Doc. N° 2131
Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria científica © 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1999 by ISMPS e.V. © 2006 nova série by ISMPS e.V. Todos os direitos reservados - ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501
104 - 2006/6
Sabedoria e cultura: expressões de um complexo conceitual e sua interpretação em contextos interculturais
Paraty 2006. Tema: Sabedoria e Cultura. Nobre Simplicidade. Viagem Cultural da A.B.E. Foto ISMPS e.V. O tema condutor dos trabalhos da Academia Brasil-Europa de novembro-dezembro de 2006 disse respeito aos conceitos de Sabedoria e Cultura, suas relações no decorrer da história da filosofia e da religião, suas expressões nas diferentes épocas e regiões, e suas extensões e conseqüências nos países colonizados pelos europeus. Procurou-se, através dos vários eventos, aguçar a sensibilidade para as possibilidades de estudo dessa relação em diversas situações, sobretudo em contextos interculturais e internacionais.
Entre os principais empreendimentos da A.B.E. que deram ensejo a reflexões relativas a esse complexo temático salientaram-se o seminário dedicado aos paradigmas nos estudos ibéricos e latinoamericanos, o circuito euro-brasileiro de estudos culturais na região de Hessen/Alemanha, o encontro de juventude musical em memória a Pedro II°, e a viagem cultural a várias cidades do Rio de Janeiro e São Paulo por ocasião do Natal, época adequada para o tratamento de questões relativas ao complexo Sabedoria/Cultura. Aqui, tratou-se em especial da questão da Sabedoria nos valores culturais transmitidos pelos franciscanos e beneditinos.
Procurou-se, nessas considerações, entre outros aspectos, a abertura de caminhos para a apreciação e tratamento teórico diferenciado de valores tais como simplicidade, singeleza, modéstia, humildade e despojamento que se manifestam visualmente na arquitetura de algumas cidades do Brasil. Essas considerações procuraram sobretudo encontrar critérios para a compreensão do fascínio que fazem com que certas localidades do Brasil se transformem atualmente em centros culturais, tais como Parati.
Tendo realizado anteriormente um círculo de estudos euro-brasileiros na região de Oberberg, Alemanha, a A.B.E. empreendeu, a seguir, um círculo de estudos em cidades da região de Hessen. As reflexões tecidas nas várias cidades visitadas tiveram como pano de fundo o complexo temático anteriormente considerado. Esse tratou das questões que se colocam do ponto de vista dos estudos culturais pelo fenômeno de difusão de igrejas não-católicas no Brasil.
Como as expressões culturais católicas determinaram em grande parte os estudos culturais do país, em particular dos estudos de folclore, marcando até hoje muitas das imagens e concepções que influenciam o pensamento teórico mesmo de autores não-católicos, levantou-se a questão das conseqüências da crescente e diversificada "protestantização" de comunidades para o futuro de expressões culturais e de seu papel no debate intelectual.
Tratando-se de um processo de características globais, espera-se que o estudo de processos históricos similares na Europa do passado possa fornecer subsídios para a análise do presente.
Procurou-se aprofundar as reflexões a partir da consideração especial das concepções relacionadas com o ciclo do Advento/Natal e Epifania, uma vez que representam, em grande parte, a base do repertório de representações simbólicas.
O mistério da Natividade foi tratado sobretudo sob o aspecto teológico da "primeira vinda" da Sabedoria, no passado, em despojamento e simplicidade numa humanidade carnal. Essa noção teológica, como estudada no seminário que se realizou paralelamente, surge como de fundamental relevância para os estudos culturais, uma vez que determina em grande parte conceitos e posições referentes aos elos entre Sabedoria e Cultura e fornece critérios para julgamento de valor de situações culturais que seriam transmitidos inconscientemente pelas expressões simbólicas através da história.
Observação: o texto aqui publicado oferece apenas um relato suscinto de trabalhos. Não tendo o cunho de estudo ou ensaio, não inclui notas e citações bibliográficas. O seu escopo deve ser considerado no contexto geral deste número da revista. Pede-se ao leitor que se oriente segundo o índice desta edição (acesso acima).