Doc. N° 2136
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104 - 2006/6
Publicações
Música portuguesa. Manuel Ivo Cruz - Manuela Gouveia - Pevlen Philharmonic Orchestra
Uma gravação de particular significado para os estudos relacionados com o mundo de língua portuguesa é o CD lançado no corrente ano pela JORSOM (J-CD 0117), produzido em Portugal e dedicado a composições de autores portugueses na execução do Mtro. Manuel Ivo Cruz, da pianista Manuel Gouveia e da orquestra búlgara Pleven Philharmonic Orchestra. A edição contou com o apoio do Renascimento Musical. O CD reune gravações realizadas em setembro de 2002 e em dezembro de 2003.
Manuel Ivo Cruz, membro honorário da Academia Brasil-Europa e do Instituto de Estudos da Cultura Musical do Mundo de Língua Portuguesa, após ter realizado estudos de direção de orquestra na Academia Mozarteum de Salzburg (clase de Gerhard Winberger), foi maestro titular da Orquestra Filamónica de Lisboa e da Orquestra Clássica/Nacional do Porto, além de ter regido as orquestras da RDP, da Fundação Gulbenkian e muitas outras de diferentes países. Foi maestro-diretor do Teatro Nacional de São Carlos. É um dos grandes investigadores da música portuguesa e dos seus mais dinâmicos promotores.
Manuela Gouveia, após ter realizado estudos de piano no Conservatório de Música do Porto, estudou em Hamburgo e em várias cidades européias. Atuou como solista sob a direção de renomados regentes, tais como Silva Pereira, Ulysse Waterlot e Rudolf Baumgartner. É atualmente professora da Escola Superior de Música da Catalunha, em Barcelona.
O CD inclui o Concerto para piano e orquestra de cordas de Armando José Fernandes (1906-1983); o Nocturno para orquestra de arcos de Joly Braga Santos (1924-1988); a Dança Nobre de Ivo Cruz (1901-1985) e a Homenagem para orquestra de arcos de Rui Soares da Costa (1958-)
Armando José Fernandes é um compositor que mereceria uma atenção maior nos estudos relacionados com a música do mundo de língua portuguesa. De formação de alto nível, realizada com professores tais como Luís de Freitas Branco, Nadia Boulanger, Paul Dukas e Igor Stravinsky, atuou profissionalmente como compositor de 1942 a 1953 no Gabinete de Estudos musicais da Emissora Nacional de Radiodifusão e como professor de composição no Conservatório Nacional de Lisboa. A obra apresentada, em quatro andamentos, foi composta em 1951 e apresentada em 1952. Tanto na sua versão para orquestra sinfónica (1966) foi ela executada e gravada sob a regência de M. Ivo Cruz (1971). A inclusão de tímpanos na versão original para orquestra de câmara foi também baseada em sugestão de Ivo Cruz.
A obra Nocturno para orquestra de arcos, com solo de viola, de Joly Braga Santos (1924-1988), é uma composição de 1947. O seu compositor, um dos mais profícuos da música portuguesa do século XX, estudou no Conservatório Nacional de Lisboa e com professores de renome internacional de Portugal e da Itália, tais como Luís de Freitas Branco, G. Pasqualini, Luigi Nono e Bruno Maderna. A obra gravada já foi executada várias vezes e em diversos países sob a direção de M. Ivo Cruz.
Ivo Cruz (1901-1985), pai de M. Ivo Cruz, é um dos mais relevantes nomes na história das relações culturais luso-brasileiras e da difusão da cultura musical de Portugal. Nascido no Brasil (Mato Grosso), realizou estudos em Lisboa e em Munique. Organizou a Orquestra Filarmónica de Lisboa, em 1937. A Dança Nobre, para cordas, tímpanos, harpa e celeste, foi escrita para a "Sinfonia de Amadis", estreada em Lisboa, em 1953. A sua primeira audição deu-se em Zürich, em 1957.
Representando a geração atual de compositores portugueses, o CD inclui a Homenagem para orquestra de Arcos de Rui Soares da Costa. Nascido em 1958, estudou no Conservatório de Música do Porto direção coral e composição. A sua obra, vasta, inclui composições para conjuntos de câmara, orquestra e quatro ciclos para canto e piano. A peça gravada reune quadros escritos entre 1980 e 1988. Em quatro andamentos, faz referências a Benjamin Britten, Gabriel Fauré, Maurice Ravel e Sergey Prokofiev.