Doc. N° 2093
Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria científica © 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1999 by ISMPS e.V. © 2006 nova série by ISMPS e.V. Todos os direitos reservados - ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501
101 - 2006/3
Francisco Mário: Vida e Obra
Por oferecimento do Consulado Geral do Brasil em Frankfurt a.M., o Instituto de Estudos da Cultura Musical do Mundo de Língua Portuguesa teve a oportunidade de apresentar e comentar, em sessão especial no seu centro de estudos da Alemanha, a publicação Francisco Mário: Vida e Obra, de Marcos Souza (Idealização e organização), com textos de Nívia Souza, publicada no Rio de Janeiro por Marcos Pereira de Figueiredo Souza, em 2005. (ISBN 85-905549-1-0) A obra, com 224 páginas, inclui dois CDs. Apresenta-se como uma produção do Atelier Cultural e realização SESC Rio de Janeiro, presidido por Orlando Diniz; citam-se, como diretor regional da instituição, Dionino Colaneri, como superintendente de desenvolvimento, Bruno Villas Boas e, como gerente de cultura, Loana Maia. A coordenação editorial e gráfica da obra estiveram a cargo de Marcos Souza e Adrianne Schreiner. Os textos são publicados também em inglês e espanhol. A transcrição das partituras foi realizada por Adamo Prince, a revisão por Afonso Machado e Gilson Peranzzetta. Os CDs foram fabricados por CD + Nordeste Digital Line SA. A publicação foi apresentada e comentada em reunião de estudiosos de assuntos brasileiros no dia 22 de maio de 2006. Presentes estiveram vários musicólogos e estudantes de musicologia e outras disciplinas culturais. A obra está estruturada nos seguintes ítens: Apresentação, Um sonho realizado, O percurso do independente, Cronologia, Partituras, Terra, Revolta dos palhaços, Conversa de cordas, couros, palhetas e metais, Pijamas de seda, Retratos, Dança do mar, Suite Brasil, Tempo, Ficha técnica dos CDs. Nas palavras introdutórias, o SESC Rio.Som expõe a intenção do empreendimento no âmbito de seus objetivos de valorizar e recuperar a memória musical do Brasil através da divulgação da vida e obra de seus vultos. Trata-se, no caso, de uma homenagem e/ou celebração de Francisco Mário (1948-1987) como uma das figuras representativas da MPB, um músico de raízes em Minas Gerais mas de significado universal pelos ideais que seguiu e pelo exemplo de sua vida. Marcos Souza, idealizador da obra e filho do homenageado, expõe a seguir o seu intento, há muito acalentado, de fazer justiça póstuma a seu pai, não considerado nos livros e "enciclopédias" da música brasileira. Resolveu, assim, em 2004, criar uma obra que não apenas incorporasse a sua última gravação, inédita, de título Tempo, mas sim que oferecesse um acervo abrangente de partituras e todos os seus CDs. A publicação oferece, sob o título de "O percurso do independente" e na cronologia, um panorama suscinto, mas informativo e sugestivo da tragetória do violonista e compositor. Nascido em Belo Horizonte, estudou economia, tendo feito pós-graduação em engenharia de sistemas. Atuou como jornalista e crítico. Foi ativo membro de movimentos estudantís dos anos sessenta, da Juventude Estudantil Católica, em Belo Horizonte e, em São Paulo, da União Brasileira dos Estudantes. Aperfeiçoou-se em violão com Henrique Pinto, colaborou com Oswaldo Sangiorgi e desenvolveu um método de ensino da música através das cores para crianças, com o uso também de procedimentos dramáticos. A partir de 1978, viveu no Rio de Janeiro, estudando matérias teóricas com R. Gnatalli. Em 1981, participou do V Festival da Oposição no México. Juntamente com a sua esposa, procurou parceria com a revista Cadernos do Terceiro Mundo, desenvolvendo um projeto de divulgação independente de músicos brasileiros. Após esses textos de informação biográfica, a publicação oferece várias páginas de transcrições musicais com as respectivas letras, intercaladas por citações e frases soltas de informação. As transcrições se resumem a um mínimo de dados musicais, certamente suficientes para o uso prático com a utilização paralela das gravações musicais: linha melódica, indicação abreviada de acordes do acompanhamento e algumas fórmulas rítmicas. Especial menção deve ser dada à peça Dança do mar, de 1988, póstuma, constituída de 7 movimentos com títulos relacionados com as estações do ano e com fenômenos da natureza, para quarteto de cordas, precedida na edição com palavras de Tárik de Souza, que elucidam as circunstâncias de sua criação. Como se depreende das palavras introdutórias e da própria publicação, não se trata aqui de uma obra de intenções científicas que possa ser alvo de resenha musicológica crítica. Trata- se antes de uma obra que desperta a atenção de estudiosos e coloca materiais à disposição para futuros trabalhos que possam aprofundar estudos contextuais pertinentes. Nesse sentido, trata-se de uma publicação útil e, na sua extraordinária apresentação visual, qualidade técnica de impressão e comovente expressividade de suas intenções e textos admirável como expressão cultural.
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Observação: o texto aqui publicado oferece apenas um relato suscinto de trabalhos. Não tendo o cunho de estudo ou ensaio, não inclui notas e citações bibliográficas. O seu escopo deve ser considerado no contexto geral deste número da revista. Pede-se ao leitor que se oriente segundo o índice desta edição (acesso acima).