Doc. N° 2381
Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria científica © 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1999 by ISMPS e.V. © 2006 nova série by ISMPS e.V. Todos os direitos reservados - ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501
116 - 2008/6
Eventos em destaque
Centenário do Instituto de Artes da UFRGS e Licenciatura em Música à Distância
Comemorou-se, a 22 de abril de 2008, o centenário do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Essa data levou à organização de uma série de eventos para todo o ano de 2008. O Instituto de Artes é dirigido por Alfredo Nicolaiewsky (diretor) e Esther Wondraceck Beyer (vice-diretora). Chefes de departamentos são M. Salvatori (Artes Visuais), Flavia Domingues Alves (Música), Carmen Lenora C. Martins (Arte Dramática). Coordenadores das festividades foram Sandra Rey (PPG Artes Visuais), Luciana Marta Del Ben (PPG Música), Marta Isaacsson de S. e Silva (PPG Artes Cênicas). Coordenador executivo do Centenário foi Nei Varga. A comissão de honra do Centenário do Instituto de Artes da UFRGS foi constituida pelo reitor da UFRGS, José Carlos Ferraz Hennemann, pela Governadora do RS, Yeda Rorato Crusius, pelo presidente da Assembléia Legislativa do RS, Alceu Moreira, pela Secretária de Estado da Cultura do RGS, Mônica Leal, pelo prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, pelo Secretário Municipal de Cultura, Sergius Gonzaga, pelo Presidente da Câmara dos Vereadores de Porto Alegre, Sebastião Melo e pelo Presidente da Federasul, José Paulo Dornelles Cairoll. No programa do Centenário, o diretor do Instituto de Artes lembrou que cem anos pode representar longo ou breve período de tempo. Na história da arte universal, seria quase nada. Na história da arte no Brasil, já seria mais relevante. Para o Rio Grande do Sul, porém, seria considerável. Dentre os pontos da programação da solenidade,incluiu-se a inaguração a obra de arte "Série fases do dia: o dia-a noite", escultura em resina e ferro, do ano 2002, doada pelo seu criador, Luiz Gonzaga. Procedeu-se à entrega de prêmio ao aluno Fernando Andrés Tosca de Freitasa, vencedor do concurso para criação do logotipo dos 100 Anos do Instituto de Artes. Deu-se à assinatura de protocolo de intenções entre a Universidade e a Secretaria Estadual da Cultura do Rio Grande do Sul e entre a UFRGS e a Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Motivado pelo centenário, lançou-se o site do Acervo Artístico da Pinacoteca Barão do Santo Angelo, do Instituto de Artes, sob a coordenação de Blanca Brites. A comemoração, levada a efeito com numeroso público, constituido por professores, alunos e convidados, desenvolveu-se em atmosfera festiva. Os participantes foram recebidos, nas escadarias do edifício da Reitoria, por performances teatrais e mímicas. Após a solenidade, no auditório, vários grupos musicais se apresentaram. Salientaram-se, entre outros: apresentação de "Os difíceis caminhos da arte", sob a direção cênica de Luiz Paulo Vasconcellos; performances de Sandra Dani (atuação), Daniel Wolff (violão) e Francisco Gomes (trompete), apresentação do Madrigal do Departamento de Música, sob a regência de Vilson Gavaldão e Bernardo Grings; de componentes da classe de Regência, sob a direção de Jocelei Bohrer e de performances cênicas - Agamênon, no carro alegório do teatro, Carnaval 2008 , Bambas da Orgia, Faculdade da Vida, Trajetória de Bamba e Boca de Ouro (N. Rodrigues). Do ponto de vista musical, além das apresentações corais, menciona-se o Grupo de Câmara constituido por Aline Pause Güntzel, Greizi Kirst, Letícia Laules Piasentin, Federico Trindade Nóvoa e Pedro Ferreira Sperb, além da participação da violinista Helena Oliveira Correa Nunes, de alunos da disciplina Percepção Musical, sob a orientação de Dimitri de Ávila Cervo e de alunos da Aula de Técnica Vocal, sob a orientação de Gisela Habeyche. Na área de artes visuais, apresentaram-se alunos da disciplina de Infografia II, sob a orientação de Eny Schuch, e de Fundamentos da Linguagem Visual I, sob a orientação de Maria Margarita Santi de Kremer. Em notável esforço conjunto de professores e alunos, planejou-se uma série de concertos do Departamento de Música e do Programa de Pós-Graduação em Música, além de artistas convidados, estando a direção artística a cargo do Prof. Dr. Daniel Wolff e do Prof. Dr. Leonardo Winter. No primeiro semestre de 2008, realizaram-se concertos orquestrais (27 de abril: Orquestra Sinfônica de Porto Alegre; 29 de maio: Orquestra SESI/FUNDARTE), e recitais, estes levados a efeito no auditório Tasso Corrêa do IA/UFRGS (24 de abril: Concerto em homenagem a Brno Kiefer; 15 de maio: Trio de câmara; 12 de junho: Trio Primus.
O Instituto na história cultural do Rio Grande do Sul
O texto mais pormenorizado a respeito do histórico do Instituto de Artes continua a ser a publicação, já antiga, por Antônio Corte Real, constituindo o primeiro capítulo da parte dedicada ao ensino da música no Rio Grande do Sul de sua obra Subsídios para a História da Música no Rio Grande do Sul (2a. ed. rev. e aum. Porto Alegre: Movimento 1984), 234-280. Tendo sido diretor do Departamento de Música da instituição, o autor realizou a sua pesquisa nos arquivos do Instituto, no Serviço de Biblioteca da Diretoria de Atividades Culturais da Assembléia Legislativa e com base em documentos de seu arquivo particular. Considerou, também a memória de pessoas ligadas ao instituto em entrevistas pessoais (Alice Moreira, Alzira Correia Lima, Antonina di Primio von Schultz, E. Carneiro de Macedo, Luís Paulo Vasconcelos, Nilda Guedes Rothfuchs). O Instituto de Artes foi fundado a 22 de abril 1908, sob a denominação de Instituto de Belas Artes. Foi idealizado por Carlos Barbosa Gonçalves, Presidente do Estado (1908-1913). Em reunião por êle convocada, sob a presidência de Plínio Alvim, realizou-se a fundação no Salão Nobre da Biblioteca Pública Estadual. A primeira diretoria foi constituída por Olinto de Oliveira, Ezequial Ubatuba e Guilhermino Pfeiffer. Por proposta de Possiônio M. da Cunha, formou-se uma comissão constituída por Plínio Alvim, Joaquim Birnfeld e Carlos Campos. Os 25 sócios que assinaram a ata de fundação passaram a ser considerados como fundadores. Entre eles, além dos nomes já citados: Elias Cirne Lima, João Petersen, José Gertum, João Birnfeld, Otávio de Lima e Silva, José Morini, Libindo Ferrás, Rodolfo Ahrons, Ambrósio Archer, José de Araújo Viana, Aurélio de Bittencourt, José Gonçalves de Almeida, José Montaury de Aguiar Leitão, Francisco de Carvalho Freitas, José Carlos Pinto, Francisco Antonio Vieira Caldas Júnior. Com o apoio de particulares, subscrições e do Banco da Província do Rio Grande do Sul, tornou-se possível angariar os fundos necessários para a consecução do projeto. Segundo os estatutos, o Instituto de Belas-Artes tinha por fim o ensino teórico e prático das Belas-Artes. No parágrafo único do artigo primeiro, elucida que o ensino seria realizado em cursos distribuidos em dois grupos ou secções: a Escola ou Conservatório de Música e a Escola de Artes, esta compreendendo a pintura, a escultura, a arquitetura e as artes de aplicação industrial. Cada uma das escolas seria dirigida por um diretor efetivo e um conselho técnico. O Conservatório de Música contava com os seguintes professores e disciplinas: Lili Hartlieb (Teoria elementar da música, primeiros solfejos); Murilo Furtado (Solfejo e canto coral); Olinto Braga (Canto); João Schwartz Filho (Piano); Matias Pedro Amadeu Lucchesi (Violino e outros instrumentos de arco); Biagio Messina (Instrumentos de sôpro); José de Araújo Viana (Composição) e Italiano (José Ricaldoni). A inauguração do Conservatório deu-se a 5 de julho de 1909. Inscreveram-se, no seu primeiro ano, 75 alunos. Em 1910, criou-se a Escola de Artes. Essa foi proposta por Libindo Ferrás, membro da Comissão Central, a 10 de fevereiro, da qual tornou-se diretor. Constava de cursos de Desenho Figurado, Desenho Geométrico e Perspectiva e Sombras. Acrescentaram-se ao currículo as disciplinas de Anatomia Artística História da Arte, dirigidas por Fábio de Barros, sendo as aulas da última franqueadas ao público. Olinto de Oliveira promoveu a vinda de estátuas em gêsso provenientes da Europa para as aulas de escultura. Entre elas: Venus de Milo, do Louvre, Apolo de Belvedere, do Vaticano, Níobe, de Florença, Ajax, de Roma, Vênus, de Atenas, Cabeça de rapaz, de Tarento, além de duas mãos e dois pés.
Professores formados na Europa A 19 de março de 1910, nomeou-se José de Araújo Viana a diretor-técnico do Conservatório, cargo que exerceu por pouco tempo, por motivo de doença. Em 1911, João Schwartz Filho e Mário La Mura pediram demissão por não estarem de acordo com a forma de procedimento para a contratação de um professor para o curso superior de piano. Foram substituidos, em 1911, por Henri Penasse, pianista belga procedente de Paris, e, por pouco tempo, João Boemier (substituido interinamente por Eugênia Masson). A professora de canto Olinta Braga afastou-se também de seu cargo, por ter ido aperfeiçoar-se na Europa. Henri Penasse logo proporia a criação de um curso superior de solfejo e princípios de harmonia. No fim do ano de 1912, o instituto já pode organizar uma audição de alunos. A partir de 1912, procurou-se concretizar o plano de criação de galerias de arte da entidade. Comprou-se um quadro (Cristo) de Antonio Parreiras que, à época, realizava uma exposição em Porto Alegre. Olinto de Oliveira tinha como ideal promover "a difusão do gosto pela verdadeira arte" e a educação artística do público através da formação de galerias de pintura e de escultura, com obras originais e cópias. Olinto de Oliveira, que ficaria à testa do Instituto até 1920, quando então se transferiu para o Rio de Janeiro, era médico, tendo chegado a ser diretor da Faculdade de Medicina de Porto Alegre. Em 1915, o Conservatório possuia 200 alunos, mantendo os cursos de Solfejo, Canto Coral, Piano, Instrumentos de Arco, Canto e Harmonia. O corpo docente era formado por José Faini, Eugenia Masson, Luisa Torres Corsi e Nair Sgrillo, piano; Olinta Braga, canto; Matias Pedro Amadeu Luccehesi e Oscar Simm, Instrumentos de Arco; Lili Hartlieb e Alice Colombani, Solfejo, Henri Penasse, Piano, Canto Coral e Harmonia. A Escola de Artes oferecia as disciplinas de Desenho Figurado, Desenho de Ornamentos, Perspectiva, Anatomia, Pintura e História da Arte. Seus professores eram Libindo Ferrás e Oscar Boeira.
Época de Guilherme Fontainha
Em 1916, entre outras mudanças, Guilherme Halfeld Fontainha assumiu a direção do Curso Superior de Piano e a disciplina Harmonia. Na Escola de Artes, contratou-se Eduardo Só. Em1918, prestou-se uma homenagem a José de Araújo Viana, decidindo-se que o seu retrato deveria ser colocado no Salão de Honra do Instituto e instituindo-se o prêmio Araújo Viana para pianistas. As suas obras deveriam ser publicadas. Também se homenageou a Henri Penasse. Em 1919, contratou-se Eugeni Latour para a Escola de Artes e José Joaquim de Andrade Neves para o curso de flauta. Em 1921, a presidência do Instituto foi assumida por Antonio Marinho Loureiro Chaves. Efetivou a nomeação de Guilherme H. Fontainha como diretor do Conservatório e de Libindo Ferrás como diretor da Escola de Artes. Nessa época, o corpo docente do Conservatório era formado por G. H. Fontainha, Eugenia Masson, Julieta Leão, Luisa Torres Corsi, Diva Braga da Silva, Oscar Simm, Matias Pedro Amadeu Lucchesi, José Joaquim de Andrade Neves, Olinta Braga, E. G. Calderon de la Barca. O corpo docente da Escola de Artes era constituido por Linbindo Ferrás, Francisco Bellanca e Fábio de Barros. Nesse ano nomeou-se Francisco Pelicheck a professor de Desenho de Gesso e Desenho de Modelo Vivo. Em 1923, foram nomeados para o Conservatório Tasso Bolivar Dias Correia, Ida Brandt e Sibila Fontoura. Em 1923, de retorno de uma viagem de estudos pela Europa, Guilherme Fontainha apresentou relatório de viagem e fêz a proposta de criação de escolas regionais de música em municípios do interior do Estado. Em 1925, Guilherme Fontainha transferiu-se para o Rio de Janeiro, sendo a direção do Conservatório assumida interinamente por Matias Pedro Amadeu Lucchesi. O cargo seria preenchido por José Joaquim de Andrade Neves. Em 1928, o Conservatório contava com 340 alunos. O corpo de professores, na época, era constituído por Tasso Bolivar Dias Correia, Jan Hoog, Antonina von Schultz, Nair Sgrillo, Célia Ferreira Lassance (piano), Oscar Simm e Matias Pedro Amadeu Lucchesi (violino), Carlos Kromer (violoncelo), José Joaquim de Andrade Neves (flauta), Olinta Braga e Sibila Fontoura (canto), M. P. Amadeu Lucchesi e Ida Brandt (teoria e solfejo), Assuero José Garritano (harmonia, contraponto, fuga). A Escola de Artes contava com 17 alunos. O edifício da instituição sempre apresentou problemas de espaço e de propriedade. Em 1930, o presidente, João Fernandes Moreira, apresentou um projeto de construção de um novo edifício. Para a obtenção de fundos, empenharam-se mesmo conterrâneos residentes em São Paulo e no Rio de Janeiro. O Govêrno do Estado, sob a presidência de Antonio Augusto Borges de Medeiros, doou ao instituto um terreno (Rua Jerônimo Coelho).
Questões de adaptação à estrutura universitária
Os anos trinta foram marcados administrativamente pelos esforços em adaptar a instituição à organização universitária brasileira, regulada pelos decretos do Govêrno Provisório de números 19850, 19851, 19852, de 11 de abril de 1931. O corpo docente dirigiu, em 1932, nesse sentido, um memorial à Comissão Central sugerindo a nomeação de representantes para a elaboação de um anteprojeto. A diretoria para o período de 1933 a 1937 era composta de João Carlos Machado, Frederico Dahne, Renato Costa e Lindomberto Silvestre Rache Vitello. Em 1934, procurou-se auxílio financeiro junto ao Interventor do Estado, General Flores da Cunha, e com Getúlio Vargas, Presidente da República. Em 1935, João Carlos Machado foi encarregado dos trabalhos de integração do Instituto à Universidade de Porto Alegre. Seguiram-no nessas atividades Manuel André da Rocha e José Coelho Parreira. Em 1934, o Instituto foi integrado na Universidade de Porto Alegre, criada pelo Decreto Estadual 5.758, de 20 de novembro de 1934, permanecendo com esse vínculo até 1939. Esforços de solucão de problemas político-administrativos e valorização da entidade foram empreendidos sobretudo por Tasso Bolivar Dias Correia (1901-1977), desde 1923 professor de piano do Conservatório do Instituto de Belas-Artes e diretor do Conservatório Municipal de Música da cidade de Rio Grande. Entretanto, sobretudo a precariedade de suas instalações levaram a parecer negativo, tal como expresso no relatório do reitor da Universidade, Aurélio Pi, em 1937. Com base nesse relatório, foi promulgado um Decreto de desanexação do Instituto da Universidade, a 5 de janeiro de 1939 (N° 7.672). Considerava-se que o Instituto, apesar de sua fiscalização pelo Estado, não gozava das prerrogativas de estabelecimento equiparado e que a adaptação dos cursos à legislação requereria o implemento de exigências de ordem material e didática. A desincorporação do instituto trouxe necessariamente modificações administrativas, financeiras pessoais e didáticas. A decepção era acompanhada pela esperança em vê-lo novamente incorporado. Para tal, surgia como necessário reorganizá-lo segundo o modêlo da Escola Nacional de Música e da Escola Nacional de Belas-Artes da Universidade do Brasil. O reconhecimento federal de seus cursos foi obtido em 1941. O principal problema, porém, continuava a ser aquele do edifício inadequado. Graças ao esforço inaudito e ao idealismo dos docentes, assim como à ajuda popular obtidas numa "Campanha Pró-Construção do Novo Edifício" e que chegou a ter 900 subscreventes, deu-se início à construção, sendo o edifício inaugurado a 1° de julho de 1943. Em 1944, deu-se um novo e significativo passo: a inauguração do curso de Arquitetura e Urbanismo do Instituto de Belas-Artes. Foi o primeiro do gênero no Rio Grande do Sul. Foi autorizado a funcionar em 1945. A reincorporação do Instituto à Universidade deu-se a partir de primeiro de janeiro de 1946. Já a 21 de janeiro, porém, a decisão foi anulada por lei, passando o instituto a constituir Escola Superior isolada. Em 1948, foi novamente incorporado à universidade, então denominada de Universidade do Rio Grande do Sul. Um problema era o da coexistência de dois cursos de Arquitetura, uma vez que também estava representado na Escola de Engenharia. Ambos deveriam ser fundidos em um só. Em 1950, por lei, desmembrou-se o curso de Arquitetura da Escola de Engenharia, que passou a constituir, com o curso correspondente do Instituto de Belas-Artes, a Faculdade de Arquitetura. Em 1950, os cursos de Pintura, Escultura e Música passaram a fazer parte do sistema federal de ensino superior. O Instituto de Belas-Artes passou a atuar como entidade isolada de ensino superior, subordinada à Diretoria do Ensino Superior do Ministério de Educação e Cultura. Em 1952, a Universidade de Porto Alegre transformou-se em Universidade Federal. A área de Arquitetura e Urbanismo separou-se do Instituto e passou a constituir uma faculdade própria. Em 1954, o Instituto foi incorporado à universidade. Devido a protestos do Conselho Universitário, foi oficializado como Escola de Ensino Superior Autônoma, tendo os seus cursos oficializados federalmente em 1950. Os seus objetivos passaram a ser o de ministrar o ensino superior, técnico e estético das artes, promovendo estudos que possibilitassem a formação de artistas profissionais e professores. O Curso de Música, destinado a formar instrumentistas, cantores, compositores, regentes e professores, foi dividido em dois ciclos: um Fundamental, de quatro anos, e um Superior, de cinco anos para canto e instrumento (exceto órgão), e de sete anos para Composição, Regência e Órgão. Dentre os muitos empreendimentos e medidas tomadas pela instituição cumpre citar o incentivo que procurou dar a seus alunos através de prêmios e concursos. Instituiu, entre outros, um Prêmio de Viagem ao País e um Prêmio de Viagem ao Estrangeiro, permitindo este que os premiados permanecessem por um ano na europa ou na América do Norte. Pela Lei Estadual N° 1440, de 17 de fevereiro de 1951, a partir da vigência da Lei Federal N° 1.254, de 4 de dezembro de 1950, foram transferidos à União Federal, sem qualquer indenização, todos os bens móveis, imóveis e todos os direitos do Instituto. Em 1957 criou-se o curso de Arte Dramática, vinculado à Faculdade de Filosofia. Em 1967, foi transformado em Centro de Arte Dramática, tendo-se transformado, nos anos sessenta, em significativo e dinâmico centro político-cultural. Em 1962, o instituto foi reincorporado à Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Passou a denominar-se Escola de Artes, uma vez que, segundo os estatutos da Universidade, o termo "instituto" designava um departamento das escolas. Sob a direção de Antonio Corte Real do segundo Departamento de Música da Escola de Artes, em 1969, projetou-se a instituição de um Concurso de Viagem a Estados do Brasil, aprovado por Antonio Tavares Corte Real, Alice Ardohain Soares, Zacarias Valiati, Rubens Galant Costa Cabral e Romildo Olímpio Donelli. De acordo com o novo Estatuto da Univrsidade Federal do Rio Grande do Sul, criou-se, a 18 de setembro de 1970, o Instituto Central de Artes, constituido dos departamentos de Arte Dramática, de Artes Visuais e de Música. O nome de Escola de Artes foi extinto, passando a instituição a denominar-se Instituto de Artes. Ao lado de intercâmbios com outras universidades e institutos de pesquisa do Brasil e do Exterior, a instituição desenvolve hoje um amplo programa de extensão cultural.
Aula Inaugural do Curso de Licenciatura em Música à Distância
Na manhã do dia 22 de abril, coincidindo com o centenário do Instituto de Artes da UFRGS, realizou-se, no Salão de Atos da UFRGS, a aula inaugural do Curso de Licenciatura em Música, modalidade à Distância, um projeto que reune mais de 700 alunos, 30 professores e ca. de 50 tutores em vários polos de cinco Estados. O evento foi transmitido através de uma vídeo-conferência para os outros 14 polos, alcançando centenas de interessados. O projeto foi iniciado e coordenado por Helena de Souza Nunes, Coordenadora do Curso Licenciatura em Música EAD. O ato foi aberto com uma apresentação do grupo instrumental do projeto Música, Ação e Inclusão, do Município de Cachoeirinha. A mesa foi composta pelo Reitor da UFRGS, José Carlos Ferraz Hennemann, do Secretário de Educação à Distância do MEC, Carlos Eduardo Bielschowsky, do Diretor do Instituto de Artes, Alfredo Nicolaiewsky e da Coordenadora do projeto. Salientou-se a natureza pioneira e inovativa do programa. Utilizando-se de atuais possibilidades tecnológicas, criam-se plataformas de aprendizagem on-line, abrindo caminhos novos a favor da Educação Básica no Brasil. Na segunda parte da sessão, Antonio Alexandre Bispo proferiu uma aula de título "Educação Musical a serviço da Ética". Com o Hino ao Rio Grande do Sul, acompanhado por Maikel Gomes da Luz, encerrou-se a sessão. O Curso de Licenciatura em Música à Distância , que tem várias universidades parceiras UDESC, UFMT, UFES, UFBA, UFAL e UNIR, e como representante a UFRGS, é integrado ao Programa Pró-Licenciaturas do MEC, contando com financiamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e apoio dos sistemas públicos de ensino. No Manual do Aluno, publicado em 2007 por equipe de redação formada por Annamaria Piffero Rangel, Helena de Souza Nunes (org.), Helena Pereira da Silva e Luciano dos Santos, lembra-se aos alunos que estes "estão participando de uma oportunidade inédica e muito importante para a Educação Brasileira, em particular no que se refere à formação inicial de professores de Música para as séries finais do Ensino Fundamentl e o Ensino Médio". (...) "Você mesmo, que talvez viva num local distante dos grandes centros urbanos, vai perceber que a partir de agora 'longe é um lugar que não existe'. Vencendo barreiras geográfias e com custos reduzidos, você pode se capacitar e se atualizar, sem afastar-se de sua família e de sua vida cotidiana". (Manual do Aluno. Curso de Licenciatura em Música, op.cit., 2007, pág. 7)
A.A.Bispo
Observação: o texto aqui publicado oferece apenas um relato suscinto de trabalhos. Não tendo o cunho de estudo ou ensaio, não inclui notas e citações bibliográficas. O seu escopo deve ser considerado no contexto geral deste número da revista. Pede-se ao leitor que se oriente segundo o índice desta edição (acesso acima).