Comunicando através da linguagem artística
ed. A.A.Bispo

Revista

BRASIL-EUROPA 175

Correspondência Euro-Brasileira©

 
Galeria Costa. Foto A.A.Bispo 2018

Galeria Costa. Foto A.A.Bispo 2018

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Galeria Costa. Foto A.A.Bispo 2018

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Galeria Costa. Foto A.A.Bispo 2018

Galeria Costa. Foto A.A.Bispo 2018

Galeria Costa MiratecArts. Fotos A.A.Bispo 2018©Arquivo A.B.E.

 


N° 175/16 (2018:5)




„Não se trata apenas de receber o mundo, mas de fazer dos Açores o centro do mundo“

Do local ao global: a ilha do Pico como ponto de partida: o MiratecArts
comunicando através da linguagem artística
- liberdade criadora, processo cognitivo, intervenção social
e a abertura de perspectivas nos estudos culturais -

Visita à Galeria Costa, Mirateca/Candelária, ilha do Pico


 
Ilha do Pico. Foto A.A.Bispo 2018. Copyright

A importância dos Açores para os estudos de processos culturais que consideram prioritariamente relações entre a Europa e o Brasil é inquestionável sob diferentes aspectos, sendo os mais evidentes aqueles referentes à emigração/imigração/reimigração. (Veja)

Circunstâncias de focalizações nos estudos culturais e riscos de unilateralidade

Devido a esse significado da emigração açoriana, iniciativas quanto a temas focalizados e discutidos em colóquios e simpósios referentes aos Açores foram compreensivelmente sobretudo voltadas a desenvolvimentos passados e à análise de fundamentos culturais e de processos de situações assim criadas. A emigração da perspectiva dos Açores ou a imigração em paises que receberam imigrantes, como o Brasil, encontram-se no foco das atenções, menos considerando-se retornos e reimigrações.

O estudo de processos em contextos internacionais exige maior atenção não só a atividades em comunidades de migrantes e descendentes de açorioanos no Exterior, nas suas interferências nos países que o receberam e nas ilhas que deixaram, mas sim também daqueles que retornaram e trouxeram consigo visões e modos de pensar, de vida e procedimento marcados pela sua vivência, transmitindo tendências e dando impulsos a novos desenvolvimentos. Se no passado mais remoto maior atenção deveria ser dada ao contributo de retornados do Brasil, o já longo predomínio emigratório à América do Norte exige que se focalize sobretudo desenvolvimentos no Canadá e nios Estados Unidos, suas repercussões e os impulsos que fornecem.

A questão de um direcionamento passadista nos estudos culturais

A prevalência de enfoques voltados a migrações favoreceram até hoje aproximações de natureza histórica. A esse fato somou-se um interesse por tradições e pelo folclore, explicável pela procura de origem de expressões culturais transmitidas a regiões de imigração e colonização.

Por outro lado, a procura de fundamentos, o estudo da expansão religiosa e da história missionária nos diferentes séculos e sobretudo o quadro institucional dentro do qual os estudos relacionados com a esfera de língua portuguesa se inscreveram nas últimas décadas favoreceram um predomínio da temática religiosa, histórico-eclesiástica e de expressões festivas tradicionais do calendário religioso.

Favorecido por esse contexto institucional, e reconhecendo-se papel exercido por açorianos no movimento católico do século XIX e início do XX, passou-se a dar atenção a personalidades da Igreja que, em diferentes partes do mundo, se destacaram em desenvolvimentos de natureza católico-restauradora da época pré-conciliar.

Nesste sentido, procurou-se conhecer in loco, nos Açores,  contexto de formação de influentes agentes açorianos da ação eclesiástica e  missionária do passado anterior ao Concílio Vaticano II no mundo. Esse intento dirige a atenção singularmente o à ilha do Pico, em particular à freguesia Candelária, conselho da Madalena, local de nascimento, formação e atividades de destacados nomes da Igreja, que atuaram sobretudo no Oriente - Macau,Timor, Goa mas que também desempenharam importante papel em desenvolvimentos eclesiásticos em geral. Esss localidade e mesmo a ilha adquirem assim significado relevante no estudo da história global do movimento de expansão catóilico-restaurativo. (Veja)

Por diversas razões, registra-se assim um predomínio temático, de questionamentos e de visões dirigidos à história, ao passado, às tradições e a correntes de pensamento e de ação de cunho conservador e mesmo restaurativo.

Essa predominância temática é porém unilateral e causa desconforto, também pelas suas implicações político-culturais, uma vez que vem ao encontro de tendências passadistas, tradicionalistas, de extremo conservadorismo e mesmo reacionárias.

No debate atual, é sobretudo o interesse despertado pelo conceito de identidade e a problemática de uma compreensão essencialista de cultura que, embora compreensível em determinados contextos, evidencia riscos de vir ao encontro de movimentos de um espectro político-cultural marcado em vários países por nacionalismo, povismo, de crítica à globalização e ao multiculturalismo.

Abertura de perspectivas - correntes inovativas e criadoras atuais

Independentemente de posicionamentos político-culturais, é dever daquele que se dedica a estudos de processos culturais considerar de forma diferenciada desenvolvimentos do presente que apresentam outras características e direcionamentos, dirigindo a atenção àqueles que correspondem a correntes internacionais marcadas por visões amplas, ímpeto superador de estreitezas e espírito inovativo e criador.

Os Açores revelam-se neste sentido como uma região de extraordinária vitalidade cultural e que se inscreve numa das mais dinâmicas da atualidade. O seu significado ultrapassa de muito os limites insulares, inscreve-se em desenvolvimentos e correntes internacionais, a êles contribuindo, não ocupando apenas uma posição apenas marginal.

Sobretudo em era marcada pela mídia, pelas comunicações e pelas rêdes sociais, a insularidade no espaço geográfico não é impecilho a uma co-participação em espaço cultural, mental e emocional abrangente, ao compartilhar de ideais que dizem respeito ao Homem e à natureza, sendo assim necessariamente válidos em geral.

Impulsos do presente à reconsideração de visões e análises históricas

Galeria Costa. Foto A.A.Bispo 2018
Dirigir o olhar a iniciativas criadoras reveladoras de intuitos de abertura de perspectivas no presente contribui também para o perceber e valorizar correntes, personalidades e fatos da história que também foram marcados por procura de superação de confinamentos, de abertura de fronteiras em diferentes sentidos, por anelos e ideais de renovação e progressos.

A constatação da dinâmica cultural inovativa e criadora dos Açores no presente traz à consciência que também no passado conheceram as ilhas correntes e expressões na tradição humanista e do Esclarecimento, da procura de separação entre Igreja e Estado, da liberdade de manifestação, do anelo de contemporaneidade com tendências internacionais da criação e com empenhos de avanço de intelectuais, literatos, artistas e músicos.

Deve-se lembrar que do ponto de vista dos estudos relacionados com o Brasil, a atenção volta-se justamente ao papel dos Açores no movimento liberal do século XIX comoi lembrado no Museu Carlos Machado  de Ponta Delgada. (Veja)

Perante os desenvolvimentos político-culturais da atualidade marcados em muitos países por uma retomada de conceitos e intiuitos aparentemente há muito superados, impõe-se emprestar especial atenção a tendências do pensamento, iniciativas e movimentos que prometem inserir-se, apesar de toda a complexidade e diferenças, numa história de preocupações e conquistas do Homem voltadas à abertura esclarecedora de novos horizontes.

A ilha do Pico como centro de impulsos - do local ao global: MiratecArts

A vida cultural dos Açores impressiona em geral o observador externo com os seus muitos museus, exposições, concertos, publicações e pela atenção de organizações e órgãos governamentais a questões culturais, o que se revela em grande número de eventos. (Veja)

Há uma associação que não pode deixar de ser considerada na observação de tendências e iniciativas do presente pela sua orientação, seu dinamismo impulsionador e suas atuações: o MiratecArts na ilha do Pico. Ali atuante desde 2012, a associação foi reconhecida como de utilidade pública em janeiro de 2018.

Sediada entre a localidade de Mirateca e a freguesia de Candelária, encontra-se paradoxalmente em região marcada pela memória de personalidades da história eclesiástica e missionária de cunho restaurativo. Em ambos os casos, embora fundamentalmente contrastantes quanto a escopos e direcionamentos, poder-se-ia constatar um ímpeto de ação do „local ao global“.

Como endossado por Marta Guerreiro, Secretária Regional da Energia, Ambiente e Turismo do Govêrno dos Açores, foi sobretudo através das atividades de MiratecArts a partir da ilha do Pico que os Açores se tornaram desde 2012 um espaço aberto para a criatividade, criando pontes com a população e com o Exterior. Nesses últimos anos, ali promoveu-se a divulgação de mais de 1600 artistas, dos Açores e de 59 outros países.

Essa intensa atividade não teria porém apenas o objetivo primordial de trazer artistas de outras regiões e países aos Açores, mas teria um escopo muito mais amplo: „Não se trata apenas de receber o mundo, mas de fazer dos Açores o centro do mundo“, e isso a partir do Pico, a „ilha montanha“.

Comunicando através da linguagem artística - mudanças e processo cognitivo

Como expresso em caderno de programação de 2018, o MiratecArts tem como objetivo „realçar o indivíduo, a equipa e a produtividade organizacional da cultura artística“, compreendendo-se como em continua mudança. Partindo-se da acepção de que mudanças contribuem ao raciocínio cognitivo do ser humano, aquele que participa das atividades insere-se num processo de aprendizado.

A entidade desenvolve um grande número de projetos, entre atuando de forma de influente liderança em seis festivais públicos, além de vários outros a partir de propostas de artistas, entre eles  Montanha Pico Festival, Vivarte (artes em casas rurais), Azores Fringe Festival, Festival Cordas, Azores Birdwatching Arts Festival e o Anima PIX. Vários desses projetos tiveram o seu significado reconhecido por instituições e mencionados em publicações. MiratecArts recebeu o Prêmio Audiência Artes & Letras em 2015 e foi convidado para a rêde internacional Res Artis em 2018.

O intento de oferecer oportunidades para experimentações ou para apresentações mais avançadas ou ousadas na criação e nas execuções tem uma de suas maiores expressões no Azores Fringe Festival, um festival internacional de artes aberto a todas as tendências e que é realizado no mês de junho, abrangendo todo o arquipélago.  Nele, dá-se oportunidade para que artistas façam propostas de pesquisas e desenvolvimentos criativos ou de performance. O festival recebeu o prêmio World Fringe Recognition Award em 2017. A Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal, nomeou-o como o projeto que mais promove uma região.

A montanha que marca a história, o presente, a denominação e a imagem da ilha do Pico sob os mais diversos aspectos é celebrada em janeiro com o Montanha Pico Festival, um festival de cinema que inclui diferentes eventos voltados à „cultura montanhosa“, entre eles um Chá na Casa da Montanha do Pico.

En dezembro, a programação cultural é marcada pelo projeto Anima PIX. Concebido como um festival de animação, o projeto aceita propostas de filmes de animação para todas as idades, sendo levado nas escolas da ilha e em outras salas.

Orientação ambientalista - „Desenvolvimento de arte na natureza“

Merece particular atenção sob o aspecto dos estudos de relações Cultura/Natureza (Veja) a orientação ambientalista que se registra nas iniciativas artístico-culturais do MiratecArts. Essa preocupação já se reflete não só no uso de papel reciclado nas publicações da entidade, assim como a produção de „canecas MiratecArts“ de bambú. Salientados devem ser sobretudo os espaços compreendidos como galerias, sobretudo a Galeria Costa, mas também a Casa das Tisanas em São Roque do Pico, e, na cidade de Madalena, o Atlântico Teahouse e a MiratecArts Foto Galeria.


No âmbito da viagem aos Açores promovida pela A.B.E. e pelo I.S.M.P.S. em 2018, visitou-se a Galeria Costa, uma singular galeria, uma vez que se trata de  uma área livre em terreno rural, nas quais se encontram instalações.
Dificilmente distinguível da estrada que liga Madalena, Freguesia da Candelária e a localidade de Mirateca, aquele que entra no sítio inscreve-se
numa área de experimentação.

Ao percorrer a área, é confrontado com grande número de instalações, algumas delas revelando-se apenas através de uma observação mais atenta do meio envolvente, entre elas aquelas designadas como Floresta Musical, Magia da Montanha, Telhado da Diversidade, Sentar dos sonhos, Diopia Pessoal, Cemitério de Recordações e A Quinta.

Um dos projetos ali expostos é Sorrisos de Pedra de
Helena Amaral e que corresponde a um momento de um „roteiro dos sorrisos de pedra“ através da ilha. A concepção parte do ato do sorrir na comunicação de sentimentos, manifestando o grande potencial que representa o sorriso no rosto do ser humano.

Aliando a instalação artística à intervenção social 

O intento de aliar a instalação artística à intervenção
social com o sentido de construção de uma sociedade mais igualitária e justa manifesta-se de forma exemplar na instalação E ela não voltou.

Essa instalação foi criada por Maria Simões e Joana Furtado no contexto da 4a.  Acção Internacional da Marcha Mundial das Mulheres nos Açores. Integrando-se nas 24 horas de solidariedade feminista que a 24 de Abril de 2015 foi instalada nas Portas da Cidade em Ponta Delgada e levada a outras cidades, entre elas ao Porto, a Lisboa e a Castelo de Vide.

Nessa instalação, peças de roupa vermelha simbolizam cada uma das mulheres mortas em Portugal como resultado de atos de violência. Para cada mulher encontra-se pendurada uma peça de roupa. Em cada peça de roupa pode-se ver o documento de identidade relativos aos crimes praticados em 20 mulheres em 2017. Com o nome de Maria escolhido para todas as mulheres, apresentam-se dados sobre a idade, a arma, o local e o parentesco do autor do crime. Seria o  vento que se encarregaria de fazer voar as palavras àqueles que passam.


A música  e as atividades de MiratecArts - o Cordas World Music Festival

Sob o ponto de vista dos estudos voltados ao papel da música em processsos culturais - como é escopo do ISMPS (Institut für Studien der Musikkultur des portugiesischen Sprachraumes e.V.), as atuações do MiratecArts merecem particular consideração. Entre êles, salienta-se o Cordas World Music Festival, um evento que tem lugar na Madalena em setembro, uma época do início do ano escolar, assim como de vindimas e correspondentes festividades e folguedos.

Madalena, importante centro cultural, possui uma Casa de Música que é concebida como espaço aberto a quem quer receber ou compartilhar conhecimentos musicais, em particular aqueles voltados a instrumentos de corda.

O festival abrange uma semana de eventos com apresentações de executantes de instrumentos de corda como solistas, duos ou conjuntos maiores, incluindo também reflexões sobre esses instrumentos. Vários são os instrumentistas e grupos que se destacam neste sentido, entre êles o Grupo de Cordas Ilha Negra, Fado Ilhéu, Grupo de Violas e Grupo de Chamarrita.

Em 2018, a terceira edição do Cordas World Music Festival foi aberta com um duo musical Half Step Down (voz, violão e bandolim). Nesse concerto inaugural, o público foi transportado às Canárias através de execuções do timple por Germán López e Beselch Rodrigues, sendo estes acompanhados pelo guitarrista Marco del Castillo.

Uma menção especial na programação da terceira edição do festival foi a apresentação da rabeca com um repertório brasileiro nas suas interações com a música ibérica por Carolina Umbelino no Museu do Vinho no dia 13 de outubro.  

No dia 14, no mesmo museu, tematizou-se a „música do Atlântico“ em concerto de João da Ilha com várias guitarras. Na Galeria A Brasa, apresentou-se um texto de Rafael Carvalho, assim como fotografias de José Feliciano, ocasião em que foi lançado um CD com música de „viola da terra“.

O significado do Festival Cordas vem sendo reconhecido através de premios e nomeações, tendo sido incluído na lista do Iberian Festival Awards de 2017 como Best Small Festival, Best Line-Up, Best Touristic Promotion; também foi nomeado para Best Newcomer Transglobal World Music Chart Festival Awards em 2018.

A construção de pontes entre os arquipélagos do Cabo Verde e dos Açores teve um de seus marcos no Atlantic Music Week realizado em abril de 2018.

Do Canadá aos Açores - um „artist of artists“: Terry Costa

O MiratecArts remonta à Mirateca Arts fundada por Terry Costa em Vancouver, Canadá. Os projetos nos Açores refletem uma concepção condutora do seu fundador e que consiste no promover desenvolvimentos desde a sua origem à produção e à sua ampliação, partindo do local e ampliando-se ao nacional e ao global.

Uma consideração dos dados conhecidos da sua biografia permite compreender os pressupostos da orientação e dos empreendimentos do MiratecArtes nos Açores e traz à luz o significado desse movimento também so o aspecto de relações e interações culturais entre o Canadá e o arquipélago.

Nascido emm Oakville, Canadá, teve a sua formação no Pico  - Externato da Madalena - e no Canada - Loyola Secondary School, Oakville, alcançando o Acting Diploma do Sheridan College e, em 1999, o Honours B.A. em Theatre and Drama Studies da  Universidade de Toronto. Entre outros certificados, obteve o Community Building and Strengthening for Ethnocultural Groups Certificate, Canadian Ethnocultural Council/AMSSA (2005)

Em Vancouver, atuou no UNI Theatre (1997-2001)e como Managing Artistic Director of AQT Vancouver (2002-2006). Fundou o Gastown performance art gallery Spaces, o Looking Forward, Looking Black Festival e o Portuguese Heritage Month Festival em Vancouver (2004-2011). Foi Conselheiro de comissão para a língua, educação e cultura de Portugal (2008-2015).

A sua biografia registra a produção e direção de grande número de eventos no Canadá e em outros países. Entre êles, criou espetáculos multidisciplinares centrados na música como An Evening of Fado (2005), Latin Vox (2007) e Circus Musicale. Em 2008, produziu Celebrating Black History in Conversation and Music no Vancouver East Cultural Centre (The Cultch) e, entre outros, desenvolveu a série de shows de piano-canto Kabaret Season para o Vancouver's Alpen Club. A sua intensa atuação na esfera musical incluiu cooperações com grande número de músicos canadenses e apresentações de artistas internacionais que realizaram viagens de concertos pelo Canadá, muitos deles de países de língua portuguesa.

Para teatro, criou várias obras, entre elas 69 Moments of Life, Madonna in my Mind, Go Tell It on The Mountain, Peace - No Fear!, Stories Grandma Never Told Me, discovery@erotic, Phaedra’s Dreams e Inception in Extremis.

No diversificado e intenso espectro de suas atividades, registram-se também produções para televisão, workshops, palestras em encontros, entre êles no Portuguese-Canadian National Congress em Winnipeg, Victoria, London, Montreal.


„Educar, libertar e celebrar“ - Da comunidade gay do Canadá ao LGBT Pride Azores

Uma particular atenção na consideração de processos culturais em relações internacionais deve ser emprestada ao papel desempenhado por Terry Costa sob a perspectiva dos gay studies tanto no Canadá como nos Açores.

Os dados conhecidos da sua biografia indicam uma intensa atuação na comunidade LGBT do Canadá, entre outros com o programa de televisão Mr Gay Canada (2009).

Transferindo-se para os Açores, passou a destacar-se como ativista na promoção - de forma sob vários aspectos pioneira - de atividades voltadas à população LGBT sobretudo através da associação Pride Azores e do Festival Pride Azores. Fundada em dezembro de 2011, a associação, com o lema de educar, libertar e celebrar, recebeu o prêmio de Projecto inovador daquele ano. Entre os objetivos da associação, destaca-se aquele do apoio e integração social de pessoas da comunidade através de programas educativos, sociais e culturais.

Uma noção das tensões e da dinâmica transformatória de mentalidades impulsionada por esse ativismo oferece um esclarecimento do Presidente da Câmara Municipal de Lajes do Pico publicado no semanário O Dever  (Roberto Manuel Medeiros da Silva, „Esclarecimento, Mail à MiratecArts“, número 5026, 6 de setembro de 2018, pág.5).

Nele, o seu autor procura justificar-se por ter empregado uma expressão depreciativa da gíria popular em email enviado ao líder de MiratecArts e que tinha levado a protestos como sendo ato discriminatório e ofensivo, de falha aos Direitos Humanos e constitucionais. O uso que havia feito do vocábulo teria sido um „espontâneo e repentino desabafo de desagrado“ por uma sittuação criada pela MiratecArts em 2017 e na qual a associação teria anulado uma parceria com o municipício na realização do evento Azores Birdwatching Arts Festival. O autor faz questão de salientar que o vocábulo da gíria fora escrito sem intenção que configurasse juízo de valor ou de crítica a orientações de vida, ainda que o teor do seu esclarecimento sejam reveladores: „Em vez do termo empregue, poderiam, por mera hipótese e em geral, ter sido expresssas palavras distintas, como  (...) ‚Artista‘, que definissem comportamentos e atitudes de relacionamento, mas nunca a intenção de discriminar alguém (....)“. (loc.cit.) 



De ciclo de estudos sob a direção de
Antonio Alexandre Bispo


Indicação bibliográfica para citações e referências:
Bispo, A.A. „Do local ao global: a ilha do Pico como ponto de partida. O MiratecArts - comunicando através da linguagem artística- liberdade criadora, processo cognitivo, intervenção social e a abertura de perspectivas nos estudos culturais“
. Revista Brasil-Europa: Correspondência Euro-Brasileira 175/16 (2018:5).http://revista.brasil-europa.eu/175/Ilha_do_Pico_MiratecArts.html


Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira

© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1998 e anos seguintes © 2017 by ISMPS e.V.
ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501


Academia Brasil-Europa
Organização de Estudos de Processos Culturais em Relações Internacionais (ND 1968)
Instituto de Estudos da Cultura Musical do Espaço de Língua Portuguesa (ISMPS 1985)
reconhecido de utilidade pública na República Federal da Alemanha

Editor: Professor Dr. A.A. Bispo, Universität zu Köln
Direção gerencial: Dr. H. Hülskath, Akademisches Lehrkrankenhaus Bergisch-Gladbach
Corpo administrativo: V. Dreyer, P. Dreyer, M. Hafner, K. Jetz, Th. Nebois, L. Müller,
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