Com base no ciclo de estudos e nos debates preparatórios realizados no seu centro de estudos europeus, em cooperação com a Universidade de Colonia, representantes da Academia Brasil-Europa empreenderam, em fevereiro de 2005, uma viagem de contactos e observações a New York. O objetivo dessa viagem foi discutir o Projeto Transatlântico da instituição com brasileiros residentes nos Estados Unidos e criar as bases para o interrelacionamento de rêdes de estudiosos previsto por esse projeto. Foram realizados encontros para a revitalização ou estabelecimento de elos com instituições e com personalidades da vida cultural americana e latina.

O intercâmbio de informações teve início em encontro com a Profa. Maria da Graça Pereira, estudiosa, professora e musicista de renome do Rio Grande do Sul, há décadas residente nos Estados Unidos, onde desenvolve intensa atividade artístico-cultural. Tendo atuado como pianista e cantora lírica na Argentina e no Brasil (Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo) em concertos, festivais e cursos de relevância, tendo desempenhado papéis importantes em óperas sob a direção de prestigiados regentes, tendo sido orientadora de coros e professora de faculdades de Educação Artística e Música, Maria da Graça Pereira possue um enraizamento profundo no desenvolvimento artístico-cultural do Brasil. Como professora de conservatório vinculado à sociedade Nova Difusão, no início da década de setenta, esteve em contacto com esse movimento, determinante até hoje dos princípios conceituais da Academia Brasil-Europa. Maria da Graça Pereira e os membros de sua família desempenham atividades diferenciadas e relevantes no ensino e na vida cultural e musical de círculos de New York. Puderam oferecer informações pormenorizadas a respeito de instituições, pessoas e características do movimento cultural na metrópole norte-americana das últimas décadas e da atualidade. Entre outros aspectos, foram consideradas atividades de círculos voltados à obra de Villa-Lobos, particularmente atuantes em New York e já de antiga tradição. Levantou-se, aqui, a possibilidade de intercâmbio, uma vez que a Academia Brasil-Europa dispõe, através do seu centro de estudos europeus, contactos que possibilitam o levantamento e o estudo de documentação relativa ao compositor que poderão enriquecer uma cooperação recíproca. Decidiu-se, em primeiro lugar, a realização de um curso superior em universidade européia relativo a H. Villa-Lobos ainda em 2005, situando a pesquisa villa-lobiana na discussão atual de questões científico-culturais e a efetivação de pesquisas em arquivos de casas editôras.

No intercâmbio de idéias, foram relatados acontecimentos e desenvolvimentos dos últimos três anos concernentes ao Brasil, às relações euro-brasileiras e Brasil-Estados Unidos. Foram expostas diferentes perspectivas na observação da vida cultural brasileira do Exterior e das relações internacionais na cultura a partir do posicionamento dos observadores, tornando-se evidente a necessidade de estudos que se dediquem à interação de processos interamericanos e transatlânticos.

Com base nessa troca de idéias e experiências, foram visitados centros culturais de migrantes e várias instituições científicas de relevância para o tema. Entre elas, salienta-se o Centro de Estudos Latino-Americanos e Latinos da Universidade da Cidade de Nova Iorque, do museu americano de artes populares e do museu indígena da fundação Smithsonian. Do ponto de vista dos estudos relativos à cultura popular foram visitadas ruas e bairros da cidade que desempenharam papel relevante na história da música e do teatro do século XX e que haviam sido tratados em ciclos de estudos realizados anteriormente no centro europeu da entidade. A transformação das funções culturais de ruas (Tin Pan Alley) e a função de determinadas regiões da cidade, sobretudo daquelas ocupadas historicamente por imigrantes foram analisadas sob a perspectiva dos estudos desenvolvidos no âmbito do projeto Poética da Urbanidade.

Observação: o texto aqui publicado oferece apenas um relato suscinto de trabalhos. Não tendo o cunho de estudo ou ensaio, não inclui notas e citações bibliográficas. O seu escopo deve ser considerado no contexto geral deste número da revista. Pede-se ao leitor que se oriente segundo o índice desta edição (acesso acima).