insere em desenvolvimentos internacionais de meados do século XIX: ou foi o país da Independência de 1822 um país de futebol? O país do samba também é uma imagem que, nessa acentuação, não se encontra registrada em relatos mais antigos.


A imagem do Brasil na Europa à época de Pedro II, como promotor das ciências e da erudição, era totalmente diversa daquela que se seguiu e a República procurou transmitir uma imagem de progresso e evolução. (Veja)


A diversidade de expressões culturais na história, a necessidade de consideração dessa multiplicidade sob o aspecto patrimonial e em ações culturais no presente constituiram a temática de simpósio internacional realizado no Brasil em 1981. (Veja)


A reflexão tão ampla quanto possível da diversidade impunha-se pelo risco constatado de perda da riqueza patrimonial devido a concepções e práticas que a reduziam através de absolutizações de expressões que, embora representando apenas momentos ou fases de um processo, estabeleciam referenciais que desqualificavam desenvolvimentos anteriores.


Diversidade e mutabilidade de imagens, auto-imagens e exacerbado ufanismo


A consciência da historicidade, transformação no tempo e dinâmica processual do que se vê como cultura brasileira diz respeito a questões de imagem, assim como também de auto-imagem e representação.


Também a apresentação do Brasil no Exterior, não só na propaganda e difusão cultural, mas também por artistas e músicos brasileiros que utilizam em geral de estereotipos contribui a cimentar percepções do país que não correspondem à diversidade e á transformabilidade de sua cultura nas diversas regiões e no decorrer do seu processo histórico. Favorece, fora e dentro do país, a atitudes de exacerbado ufanismo e mesmo chauvinismo.


A tomada de consciência das diferenças e da mutabilidade nas visões e compreensões nos múltiplos espaços e no decorrer do tempo traz implicações para a própria identidade. Coloca-se aqui de imediato a questão dos critérios determinadores de identidade e com ela, dos critérios que permitem reconhecer unidade na diversidade e continuidade nas transformações.


Significativamente, o tema do Simpósio de São Paulo, de 1981, foi o da „Unidade na Diversidade e da Diversidade na Unidade“.


O tratamento dessa problemática teve continuidade e foi aprofundado em dimensões mais abrangentes na discussão do „monopluralismo“ no âmbito das relações entre a Europa e a América Latina em eventos da Comunidade Européia em Bruxelas, e no Centro de Antropologia Fundamental em Royaumont, França, em edições do Forum euro-brasileiro na Alemanha, em diversas ocasiões em Roma ou em seminários universitários. (Cf. A.A.Bispo, "Monopluralisme dans la Musique Sacrée de l'Amérique Latine", R. de Maeyer (Ed.),The Brussels Museum of Musical Instruments Bulletin XVI (1986): Musique et Influences Culturelles Réciproques entre l'Europe et l'Amérique Latine du XVIème au XXème Siècle, Tutzing: H. Schneider 1986, 305-312).



Os vários eventos dedicados a esse complexo temático da diversidade nas suas relações com a unidade ou unidades em visões nas suas implicações músico-antropológicas levaram à escola do lema programático „Música e visões“ para o congresso internacional de abertura do triênio de trabalhos científico-culturais pelos 500 anos do Brasil.


Com a discussão desse tema, procurou-se realizar um balanço crítico do desenvolvimento das reflexões e, estabelecendo uma ponte, possibilitar a sua continuidade em coerência no novo século.


Visões de observadores e reciprocidades - lembrando H. Keyserling (1880-1946)


O estudo da visão de observadores externos que fixaram as suas impressões em publicações podem contribuir de forma relevante à diferenciação da auto-imagem, identidade e auto-representação no caminho do reconhecimento de sua variabilidade no espaço e no tempo, assim como de critérios justificadores de unidade e continuidade na diversidade e na discontinuidade.


Procurando descobrir e entender um mundo que lhes era estranho, não por êle de início condicionados, esses viajantes registraram visões e interpretações. Vivenciaram mudanças na sua própria maneira de ver o mundo e viver. Por outro lado, o meio, recebendo novas idéias e imagens, transforma-se.


Dentre todos os viajantes que observaram e refletiram o que viram e vivenciaram, destaca-se neste sentido o conde Hermann Alexander Keyserling (1880-1946). (Graf Hermann Keyserling, Südamerikanische Meditationen, 2a. ed., Stuttgart Berlin 1933 (1a. ed. 1932).


Como poucos outros viajantes, Keyserling trata da problemática da transformabilidade de percepções e de imagens da realidade com que se confrontou.


Já de início de suas meditações, confessa que quanto mais o tempo passava desde a sua estadia na América do Sul, tanto mais tomava consciência do que significara o subcontinente para si próprio.


Keyserling parte de uma auto-crítica severa, dizendo que aquele que primeiramente registrara impressões de vida na América do Sul tinha sido „um homem sem consciência e traidor“. A êle faltara a consciência da lei do crescimento na metamorfose, o que exige um contínuo esquecer, e, assim, traiu o vivo no seu interior, fixando apenas exterioridades sem vida. Os fatos fixados não eram porém em si existentes, mas sim produtos artificiais de abstração circunstancial.


De início haveria apenas situações globais, a cujos elementos pertencem também o que pode ser mais ou menos registrados por aqueles que estão submetidos a condições similares. Pode-se dirigir o centro das atenções a essas „constantes“, mas isso leva a uma redução do mundo. Desaparece aquilo que diferencia uma obra de pintura da paleta do pintor. A vivência desaparece, o sentido desvanece, perdendo-se o caráter de singularidade.


Citando a susceptibilidade do brasileiro perante insistências sem tato, afirma que o mundo responderia de forma muito mais rude perante tentativas de estabelecer constantes ou estatísticas:  esse procedimento faria com que surgisse como um „depósito de trastes guardados em sótãos ou porões“.


O pesquisador como amante, a cultura como amada - comparações de gênero


O mundo, segundo Keyserling, se comportaria para com aquele que procura conhecê-lo como uma mulher que vem de encontro à poesia de um sincero amante. Em ambos os casos tratar-se-ia de uma transformação recíproca na união amorosa.


Aquele observador que leva um próprio mundo ao mundo, se transformar-se em amante, se compreender o seu objeto na sua profundidade, então este mundo que procura penetrar, como uma mulher amada, exige que todos o vejam como êle. Ama, defende em exclusividade as suas idéias e imagens, imita, copia, apropria-se. „Até que algo melhor venha“.


Com essa expressão, Keyserling referece-a comparações de gênero que elucida repetidamente sob diferentes ângulos na sua obra. São comparações entre uma esfera imaterial de idéias, imagens e abstrações relativamente a uma ordem de sentimentos e emoções, entre espírito e alma com imagens respectivamente do homem e da mulher numa união de amor que se processa dentro do indivíduo e da cultura. Para além de tratar do campo de tensões dessa união, procura analisar diferentes e conflitantes impulsos e tipos de amar de ambos os lados.


O observador participante que se abre para conhecer uma determinada cultura, a ela entregando-se, equivale a um enamorado que se se dedica a uma mulher. O „mundo“ ou o contexto cultural que o atraiu, é por êle conquistado como que por uma amada que cai em paixão pelas novas idéias e imagens. Ela passa a defendê-lo com exclusividade, toma as suas idéias e imagens como sendo suas, apropria-se. Todo e qualquer interesse do amado por outros contextos culturais é sentido como uma traição.


Do lado do observador participante enamorado pelo contexto cultural, porém, a situação é outra.


Êle pode - como por exemplo um etnólogo - enamorar-se de outros contextos culturais, temas, regiões, países, uma vez que idéias são livres e imagens podem ser construídas. Êle pode ter relações simultâneas, sem por isso sentir-se traidor. Haveria, como Keyserling trata repetidamente, uma diferença entre uma por assim dizer monogamia em exclusividade e possessividade por parte da mulher e uma poligamia em liberdade por parte do amante. Essa dierença far-se-ia sentir nas relações sujeito/objeto do observador participante e a cultura que procura conhecer.


Caindo porém em paixão com a cultura amada, o pesquisador procura corresponder a suas expectativas e desejos, assume as suas normas e cai em prisão, perdendo a liberdade de espírito em dedicar-se a outros temas ou contextos. É possuído e assume os impulsos próprios da possuída, que são os de atrair para possuir.


Comparações entre monogamia/poligamia com música no homem e na vida cultural


A expressão „até que algo melhor venha“ diz respeito ao tipo de amor da mulher como imagem da „ordem emocional“ na cultura tratada por Keyserling em vários capítulos de suas Meditações Sulamericanas.


A monogamia, ainda que exclusiva, possessiva, valia apenas enquanto durasse o „caso“ com o amado, com idéias e imagens assimiladas e possuídas. Assim que o amor terminasse, o mundo ou o contexto cultural atraía e era conquistado por outras personalidades, outras idéias, outras imagens. No todo da vida, assim, haveria uma sucessão de episódios em si fechados, sem pontes entre um e outro, sem desenvolvimentos internos, uma sequência desconexa de períodos monogâmicos em exclusividade, tais como uma suite de „melodias de vida“.


No término de „casos“ e início de outros não haveria escrúpulos de lealdade. Assim como uma mulher pode cair em paixão por rivais e mesmo assassinos do próprio marido, passando a ver o novo amor com a mesma exclusividade do primeiro, o mesmo se daria com a recepção e a apropriação de idéias e imagens na vida cultural e intelectual.


Do lado daquele que procura conhecer, que se liga em amor com um contexto cultural, haveria antes potencial simultaneidade de melodias, tais como numa obra contrapontística ou de harmonia e formas de grandes dimensões, com pontes, sequências e desenvolvimentos, nos quais os diferentes motivos e temas se relacionam e se desenvolvem.


A vida cultural da América do Sul corresponderia antes àquela das melodias sucessivas de vida, formando um todo desconexo, sem continuidade em coerência. Novas idéias, imagens, projetos e propostas eram aceitos com extraordinária receptividade, amados, imitados, copiados, apropriados e, depois de algum tempo, como em fenômeno de moda, serem substituídos por outros, mesmo que estes estivessem em contradição com o anterior caso de amor. Não haveria, assim, fidelidade e lealdade na vida cultural e intelectual, a não ser durante o período mais ou menos delimitado da relação monogâmica.


Processos internos ao indivíduo - problemas de relações de gênero


Naturalmente essa linguagem visual de relações de gênero valia para todo o indivíduo, uma vez que diz respeito a processos internos tanto no homem como na mulher, como mencionado por Keyserling em diferentes pontos de sua obra. Haveria, porém, um maior acento nas suas correspondências na realidade dos respectivos sexos.


Assim, a problemática tratada por Keyserling relativamente à falta de continuidade e a apropriação de idéias e imagens, à falta de lealdade e a fragmentação do desenvolvimento cultural em melodias em si fechadas diz respeito sobretudo à artista ou à intelectual mulher na América do Sul.


São essas implicações do pensamento de Keyserling - e que correspondem a conceitos intrínsecos em expressões culturais - que mereceram atenção crítica particular em seminários universitários dedicados a questões de gênero realizados em colaboração com o programa de estudos euro-brasileiros.


O trazer o próprio ao outro, auto-afirmação da fantasia e a co-atuação na criação do mundo


A última instância dessas considerações residiria segundo Keyserling na convicção que seria uma crença, - não fé no sentido de obediência perante fixações dogmáticas -, do trazer o próprio ao outro.


Para Keyserling, o verdadeiro crer é a auto-afirmação da fantasia. Assim, existiria segundo êle tantas possibilidades de mundo como a fantasia. Teriam existido tantas realidades de mundo como fantasias que conseguiram afirmar-se. Dessas reflexões, Keyserling chegava a um conceito de verdade cósmica e que era o da correspondência de sujeito e objeto.


No seu nível mais baixo, seria o de uma equação aritmética rudimentar. Como a matemática mais alta se diferencia da aritmética elementar pelo fato de quanto mais elevada mais considera grandezas variáveis em contextos sustentáveis, assim a correspondência entre sujeito e objeto significa que um espírito criador recria o mundo em correspondência a si próprio. 


Assim, não só a visão das decorrências naturais, mas também a renovação do mundo criado provém do espírito. Religiões e filosofias tinham podido conquistar mundos pelo fato de terem ensinado outros modos de ver o externo e, assim procedendo, o externo transformou-se.


„O espírito co-atua na criação do mundo“. Essas palavras de Keyserling podem ser vistas como sendo o âmago do seu pensamento e o seu mais importante aporte ao desenvolvimento das reflexões relativas a processos culturais.


No mundo humano, o espírito que vivencia a si próprio e que projeta os seus contextos no universo representa segundo êle a instância última. Isso explicaria a razão pela qual na história, antes de toda a ciência, que apenas interpreta a posteriori, esteve sempre a religião que auto-medita. A religião, porém, decaiu. Segundo Keyserling, ela não mais compreendia o seu próprio sentido e origem, situados em dimensão espiritual mas marcados pelo amor e fé ao criado, à criatura.


O essencial para Keyserling era salientar que a criação do mundo nunca termina, nunca se encerra, dependendo da qualidade do espírito determinar o papel que este nela desempenha. Nisso encontra-se mais uma concepção de fundamental importância no pensamento do filósofo: a qualidade dos valores do espírito que co-atua no prosseguimento do processo criativo do mundo. Tudo depende dessa qualidade.


O espírito é originalmente criador, não intérprete. Keyserling compara essa diferença entre espírito criador e aquele que interpreta como entre o senhor e o serviçal ou cortesão. Se o espírito hoje dedicar-se não a idéias e imagens conduzidas por valores na sua esfera no interior do homem, por assim dizer a „deuses“, mas voltar-se exclusivamente aos assim-chamados fatos, revela-se como subalterno ou rastejante, podendo ser comparados como falsos traidores do próprio espírito.


O senso cria fatos, a fantasia transforma o mundo, de imagens resulta história, e Keyserling via a sua própria vida e obra como um testemunho desse fato. Esse procedimento seria um direito humano, pois se Deus fosse contrário a essa participação do homem na continuidade da criação do mundo, êle não teria esta possibilidade.


Transformação do filósofo na vivência sulamericana: não amor, mas elo umbilical


Keyserling, retornando à Europa, onde mantinha a sua „Escola da Sabedoria“, não podia pensar na América do Sul sem experimentar um sentimento de profundo vínculo. Não se tratava aqui de amor, como tinha acontecido no passado, mas sim como um elo umbilical que o prendia a uma mãe distante.


Ao chegar à América do Sul, veio com a disposição para aprender, não para ensinar. Com isso, esperava que todas as almas se lhe abrissem. De fato, defrontou-se com uma tal disposição para o se abrir que passou a dar, pode e deveu dar tanto de si como nunca acontecera antes. À medida que estabeleceu-se uma relação de profundezas a profundezas, êle próprio transformou-se. Amando a humanidade sulamericana, assumiu as suas normas, foi atraído e conquistou-a. Apresentou as suas idéias e concepções em conferências e aulas, foi, porém, como relata em diferentes partes de suas Meditações Sulamericanas, por ela possuído, passando a sentir a ação de forças que desconhecia nessa intensidade, perdendo a liberdade de espírito.


Na sua consciência subiram à tona fundamentos primordiais, forças e abismos que correspondiam àqueles determinadores daquele mundo: insegurança, mêdo, fome e desejo de ter, de possuir. Assim, ligou-se à esfera das raízes do „terceiro dia da Criação“ em si próprio, e que se encontravam nas trevas do primeiro dia, na escuridão negra na qual despontou a luz. Esta seria a esfera na qual primordialmente a vida surgiu da Proté Hyle.


Nessa camada não havia liberdade, era só um vínculo em si - cadeias e algemas, uma prisão tenebrosa, e o homem um algemado, um escravo. Ali dominava, na esfera psiquica, a absoluta correspondência à força da gravitação. Era essa força que atuava na cultura sulamericana e que o filósofo passou a sentir dentro de si, arrastando-o interiomente às mais ínfimas baixezas do seu ser. Este seria a experiência primária da terra no homem, não do espírito no seu interior.


A perda da liberdade de espírito experimentada na América do Sul


Keyserling afirma nunca ter sentido essa falta de liberdade espiritual como na América do Sul. Êle, que por natureza sempre fora avesso a algemas, vivenciou essa esfera pela primeira vez na América do Sul, que desde então passou a designar como „continente do terceiro dia da Criação“, ou melhor, a seus fundamentos nas trevas da gana do primeiro dia. Em nenhuma outra região do mundo sentiu-se ligado à terra - à terra dentro si como na América do Sul. (op.cit. 9-13)


Essas meditações e confissões de Keyserling podem ser vistas como indícios de decepções por que passou na América do Sul. Tendo dado tudo de si, idéias, concepções, resultados do seu trabalho espiritual e conhecimentos em conferências ao meio, teriam sido elas copiadas, apropriadas e, após algum tempo, substituídas por outros, como sempre acontecera no passado, o que levava à história fragmentada e desconexa de melodias que se sucedem. Keyserling ficou praticamente esquecido em muitos países onde fora recebido com tanta euforia.


A sua vivência na América do Sul e a transformação que sentiu em si com o conhecimento da esfera primordial dentro do seu interior das profundezas da terra - do subterrâneo infernal -, tiveram consequências para a sua atuação na Europa, não só no circulo amplo de literatos e pensadores da „Escola da Sabedoria“, como também através da ampla divulgação das suas „Meditações Sulamericanas“.


Em todas as suas meditações e suas consequências, ainda que dizendo respeito à América do Sul em geral, o Brasil desempenha um papel de particular relevância. Como menciona na sua obra, não haveria nação nenhuma que fosse tão caracterizada por uma hipersensibilidade como o Brasil. A hipersensibilidade, porém, como elucida, é uma das principais característas da vida primordial de gana à qual êle próprio se viu ser puxado por uma espécie de força de gravitação, perdendo a liberdade de espírito e de construção de imagens, vendo-se possuído e espoliado.




De ciclos de estudos da A.B.E.
sob a direção de
Antonio Alexandre Bispo



Indicação bibliográfica para citações e referências:
Bispo, A.A. (Ed.).“Mutabilidade e diversidade de visões em interações sujeito/objeto e a co-atuação do espírito na criação de realidades“
. Revista Brasil-Europa: Correspondência Euro-Brasileira 158/5  (2015:06). http://revista.brasil-europa.eu/158/Sujeito_objeto.html


Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira

© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1998 e anos seguintes © 2015 by ISMPS e.V.
ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501


Academia Brasil-Europa
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Instituto de Estudos da Cultura Musical do Espaço de Língua Portuguesa (ISMPS 1985)
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