Doc. N° 2071
Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria científica © 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1999 by ISMPS e.V. © 2006 nova série by ISMPS e.V. Todos os direitos reservados - ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501
99 - 2006/1
O espaço como matéria - experiência espacial auditiva Concepções de compositores relacionadas com a arquitetura e reflexões relativas ao complexo Cultura/Natureza/Música Sessões de estudo
No âmbito das sessões destinadas à discussão do complexo temático "Música na Teoria da Arquitetura", realizado em seminário da Universidade de Colonia com a colaboração da Academia Brasil-Europa, considerou-se com particular atenção questões e obras relativas ao Brasil e à Alemanha, uma vez que em ambos os países a arquitetura e a música assumem importância relevante no contexto cultural global. O debate pode basear-se em textos já discutidos em eventos anteriores, em particular no colóquio internacional "Poética da Urbanidade". Nesta oportunidade, deu-se especial atenção às concepções e obras de arquitetos e compositores de relevância para o projeto Cultura/Natureza/Música da Academia Brasil-Europa. Neste relato menciona-se apenas Robert HP Platz, cujas concepções foram objeto de particular atenção. Nascido em Baden-Baden, em 1951 e tendo estudado com Wolfgang Fortner, Karlheinz Stockhausen e Francis Travis, Robert HP Platz possui hoje renome internacional, tendo recebido vários prêmios de organizações de vários países, entre eles da Fundação Rockefeller e da Fundação Japão. Suas obras foram apresentadas em vários concertos e festivais de importância, tais como Musik der Zeit (Rádio da Alemanha Ocidental), Música (Estrasburgo), Rencontres Internationales (Metz), Donauschingen, Witten, Holland Festival, Huddersfield, Londres e Festivais de Salzburg. Como professor, salienta-se como responsável pela classe de composição da Escola de Música de Maastricht, Países Baixos. Uma das concepções de Robert HP Platz consideradas nos debates foi a de que, no processo criador, se deve deixar que o material conserve a sua natureza e dignidade. Essa convicção, não nova, adquire na sua argumentação um sentido mais amplo: também o espaço, no qual se escuta música, poderia ser considerado como material. O compositor deveria agir com cuidado e atenção ao considerá-lo. Querer implantar um plano abstrato a um determinado espaço significaria muitas vezes violentá-lo, suplantando as suas possibilidades. Daí decorre a sua atenção a environements, a composições espaciais ótico-acústicas e à questão da tridimensionalidade na música. O tempo nasceria da música como que de um processo de crescimento vegetativo. A consideração intercultural da obra de Robert HP Platz concentrou-se sobretudo no relacionamento entre polifonia e espaço. Salientou-se, entre as suas composições, a Schwelle para quatro orquestras parciais e sons de fita de acordo com as figuras de Lissajous e as peças para flauta (1983), para flauta contralto solista e 7 instrumentistas. Nessas obras, os processos de desenrolam a partir do caráter sonoro dos instrumentos, constatando-se um desenrolar de complexa música polifônica no espaço. Na composição Up down strange charm, surge a idéida da independência de partituras conectadas polifônicamente. Nas suas concepções e criações, polifonia e o desenrolar de vozes no espaço vinculam-se entre si. A experiência espacial do ouvinte ganha uma nova dimensão, pois o espaço é definido a partir do som. Supera-se a unidimensionalidade da relação Aqui-toca-a música/Ali-está-o-ouvinte. Na sua obra "Peças de arquitetura" (desenvolvida a partir de 1989), há espaços para 4 percussionistas e 4 fitas gravadas (amplificadores ocultos e dispositivos fotográficos). Um dos seus projetos inclui composições vinculadas aos períodos do dia e do ano. Do ponto de vista intercultural, a obra Strange (clarineta, harpa e percussão) e Charm (Violino e Sho) assume um papel de particular importância. Foi realizada a pedido do Festival de Akiyoshidai (Arata Isozaki) e trata da hierarquia existente entre o Próximo e o Distante.
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Observação: o texto aqui publicado oferece apenas um relato suscinto de trabalhos. Não tendo o cunho de estudo ou ensaio, não inclui notas e citações bibliográficas. O seu escopo deve ser considerado no contexto geral deste número da revista. Pede-se ao leitor que se oriente segundo o índice desta edição (acesso acima).