St. Kitts and Nevis & Brasil
ed. A.A.Bispo

Revista

BRASIL-EUROPA 171

Correspondência Euro-Brasileira©

 
St.Kitts. Foto A.A.Bispo 2017. Copyright ABE

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Fotos A.A.Bispo 2018©Arquivo A.B.E.
 


N° 171/6 (2018:1)



St. Kitts and Nevis & Brasil
significado da „Mãe das Antilhas“ para o estudo de processos culturais

Uma obra histórica:
Brasilien, Westindien und die Südpolar-Länder
de J. G. Wappäus (1812-1879) e O. Delitsch (1821-1882)

Pelos 150 anos da maior coleta de dados sobre o Brasil e as Antilhas do século XIX



 
O Brasil mantém uma embaixada na Federação de St. Kitts and Nevis (Saint Christopher and Nevis) em representativa e bem situada residência e que é uma das mais bem instaladas representações diplomáticas nesse país das Pequenas Antilhas.

A embaixada localiza-se em posição elevada de Basseterre, em bairro privilegiado da cidade, onde ainda se conservam antigas mansões que o fazem de interesse histórico-cultural e arquitetônico. À sua frente abre-se uma praça com um monumento, no alto e término de importante via que vem e que leva ao centro da cidade, de modo que o nome e o mastro com a bandeira do Brasil são vistos por aqueles que se dirigem ao bairro e mesmo ao interior da ilha.

Já essa preeminência da presença do Brasil em St. Kitts and Nevis motiva a uma consideração mais atenta dessas ilhas nas suas inserções em processos históricos internacionais e nos seus elos e paralelos com o Brasil.

Integrando a Universidade das Ilhas da Índia Ocidental e possuindo institutos dessa universidade, St. Kitts and Nevis não pode deixar além do mais de ser considerada nos estudos universitários voltados ao Caribe.

St. Kitts situa-se entre as ilhas Antigua e Barbuda, Montserrat, Sint Eustatius e Saint-Barthélemy. Algumas dessas ilhas foram já consideradas em trabalhos euro-brasileiros anteriores a 2017. Os estudos não podem ser delimitados à configuração atual de St. Kitts and Nevis, pois modificou-se através dos tempos. No século XIX, também Anguilla foi ligada estreitamente a St. Kitts and Nevis, constituindo o conjunto St. Christopher-Nevis-Anguilla.

De 1958 a 1962, as ilhas de St. Kitts e Nevis fizeram parte da Federação das Índias Ocidentais. Em 1983, St. Kitts e Nevis recebeu a sua independência, passando a fazer parte da Commonwealth of Nations, tendo como chefe-de-Estado o soberano inglês. Nos anos de 1990, houve movimento de emancipação na ilha de Nevis.

Em 2017, celebrou-se em St Kitts & Nevis os 50 anos do estabelecimento do Eastern Caribbean Supreme Court para Antigua e Barbuda, Dominica, Grenada, Saint Lucia, Anguilla, British Virgin Islands, Mointserrat, Saint Vicent e Grenadines.

Portugueses na população de St. Kitts and Nevis

A população é etnicamente marcada sobretudo por descendentes de africanos, que constituem mais de 90% da população, além mulatos, asiáticos e europeus.

Há um grupo populacional de origem portuguesa que, embora constituindo apenas 1% da população, deve ser considerado nos estudos de processos culturais referentes ao mundo de língua e cultura portuguesa. A imigração de ilhéus portugueses iniciou-se  já na primeira metade do século XIX com a vinda de colonos da Madeira. A influência desses portugueses foi considerável culturalmente, pois levaram a uma revitalização do Catolicismo em época determinada pela igreja anglicana e por comunidades evangélicas de outras denominações.

Apesar da história marcada sobretudo pela presença colonial britânica, a existência dessa comunidade de origem portuguesa é um dos motivos que justifica uma atenção também sob o aspecto dos estudos referentes a imigrações de portugueses dos últimos séculos.

Brasil e St. Kitts na história da Geografia
Nos estudos levados a efeito em St. Kitts, em 2017, a primeira questão que se colocou foi a do interesse e mesmo das possibilidades de estudos culturais que relacionam essas ilhas do Caribe com o Brasil.

Distante geograficamente, apresentando diferentes relações com as potências européias na sua história colonial e não havendo elos histórico-culturais de maior evidência entre os dois países, coloca-se em questão o intento de considerá-los quanto a elos e paralelos.

Entretanto, houve um importante empreendimento da Geografia do século XIX que levou à consideração do Brasil e das Índias Ocidentais - e nelas St. Kitts - no conjunto de uma só obra e que pode servir como de exemplo pioneiro quanto às possibilidades desses estudos relacionados.

Trata-se do „Manual de Geografia e Estatística“ fundado por C. G. D. Stein e Ferd. Hörschelmann, reelaborado com a cooperação de vários estudiosos por J. G. Wappäus. Wappäus foi geógrafo e estatístico,  professor da Universidade de Göttingen e, entre outros cargos, Cônsul do Chile e da Argentina na Alemanha, autor de estudo sobre os descobrimentos portugueses e de publicações sobre  países da América do Sul.

A quarta parte do primeiro tomo dessa obra foi dedicada ao Brasil, às Índias Ocidentais e às terras sul-polares.

Enquanto Wappäus tomou a si o tratamento do Brasil, o das Índias Ocidentais e das terras sul-polares foi confiado a Otto Delitsch. Delitsch foi geógrafo, professor adjunto da universidade eprofessor secundário da Realschule de Leipzig, assim como autor de obras para o ensino e de divulgação de conhecimentos, entre elas da revista Aus allen Weltteilen (1869-1878). (Otto Delitsch, Westindien und die Südpolar-Länder, in Handbuch der Geographie und Statistik: Brasilien, Westindien und die Südpolar-Länder,  J. G. Wappäus e D. Delitsch, Leipzig: J. Hinrichs‘schen Buchhandlung, 7. ed. 1871,2025 ss.).

A monumental obra de Wappäus foi considerada em diversas ocasiões nos estudos euro-brasileiros das últimas décadas, em particular devido a seu significado para os estudos relativos à colonização alemã no Brasil.

A coleta de materiais para a realização da obra iniciou-se em 1867, completando-se assim em 2017 150 anos desse extraordinário empreendimento. Por essa razão, pareceu ser oportuno recordá-lo, oferecendo-se o ciclo de estudos no Caribe como ocasião favorável para lembrar sobretudo da obra de Delitsch sobre as Indias Ocidentais.

No seu prefácio, de 1870, Delitsch salientou as dificuldades para o levantamento de fontes sobre o Caribe nas bibliotecas da época, sendo a Commerzbibliothek de Hamburgo uma exceção pela riqueza de documentos que guardava. Havia falta de literatura mais recente sobre as Índias Ocidentais. Com exceção das colonias espanholas, a maioria das colonias, em particular após a emancipação dos escravos, caira em estado de decadência.

Delitsch trata no seu trabalho 1) das colonias espanholas - Cuba e Portorico; 2) do Haiti; 3) das colonias britânicas, das possessões 4) francesas; 5) dinamarquesas; 6) suecas; 7) dos Países Baixos e das Bermudas. 

St. Christoph (St. Kitts) e Nevis - aqui também com a ilha Redonda - são consideradas no ítem 6 do parágrafo dedicado às colonias britânicas. O autor considera as fontes, o nome, a posição, o tamanho, as costas, a geologia, o clima, as chuvas, as plantas, os animais, os habitantes, produtos, comércio, importação e exportação, igreja e escola, história, topografia e circunscrições.

Cristóvão Colombo e São Cristóvão (St. Christoph, St. Kitts) como „Mãe das Antilhas“

Já de início o autor lembra que St. Christoph ou St. Kitts, descoberta por Cristóvão Colombo (ca.1451-1506) na sua segunda viagem, em 1493, teria sido designada segundo o santo que dera o nome ao descobridor. A sua topografia teria lembrado, nas dimensões de suas montanhas, a imagem do gigantesco S. Cristóvão com o menino Jesus atravessando as águas.

Pouco tem-se considerado, porém, o significado hagiológico dessa denominação. Aqui deve-se pensar no significado de S. Cristovão para os descobridores como padroeiro de viajantes, sobretudo daqueles que atravessam mares e rios e cuja festa é celebrada no dia 25 de julho. Hoje, essa época é marcada pelas festividades do Latin Festival em St. Kitts.

A ilha era cognominada de „Mãe das Antilhas, uma vez que foi a partir dela que franceses e ingleses iniciaram a colonização. Essa lembrança de Delitsch traz à consciência o fundamental significado de St. Kitts para os estudos de processos históricos na esfera do Caribe. É desse contexto de início da colonização que deveriam partir as considerações das ilhas marcadas pelas atividades francesas e inglesas na região.

Processos desencadeados por europeus - indígenas e franceses

A população indígena foi extinta também nessas ilhas e os conhecimentos relativos à história cultural anterior ao Descobrimento são precários.

Supõe-se que tenham sido já habitadas já em remotíssimo passado. No tercêiro milênio A.C. teriam sido alcanças por indígenas vindos da América do Norte e que viviam da caça e da coleta. Os seus sucessores teriam sido povos que já praticavam a agricultura e faziam cerâmica, ali habitando a partir dos séculos V ou IV anteriores à atual era. Esses grupos teriam vindo por mar da região do delta do Orinoco, ou seja, já da América do Sul.

Sob a perspectiva dos estudos histórico-etnológicos e arqueológico-culturais referentes ao Brasil, maior atenção merece a vinda de um povo da família Arauaque ao redor o ano 800 D.C., os Igneri. A seguir, teriam sido empurrados para outras ilhas das Grandes Antilhas por indígenas do grupo Kalinago, mais potentes devido às suas práticas comerciais com indígenas de outras ilhas, entre elas as atuais Virgin Islands e Puerto Rico. Esse grupo, por sua vez, apesar de ter bem recebido os europeus e com êles convivido, foi a seguir, com a intensificação de tensões, vítima de massacre que enegrece a história local.


Quanto à história posterior ao Descobrimento, esta inicia-se com a chegada às ilhas de Cristóvão Colombo. Devido à abundância de suas águas, espanhóis a procuravam para abastecimento. Em 1538, huguenotes franceses de Dieppe ali se assentaram, fundando uma povoação com o nome de Dieppe, logo destruída pelos espanhóis. Tem-se aqui, assim, um paralelo com o Brasil, também procurado por protestantes franceses no século XVI que tentaram assentar-se no Rio de Janeiro e criar uma „França Antárctica“. O movimento de reforma religiosa e suas tensões levaram assim a intuitos paralelos em duas latitudes.

Guiana e Antilhas. Primeira colonia inglesa no Caribe - Sir Thomas Warner (1580-1640)

A colonização duradoura iniciou-se no século XVII com a vinda de colonos das ilhas britânicas. A colonia foi fundada em 1623 por Sir Thomas Warner, o que a vinculou históricamente com a história colonial britânica na Guiana.

Como militar, Warner tinha atuado, em 1620, na tentativa de criação de um estabelecimento inglês no norte da América do Sul. Designado como Oyapoc, essa povoação teve de ser logo abandonada. Na procura de outras possibilidades numa época em que os holandeses já controlavam grande parte da esfera marítima do Caribe, Warner alcançou St. Kitts. Ali constatou as privilegiadas condições locais para o estabelecimento de um porto, de defesa e de criação de uma colonia inglêsa - os indígenas Kalinago eram dóceis, o solo era fértil, havia água em abundância e grandes depósitos de sal. O primeiro assentamento e porto deu-se nas proximidades da antiga aldeia principal indígena, na atual Old Road. Nessa localidade encontra-se a primeira igreja anglicana do Caribe Leste.

Retornando à Inglaterra, conseguiu obter homens dispostos a estabelecerem-se na nova colonia, sendo auxiliado nesse empreendimento por um mercador e pelos irmãos John e Samuel Jefferson, que possibilitaram a preparação de uma segunda nave para o transporte de colonos e mantimentos.

Samuel Jefferson era ancestral do futuro Thomas Jefferson (1743-1826), terceiro presidente dos Estados Unidos. o que demonstra os estreitos elos entre a história das ilhas àquela dos Estados Unidos. O túmulo desse ancestral de Thomas Jefferson pode ser visitado no cemitério do primeiro assentamento colonial de St. Kitts.


Primeira colonia francesa no Caribe - Pierre Belain, Sieur d‘Esnambuc (1585-1636)

Tendo tomado conhecimento dos sucessos dos ingleses em St. Kitts, s franceses, sob a liderança do capitão Pierre Belain, Sieur d‘Esnambuc , um comerciante e aventureiro, tentaram estabelecer uma colonia na ilha. A frota que trazia os colonos, porém, foi atacada e destruída pelos espanhóis, salvando-se apenas uma das naves. Estes, atingindo St. Kitts, tiveram permissão de se ali estabelecer, uma vez que Werner via como favorável o aumento de europeus na ilha perante o crescente descontentamento dos indígenas. St. Kitts é assim considerada como sendo a primeira colonia francesa do Caribe

Tensões com os indígenas com a europeização e o genocídio de 1626

Essa história colonial de St. Kitts surge assim como significativa para o estudo em geral de mecanismos de processos desencadeados pelo encontro entre indígenas e europeus.

As animosidades decorrentes de diferenças culturais, religiosas e de interesses comerciais e políticos europeus foram superadas a serviço da europeização de uma ilha onde, de início, os indígenas tinham bem recebido os recém-chegados.

É nesse contexto que se insere o levantamento indígena e a história trágica de sua extinção. Em 1626, em encontro de chefes indígenas das proximidades (Waitikubuli, hoje Dominica, Oualie) sob a liderança do cacique, os indígenas decidiram atacar os assentamentos europeus. Estes, porém, tiveram conhecimento desse intento através de Barbe, uma mulher do grupo Igneri trazida para a ilha após incursões dos Kalianago entre os aruaques de ilha vizinha.

Segundo a Histoire Generale Des Antilles Habitees (1667-1671) do Dominicano Jean-Baptiste Du Tertre OP (1610-1687), a razão de seu ato de traição teria sido a paixão  de Barbe por Werner. Com essa informação, os colonos ingleses e franceses, unidos, atacaram os indigenas à noite, tendo sido assassinados nas suas cabanas, salvando-se apenas as mulheres de melhor aparência e vigor, que foram então escravizadas.

Os europeus deram início à fortificação da ilha para prevenir uma possível invasão por parte de indígenas de outras ilhas do Caribe. Na batalha que se seguiu, na qual vários milhares de indígenas se levantaram contra os europeus, sofreram aqueles grandes massacres.

O principal deste é lembrado no Bloody Point, local onde se situara o principal povoado do povo Kalinago: ali a tradição diz que por semanas o rio transformou-se em corrente de sangue, um acontecimento trágico que dá motivo a representações pictóricas.

A interpretação desses desenvolvimentos trágicos levanta questões relativas a perspectivas históricas e narrativas de cunho antes literário. Aproximações etnológicas oferecem outros caminhos para o entendimento dos atos indígenas.

Uma das razões que explicariam as mortes poderia ter sido o fato delas ocorreram em época do ano na qual realizavam incursões entre os Taino e outros grupos para possibilitar sacrifícios no sentido de propiciar o fim da época da sêca e o início da úmida (respectivamente Bat man e Frog woman). Indígenas teriam vindo de outras ilhas a St. Kitts pela sua importância como ponto de partida de incursões contra inimigos.

Com a extinção dos indígenas, os europeus, em 1627, dividiram a ilha entre si, Basseterre inglesa, Capisterre francesa. Warner foi nomeado Governador de St. Kitts, Nevis, Barbados e Montserrat. Mais tarde, em 1643, foi nomeado como Governador Parlamenter das Ilhas do Caribe.

Em 1629, o espanhol F. de Toledo atacou e saqueou a ilha, levando consigo prisioneiros. Com o apoio dos holandeses, os habitantes retornaram, e novos colonos levaram a uma fase de desenvolvimento das ilhas.

A partir desses pontos, passaram a colonizar as ilhas vizinhas.Assim, os ingleses povoaram Nevis (1628), Antigua (1632) e Monserrat (1632) e os franceses Martinique (1635), Guadeloupe (1635) e St. Barths (1648).Em 1651, o governador Poincy adquiriu a ilha da Companhia das Ilhas Americanas criada em 1626 sob Richelieu e administrou-as em nome da Ordem de Malta, alcançando um desenvolvimento com a produção e tabaco e açúcar que fez com que St. Christoper se tornasse a mais importante da região ao lado de Barbados.

A vinda de escravos africanos

Sem mão de obra indígena, o desenvolvimento agrícola das ilhas a serviço da exportação apenas tornou-se possível com a vinda de escravos africanos. Sob Warner, vários milhares de africanos passaram a trabalhar nas plantações de açúcar e tabaco. A história da escravidão é lembrada na principal praça de Bassettera, a praça da Independência, anteriormente denominada de Pall Mall Square e onde se realizava, no passado, a venda de escravos recentemente chegados da África.

Tensões e lutras entre franceses e ingleses

A tensão entre as duas nações na ilha, porém, levaram por fim à guerra. Os franceses mantiveram o predomínio com a morte e a emigração de muitos ingleses. Uma tenttiva de reconquista foi impedida pelos franceses em 1667. A „Paz de Breda“ restabeleceu em 1668 as antigas fronteiras, mas não a prosperidade da parte inglesa.Já em 1689 reiniciaram-se combates. Os ingleses foram expulsos mais uma vez, retornram com reforços e conquistaram em 1690 toda a ilha até que a „Paz de Ryswick“ reestabeleceu a antiga situação.

Uma terceira guerra e a conquista da parte francesa em 1702 acabou com a „Paz de Utrecht“ de 1713, quando a ilha foi entregue formalmente à Inglaterra. Os franceses emigraram para S. Domingos e novos colonos cuparam as terras devolutas, ano início a uma fase de florescimento, assim como as Antilhas em geral. A partir de 1782 surgiram novas tensões com a ocupação da ilha pelos franceses, o que precisaram devolver após a paz de Versalhes em 1783. Em 1805, os franceses novamente a atacaram.

Missões cristãs em processos culturais

Se com a tentativa de assentamento de huguenotes já no século XVI repercutiu em St. Kitts o movimento reformatório e as tensões confessionais da Europa, essa problemática religiosa marcou através dos séculos o desenvolvimento cultural da ilha.

Ao lado do catolicismo dos colonos franceses, a igreja anglicana dominou a vida religiosa sob os ingleses. A atuação de igrejas evangélicas de outras denominações, porém, marcou de forma intensa a cristianização de africanos e seus descendentes. No século XIX, como registrado por Delitsch, a ilha era dividida em 9 paróquias protestantes, além de assentamentos westlerianos e dos Herrnhuter.

Os Herrnhuter chegaram em 1775. Já em 1787, haviam alcançado a conversão de 16405 africanos. Construiram a sua primeira capela em 1704. Os wesleyanos, que em 1704 eram apenas 1554, aumentaram muito em número no decorrer das décadas.

Apesar de uma certa tolerância na vida das diferentes igrejas, em 1849 houve tensões entre a igreja anglicana e a Low Church dos Puseyiten, extendendo-se às Antilhas o movimento dentro do Anglicanismo de tendências catolizantes liderado pelo professor de Oxford Edward Bouverie Pusey (1800-1882).

Já Delitsch, na segunda metade do século XIX, salientou a influência dos Herrnhuter e dos Wesleyanos na formação religiosa e cultural dos africanos, nela determinando diferenças derivadas de suas orientações. Essa diferença também era devida ao ensino, uma vez que as escolas eram confessionais. Em 1866 havia 18 escolas anglicanas, 8 wesleyanas e 8 dos Herrnhuter.


(...)

De estudos euro-brasileiros no Caribe em 2017
Antonio Alexandre Bispo

Indicação bibliográfica para citações e referências:
Bispo, A.A. „ St. Kitts and Nevis & Brasil: significado da „Mãe das Antilhas“ para o estudo de processos culturais. Uma obra histórica:
Brasilien, Westindien und die Südpolar-Länder de J. G. Wappäus (1812-1879) e O. Delitsch (1821-1882)“. Revista Brasil-Europa: Correspondência Euro-Brasileira 171/6(2018:1).http://revista.brasil-europa.eu/171/St_Kitts-Brasil.html


Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira

© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1998 e anos seguintes © 2017 by ISMPS e.V.
ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501


Academia Brasil-Europa
Organização de Estudos de Processos Culturais em Relações Internacionais (ND 1968)
Instituto de Estudos da Cultura Musical do Espaço de Língua Portuguesa (ISMPS 1985)
reconhecido de utilidade pública na República Federal da Alemanha

Editor: Professor Dr. A.A. Bispo, Universität zu Köln
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