Doc. N° 2383
Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria científica © 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1999 by ISMPS e.V. © 2006 nova série by ISMPS e.V. Todos os direitos reservados - ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501
116 - 2008/6
Itália-Brasil
68: Filosofia, História da Música e Difusão Musical Walter Lourenção
Revendo 1968 na vida musical paulistana. Trabalhos da A.B.E. 2008 40 anos de fundação da sociedade Nova Difusão constituidora da Organização Brasil-Europa
W. Lourenção e a difusão musical refletida
Walter Lourenção, nascido em Jundiái, formado em Filosofia pela Universidade de São Paulo, especializara-se em Estética e História da Filosofia Moderna. Era professor de Filosofia no Colégio Dante Alighieri. Atuava intensamente como conferencista do Instituto Cultural Ítalo-Brasileiro. Formara-se no Curso de Formação de Professores da Comissão Estadual de Música, tendo também ensinado Didática e Psicologia. Participara como maestro substituto de temporadas líricas do Teatro Municipal de São Paulo, em 1963 e 1964. Colaborava no Suplemento Literário do Estado de São Paulo. As suas atividades em pról da difusão cultural ítalo-brasileira foi reconhecida pelo prêmio "Presença da Itália no Brasil", em 1966, outorgado pelo Circolo Italiano. Atuara como professor de História da Música na Pró-Arte e no Curso Internacional de Curitiba e de Teresópolis. Havia tomado parte da Comissão que organizara o Primeiro Festival de Canto Coral de São Caetano do Sul, levado a efeito em novembro de 1968, assumindo a seguir a direção da nova Escola de Música da Fundação de Artes de São Caetano.
O Grupo Coral do Instituto Cultural Ítalo-Brasileiro, sob a direção de Walter Lourenção, completava à época os seus sexto ano de atividades. Havia obtido, em 1964, o primeiro lugar em concurso de canto coral promovido pelo Município de São Paulo. Em 1965, recebera o prêmio de melhor conjunto vocal da Associação Paulista de Críticos Teatrais e lançara o disco de título "Obras Corais do Brasil antigo e moderno". No ano de 1968, desenvolvera intensa atividade de concertos, apresentando-se em cidades de São Paulo (São Paulo, São Caetano, Descalvado, São José dos Campos) e Paraná.
O Coral Juvenil, também dirigido por Walter Lourenção, era formado por alunos do Liceu Pasteur. O seu repertório era constituído de obras de autores diversos, incluindo sobretudo peças relacionadas com o folclore. Apresentara-se em Campinas, com a Juventude Musical de São Paulo, em 1966.
Concerto memorável
No dia 19 de Dezembro de 1968, o Madrigal das Arcadas, juntamente com o Grupo Coral do Instituto Cultural Ítalo-Brasileiro e o Coral Juvenil do Liceu Pasteur, sob a direção geral de Walter Lourenção e participação da Orquestra de Cordas de São Caetano do Sul (Musicâmara), regida por Moacyr del Picchia, realizou um Concerto de Natal levado a efeito no Teatro Municipal de São Paulo. Solistas foram Aura Mendoza, Uni Koh e Kiyung Hi Chih. Entre os artistas convidados encontravam-se Dino Pedini, Jayre Leão da Silva, Francesco Pezzella e Salvador Masano. O programa constou de obras de A. Corelli (Concerto de Natal op. 6 N° 8 em sol menor), V. Manfredini (Concerto feito para a Santíssima Noite de Natal), A. Vivaldi (Gloria para côro misto, solos e orquestra) e, como música brasileira, Invocação e Ponto de Osvaldo Lacerda, para trombeta e orquestra, composto naquele ano de 1968.
Roteiro singular de um conjunto camerístico
A Orquestra de Cordas de São Caetano do Sul remontava à Musicâmara, fundada em 1964 na Bahia como orquestra e sociedade de concertos. Reiniciando os seus trabalhos em São Paulo, em 1966, passara dois anos depois a constituir a Orquestra de cordas da Fundação de Artes de São Caetano do Sul e de sua escola de música. A orquestra havia apresentado, em julho de 1968, 28 primeiras audições de autores brasileiros no Primeiro Festival Nacional de Música de Câmara. Em concertos matinais recentemente iniciados, e nos quais já participara a Orquestra Gulbenkian, de Portugal, desempenhava importante papel. O seu trabalho de difusão cultural compreendia audições em escolas da Grande São Paulo, de todos os níveis, já tendo alcançado mais de 3000 jovens. O seu repertório compunha-se de obras de autores nacionais, de compositores barrocos e contemporâneos (Genzmer, Warlock, Hindemith). Os seus componentes dedicavam-se à difusão do aprendizado de instrumentos de orquestra. O trabalho, apoiado pela Prefeitura de São Caetano do Sul, iniciado sob a administração de Hermógenes Walter Braido, tinha como escopo tornar São Caetano uma cidade onde "cultura não é problema". A orquestra era constituída de Moacyr del Picchia, José Eduardo Gramani, Tosio Takeda, Reinaldo Couto, Carlos Jurandir, Waldemar Pellegrino (violinos), Baldur Lisenberg, Yoshitame Lukuda, Marília Pini (violas), Flávio Russo, Nader Tanus (violoncelo), Guido bianchi (contrabaixo), Joaquim Thomás Jayme (contínuo) e Geraldo Moreno (copista, arquivista e montador).
A.A.Bispo
Observação: o texto aqui publicado oferece apenas um relato suscinto de trabalhos. Não tendo o cunho de estudo ou ensaio, não inclui notas e citações bibliográficas. O seu escopo deve ser considerado no contexto geral deste número da revista. Pede-se ao leitor que se oriente segundo o índice desta edição (acesso acima).