O movimento M.U.S.E.U.M.
ed. A.A.Bispo

Revista

BRASIL-EUROPA 174

Correspondência Euro-Brasileira©

 
Museu do Folclore, Malta. Foto A.A. Bispo 2018. Copyright


Museu do Folclore, Malta. Foto A.A. Bispo 2018. Copyright

Museu do Folclore, Malta. Foto A.A. Bispo 2018. Copyright


Museu do Folclore, Malta. Foto A.A. Bispo 2018. Copyright


Museu do Folclore, Malta. Foto A.A. Bispo 2018. Copyright


Museu do Folclore, Malta. Foto A.A. Bispo 2018. Copyright

Museu do Folclore, Malta. Foto A.A. Bispo 2018. Copyright

Museu do Folclore, Malta. Foto A.A. Bispo 2018. Copyright


Fotos A.A.Bispo 2018©Arquivo A.B.E.

 


N° 174/5 (2018:4)




Revitalização de tradições
como resultado de ações catequéticas
à época da Restauração Católica dos séculos XIX e XX:
o movimento M.U.S.E.U.M de S. Georg Preca (1880-1962)
Presépio - tradicionalismo e sentimentalidade: o papel das miniaturas


Indoutrinações e tradições populares - Malta e Brasil II

Museu de Folclore no Palácio do Inquisidor, Vittoriosa. Pela celebração de La Valletta como „Capital Européia da Cultura“


 
Museu do Folclore, Malta. Foto A.A. Bispo 2018. Copyright

Entre os temas considerados na visita ao museu de Folclore/Etnografia instalado no Palácio do Inquisitor de Malta, em Vitoriosa, em julho de 2018 (Veja) salientou-se aqueles voltados ao papel de ações dirigidas no âmbito de intuitos e movimentos missionários, catequéticos ou pastorais na configuração de tradições populares em diferentes épocas da história.

Em vários contextos e regiões do globo vem-se tratando, no âmbito dos estudos euro-brasileiros, das interações entre a história do cultivo e prática de tradições populares e a história missiológica nos seus múltiplos aspectos e contextualizações.

A consideração dessas implicações e consequências de atividades missionárias volta-se tanto a missões internas em comunidades já cristãs no sentido de auto-reforma ou de contra-reforma recatolizadora, como àquelas de cristianização de sociedades não-cristãs.

Ímpetos e iniciativas de natureza missionária são de relevante significado para o estudo de mudanças culturais, de processos por eles desencadeados e de expressões deles resultantes. Esse reconhecimento tem amplas consequências para o estudo, a compreensão e a interpretação de práticas tradicionais ainda vivas no presente e para a discussão teórica de áreas disciplinares.

Se o papel de missionários na cristianização de povos não-cristãos em regiões extra-européias - como entre os indígenas do Brasil - tem sido há muito considerado e tratado em muitos estudos, constata-se a necessidade de estudos mais diferenciados da ação de religiosos na configuração de práticas de comunidades cristãs em diferentes épocas da história.

Fatos culturais transmitidos pela tradição e hoje aptos a serem estudados em áreas que se compreendem como sendo de pesquisa empírica necessitam ser analisados como expressões de ações dirigidas do passado e, assim, sob o aspecto do estudo de processos históricos.

Desenvolvimento das reflexões: elos entre estudos missiológicos e culturais

Uma das principais preocupações da seção etnomusicológica de instituto internacional da organização pontifícia de música sacra (Colonia/Maria Laach, Roma) -  de 1977 a 2002 sob a responsabilidade do editor - , foi a de analisar e discutir concepções e práticas eclesiásticas concernentes a tradições populares no âmbito do movimento de renovação/restauração católicas do século XIX e XX nas décadas pré-conciliares e sua influência em iniciativas de cultivo, difusão, e estudo de fatos que são objeto de estudos de áreas como a do Folclore (Volkskunde) e a da Etnologia.

Significativamente, vários estudiosos dessa área, não só no Brasil, foram religiosos, marcando a pesquisa com as suas visões, interpretações e seus anelos. Sobretudo o emprêgo de expressões tradicionais populares em atividades de missão interna, catequéticas ou pastorais de comunidades determinou em vários contextos a recuperação, a permanência e a difusão de danças, de música e de encenações.

Se por um lado os religiosos, na sua formação, foram marcados por tendências do séculio XIX de revalorização de tradições - o século de interesses pela história e pelo folk-lore - atuaram por sua vez, com os seus estudos e seu empenhos práticos, na própria área de estudos e na defesa e promoção de expressões populares.

Essas interações inseriram-se em processos político-culturais, em particular aqueles marcados pelo nacionalismo do século XX. É significativo que em diferentes contextos, em particular naquelas de países nacionais autoritários das décadas de 1930 e 1940, música, instrumentos e dança e outras expressões tradicionais populares foram não apenas intensamente empregados na ação religiosa como também instrumentalizados a serviço da propaganda nacional.

A análise dessas relações impõs-se não apenas sob a perspectiva do movimento renovador como também como exigência para a revisão teórica dos estudos culturais. As preocupações quanto a reformulações e reorientações teóricas na área do Folclore dos anos de 1960 e 1970 relacionaram-se em muitos casos, direta ou indiretamente com aquelas do movimento de renovação católica pós-conciliar.

Dessas relações decorreram paradoxias e ambivalências que tiveram consequência tanto para os intentos pragmáticos católicos como para a própria ciência. Como religiosos influentes nos estudos e na pesquisa tinham recebido formação e mesmo atuado através de pesquisas e publicações nas décadas anteriores, registrou-se em muitos casos uma permanência e mesmo revitalização de posições e concepções de décadas marcadas político-culturalmente pelo nacionalismo, ainda que agora sob novo signo.

Por outro lado, danças, música e outras expressões empregadas e mesmo estilizadas através da ação pastoral e missionária de décadas anteriores continuaram a ser vistas por pesquisadores sem a necessária consideração de procedimentos de „folclore aplicado“ no âmbito religioso do passado.

Significado para os estudos de contextos portugueses e brasileiros

Essa complexa situação fêz-se sentir de forma particularmente intensa nos estudos culturais de países e contextos mais marcados pelo Catolicismo, em especial da esfera de língua e cultura portuguesa. Sobretudo em círculos da imigração portuguesa em países europeus, da América e de outras regiões do globo constatava-se o significado do folclore nas atividades comunitárias e, nele, o fomento e o cultivo de danças, música e outras expressões culturais estilizadas em geral no século XX.

Essa problemática marcou a época da fundação do Instituto de Estudos da Cultura Musical do Espaço de Língua Portuguesa (ISMPS), em 1985, sobretudo também pelo fato do seu Vice-Presidente, o musicólogo açoriano Pe. Dr. Armindo Borges, ter-se empenhado no passado de forma intensa pela promoção de tradições populares. (Veja)

Em grandes eventos de Folclore organizados em Colonia pela Missão Católica Portuguesa, e nos quais participaram grupos de vários países europeus e milhares de imigrantes e seus descendentes, constatou-se o significado de danças, músicas, trajes típicos e encenações da vida laborial e camponesa para a identidade de portugueses na imigração, não só na Europa como também em outras partes do mundo, em particular no Canadá e nos EUA. (Veja

O risco de projeção indevida de folclore estilizado nos séculos XIX  e XX ao passado mais remoto, em particular à época dos Descobrimentos, foi um dos temas discutidos em simpósio internacional levado a efeito com a participação de vários pesquisadores brasileiros na Alemanha, em 1989. (Veja)

Esse risco de projeção anacrônica do posterior ao anterior, ou seja de expressões culturas configuradas segundo práticas e intentos pastorais da primeira metade do século XX aos séculos das descobertas, marcando a consciência e a visão histórica de comunidades, foi considerado em diferentes contextos, salientando-se os de comunidades de Toronto e de Malaca (Veja).

Malta e os problemas de religiosos voltados aos estudos culturais

Nessa discussão, Malta não poderia deixar de ter desempenhado importante papel. Como poucos outros países, constata-se nas ilhas maltesas um extraordinário significado de expressões culturais tradicionais religiosas, do pensamento e de iniciativas eclesiásticas no cultivo e na pesquisa.

Em encontros realizados em La Valletta na década de 1980 (Veja), assim como em diferentes ocasiões em Roma e na Alemanha, considerou-se a problemática com religiosos malteses que se dedicam a estudos de tradições populares.

Nessas ocasiões, tratou-se várias vezes do significado do movimento de George Preca - Don Gorg - na vida religiosa-cultural maltesa do período anterior ao Concílio Vaticano II, iniciado no ano que se seguiu àquele de seu falecimento, e de suas irradiações nas décadas que se seguiram.

George Preca: personalidade na história de elos entre doutrinação e cultura

Museu do Folclore, Malta. Foto A.A. Bispo 2018. Copyright
Na visita ao Museu de Folclore no palácio do inquisidor de Malta, retomou-se, em 2018, a consideração dessa personalidade das vida religiosa e cultural maltesa, beatificado pelo Papa João Paulo II em 2001 e santificado pelo Papa Bento XVI, em 2007, à luz de questionamentos motivos pela celebração da „Capital Européia da Cultura 2018“.

Nascido em La Valetta em família de comerciante de posses, a sua época de vida foi a de Malta do período colonial britânico, marcada por movimento de independência que levariam apenas em 1964 à autonomia, ou seja, após a sua morte.

A situação privilegiada de sua família correspondia ao desenvolvimento econômico da ilha, que favorecia porém apenas determinados círculos da sociedade, enquanto que grande parte da população permanecia em grande pobreza.

Nascido e formado em sociedade profundamente católica, na qual agiam várias sociedades de auxílio aos pobres, atuou desde cedo como ministrante e como ajudante de catequese.

Desde 1888 em Hamrun, no sul de povoado portuário de La Valetta, foi confrontado com a população mais pobre da ilha. O seu fervor religioso foi intensificado por experiência existencial que fazia com que esperasse morte prematura, assim como por uma espiritualidade de cunho místico na tradição carmelita, tendo recebido o escapulário de Nossa Senhora do Carmo.

Na sua situação existencial, as suas concepções foram marcadas pela leitura de obra sobre a preparação à morte de Alfonso-Maria de Liguori (1696-1787). Jorge Preca pode ser visto na tradição do fundador desse teólogo, missionário e bispo napolitano, fundador a Congregação dos Redentoristas (1731/1732) e, mais a longe, naquela do Oratório.

Assim como Liguori e os Redentoristas, a sua atenção foi dirigida sobretudo aos homens mais simples do povo, aos pobres e camponeses. Ao lado de sua devoção mariana, Preca venerava sobretudo S. José, a quem atribuia auxílio na superação da sua doença.

Dedicação ao ensino - catequese católica em época de soberania anglicana

A sua formação teológica obteve Jorge Preca no Seminário de Malta. Segundo a narrativa hagiográfica, o seu mentor a êle surgiu após a morte, anunciando que havia escolhido para ensinar o povo. Essa ação, que o distinguiria como catequista popular, iniciou.-se de modo informal junto a umn grupo de jovens de Hamrun.

O seu método era ganhar a confiança através de conversação amicável, passando de forma cuidadosa de assuntos coloquiais a reflexões sobre a Paixão. Uma de suas principais preocupações era o da purificação de corações, preparando os seus ouvintes a exercerem eles próprios ações evangelizadoras. Um de seus principais colaboradores foi Eugène Borg, por êle conquistado espiritualmente na juventude e que posteriormente seria o Superior Geral da sociedade por êle criada.

A sua vocação de vida foi por êle reconhecida como sendo a do ensino do povo. Foi sagrado sacerdote em 1906, época particularmente marcada pela restauração católica cujo marco foi o Motu Proprio de Pio X (1903). Como capelão da igreja de S. Caetano de Hamrun, passou a dedicar-se sobretudo ao trabalho com a juventude.

Constatando que nem sempre os catequistas possuiam sólida instrução, reconheceu a necessidade de promover um melhoramento de sua formação. Nesse trabalho, contou com o apoio de anglicanos convertidos ao Catolicismo que, justamente por serem conversos, empenhavam-se em questões doutrinárias, tornando-se por assim dizer „mais católicos“ do que os católicos tradicionais. Em parte foi essa onda de conversão resultado de atividades católicas de missionação em inglês entre os ingleses, entre outras através da publicação de uma revista de natureza apologética.

Dedicando-se ao ensino popular, Preca constatou que grande parte da população mais simples maltesa, embora católica, apenas o era por tradição, por convenção social, por costume, sendo pouco instruída em questões religiosas. Justamente comn o auxílio de protestantes anglicanos passou a traduzir a Bíblia à língua maltesa.

Museum - Societas Doctrinae Christianae. Catequese leiga e práticas populares

Há um episódio na história das atividades de Jorge Preca que merece particular atenção nos estudos de processos culturais: o da designação „museu“ para o movimento que desencadeou e que assumiu a forma de uma sociedade.

Atuando junto à juventude de camadas sociais mais simples por caminhos informais, despertando entusiasmo e estabelecendo laços de amizade, partiu de jovens trabalhadores a sugestão de que a sociedade que então se formava poderia ser designada como „museu“.

Com essa proposta, os jovens revelavam que viam nas narrativas de Jorge Presco uma espécie de museu, uma vez que revitalizava uma cultura então vista como pertencente ao passado. 

Essa sugestão revela o quanto os jovens de camadas laboriais maltesas da época colonial britânica, imersa em processo secularizador, já se encontravam distantes da religião, vendo-a como expressão de passado superado e de interesse antes museal.  

Esssa sugestão não podia ser bem aceita sem uma redefinição por parte de Jorge Preca como personalidade marcada pelo espírito da restauração católica.

Procurando não ofender os seus jovens seguidores, propôs assim uma outra compreensão do conceito de museu. Essa expressão deveria ser compreendida comoabreviatura da frase latina „Magister, utinam sequatur Evangelium universus mundus“ (Mestre, queira que todo o mundo siga o Evangelho), ou seja, não como museu, mas seim como m.u.s.e.u.m. A sociedade assim surgida em 1907 passou posteriormente a ser conhecidas como Sociedade da Doutrina Cristã (Societas Doctrinæ Christianæ M.U.S.E.U.M.; Society of Christian Doctrine).

Essa sociedade foi constituída por um grupo de jovens solteiros que podiam dedicar-se inteiramento ao apostolado. Eram preparados através de meditações sobre a morte em imitação de Cristo no sentido de aceitarem uma existência marcada por renúncias e sacrifícios. Já em 1910, Preca fundou uma seção feminina dessa sociedade de catequistas leigos e, em 1916, obteve permissão do episcopado de Malta. A sociedade foi aprovada canônicamente em 1932.

Presca adquiriu singular atualidade nas reflexões dos anos que se seguiram ao Concilio Vaticano II, uma vez que a sua sociedade surgia como uma antecedente do apostolado de leigos promovido pelo movimento de renovação (Apostolicum actuositatem). Neste sentido, Presca passou a ser visto como um „segundo apóstolo de Malta“, ilha cujo primeiro apóstolo foi S. Paulo.

M.U.S.E.U..M. e as tradições natalinas em Malta


Como tratado no Museu de Folclore em Vittoriosa, George Preca promoveu o culto natalino nas ilhas maltesas através da sua Sociedade da Doutrina Cristã.

O principal objetivo de seu empenho foi, segundo os estudiosos da instituição, o de fortalecer a fé cristã no mistério da Incarnação e difundir a alegria da mensagem de paz do Natal.

Significativamente, cada membro da sociedade iusava um atributo distintivo  com as palavras Verbum Dei Caro Factum Est.

Sentido educativo das práticas doutrinárias: o acento infantil das representações

Várias práticas foram criadas ou revitalizadas para o cumprimento dos intuitos educativos da organização. Entre elas, salientou-se a formação de cortejos de crianças que, levando cartazes iluminados e cantando carols, conduziam uma imagem do recém-nascido pelas ruas. As publicações conservadas no museu documentam o vasto repertório de cantos então praticados.


Assim, em parte como resultado do empenho de Presca, a tradição maltesa do presépio foi revitalizada no início do século XX.

Uma das principais tarefas  dos catequistas da Sociedade de Doutrina Cristã era o da preparação de presépios, assim como de figuras e efígies para serem distribuídas a crianças poucos dias antes do Natal.

Os preparativos tinham início muitos meses antes, contando com a ajuda de voluntários.

Com a intensificação da prática, o trabalho de preparação de presépios passsou a ser sistematizado, dedicando-se alguns à confecção, outros à pintura ou a retoques. Como salientado no museu, não se media esforços no sentido de que cada criança pudesse receber uma figura ou uma imagem do menino Jesus.

Revitalização da prática doméstica de presépios e tradicionalismo regional

Várias casas maltesas passaram a distinguir-se através de presépios domésticos montados entre a festa da Imaculada Conceição (8 de Dezembro) e a dos  Reis (6 de Janeiro). Muitos deles, como expostos no museu de Malta, permitem que se reconheça uma atenção pronunciada pela natureza e pelas tradições de Malta. O movimento doutrtinário de Presca revela-se neste sentido como estreitamente relacionado com tendências tradicionalistas e, em geral, com o interesse pelo folk-lore do século XIX, em particular na Inglaterra e na esfera colonial do Império Britânico.

Sem apresentar as características suntuosas de presépios do passado e de outras regiões, entre elas aqueles da Siiclia e de Nápoles que também se difundiram na América Latina (Veja), os presepios malteses promovidos no espírito de Preca destacam-se pela simplicidade e pelo uso de materiais como pedras rústicas, estopa ou papier-mâché. As representações correspondem à paisagem árida e rústica das ilhas com os seus terraços e vegetação esparsa, casas camponesas simples, moinhos de vento e arbustos substituindo árvores (sobretudo o thymus capitatus).

As figuras não se distinguem pela riqueza de trajes e pelo valor do material empregado, sendo feitas com massa, cera e pintadas a pastel.

Entre elas, destacam-se tipos populares malteses, camponeses com os seus costumes típicos e músicos com instrumentos como sanfona e gaita de foles. Essas representações adquirem neste sentido interesse documental para o estudo de tradições populares.

Continuidade: a Sociedade de Tradições Natalinas Maltesas e Austin Galea

O papel desempenhado pelos presépios no movimento de instrução religiosa e restauração católica relacionado com o empenho da sociedade M.U.S.E.U.M. teve repercussões amplas em processos culturais malteses.

Uma das principais expressões do entusiasmo pelos presépios em Malta pode ser vista na existência de uma sociedade dedicada a tradições natalinas maltesas, destacando-se entre os seus membros-fundadores o artesão Austin Galea.

Dedicando-se a colecionar presépios, grande parte da sua coleção foi colocada à disposição do serviço de patrimônio de Malta (Heritage Malta). Nela destacam-se 7 dioramas representando tradições locais. Não só presépios são objeto de sua atenção, mas também a vida familiar e, neste contexto, entre outros aspectos, também tradições alimentícias.

Como nas tradições de Semana Santa (Veja), também nas natalinas maltesas miniaturas desempenham um importante papel.

Essas caracteristicas miniaturísticas de práticas religiosas a serviço da propaganda religiosa e doutrinária revelam inserções do movimento em correntes de pensamento e de criação marcadas por uma literatura de ilustração popular e representações sentimentais do século XIX e início do XX.

As reflexões encetadas no âmbito dos estudos euro-brasileiros levados a efeito em Malta emm 2018 conduziram a atenção às implicações questionáveis do sentimentalismo miniaturístico no contexto das interações entre intuitos doutrinários e aqueles de revitalização de tradições.

Essas reflexões trouxeram também mais uma vez à consciência a necessidade de considerar-se, nos estudos empíricos de expressões culturais transmitidas pela tradição, a ação de empreendimentos de natureza doutrinária dirigidos no passado assim como a permanência subliminar de seus intuitos no presente.


De ciclo de estudos sob a direção de

Antonio Alexandre Bispo


Indicação bibliográfica para citações e referências:
Bispo, A.A. „ Revitalização de tradições como resultado de ações catequéticas à época da Restauração Católica dos séculos XIX e XX: o movimento M.U.S.E.U.M de S. Georg Preca (1880-1962). Presépio - tradicionalismo e sentimentalidade: o papel das miniaturas“
. Revista Brasil-Europa: Correspondência Euro-Brasileira 174/5(2018:4).http://revista.brasil-europa.eu/174/Tradicoes_e_Catequese_Georg_Preca.html


Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira

© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1998 e anos seguintes © 2017 by ISMPS e.V.
ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501


Academia Brasil-Europa
Organização de Estudos de Processos Culturais em Relações Internacionais (ND 1968)
Instituto de Estudos da Cultura Musical do Espaço de Língua Portuguesa (ISMPS 1985)
reconhecido de utilidade pública na República Federal da Alemanha

Editor: Professor Dr. A.A. Bispo, Universität zu Köln
Direção gerencial: Dr. H. Hülskath, Akademisches Lehrkrankenhaus Bergisch-Gladbach
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