Doc. N° 2032
Direção: Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath e Curadoria Científica © 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1999 by ISMPS e.V. © 2006 nova série by ISMPS e.V. Todos os direitos reservados - ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501
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Estudos da mídia nas relações culturais transatlânticas e interamericanas: dança de edifícios - arquitetura e metáfora Reflexões no Porto da Mídia, Düsseldorf/Alemanha
Em sessão realizada no dia 12 de abril de 2005, na cidade de Düsseldorf, Alemanha, a Academia Brasil-Europa procurou desenvolver reflexões concernentes às relações entre Estudos Culturais e a Ciência da Mídia no âmbito do projeto de estudos transatlânticos. Nesse projeto, procura-se ampliar o estudo das relações culturais transatlânticas com a consideração de processos interamericanos e, vice-versa, do interamericanismo com os estudos transatlânticos. Nas sessões realizadas anteriormente nos EUA e no Caribe, levantou-se a questão do papel da mídia nos processos culturais transatlânticos e interamericanos e, ao mesmo tempo, a ação desses processos nos meios de comunicação e na sua ação globalizante. Salientou-se a necessidade da consideração conjunta das duas áreas de estudos, apesar das diferenciações conceituais e pragmáticas. Por outro lado, relacionando-se os processos culturais transatlânticos e interamericanos com a expansão urbana européia para além das fronteiras continentais a partir dos Descobrimentos e com a vigência ainda hoje de mecanismos de apropriação de espaços no interior do continente americano, mostrou-se o vínculo do projeto Transatlântico com os demais programas da A.B.E., em particular com aquele dedicado à Poética da Urbanidade. Para a discussão desse complexo conjunto de questões escolheu-se significativamente o Porto da Mídia (Medienhafen) ou Centro da Mídia, na cidade de Düsseldorf. Entendendo-se como milha dos criativos e como um conjunto de edifícios destinado ao fomento da criatividade, pareceu ser o lugar adequado para a motivação do debate.
A história da refuncionalização urbanística da região foi tratada brevemente. Recordou-se a procura de novas áreas para edificações e para a extensão do centro urbano de Düsseldorf em fins dos anos oitenta. Com a construção de um túnel para a estrada marginal do Reno, criou-se a possibilidade de unir a área ao centro da cidade. Os primeiros edifícios, construídos no início dos anos 90, foram brevemente considerados (Ingenhofen, Cinema, Centro de Mídia, Focus). As atenções, porém, foram dirigidas sobretudo às construções do renomado arquiteto Gehry, o Neue Zollhof, edificadas justamente na área limítrofe à antiga estrutura urbana. Os três prédios atuais substituem a antiga alfândega, construída em fins do século XIX.
A iniciativa privada desempenhou papel importante no intento de dar à cidade obras representativas da arquitetura contemporânea. Através de projeção de diapositivos, o iniciador demonstrou aos políticos a função identificadora de edifícios para as metrópoles tais como se observa Sidney e New York. Em concurso realiizado em 1989, saiu como vencedora a arquiteta iraquiana-inglêsa Zaha Hadid. O seu projeto, porém, não sendo realizado por razões econômicas, deu margens a que se contratasse diretamente Frank O. Gehry. Seguindo mecanismos criativos seguidos por vários arquitetos, Gehry partiu não de idéias pré-concebidas, mas sim da percepção direta através da manipulação de modêlos e posteriormente da construção de uma maquete no seu atelier em Los Angeles. Assim, recriou-se todo um contexto do outro lado do Atlântico, alí se desenvolvendo também análises de vínculos urbanos e decisões que levaram à construção de três corpos.
O conjunto dos três edifícios é considerado como obra de arte de projeção internacional. Trata-se, de um lado, de um prédio vermelho e que estabelece um elo com o porto. De outro lado, tem-se um edifício branco. Ambos se refletem no edifício intermediário, de metal. Nesse jogo de movimentos de linhas e de reflexões os três edifícios constituem uma unidade. A obra, geralmente denominada de Torres de Escritórios Dançantes, leva a considerações a respeito das relações entre Arquitetura, Música e Dança.
As reflexões deram continuidade àquelas encetadas em New York, no âmbito do projeto The Gates (veja a edição dessa revista N° 93)
Observação: o texto aqui publicado oferece apenas um relato suscinto de trabalhos. Não tendo o cunho de estudo ou ensaio, não inclui notas e citações bibliográficas. O seu escopo deve ser considerado no contexto geral deste número da revista. Pede-se ao leitor que se oriente segundo o índice desta edição (acesso acima).