Palmeira imperial. Revista BRASIL-EUROPA 123. ACADEMIA BRASIL-EUROPA. Bispo, A.A. (Ed.) e Conselho Especializado. Organização de estudos culturais em relações internacionais

Palmeira imperial. Revista BRASIL-EUROPA 123. ACADEMIA BRASIL-EUROPA. Bispo, A.A. (Ed.) e Conselho Especializado. Organização de estudos culturais em relações internacionais
Tornou-se um elemento de importância para o paisagismo e para a estética urbana. Basta lembrar aqui o Parque do Anhangabaú, em São Paulo.
Considerando-se o sentido até mesmo simbólico da palmeira imperial, a questão da sua origem não é sem importância para a história cultural.
Introdução da palmeira real no Brasil como questão histórico-cultural
Tem-se considerado que a palmeira real não é natural do Brasil, mas da região que vai da Flórida até o Norte da América do Sul. A sua introdução deve ser considerada no contexto das ocorrências históricas que marcaram os primeiros anos do Real Horto no Rio de Janeiro. As elucidações a respeito têm sido marcadas por singulares divergências.
Segundo alguns, teria sido introduzida no Brasil a partir do jardim La Gabrielle, na Guiana Francesa, de onde teriam sido trazidas sementes de forma ilegal por brasileiros. Outros, porém, corrigem essa hipótese, constatando terem sido as primeiras plantas introduzidas no Jardim Botânico do Rio de Janeiro a partir de sementes trazidas do Jardim de Pamplemousses. Segundo estes, a Palma Mater teria sido plantada sob D. João em 1809. A palmeira, que passaria a ser conhecida como real, teria sido levada da Guiana à Île de France e, de lá, teria vindo para o Brasil.
Uma consideração mais aprofundada das dimensões globais do desenvolvimento histórico pode trazer elucidações a essas questões. Pertencendo Caiena à França, seria plausível que a palmeira tivesse sido levada ao Jardim de Pamplemousses em período anterior à época conturbada inaugurada pela Revolução Francesa e prosseguida no período bonapartista. Seria também plausível que tivesse sido trazida diretamente da Guiana por brasileiros que ali agiram. Essa última versão dá continuidade a um ponto de vista já manifestado por Ferdinand Denis. Esse autor coloca a introdução de plantas no Jardim Botânico do Rio de Janeiro como mais um testemunho da influência francesa no país. Segundo êle, a introdução de plantas provenientes da Guiana dera-se em 1810. (Geschichte und Beschreibung von Brasilien und Guyana von Ferdinand Denys, Aus dem französischen, Stuttgart, 1839, 113-114) (Veja artigo sobre o Jardim Botânico de Pamplemousses, nesta edição)
De fato, em ambas as hipóteses elucidativas, a ação francesa do cultivo da palmeira pela França na Guiana e/ou na Île de France torna-se compreensível no contexto de sua política de fomento botânico e agrícola do século XVIII.
A introdução da palmeira no Brasil, porém, é, em ambos os casos, insere-se no conflito do mundo português com a França. A palmeira real e imperial não pode ser vista assim como um símbolo da influência francesa no país, mas sim, antes, como emblema da situação conflitiva com a França, em particular do combate ao Bonapartismo.
Quase que simbolicamente, a palmeira, que daria origem a todas as outras palmeiras imperiais do Brasil floresceu já após a Restauração francesa, em 1829.
História cultural da difusão de palmeiras
A história cultural da palmeira real ou imperial deveria ser inserida no contexto global da difusão de palmeiras em geral. Essa difusão, na era moderna, é estreitamente relacionada com a história colonial. Quanto ao Oriente, tem-se salientado o papel dos holandêses no início da pesquisa de palmeiras nos seus postos asiáticos. No início do século XVII, introduziram-se os primeiros exemplares no Jardim Botânico de Leiden, nos Países Baíxos. Entre 1678 e 1703, por ordem do governador holandês do Malabar, o botânico J. Commelin, de Amsterdam, criou a sua obra Hortus Malabaricus, com descrição pormenorizada da palmeira. Das antigas descrições, tem-se o Herbarium Amboinense de G. E. Rumphius (ca. 1627-1702).
As palmeiras da América do Sul foram tratadas pelos botânicos H. Ruiz (+1815) e J. Pavon (+1844). Quanto ao Brasil, salienta-se a Historia Naturalis Brasiliae, de G. Marcgrave (Amsterdam 1648), e a Historia Naturalis Palmarum, 1823-50, de Carl F. Philipp von Martius (1794-1868).
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S.A.Lang e grupo redatorial sob a direção de A.A.Bispo
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Fotos H. Hülskath
Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira 123/5 (2010:1)
Prof. Dr. A.A.Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e Conselho científico
órgão de
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ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501
Doc. N° 2539
História botânico-cultural das relações entre o Índico e o Brasil. Pamplemousses I
Da Guiana francêsa à Île de France e ao Brasil: Palmeira real ou imperial
Encerramento do ano França-Brasil/Brasil-França 2009 da Academia Brasil-Europa
no contextodo seu programa de estudos dedicado ao complexo temático Cultura e Natureza
Pamplemousses, Ilhas Maurício, 2009
sob a direção-geral de A.A.Bispo
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