Pós-Apartheid e Direitos Humanos
ed. A.A.Bispo

Revista

BRASIL-EUROPA 173

Correspondência Euro-Brasileira©

 

Cidade do Cabo. Foto A.A.Bispo 2018. Copyright

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Fotos A.A.Bispo 2018©Arquivo A.B.E.

 


N° 173/2 (2018:3)




Voices for Human Rights
Expressões culturais no empenho de superação de separações étnicas
da atualidade pós-Apartheid sob o signo dos Direitos Humanos
Retórica, Arte Declamatória, Poesia e Música na missão do
The Cape Cultural Collective (CCC)


The South African Sendinggestig Museum. Pelos 50 anos de fundação da Sociedade Nova Difusão em São Paulo e 10 anos do CCC na Cidade do Cabo









 

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Cidade do Cabo. Foto A.A.Bispo 2018. Copyright
A transpassagem de fronteiras no sentido de superação de barreiras entre esferas culturais e sociais nos estudos culturais foi principal escopo de movimento renovador que levou, em 1968, à fundação de organização de estudos de processos culturais em São Paulo. (ND)

Transcorrendo 50 anos dessa fundação, marco inicial de estudos teórico-culturais de meio século, procurou-se conhecer de perto as atividades de uma das mais destacadas iniciativas que se orienta segundo o conceito de transcendência de cadeias da atualidade: o The Cape Cultural Collective da Cidade do Cabo (CCC), movimento que, em 2017, completou dez anos de existência.

Essa organização desenvolve intensas atividades na capital cultural da África do Sul através de coros, de instrumentistas e grupos musicais em cooperações com pensadores e poetas, realizando eventos culturais diversos e de difusão cultural que contribuem de modo relevante ao dinamismo da vida musical da Cidade do Cabo.

A concepção da ultrapassagem de fronteiras do CCC apresenta outros acentos do que aquela do movimento brasileiro dos anos sessenta. O CCC nasceu sob o signo da luta contra o Apartheid. Assim, a sua orientação é marcada pela preocupação de superação de divisões baseadas em conceitos raciais. Muitos de seus fundadores provieram de grupos populacionais segregados e de áreas para pessoas de cor ou Townships, tendo-se empenhado no movimento de superação do sistema do Apartheid.

A partir desse empenho pelo não-racialismo, o CCC amplia o leque de barreiras a serem superadas em diferentes sentidos, promovendo a igualdade, o não-sexismo, o desenvolvimento pessoal e coletivo de grupos, sobretudo daqueles de passado marcado por opressões e marginalizações, assim como desprivelegiados do presente. Neste sentido, procura abrir novas perspectivas para jovens, sobretudo aqueles crescidos em condições adversas, muitos dos quais desempregados.

Pela sua origem, é um movimento nascido da iniciativa de cidadãos e que, adquirindo crescente significado, contribui de modo relevante a que a vida cultural da cidade seja marcada pela atenção à diversidade. O CCC compreende-se como voltado ao progresso segundo valores humanistas a partir de uma fundamental orientação anti-racista.

As origens da organização na luta contra o Apartheid e o seu engajamento político-cultural explica o significado da palavra, da retórica, da literatura e poesia nos eventos do CCC.

Evento no The South African Sendinggestig Museum - Retórica, Declamação e Música

Em concerto realizado no dia 17 de março de 2018 no Museu Sendinggestig da Cidade do Cabo, o CCC demonstrou o seu significado junto a um público constituido na sua maior por pessoas dos diferentes grupos étnicos que sofreram no passado sob o regime do Apartheid. Para além de africanos de diferentes ascendências étnicas e mestiços, também a êle estiveram presentes muçulmanos de ascendência malaia e indianos. Nele também participaram europeus ou „brancos“ que se solidarizam com os intuitos do CCC em fazer da cultura meio para o alcance de mudança de mentalidades e de situações.

Cidade do Cabo. Foto A.A.Bispo 2018. Copyright

Cidade do Cabo. Foto A.A.Bispo 2018. Copyright
Esse sentido ideal ou ideológico com implicações teórico-culturais foi apresentado explicitamente em discurso de abertura que, com as suas qualidades de oratória, manifestou o significado da Retórica nas ações do CCC. Esse ímpeto esclarecedor e impulsionador de mudanças através da palavra manifestou-se também em outras partes do programa, em particular no fato deste incluir declamações.

O surpreendente significado da arte declamatória na programação do CCC traz à luz uma sensível diferença relativamente às ações voltadas à ultrapassagem de fronteiras do movimento de renovação cultural brasileiro nascido em meados da década de 1960.

À época, embora ainda existisse a área de Declamação em algumas instituições de ensino musical, como no Instituto Musical de São Paulo, surgia ela como singular relito do passado. Ainda que eventos, sobretudo aqueles em praças públicas, fossem acompanhados por explicações e comentários, não incluiam e nem mesmo poderiam incluir declamações proferidas com o ardor e com a expressividade da prática tradicional da arte declamatória, o que seria descabido e até mesmo um empecilho para atingir espectadores e ouvintes de camadas mais modestas da população.

Ao contrário, na Cidade do Cabo, a declamação surge como uma forma de expressão cultivada, apreciada e de alta receptividade junto ao público que é alvo da prática cultural originada do movimento anti-Apartheid.

O significado da Retórica pode ser percebido também nas apresentações musicais nas suas mais diversas referências. Tanto em execuções que demonstram diálogos criativos com a cultura tradicional das populações africanas nativas, sobretudo através do uso de instrumentos como o arco monocórdio (berimbau), como também nas apresentações de músicos que mais evidentemente manifestam sintonias comn correntes internacionais do presente, a transmissão retórica de mensagens manifesta-se também de forma não verbal.

A atenção à Retórica impõe-se assim aos estudos musicológicos e culturais voltados ao presente da África do Sul, o que implica em procedimentos metodológicos adequados e abre novas perspectivas a análises e reflexões teóricas.

Oratória no presente e o passado missionário da „igreja dos escravos“

O surpreendente papel desempenhado pela arte retórica no evento do CCC revelou.-se na sua maior evidência pelo fato do evento ter-se realizado no
Sendinggestig Museum, também conhecido, de forma imprecisa, como „igreja dos escravos“. O discurso da oradora, da declamadora e dos músicos, tendo lugar aos pés do púlpito usado no passado pelos missionários, manifestaram uma continuidade do uso da palavra no sentido de transmissão de uma mensagem, de convicções no intuito de convencer ouvintes e causar mudanças de atitudes interiores. Sob novos signos, a ação cultural revelou dimensões missionárias, ainda que não-religiosas. Ela própria surge assim como inserida em processos histórico-culturais desencadeados no passado colonial e que determinaram a formação cultural sul-africana.

Situada no centro da Cidade do Cabo - na Long Street - a antiga igreja reformada SA Gestig é importante bem arquitetônico da cidade e do país, de grande significado para a memória da escravidão, da emancipação e da ação missionária protestante. Nela foi estabelecido um museu em 1979 com o objetivo de preservar o edifício e o legado da história missionária protestante entre os escravos e os povos indígenas do Cabo.

Quanto ao edifício, não se trata exatamente de uma
igreja, mas, como o nome indica- Sendinggestig de uma construção que se explica pelas suas funções missionárias como local de reunião, de convivência, de ensino e transmissão doutrinária. A consideração dessas funções, que dizem respeito estreitamente à história missionária, são assim necessárias para a consideração da sua arquitetura e da função que hoje exerce.

O seu interno, com galerias e com a disposição do púlpito como foco principal em contraposição ao órgão de tubos sobre a entrada, revela o significado da palavra e da música na tradição protestante.


Essas funções primordiais de origem deram lugar posteriormente ao uso do espaço como igreja da congregação apoiada pela South African Missionary Society. Essa sociedade, de antiga tradição e que desde 1937 fazia parte da Dutch Reformed Mission Church, foi dissolvida em 1983.

A congregação desempenhou papel relevante pelas suas atividades sociais no século XX. Entre elas, salientou-se o empenho feminino, sobretudo o de Anna Tempo - „irmã Nannie“ - junto a mulheres nas ruas da Cidade do Cabo, o que a levou a fundar a „Nannie Girls‘ Rescue Home“.

Já desde 1950, a igreja tinha entrado numa fase de decadência devido à política do Apartheid. O Group Areas Act (Act 41, 1950), levou a uma diminuição da população de cor na área central da cidade, obrigada a remover-se ao Cape Flats. Com diminuição da congregação, o prédio deixou de ser usado como igreja em 1971.

Em 1975, ali realizou-se um serviço memorial de despedida, passando a comunidade, que precisava encontrar uma nova sede em área para pessoas de cor, a ter os seus serviços temporariamente na igreja de St. Stephen; a sua igreja em Belhar foi terminada em 1978.

O prédio foi vendido a um hotel e, alguns anos mais tarde, adquirido pela Administração Provincial do Cabo da Boa Esperança (Provincial Administration of the Cape of Good Hope) para a instalação de museu criado com fundos da Fundação Simon van der Stel. Os trabalhos de restauração tiveram o seu início em 1978, orientando-se segundo uma imagem do edifício da década de 1830. Também o seu interior foi restaurado com cuidado de acordo com pinturas descobertas durante os trabalhos. O museu foi dedicado à memória das missões cristãs e da influência cultural dos missionários nos escravos e povos nativos da África do Sul. A exposição montada no espaço da igreja trata da história missionária, da congregação e do próprio edifício.

A história da missionação protestante e da escravidão tratada no museu Sindinggestig

Em quadros ilustrativos, lembra-se no museu que a história do protestantismo e do trabalho escravo na África do Sul remonta ao início da colonia em meados do século XVII.

As instruções dadas pela Companhia Holandesa das Índias Orientais a Jan van Riebeeck quando este se estabeleceu no Cabo foram claras quanto ao não emprêgo de mão de obra indígena (Khoekhoen = „hotentotes“) no trabalho de implantação colonial.

Essa proibição compreende-se pelo fato da Companhia , que adquirira direitos dos africanos da região, estar interessada na manutenção de boas relações e paz com os nativos. O não emprego de mão de obra nativa, porém, levou a que os colonos passassem a comprar escravos importados de outras regiões, em particular aquelas administradas pelos portugueses, as do vizinho Moçambique e dos seus assentamentos nas África Ocidental, em particular de Congo/Angola.

Já logo após 1652, trouxeram-se escravos para serviços de obras de construção e para o trabalho na agricultura. Não se pode esquecer que à época as possessões portuguesas encontravam-se em situação crítica devido às décadas de união pessoal de Portugal com a Espanha, o que favorecia a ação particular e dificilmente controlável daqueles envolvidos no tráfico.

Os primeiros escravos que foram trazidos para Amersfoort provieram da África Ocidental, onde já há muito as populações locais estavam em contato com europeus e missionários, mas que também se encontrava em fase de instabilidades internas e conflitos, favorecedores de escravizações pelos próprios africanos e sua venda.

Tudo indica, assim, que os primeiros escravos que chegaram à África do Sul tenham vindo já marcados por desenvolviimentos desencadeados por esses contatos já de longa data. Nesse caso, vinham já marcados por concepções e expressões culturais remontantes ao contato com o Catolicismo remotamente ali implantado mas com características de muitas décadas de abandono devido ao pouco número de religiosos. Na África do Sul, teriam sido confrontados com a cultura protestante dos colonos. Estes, possivelmente, nem estavam em condições de perceber relitos de remota ação missionáriá em concepções e expressões, neles vendo práticas „pagãs“.

Não só a cristianização de não-cristãos por meio da ação dirigidas de missionários deve ser considerada - como em geral - mas também uma mudança cultural desencadeada pelo confronto com a sociedade reformada. O contraste cultural entre africanos e os protestantes europeus, marcados por concepções e modos de vida comparativamente mais sóbrios e severos, dificilmente poderia ter sido maior.

A aversão dos escravos relativamente ao Cristianismo não só resultava do fato de ser este religião de senhores e do homem branco da colonia, mas sim também das dificuldades causadas pelo confronto com concepções e modos de vida dos colonos reformados holandeses, tão distintas daquelas dos africanos.

Sociedades missionárias protestantes européias e a South African Missionary Society

A ação missionária evangélica entre os nativos (Khoekhoen/hotentotes) e os africanos escravos de outras proveniências iniciou-se ou acentuou-se em fins do século XVIII. Nesse sentido, marcado assim por um conceito racial, independentemente do status, H.R. van Lioer, um pastor da Cidade do Cabo liderou um movimento de evangelização em 1788. Um movimento similar processou-se em Roodezand (Tulbagh) sob a liiderança de. M. .C. Vos. Leigos.

No ensino religioso e indoutrinador salientaram-se mulheres, entre elas personalidades como Machteld ou „Mother“ Smith e Margaretha A. Möller. A primeira fundou a Tulbagh Society na sua residência e a segunda construiu a Small Meetinghouse na cidade do Cabo (posteriormente Free Dispensary).

Na prática, o tratamento dos escravos não era muito diferente daquele dado aos nativos. Havia também diferença no tratamento daqueles que trabalhavam na lavoura e os serviçais domésticos. Os primeiros recebiam muitas vezes alimentação inferior em quantidade e qualidade. A divisão na sociedade era evidente, uma vez que pessoas livres e escravos usavam roupas diferentes. Os homens escravos não tinham permissão de usar sapatos e previa-se que usassem apenas tecidos em cinza ou marrom.

Principais motores da missionação foram porém as sociedades missionárias que se formaram em países reformados na Europa. Entre elas salientaram-se a London Missionary Society (1795) e a Netherlands (Dutch) Missionary Society (1797). A chegada dos primeiros quatro missionários dessas sociedades levou à fundação da South African Society for the Promotion of Christ‘s Kingdom (SAG) em 1799, mais tarde redenominada de South African Missionary Society (SASG).

Em 1801, a direção da South African Society for the Advancement of Christ‘s Kingdom adquiriu a propriedade na Long Street da cidade do Cabo. As construções anteriores foram demolidas e, provavelmente com mão de obra escrava, levantou-se o prédio atual. A fachada, sóbria, apresenta ornamentações simples e pilastras com capitéis da ordem coríntia, sendo que o pavimento térreo era alcançado por alguns degraus de pedra. No interior, escadas junto ao portal de entrada levavam às galerias.

O edifício não foi primordialmente levantado para serviços religiosos, mas antes para atividades gerais e casa de encontro a serviço da congregação, de modo que não foi chamado de igreja, mas gesticht ou oefeninghuis.  A oi inaugurado no dia 15 de março de 1804 pelo pastor  J.P. Serurrier da Dutch Reformed Church, pertencente à congregação Groote Kerk. Essa congregação - a SA Gesticht congregation da South African Missionary Society - agregava pesssoas pobres, escravos conversos e „hotentotes“.

O empenho missionário dessa sociedade era, em princípio, formar conversos para serem membros das igrejas estabelecidas. Os encontros de oração, porém, não podiam ser realizados ao mesmo tempo que serviços da igreja ou se fossem inconvenientes para os proprietários. A partir de 1813, crianças necessitadas, inclusive de escravos, passaram a ser ensinadas a ler e escrever duas vezes por semana, às quarta-feiras e sexta-feiras. No mesmo ano, escravos adultos podiam também frequentar uma escola noturna após o término de seu trabalho se tivessem permissão de seus senhores.

As atividades dessa casa de encontros eram em parte vistas com reservas pelos proprietários de escravos, uma vez que estes, uma vez batizados não podiam ser vendidos. Por sua vez, estes viam aqui vantagens em converterem-se. Os escravos passavam a acompanhar as famílias de proprietários aos serviços, ainda que assistindo-os dos bancos traseiros de igrejas.

Nessa situação de tensões, John Philipp, superintendengte da London Missionary Society, ordenou, em 1819, que se criasse na Gesticht uma congregação separada sob a égida da South African Missionary Society. No decorrer de 1820, Henricus Beck tornou.-se missionário na congregação da Gesticht. Na véspera de Natal de 1820, os primeiros quatro escravos batizados tornaram-se os primeiros membros da congregação. Esse pastor foi sucedido por W. Elliot em 1825, missionário que deu início a atividades voltadas à conversão de muçulmanos trazidos no passado holandês das possessões da Companhia no Sudeste Asiático.

Outras sociedades missionárias  também atuaram no Cabo nas décadas que se seguiram à vitória sobre Napoleão Europa, entre elas a Wesleyan Missionary Society (1816), a Glasgow Missionary Society (1824), a Evangelical Missionary Society (1829), United Rhenish Missionary Society (1829) e a Berlin Missionary Society (1834).

A emancipação e suas consequências: significado do ensino escolar

A emancipação dos escravos pela Inglaterra, em 1838, não deixou de ser acompanhada por graves tensões e conflitos na sociedade colonial no sul da África.

Por um lado, a desapropriação e as dificuldades resultantes das dificultadas indenizações levaram à miséria de grande número de bures atuantes agricultores. (Veja)

Alguns proprietários perderam os seus trabalhadoress quando estes abandonaram as fazendas de cereais e de vinho. As consequencias se agravaram com a queda dos preços no mercado de exportação, com a sêca e com uma epidemia que matou muitos cavalos.

Os libertos não encontraram novas possibilidades de emprego, causando um grande fluxo de necessitados que vinham da zona rural à cidade à procura de trabalho. Esse fluxo de ex-escravos causou um aumento da congregação do Gesticht.

Não conseguindo comprar ou arrendar terra e adquirir ferramentas para o cultivo, sendo por outro lado ilegal viver em terra governamental, os ex-escravos foram lançados a uma situação de penúria que os obrigou a retornar a serviços sob condições similares àquelas anteriores à emancipação.

Podendo-se locomover mais facilmente, ex-escravos podiam escolher onde e para quem trabalhassem, assim como negociar pagamentos. 

Alguns ex-escravos mudaram-se para missões onde lhes era dado uma parcela de terra. Os missionários legalisavam casamentos informais e legitimavam filhos.

Nesse aumento de fiéis, as escolas missionárias passaram a receber muitos novos pupilos e algumas missões passaram a formar professores.

Mesmo após a emancipação, os trabalhadores, fossem êles ex-escravos, nativos ou trabalhadores migrantes sob contrato continuaram a sofrer discriminações e tratamento desigual. Se anteriormente à emancipação o tratamento, diferenciando-se segundo os proprietários, era em geral antes mitigado pelo próprio interesse daqueles que haviam investido, a situação posterior tornou-se sob alguns aspectos mais rígida. Em 1856, o Masters and Servants Act substituiu a legislação anterior, prevendo duros punimentos por problemas de comportamento ou pela falta ao trabalho.

As estações missionárias em atestados de moradias de „hotentotes“

As „Leis de Hotentotes“ de 1809 e 1812 obrigavam a que os Khoisan, cujo modo de vida tradicional era antes marcado por contínuas andanças com as suas reses, tivessem um local fixo e registrado de permanência. Necessitavam a partir daí de uma autorização para viajar de um distrito a outro.

As estações missionárias tornaram-se locais de refúgio dos Khoisan que as indicavam como local fixo de permanência. Tinham a permissão de trabalhar para fazendeiros vizinhos de acordo com contratos a curto prazo. Como os fazendeiros tinham a permissão de ensinar crianças a trabalhar a partir dos 8 anos de idade durante dez anos, forçavam os pais a trabalharem independentemente dos termos de contrato.

A Ordinance 50 trouxe uma melhoria na situação. Passou-se a garantir  aos nativos e e outras pessoas de cor a mesma liberdade e proteção que gozavam os brancos, podendo também adquirir a sua própria terra.


De ciclo de estudos sob a direção de

Antonio Alexandre Bispo


Indicação bibliográfica para citações e referências:
Bispo, A.A. „ Voices for Human Rights. Expressões culturais no empenho de superação de separações étnicas da atualidade pós-Apartheid sob o signo dos Direitos Humanos. Retórica, Arte Declamatória, Poesia e Música na missão do The Cape Cultural Collective (CCC)“
. Revista Brasil-Europa: Correspondência Euro-Brasileira 173/2(2018:3).http://revista.brasil-europa.eu/173/Cape_ Cultural_Collective.html


Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira

© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1998 e anos seguintes © 2017 by ISMPS e.V.
ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501


Academia Brasil-Europa
Organização de Estudos de Processos Culturais em Relações Internacionais (ND 1968)
Instituto de Estudos da Cultura Musical do Espaço de Língua Portuguesa (ISMPS 1985)
reconhecido de utilidade pública na República Federal da Alemanha

Editor: Professor Dr. A.A. Bispo, Universität zu Köln
Direção gerencial: Dr. H. Hülskath, Akademisches Lehrkrankenhaus Bergisch-Gladbach
Corpo administrativo: V. Dreyer, P. Dreyer, M. Hafner, K. Jetz, Th. Nebois, L. Müller,
N. Carvalho, S. Hahne