Divorzio all'italiana - C. Gomes e Adelina Peri

ed. A.A.Bispo

Revista

BRASIL-EUROPA 162

Correspondência Euro-Brasileira©

 

N° 162/14 (2016:4)



Divorzio all'italiana

Carlos Gomes (1836-1896) e Adelina Peri na reescrita da época fascista
e tentativas de correção a partir de
Divorzio de A. Ghislanzoni ((1824-1893)
à luz de idealizações da família em movimentos identitários nacionais do presente



Recapitulando trabalhos de Gênero e Política na Pesquisa Musical da América Latina
no Museu
"Casa di Giulietta" em Verona 2016

 

Os estudos euro-brasileiros desenvolvidos no norte da Itália em maio/junho de 2016 realizaram-se à luz de processos na Europa do presente, em particular do recrudescimento de tendências nacionais, nacionalistas e identitárias, o que tornam novamente atuais situações e questões há muito consideradas como superadas nos estudos culturais. (Veja)


Tratando-se de retomada de anelos e concepções do passado, atualizadas sob as novas condições políticas e sociais do presente, torna-se oportuno considerar desenvolvimentos históricos de movimentos nacionais do século XIX, do irredentismo, e de suas consequências no nacionalismo fascista de entre-guerras.


A partir de posicionamentos e visões de décadas posteriores à Primeira Guerra, em particular sob o regime fascista de meados da década de 1930, deram-se perspectivações, reinterpretações e mesmo instrumentalizações de desenvolvimentos anteriores. Tem-se, assim uma questão crucial de historiografia que vem preocupando já há décadas os estudos euro-brasileiros: o da necessária reconsideração do século XIX a partir de seus próprios pressupostos e não a partir de visões ideológicas posteriores. Impõe-se, assim, aos estudos de processos culturais, questionar colocações e iniciativas dessa época relativas a nomes, fatos e desenvolvimentos anteriores à Primeira Guerra, analisando estes na sua época.


Concepções idealizadas de família em movimentos nacionais identitários do presente


A atualidade européia do presente não é apenas marcada pelo revivência de concepções políticas em movimentos já há muito considerados como superados, em particular naqueles de extrema direita, como também de posições de extremo conservadorismo em questões sociais e morais, e que se orientam segundo imagens de matrimônio e família de um passado idealizado.


Torna-se assim oportuno considerar também aqui diferenciadamente nos seus respecitvos contextos historicos. Não só desenvolvimentos políticos anteriores à Primeira Guerra devem ser considerados no seu decorrer temporal e não de forma anacrônica a partir de posições ideológicas posteriores que os reinterpretaram e instrumentalizaram, como também desenvolvimentos sociais e concepções morais.


A propaganda da família em idealizações foi intensa em estados totalitários dos anos de 1930, seja na Alemanha nazista, seja na Itália fascista.


Sobretudo em periódicos de ampla difusão popular, propagavam-se imagens nas quais a vida familiar, a posição da mulher na esfera domestica e o cultivo de tradições populares correspondiam à visão do mundo de regimes totalitários de direita, do nazismo e do fascismo.


Essa propaganda apresentava-se como a serviço de uma recuperação de situações sanas que, de fato, no sentido apregoado, nunca existiram. Também aqui a propaganda apresentou o passado a partir de visões do mundo e de interesses político-sociais de sua época, instrumentalizando- o e reconstruindo-o de forma idealizada ao encobrir tensões e nivelar diferenças.


A vida familiar de Carlos Gomes (1836-1896) como exemplo


Como os estudos euro-brasileiros desenvolvidos na Itália concentraram-se em particular no vulto de Carlos Gomes (1836-1896), por este oferecer um exemplo altamente representativo de reinterpretações e instrumentalizações a posteriori sob o signo do nacionalismo e fascismo de entre-guerras, surgiu como necessário também considerar a problemática da distorção histórica de sua vida familiar, uma vez que esta teve consequências duradouras para a sua imagem.


Se a infelicidade da vida familar de Carlos Gomes e mesmo suas repercussões na sua vida profissional e artística foram consideradas na literatura mais antiga, registra-se, nos anos de 1930, um intento de apresentar um quadro de sua família no qual a sua esposa, a pianista italiana Adelina Peri, surge de forma idealizada.


Esse intento é revelado em publicações de sua filha Ítala Gomes Vaz de Carvalho e que tiveram considerável influência na imagem do compositor à época de seu centenário em 1936, celebrado em particular na Itália fascista. (Veja)


A autora chegou a ponto de, no dia do centenário de seu pai, publicar um artigo celebrativo não de Carlos Gomes, mas de sua mulher. (Veja)  Enaltecendo de forma invulgar Adelina Peri, tanto quanto às suas origens, a seu caráter como ao papel que desempenhou no sucesso de Carlos Gomes, o panorama histórico oferecido por Ítala Gomes Vaz de Carvalho manifesta ao leitor atento intenções de correção de imagens. Teria oferecido, com esse procedimento, um quadro familiar que vinha de encontro a expectativas morais salientadoras da família idealizada da época do fascismo no qual se desenvolveram as comemorações do centenário.


Pelo seu significado e suas consequências, os textos de Ítala Gomes Vaz de Carvalho foram analisados sob diferentes aspectos em seminários dedicados a estudos de Gênero em processos histórico-musicais e das relações entre música e política na pesquisa latino-americana nas universidades de Bonn (2003/4) e Colonia (2006). Algumas das reflexões então encetadas merecem ser reconsideradas à luz dos desenvolvimentos da atualidade. Neste sentido, foram tratadas em visita ao Museu "Casa di Giulietta", em Verona, um edifício restaurado ao redor de 1938.


Problemática da indissolubilidade do casamento na Itália - lembrando um filme


Em trabalhos apresentados nos referidos seminários, lembrou-se do problema da impossibilidade de dissolução matrimonial e da manutenção de aparências em sociedade marcada por normas ditadas pela tradição e pela religião como a da Itália do passado, em particular em regiões rurais ou mais conservadoras.


Como ponto de partida para as discussões, lembrou-se do filme "Divorzio all'italiana", de Pietro Germi (1961), internacionalmente conhecido e onde salientou-se o artista Marcello Mastroianni (barão Ferdinando Cefalù). A expressão "divórcio à italiana" tornou-se expressão emblemática da problemática da dissolução de elos matrimoniais na Itália como país profundamente  marcado pelo Catolicismo e no qual o divórcio não era legalmente possível.


Segundo o seu enrêdo, Ferdinando Cefalù já estava cansado da vida com a sua mulher, sentindo-se atraído pela sua jovem prima. Na sua imaginação, já tinha ate mesmo matado a sua mulher várias vezes. Tomando conhecimento, através de jornais, que um assassínio por motivos de ciúmes onão era julgado tão severamente, procurou levar a sua mulher a ter relações com outro homem. A sua mulher entrou de fato em relação amorosa com um pintor; seguindo os amantes para realizar o seu intento, Ferdinando Cefalù surpreende-se ao encontrar a mulher do pintor que acabava de assassiná-lo por ciùmes, fazendo Cefalù o mesmo com a sua mulher. Após passar alguns meses na prisão, viu-se livre para começar a relação amorosa com aquela que almejava, que, entrentanto, o engana com um jovem marinheiro já no decorrer da viagem de lua de mel.


Pelo seu sentido crítico relativamente ao direito matrimonial, à legislação jurídica e a uma sociedade marcada por normas morais da Igreja o filme adquiriu relevância política com a tematização dos problemas na década de 1960, contribuindo a um desenvolvimento que levou à mudança da situação.


Essa problemática representada de forma cômico-trágica no filme não era porém recente, mas sim própria de sociedade dominada por convenções sociais e por normas eclesiásticas como a italiana.


Problemas matrimoniais em círculos urbanos e seculares no século XIX


No século XIX, a consciência desses problemas tornou-se mais aguda à época de processos secularizadores nas grandes cidades e de unificação da Itália nas suas tensões com a Igreja e a supressão dos Estados Eclesiásticos.


Enquanto o Papado acentuava o seus empenhos em defesa da indissolubilidade do matrimônio,  intelectuais e artistas, de grandes cidades, informados a respeito de tendências em outros centros europeus, sem vínculos mais profundos com a religião e desafiadores de convenções sociais, passaram a não mais aceitar a situação imposta de manutenção de vida conjugal quando esta já não apresentava mais sentidos e causava conflitos e amarguras.


Carlos Gomes defrontou-se no próprio círculo de seus relacionamentos sociais e profissionais com problemas do casamento italiano e que também se relacionavam com processos de emancipação feminina.


Um desses casos foi o de Eugenio Torelli Viollier (1842-1900), autor do texto da revista Nella Luna, um de seus primeiros sucessos. (Veja) A sua mulher, Maria Antonietta Torriani (1840-1920), conhecida sob o pseudônimo de Marchesa Colombi, foi exemplo de mulher de forte personalidade, auto-consciente e emancipada, sendo a vida de ambos marcada por crescente distanciamento, levando à separação. Maria Antonietta Torriani passou a viver com a sua amiga, Anna Maria Mazzoni (1837-1920).


O Divorzio de A. Carlos Gomes com estrofes de Antonio Ghislanzoni


Casa di Giulietta, Verona 2016. Foto A.A.Bispo. Copyright
Há uma obra de Carlos Gomes que merece ser considerada com atenção nos estudos de Gênero e de costumes em contextos euro-brasileiros pelo fato de tematizar a problemática da separação: o "Divorzio", uma Strofe de Antonio Ghislanzoni (1824-1893) (in Album Vocale di A. Carlos Gomes, Milano/Napoli/Firenze/Roma: Ricordi)


Nessa Strofe, Ghislanzoni apresenta uma situação que poderia ser comparada nos seus principais aspectos com aquela do "Divorzio all'italiana".


Dirigindo-se à sua mulher, diz a ela que, se já não lhe agradava com êle viver e se estava cansada de amá-lo, como afirmava, então que cada um escolhesse o seu caminho, que se separassem, que um fosse para a direita, outro para a esquerda.


Essas frases indicam tratar-se de uma situação colocada pela mulher por não mais ter vontade de ter relações amorosas, o que é visto como sinal que já não lhe agradava levar a vida em conjunto.


Consequentemente, este diz que cada um devia seguir o seu caminho. Êle não se informaria para onde ela ia, dava-lhe carta branca quanto a amores, podendo amar quem quisesse, fazer o que lhe desse prazer. Recordando o passado, lembra que no início da relação tudo tinha sido uma festa de amor e de alegria e esses dias felizes não seriam esquecidos. Com ironia, diz que ainda se falariam. Caso se encontrassem, êle dar-lhe-ia duas saudações: bom dia! boa noite! Ou melhor: "Umilissimo servo alla signora!".


Essa última expressão parece indicar uma insinuação a um autoritarismo, arrogância e atitude de mando e controladora da mulher.


O tema em círculos de intelectuais e artistas inconformistas


Essas estrofes de Ghislanzoni podem ser vistas como um testemunho da atualidade do debate sobre o divórcio em círculos de intelectuais e artistas inconformistas e desafiadores de convenções burguesas da Scapigliatura, e nos quais se inseriu Carlos Gomes. (Veja)


O fato de ter colocado em música o texto de Ghislanzoni, com o qual unia-se por laços de estreita amizade, justamente em época na qual êle próprio passava por um processo de divórcio sentido como escandaloso pela sociedade milanesa, sugere sentidos mais profundos da composição, que apenas pesquisas futuras poderão melhor esclarecer.


Escolheu Carlos Gomes o texto entre as muitas obras do seu amigo por nele ter encontrado uma correspondência à situação por êle vivenciada? Ou teria até mesmo Ghislanzoni escrito as suas estrofes motivado por conversas entre amigos relativamente a problemas conjugais de Carlos Gomes na difícil fase de tomada de decisões quanto a um divórcio, aos caminhos a ser percorridos na situação da jurisdição na época e suas consequências pessoais e para a carreira do compositor? Ou foi a ocupação criadora com o assunto tematizado no texto preparação, expressão ou reelaboração intelectual e artística do problema existencial vivido?


Mesmo que as circunstâncias que levaram a essa obra sobre assunto tão insólito não possam ser esclarecidas, o estreito relacionamento entre texto e música manifestam-se na  composição, uma das mais bem construidas de Carlos Gomes.


As qualidades construtivas de Divorzio de A. Carlos Gomes


Não o predomínio absoluto da melodia com o qual se associa a sua arte criativa, ou o vazio convencionalismo de algumas de suas marchas para banda, mas sim uma estruturação teoricamente refletida e realizada caracterizam o Divorzio.


O uso de sucessões escalares e de escalas cromáticas, o emprego de movimentos contrários de linhas que se contrapõem ao cunho discursivo do texto declamado são as mais claras evidências dessa construtividade racional e coerente da composição e que a afasta de todo melodismo romântico e sentimental. O Carlos Gomes que aqui se manifesta é um outro relativamente à imagem mais divulgada de sua pessoa e arte.




Perspectivas que se abrem do texto de Ghislanzoni


Essas estreitas relações entre palavras e texto, entre a declaração das estrofes e a elaboração composicional, entre o sentido da obra e o vivenciado existencialmente pelo compositor, entre a composição e a imagem de Carlos Gomes abrem novas perspectivas para a elucidação de um dos episódios mais graves da vida do compositor, de consequências para a sua obra e para a interpretação de sua personalidade e de seu caráter.


O texto de Ghislanzoni oferece uma outra opção elucidativa dos acontecimentos àqueles correntes na literatura e que traria correções a distorções historiográficas e teria implicações para a própria imagem do compositor.


Diferentemente de suposições que teria sido um adultério por parte do compositor o que teria justificado atitudes de ciúmes e de desejos de separação de sua mulher, ou, ao contrário, de um adultério por parte desta que teria levado a um desejo de divórcio pelo compositor, o texto coloca uma outra situação que merece ser considerada.


Aplicando-se o declarado na composição ao caso de Carlos Gomes, então seria este que acusa a sua mulher, Adelina Peri, de não mais gostar de com êle viver e estar cansada de amá-lo, ou seja de estar enfastiada ou contrariada, mostrando-se fria e avessa ao amor conjugal.


Ao mesmo tempo, suave, controladora e determinadora - como referido no texto -, com as suas aptidões instrumentais chamando a si as atenções, tolhia e amargurava a vida do compositor, de modo que este apenas desejava que o deixasse em paz. A melhor solução seria, assim, que os caminhos se separassem.


Assim como em "Divorzio all'italiana", o único caminho na situação jurídica da época, seria o de acusar a própria mulher de adultério. Para isso, como o canto do texto diz, dera-lhe carta branca, podendo (e esperando) que amasse um outro. Neste caso, teria uma justificativa para dar entrada a um processo de separação por adultério por parte da esposa, o único - e mesmo assim difícil - caminho para uma separação legal.


Questionamento do quadro apresentado por Ítala Gomes Vaz de Carvalho


A situação assim sugerida pelo texto contraria aquela exposta pela sua filha Ítala Gomes Vaz de Carvalho várias décadas após a morte do compositor.


Por razões que surgem como compreensíveis à luz de relações particularmente estreitas entre mãe e filha, por intuitos auto-valorizadores da autor em defender a sua genitora por ser de linhagem nobre e como expressão do feminismo das décadas de 20 e 30 do século XX, a filha de Carlos Gomes não só pinta um retrato altamente idealizado de Adelina Peri, como insinua que, por detrás do muito alcançado por Carlos Gomes, se encontrava a sua mulher. Esta, de sólida formação, dominaria o seu instrumento, enquanto que Carlos Gomes tocaria um pouco de tudo, sem porém nada perfeitamente dominar. (Veja)


Se por um lado essas palavras fazem jus a uma pianista de altas qualidades e ao auxílio que prestou a Carlos Gomes com a sua inteligência prática, por outro colocam o compositor numa posição negativa de injusto e ingrato. Adelina Peri seria quase que uma santa, injustiçada, mais capaz do que o compositor, como esposa que sacrificara a sua carreira para auxiliá-lo.


Ítala Gomes Vaz de Carvalho chega a ponto de insinuar que foi a ausência de sua mãe - ou de outra mulher na vida de Carlos Gomes - fator decisivo no desenvolvimento negativo da sua vida e da falta de grandes sucessos de sua obra posterior.


Se a filha reproduziu nos seus textos convicções transmitidas em família, então esta corresponderia a uma situação da época, ou seja, Adelina Peri ter-se-ia sentido como sustentáculo do compositor, injustiçada por este após tanto tê-lo ajudado.


Auto-valorização e empáfia, associadas a extrema ambição por detrás de aparência recatada e suavidade de modos ter-se-iam acentuado e levado a atitudes de distanciamento e frieza, estabelecendo-se aqui uma situação correspondente à aquela cantada em Divorzio.



De ciclo de estudos sob a direção de
Antonio Alexandre Bispo



Atenção: este texto deve ser considerado no contexto geral deste número da revista. Veja o índice da edição

Indicação bibliográfica para citações e referências:
Bispo, A.A.(Ed.). “ Divorzio all'italiana. Carlos Gomes (1836-1896) e Adelina Peri na reescrita da época fascista e tentativas de correção a partir de Divorzio de A. Ghislanzoni ((1824-1893) à luz de idealizações da família em movimentos identitários nacionais do presente “
.Revista Brasil-Europa: Correspondência Euro-Brasileira 162/14 (2016:04). http://revista.brasil-europa.eu/162/Divorzio_de_Carlos_Gomes.html


Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira

© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1998 e anos seguintes © 2016 by ISMPS e.V.
ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501


Academia Brasil-Europa
Organização de Estudos de Processos Culturais em Relações Internacionais (ND 1968)
Instituto de Estudos da Cultura Musical do Espaço de Língua Portuguesa (ISMPS 1985)
reconhecido de utilidade pública na República Federal da Alemanha

Editor: Professor Dr. A.A. Bispo, Universität zu Köln
Direção gerencial: Dr. H. Hülskath, Akademisches Lehrkrankenhaus Bergisch-Gladbach
Corpo administrativo: V. Dreyer, P. Dreyer, M. Hafner, K. Jetz, Th. Nebois, L. Müller, N. Carvalho, S. Hahne
Corpo consultivo atual - presidências: Prof. DDr. J. de Andrade (Brasil), Dr. A. Borges (Portugal)




 







Verona 2016
Fotos A.A.Bispo ©Arquivo A.B.E.

 

_________________________________________________________________________________________________________________________________


Índice da edição     Índice geral     Portal Brasil-Europa     Academia     Contato     Convite     Impressum     Editor     Estatística     Atualidades

_________________________________________________________________________________________________________________________________