Doc. N° 2119
Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria científica © 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1999 by ISMPS e.V. © 2006 nova série by ISMPS e.V. Todos os direitos reservados - ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501
103 - 2006/5
CONFISSÃO, CULTURA E AMBIENTE: RELAÇÕES E MUDANÇAS
Circuito de Estudos Euro-Brasileiros na região de Oberberg e vale do Agger 2006. Reflexões na Represa do Agger. Fotos I.S.M.P.S. e.V. Os trabalhos dos meses de setembro e outubro de 2006 da Academia Brasil-Europa foram marcados por reflexões, viagens de estudos e cursos dirigidos a um complexo de questões relacionadas com as implicações culturais e ambientais das mudanças confissionais que se constatam hoje nos países latino-americanos e a sua consideração no processo em andamento de revisão crítica da literatura de estudos culturais.
Em vários eventos das últimas décadas, a A.B.E. tem procurado fomentar essa releitura de estudos culturais, sobretudo daqueles concernentes às expressões tradicionais fundamentadas em práticas do processo missionário católico do passado colonial. Tendo-se constatado os múltiplos problemas e êrros na interpretação de sentido dessas tradições, por falta de insuficiente consideração dos princípios hermenêuticos adequados, tratou-se de demonstrar a necessidade de correção de hipóteses e argumentos, muitos deles de profundas conseqüências para a ação cultural no presente. Esse problema não diz respeito apenas à literatura de cunho nacional de determinados países, mas sim a todo um contexto da história dos estudos específicos e que é de especial relevância para a Península Ibérica e para a América Latina no seu todo. Por essa razão, em conjunto com a Universidade de Colonia, a A.B.E. promoveu um seminário dedicado à consideração conjunta da história do pensamento teórico-cultural nas ciências humanas da Espanha, Portugal e América Latina.
Como tratado em simpósios e colóquios anteriores, a consideração adequada do sistema simbólico inerente às expressões culturais católicas revela a existência de modêlos de pensamento que implicam em relações entre Cultura e Natureza. A sua consideração é, portanto, fundamental para os estudos de processos culturais nas suas conseqüências para o meio ambiente, tal como é estudado no projeto "Cultura, Natureza e Música" da A.B.E.
Hoje, porém, uma nova situação exige uma diferenciação maior dessas análises. O estudo da organização simbólica e dos processos autopoéticos dela decorrentes teve a sua origem na revisão crítica dos estudos das expressões culturais tradicionais de fundamentação católica. O Brasil e outros países da América Latina (em parte também Portugal), experimentam hoje, porém, um processo acentuado de mudanças confissionais, de protestantização diversificada. As dimensões dessa transformação confissional de países de formação católica no presente ainda não foram suficientemente consideradas pelos estudos culturais. Essa transformação não apenas traz a supressão de várias expressões tradicionais da cultura, mas sim implica na modificação do sistema conceitual que as justificavam. Se, porém, esse sistema conceitual, de bases teológicas, teve repercussões na posição do homem perante a Natureza, então as transformações confissionais da atualidade devem também ter implicações para o meio ambiente. Esse constituiu o núcleo das questões refletidas no decorrer dos trabalhos.
Observação: o texto aqui publicado oferece apenas um relato suscinto de trabalhos. Não tendo o cunho de estudo ou ensaio, não inclui notas e citações bibliográficas. O seu escopo deve ser considerado no contexto geral deste número da revista. Pede-se ao leitor que se oriente segundo o índice desta edição (acesso acima).