A cidade „arco-iris“
ed. A.A.Bispo

Revista

BRASIL-EUROPA 173

Correspondência Euro-Brasileira©

 
Cidade do Cabo. Foto A. A. Bispo 2018. Copyright

Cidade do Cabo. Foto A. A. Bispo 2018. Copyright

Cidade do Cabo. Foto A. A. Bispo 2018. Copyright

Cidade do Cabo. Foto A. A. Bispo 2018. Copyright

Cidade do Cabo. Foto A. A. Bispo 2018. Copyright


Cidade do Cabo. Foto A. A. Bispo 2018. Copyright


Fotos A.A.Bispo 2018©Arquivo A.B.E.

 


N° 173/3 (2018:3)



Transforming ourselves as we transform the world


A cidade „arco-iris“ - dimensões espirituais da superação de separações de grupos populacionais
A celebração da diversidade em unidade de uma comunidade inclusiva da Cidade do Cabo


Reflexões euro-brasileiras na Good Hope Metropolitan Community Church, Cidade do Cabo


 

_________________________________________________________________________________________________________________________________


Índice da edição     Índice geral     Portal Brasil-Europa     Academia     Contato     Convite     Impressum     Editor     Atualidades

_________________________________________________________________________________________________________________________________

Cidade do Cabo. Foto A. A. Bispo 2018. Copyright

Entre os temas que merecem particular atenção na consideração de processos culturais em relações internacionais do presente destaca-se aquele de iniciativas e movimentos voltados a direitos de minorias e o da inclusão.

Neste sentido, a consideração relacionada de desenvolvimentos nas África do Sul e no Brasil adquirem particular significado sob diferentes aspectos, entre outros devido à diversidade da constituição étnica e cultural nos dois países.

Com as preocupações, reflexões e ações dela resultantes, interagem aquelas que marcam globalmente o debate e as atividades político-culturais da atualidade para além de contextualizações nacionais, tais como aquelas de grupos definidos segundo outros critérios, entre êles o de Gênero.

O Greenmarket Square da Cidade do Cabo e os estudos de processos culturais

Cidade do Cabo. Foto A. A. Bispo 2018. Copyright

Cidade do Cabo. Foto A. A. Bispo 2018. Copyright
O Greenmarket Square, frequentemente mencionado como o coração da Cidade do Cabo, apresenta-se como espaço referencial para estudos de processos culturais que determinaram a história e o presente da metrópole sul-africana. Foi declarado monumento nacional em 1961. O seu significado transcende os limites locais, regionais e nacionais. revelando-se como de relevância para estudos de processos coloniais, urbano-culturais e de metropolização em contextos globais.

A praça foi originalmente conhecida como Burgher Watch Square pelo fato de ali ter-se construído, em 1696, a primeira casa de guardas na manutenção da ordem pública e da segurança nas ruas à noite.

No local levantou-se, em 1761, o Old Town House, a casa do Conselho e o centro cívico da cidade. Abrigando o senado e servindo a  assembléias e locall de encontros, tornou-se conhecido como Stadthuys Plein. Desde o início do século XIX, passou a ser chamado segundo o mercado que ali se realizava como Greenmarket Square. Entre 1840 e 1905, o edifício tornou-se o Cape Town City Hall.

O Metodismo na África do Sul e a igreja no Greenmarket Square

A diversidade estilística dos edifícios do Greenmarket Square sinaliza diferentes fases e correntes culturais que marcaram os processos históricos da Cidade do Cabo.

Cidade do Cabo. Foto A. A. Bispo 2018. Copyright

A leitura da linguagem visual da sua arquitetura oferece-se como ponto de partida para a análise de sentidos e suas transformações. Entre os seus edifícios, destaca-se a igreja metodista, construída em 1871, que, embora com entrada lateral, domina a configuração arquitetônica do espaço e representa, na sua linguagem, neo-gótica, um dos mais significados exemplos da recepção do Gothic Revivalist style em regiões extra-européias no século XIX.

O Metodismo foi introduzido na África do Sul através de soldados britânicos que serviram na colonia do Cabo. Os primeiros encontros e serviços tiveram lugar em espaços adaptados, entre êles em andar superior de estalagem na Plein Street e em depósito de vinho em desuso na Barrack Street.

Em 1822, fundou-se uma igreja e uma casa de missão e escola na Barrack Street. Principal motor do metodismo foi Barnabas Shaw, vindo em 1816 ao Cabo, sendo considerado como fundador do Metodismo Sul-Africano.

Cidade do Cabo. Foto A. A. Bispo 2018. Copyright
Ali atuando junto a E. Edwards e T. Hodgson, teve o ponto alto dos seus esforços na edificação da Wesleyan Methodist Church na esquina das ruas Burg e Church em 1829, onde até hoje se encontra a Casa Metodista.

Thomas Hodgson, após ter estado na Inglaterra, retornou ao Cabo em 1836, dedicando-se à missionação de escravos e libertos que se mantinhas afastados e se sentiam excluídos da igreja. As reações causadas pelas suas pregações públicas levaram à necessidade de construção de uma igreja própria, para a qual passou a angariar fundos.

Cidade do Cabo. Foto A. A. Bispo 2018. Copyright
Comunidades metodistas nas suas relações com esferas sociais e grupos étnicos

Em 1837, inaugurou-se a igreja na Sidney Street, e que diferenciou-se da igreja na Burg Street por ser  predominantemente frequentada por pessoas de cor. 

A divisão racial marcou assim a história do Metodismo na cidade. A igreja da Sidney Street foi vendida em 1882 e, no ano seguinte, adquiriu-se como espaço maior um grande depósito de vinho na esquina das ruas Buitenkant e Albertus, local que tornou-se centro da
congregação Buitenkant Street Methodist Church.

A Wesleyan Church da Burg Street, representando a igreja dos europeus, constatando a necessidade de uma igreja de maiores dimensões e mais representativa, adquiriu em 1875 o terreno onde hoje se situa a igreja no Greenmarket Square.

O edifício foi levantado sob a direção do arquiteto Charles Freeman e da construtora TIC Ingelesby, sendo inaugurado em 1879.

A igreja, frequentada por personalidades de destaque da política e da cultura da cidade, tornou-se  conhecida para além dos limites urbanos pela quaiidade oratória de seus pregadores e pela música coral nela praticada. A partir de 1928, as pregações de Rev. Ernest
Titcomb passaram  a ser difundidas pela rádio, atingindo amplas parcelas populacionais da África do Sul.


Declínio da frequência à igreja em décadas do Apartheid

A história mais recente da igreja, porém, é marcada por um desenvolvimento de declínio quanto à assistência aos serviços religiosos, explicável em parte pelos desenvolvimentos políticos das décadas marcadas pelo Apartheid e pelo movimento de sua superação, atingindo uma situação crítica nos anos de 1980.

A Buitenkant Street Methodist Church serviu aos moradores do District Six até que este foi declarado como área do grupo branco em 1966, o que obrigou à mudança de muitos de seus habitantes.

Esse deslocamento levou à intensificação da resistência ao Apartheid. Os fiéis continuaram a frequentar a igreja, ainda que agora morando à distância, mantendo assim uma congregação em número razoável até o fim da década de 1980. Durante as turbulências políticas, a igreja abrigou famílias de detentos e de vítimas de perseguições policiais. A igreja manteve o seu trabalho assistencial, sobretudo através do Stepping Stones Children‘s Centre, fundado em 1976 para crianças de trabalhadores e tornou-se local de encontros anti-apartheid.

A divisão dos metodistas segundo critérios raciais manteve-se até 1988, quando as duas congregações foram unidas na Central Methodist Mission, reunindo-se também aqueles da anterior igreja de pessoas de cor na igreja da Greenmarket Square. A igreja da rua Buitenkant passou a ser usada para outros projetos, como o Ons Plek Shelter para meninas de rua, Steppiung Stones Children‘s Centre o o District Six Museum.

Ambas as igrejas passaram a ser locais para eventos político-culturais de protestos e reinvidicações sociais. Na década de 1990, ali pronunciaram-se líderes políticos. Nas últimas décadas, a igreja abrigou o início da campanha de Gun Free South Africa. Nela teve lugar, em 2000, o World Methodist Council Peace Award Ceremony para Nelson Mandela.

A Good Hope Metropolitan Community Church (GHMCC)

Na igreja da Greenmarket Square tem o seu centro a Good Hope Metropolitan Community Church (GHMCC), entidade afiliada à Universal Fellowship of Metropolitan Community Churches (UFMCC).

A GHMCC remonta a um grupo de cristãos homosexuais que, em 1983, criaram a Gay Christian Community na procura de uma comunidade que os amparassem espiritual e emocionalmente, uma vez  que se sentiam menosprezados nas suas respectivas igrejas.

Dificuldades surgidas no contato com igrejas de outras denominações levaram a que se estabelecesse a igreja como afiliada à UFMCC, organização teto de uma rêde de igrejas livres protestantes.

Esta organização surgiu em 1968 a partir de uma pequena comunidade do pastor Troy Perry em Los Angeles, tendo o seu centro principal em West Hollywood, CA. O escopo primordial foi ampliado sucessivamente a outras minorias.

O conceito condutor das atividades é o da inclusão. A comunidade, embora não reconhecida pelo National Council of Churches of Christ nos Estados Unidos, tem o status de observadora no Conselho Mundial das Igrejas.

Música na GHMCC em relações com os EUA - Maryvale High School, Arizona

A igreja da GHMCC da cidade do Cabo exerce também a função de centro musical de projeção internacional a serviço de seus objetivos.

Um exemplo dessas atividades de difusão através da música foi o recital do conjunto de violões de James W. Yancey, um programa de interesse também sob o aspecto do cultivo de música brasileira.

Com formação no Luther College em Decorah, USA, Yancey surge como um educador musical dedicado à performance vocal e ao manegement de música.

Com um master em música e regência coral no New Mexico State University, e doutorado na Arizona State University na área da Educação Musical, leciona canto coral e violão a ca. de 245 estudantes na Maryvale High School em Phonix, Arizona.

Foi também diretor musical na Velda Rose United Methodist Church em Mesa, AZ. É diretor musical nessa igreja como organista assistente e regente coral. No estado de Arizona, desenvolveu um amplo movimento coral juveniel.



De ciclo de estudos sob a direção de

Antonio Alexandre Bispo


Indicação bibliográfica para citações e referências:
Bispo, A.A. „ Transforming ourselves as we transform the world. A cidade „arco-iris“ - dimensões espirituais da superação de separações de grupos populacionais. A celebração da diversidade em unidade de uma comunidade inclusiva da Cidade do Cabo“
. Revista Brasil-Europa: Correspondência Euro-Brasileira 172/3(2018:3).http://revista.brasil-europa.eu/173/Metropolitan_Community_Church.html


Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira

© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1998 e anos seguintes © 2017 by ISMPS e.V.
ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501


Academia Brasil-Europa
Organização de Estudos de Processos Culturais em Relações Internacionais (ND 1968)
Instituto de Estudos da Cultura Musical do Espaço de Língua Portuguesa (ISMPS 1985)
reconhecido de utilidade pública na República Federal da Alemanha

Editor: Professor Dr. A.A. Bispo, Universität zu Köln
Direção gerencial: Dr. H. Hülskath, Akademisches Lehrkrankenhaus Bergisch-Gladbach
Corpo administrativo: V. Dreyer, P. Dreyer, M. Hafner, K. Jetz, Th. Nebois, L. Müller,
N. Carvalho, S. Hahne