1a. mostra de missões indígenas - Turim 1898

ed. A.A.Bispo

Revista

BRASIL-EUROPA 159/8

Correspondência Euro-Brasileira©

 

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N° 159/8 (2016:1)




De Benediktbeuern a Turim


Primeira mostra de trabalhos indígenas em missões italianas
Esposizione generale italiana e dell'Arte Sacra de 1898 em Turim

             Ciclos de estudos em Benediktbeuern pelos 200 anos de J. Bosco (1815-1888)
Prosseguindo reflexões encetaas no centro salesiano em Ushuaia/Argentina, 2008


 
Os 200 anos de nascimento de Don Bosco, em 2015, motivaram eventos que trouxeram à memória da vida de João Bosco e sua obra, assim como a história e a ação dos Salesianos em muitos países do mundo, entre êles o Brasil.

A data não é apenas significativa para a história religiosa, mas sim também para os estudos de processos culturais em relações internacionais. Em círculos eclesiásticos, as comemorações serviram para divulgar as intenções dos Salesianos e despertar entusiasmo pelo seu carisma, contribuindo ao fortalecimento da religiosidade e do empenho pelos jovens, pelos pobres e, em geral, pelos mais fracos.

Sob o aspecto dos estudos culturais, a data surge como oportuna para considerar a ação dos Salesianos e a do seu fundador no contexto do seu tempo e de sua região de origem, nas suas inserções na história da Igreja e, sobretudo, no papel desempenhado pelos missionários na vida cultural de cidades, em particular em meios de imigração e entre indígenas, tanto na sua defesa, como em processos de transformação cultural e integração.

Por esse motivo, promoveu-se em 2015 visitas ao centro salesiano de Benediktbeuern, na Baviera, onde a data foi celebrada com uma exposição.

Benediktbeurern como centro salesiano na Baviera e Turim como cidade de D. Bosco

Aquele que visita o mosteiro de Benediktbeuern, um dos mais importantes monumentos arquitetônicos e histórico-culturais da Baviera, não espera ali encontrar um centro salesiano e, com isso, de significado para os estudos culturais relativos ao Brasil.

O local e o edifício transmitem espírito, concepções modos de vida religiosa e missionária que diferem daqueles dos Salesianos. Inserem-se em outras correntes da história eclesiástica, teológica, da vida religiosa, da história política e cultural.

O espaço testemunha uma história de séculos que, apesar de suas transformações no decorrer do tempo, remonta a longínquo passado medieval, marcado ainda pelo processo de Cristianização da Europa, pelo monaquismo beneditino, pelo ora et labora na vida espiritual retirada do mundo. Os Salesianos que nele residem, por outro lado, representam desenvolvimentos históricos muito mais recentes, determinados pela situação e problemas sociais urbanos da época da industrialização do século XIX e um momento da história da Igreja marcado por crises nas relações entre o movimento pela unificação nacional da Itália e os Estados Eclesiásticos, assim como pelas tendências restauradoras que se manifestaram no Concílio Vaticano I.

Esse contraste pode levar a mal-entendidos, turvar a compreensão das concepções e das atividades salesianas, pode, porém, ser produtivo, se percebido conscientemente, aguçando a sensibilidade para as características de concepções e procedimentos dos Salesianos nas suas diferenças relativamente ao Beneditinos como resultados de outros contextos e processos sociais, culturais, assim como da história da Igreja e do pensamento religioso.

Com isso, também a atividade missionária desenvolvida pelos Salesianos no mundo extra-europeu, em particular aqui no Brasil, passa surgir de forma mais evidente como resultado de contextos e processos da época de sua fundação.

Monumento beneditino remontante à missão cristianizadora da Alemanha

A fundação do convento Buron, um dos mais antigos da Alemanha, remonta a Carlos Martelo, tendo sido fundado no ano 725 e a sua igreja foi consagrada em 739 por S. Bonifácio, o missionário da Alemanha. Após ter sido destruído pelos magiares em 955, foi reconstruído com ajuda de S. Ulrich, de Augsburg. Em 1031, foi restaurado, sendo repopulado por Beneditinos vindos da região do lago de Tegernsee, na Baviera.

No seu periodo de apogeu, foi centro do cultivo agrícola, do ensino, a arte e da ciência de grande intensidade e irradiação. A sua biblioteca, que em 1250, possuia ca. de 250 manuscritos, tornou-se uma das mais ricas da Europa. A Carmina Burana, embora não tendo sido ali escrita, é o documento que, no meio brasileiro, em especial naqueles círculos voltados à música antiga, mais torna presente o nome Benediktbeuern.

Após incêndios e destruições durante a Guerra dos 30 anos, o mosteiro vivenciou novo período de florescimento nos séculos XVII e XVIII. Ali criou-se um ginásio e instituiu-se uma faculdade de teologia para a Congregação Beneditina da Baviera. É essa época de florescimento que marca a atual configuração arquitetônica e artística de Benediktbeuern como uma das grandes obras do Barroco, resultado do labor de renomados artistas e artesãos.

À época da secularização, em 1803, o mosteiro foi extinto, sendo os edifícios utilizados para diferentes fins militares, para abrigo para inválidos e como prisão.

Diferenças contrastantes no uso do edifício pelos Salesianos

A fase atual de Benediktbeuern como centro salesiano é relativamente recente, tendo-se iniciado em 1930.

Os religiosos de Dom Bosco adquiriram a propriedade para a preparação de noviços. Essa revitalização procedeu-se, assim, em época e espírito totalmente distinto daquele dos Beneditinos e do Barroco que se manifesta na arquitetura.

Os estudos, as artes, a música e a cultura em geral, de significado acentuado e mesmo fundamental tanto na tradição beneditina como naquela muito mais recente dos Salesianos, adquirem nos dois contextos significativas diferenças quanto a concepções e vivências.

Se a liturgia, o Canto Gregoriano e os estudos teológicos e de erudição tinham estado sempre no centro da vida monacal, agora as atividades - também as culturais e musicais - passam a se dirigir decididamente à formação de jovens e a servir aos intentos sociais de vida cristã junto aos necessitados, fracos e marginalizados segundo o modêlo de seu criador, Dom Bosco.

João Bosco foi guiado, em época da Restauração e da recatolização européia, do século da revolução industrial e do desenvolvimento do operariado urbano, pelo intento de apoio à juventude necessitada da sua cidade - Turim -, já então marcada pelos problemas sociais.

Não é assim supérfluo trazer continuamente à consciência que o monumento barroco nas montanhas da Baviera representa um espaço altamente contrastante com aquele da inserção contextual de origem dos Salesianos. Nada seria mais errôneo do que tentar estabelecer pontes de similaridade entre o espírito de Don Bosco e aquele da atmosfera de esplendor da arquitetura e da linguagem visual da igreja e do convento de Benediktbeuern.

Diferentes formas de expressão do espírito missionário e da alegria de vida

Se para a revitalização do catolicismo em intentos contra-reformatórios em regiões atingidas ou ameaçadas pelo Protestantismo da Europa Central foi adequado o caminho manifestado no esplendor da linguagem visual encenatória barroca, outras foram as necessidades da época da industrialização, com o seu operariado pobre e desamparado.

Em ambos os casos, porém, registram-se intentos missionários marcados pela alegria: uma a alegria da atmosfera cheia de luz e vitalidade barroca que se manifesta nas igrejas bávaras, outra a alegria dos Salesianos e da juventude salesiana.

A atenção, ainda que despertada em Benediktbeuern, volta-se, portanto, a Turim de meados do século XIX.

O Oratório fundado por Dom Bosco em 1844 em Valdocco como uma espécie de centro de jovens, foi o ponto de partida
da série de instituições que surgiram em muitos países, também no Brasil.

O objetivo desse Oratório era o de fornecer moradia e abrigo familiar à juventude das ruas, uma escola para a sua formação à vida, um local de encontros e uma igreja para que fossem educados sob orientação religiosa. Em 1859, a comunidade foi criada, e, paralelamente, surgiram aquelas das irmãs e a dos colaboradores, experimentando o movimento um extraordinário crescimento e difusão.


Missão dos Salesianos italianos na América do Sul - G. Cagliero (!838-1926) e Turim

É compreensível e significativo que os primeiros missionários salesianos tenham-se dirigido a países sulamericanos com forte porcentagem de imigrantes italianos.

Em 1875, partiram os primeiros missionários para a América do Sul, sendo o seu primeiro responsável Giovanni Cagliero (Juan Cagliero). Em 1877, as primeiras irmãs salesianas dirigiram-se ao Uruguai.

Giovanni Cagliero, nascido em Castelnuovo Di Asti, Turim, foi amparado como outros meninos de rua por Dom Bosco, entrando no Oratorio de Valdocco. Foi consagrado sacerdote em 1875, Em fotografia histórica de 1875, apresentada na exposição de Benediktbeuern, tirada a pedido do próprio Dom Bosco, registrou-se a primeira partida de missionários para a Argentina na presença do cônsul do país na Itália.

A atividade missionária de Cagliero concentrou-se sobretudo na Patagonia, da qual foi Vicario Apostólico (1887-1908). Em 1908, foi Delegado Apostólico de Costa Rica, também iniciando a ação missionária salesiana na Nicaragua. Os seus elos com Turim, porém, não foram interrompidos, mas levaram ao ponto culminante na sua história de vida com a sua nomeação a Cardeal Arcebispo de Turim, em 1909.

Também no Brasil, os Salesianos construiram uma vasta rede de centros, de escolas e outras instituições no espírito do seu fundador, voltadas à educação e à formação de jovens.

A ação missionária que desenvolveram, em particular junto a grupos indígenas do Mato Grosso e do Amazonas necessita ser considerada à luz da história salesiana, dos seus objetivos educativos a favor da juventude.

Apesar dessa orientação, muitos Salesianos tornaram-se estudiosos dos contextos culturais em que atuaram, adquirindo renome como pesquisadores, constituindo materiais por êles coletados importantes fundos de museus missionários.

Salesianos e o programa de estudos euro-brasileiros

Estreitos foram os elos de Salesianos com o movimento de renovação dos estudos culturais que se desenvolveu desde os anos 60 e que hoje constitui a organização de estudos de processos culturais em relações internacionais da A.B.E..

O apoio de religiosos e de instituições salesianas foi decisivo para o desenvolvimento de vários projetos. A participação de Salesianos como colaboradores, em grêmios diretivos e conselheiros levou a encontros tanto no Brasil como em países europeus.

Por motivo do bicentenário de Dom Bosco e da exposição preparada em Beneditikbeuren, vários nomes de Salesianos que se distinguiram nos estudos culturais e musicais do Brasil foram relembrados, assim como momentos das cooperações das últimas décadas.

O objetivo das reflexões foi o de realizar um balanço dos desenvolvimentos, do estado atual e considerar possibilidades para o futuro. Entre os Salesianos recordados salientaram-se aqueles do Dr. José Geraldo de Souza (Veja), assim como dos muitos que participaram do projeto internacional dedicado às culturas musicais indígenas do Brasil financiado pelo Ministério das Relações Exteriores da Alemanha.

Entre as instituições que mais colaboraram com o programa euro-brasileiro foram lembradas a Inspetoria Salesiana da Amazônia, a Diocese de São Gabriel da Cachoeira/AM, os museus missionários no Mato Grosso do Sul e do Amazonas, assim como a Faculdade S. Domingos Savio em Manaus.



Brasil no âmbito de desenvolvimentos sulamericanos - Ushuaia/Argentina 2008


A cooperação com Salesianos nos estudos euro-brasileiros e a consideração do contexto histórico em que se inseriu o início da missão salesiana trouxeram à consciência a necessidade de análises de processos culturais desencadeados pelas suas atividades quanto a seus pressupostos e dimensões internacionais referenciadas pela imigração e expansão italiana das últimas décadas do século XIX, em particular à América do Sul.

Uma visão exclusivamente nacional, limitadora de perspectivas a desenvolvimentos ocorridos no Brasil não faz jus à abrangência dos intentos missionários e dos processos desencadeados pela presença italiana no subcontinente. Nos estudos referentes a indígenas e à história de mudanças culturais e identidades, a Patagônia e a Terra do Fogo adquirem particular relevância.

Em viagem promovida pela A.B.E. a essas regiões, lembrou-se, em visita a instituições salesianas de Ushuaia em 2008, entre outros de Ceferino Namucurá, (Chimpay/Rio Negro 1886-Roma 1905), filho do último cacique Mapuche, ali celebrado como exemplo e como representativo de um caminho de memória, de identidade e de reconciliação nacional.


Os 50 anos do Statuto Albertino e a primeira mostra de trabalhos indígenas de missões

Como considerado em Ushuaia, importante data na história salesiana nas suas relações recíprocas entre o Novo Mundo e a Itália foi a primeira exposição de trabalhos realizados nas missões no âmbito da Esposizione generale italiana de 1898.

Essa exposição é, em geral, um evento que deve ser considerado como importante marco na história de processos culturais euro-brasileiros, em particular de relações Itália-Brasil, uma vez que nela foi realizada também a primeira mostra ítalo-brasileira, apresentando aos italianos produtos de seus compatriotas que viviam no Brasil.

História da imigração e da missão - e do conhecimento na Europa do trabalho e da produção tanto de italianos imigrados como dos missionados por religiosos italianos - surgem nela relacionados.

Já anteriormente tinham sido realizadas exposições gerais e nacionais em cidades italianas, podendo-se salientar a de 1884 em Turim (Veja). O significado das exposições industriais como importante fator para o progresso da indústria já tinha sido há muito reconhecido (G. Arnaudon, Sulle esposizioni industriali con alcune considerazioni intorno alle cause che possono influire sul progresso delle industrie, 1870). A de 1898, porém, ultrapassou as dimensões desta última pelo seu cunho explicitamente internacional, incluindo pela primeira vez exemplos da indústria e do trabalho italiano no Exterior.

A exposição de 1898 realizou-se por motivo da passagem dos cinquenta anos do Statuto Albertino, a constituição do Reino da Itália unificada e nacional. Esse estatuto e suas leis fundamentais tinham representado a constituição do reino de Sardinha-Piemonte de 1848 até 1861 e era, desde 1861, aquela do Reino da Itália. Esse estatuto surgia como documento que garantia o liberalismo  italiano, constituindo assim um marco representativo da época liberal.

Consequentemente, a exposição devia dar testemunho do progresso que se desenvolvia sob o govêrno liberal da Itália unificada como estado nacional, que possibilitava o desenvolvimento livre de iniciativas e de empreendimentos comerciais, industriais, de manufaturas e da arte.

Várias publicações da época documentam o evento e oferecem informações sobre as duas mostras de relevância para o Brasil: a dos imigrantes e a dos indígenas nas missões. Entre elas, pode-se citar os guias da exposição e relatos (Guida ufficiale della Esposizione Nazionale e della mostra di Arte Sacra, Torino, Roux e Frassati, 1898; Guida dell'Esposizione Generale e dell'Arte Sacra, Torino, G. B. Paravia, 1898; La mostra italo-brasiliana all'Esposizione Generale Italiana, Torino 1898. Note illustrative, Torino: Doyen 1898).

Tommaso Villa (1829-1915) - liberalismo, indústria, Maçonaria e empreendedorismo

Um dos principais promotores do evento foi Tommaso Villa 1829-1915). Tendo estudado em Turim, Tommaso Villa foi político que permaneceu sempre estreitamente vinculado com a cidade, nela falecendo. Foi membro da Câmara dos Deputados, repetidamente seu vice-Presidente, assim como membro o Conselho Municipal. Foi Ministro do Interior e encarregado da Justiça.

Os organizadores da exposição planejaram uma exposição dupla, relacionando a produção secular com aquela da arte sacra. Tratou-se assim, e um empreendimento singular, pois a arte sacra foi objeto de consideração sob o signo do liberalismo ou das forças por êle desencadeadas, demonstrando a participação da iniciativa particular na arte religiosa, uma proposta que não deixou e levantar protestos.

Na exposição de 1884, o pêso foi dado ao fortalecimento da indústria italiana relativamente á concorrência estrangeira. Em 1898, foi a promoção da indústria associada à comemoração do Statuto albertino em clima de renovação economica e política.

O significado desse evento reside no fato singular de relacionar o liberalismo econômico e a atenção ao incremento da produção com a atividade missionária. Ela traz à consciência os elos entre os métodos missionários dessa época com o contexto geral do desenvolvimento do liberalismo econômico do século XIX. Foi inaugurada em maio de 1898, época em qua a Itália, a partir de Milão, foi marcada por agitações populares e repressões contra demonstrações operárias.

A mostra católica, paralelamente à exposição do "Santo Volto" de Turim, celebrava várias datas de importância para a Igreja, tais como a reconstrução da catedral de Turim, em 1498, e a fundação de confraternidades da cidade.

A mostra do progresso material do homem foi ocasião de mostrar a atividade das muitas missões católicas italianas no mundo extra-europeu, no Oriente, na África e na América. Compreende-se, assim, que nessa exposição que celebrava a liberdade italiana, tivessem sido apresentadas "pantomimas africanas" com representações de "amazonas".

A presença da América do Sul na Exposição de Arte Sacra de Turim

A América foi amplamente representada na Exposição de Arte Sacra de Turim. Ali foram expostos materiais de missões da Bolívia, do Alasca, da Califórnia, das Montanhas Rochosas, sobretudo aqueles enviados por Salesianos. Esses objetos testemunhavam - no espírito da Exposição - a indústria dos povos missionados. Do México e da América Central, os missionários enviaram tecidos em sêda crua e xales bordados em cores, da Patagônia e da Terra do Fogo um grande sortimento de tecidos e vestidos de lã, objetos de pele, mantos, sapatos e ricas cobertas trabalhadas, assim como exemplares da fauna, entre êles focas e leões marinhos ou dentes de Puma.

Do Uruguai, os missionários enviaram criações artesanais, do Paraguai, Brasil e Bolívia tecidos de fio grosso, de fibras vegetais e de palha para mantos e chapéus. Os Salesianos enviaram também grande quantidade de ornamentos e vestidos de pele e de tecelagem indígena. Entre os mais notáveis amostras da indústria indígena encontravam-se aquelas do Paraguai, do Brasil e do Equador. As armas apresentadas eram de madeira, osso ou pedra, tendo sido elaboradas pelos indígenas do Equador, do Brasil, o Paraguai, da Patagônia e da Terra do Fogo. Foram enviadas para Turim canoas de fibra de árvore da Terra do Fogo, pirogas de palha da Bolívia, modêlos em madeira ou em argila de costumes e tipos inígenas, entre êles figurinhas da Bolívia representando uma dança.

A exposição incluiu também instrumentos musicais, entre eles de grandes canas ôcas, o que deu margens a expressões críticas de comentaristas que, tão cientes da superioridade musical italiana, supunham ser a música a que serviam "um tormento para ouvidos bem formados" ( "immagino le stonate armonie, tormento dei ben construtti orecchi", catálogo da Exposição)

A mostra da indústria dos missionados pelos italianos não se limitou àquela das missões salesianas. Também o labor e a indústria das outras ordens ou a de aldeias em que atuavam religiosos de diferentes congregações foram considerados. Os objetos enviados da Bolívia serviram para dar uma idéia da missão conduzida pelo Pe. Doroteo Giannecchini, Franciscano, que expôs muitos objetos dos Chireguanos. Do Chile, foram enviadas coleções de objetos de missões também conduzias pelos Franciscanos, da Argentina pelos missionários lombardos de S. Calocero e de suas missões no Brasil e nos Estados Unidos.

Também as missões dos Jesuítas nas Montanhas Rochosas, na Califórnia e Alasca teriam estado representadas com vestimentas indígenas, utensílios, armas, exemplos a fauna se os materiais não tivessem ido para o fundo do mar em um naufrágio do navio que os levavam a Turim.

Assim, todos os missionários italianos que concorriam na América das mais diferentes ordens fizeram-se representar, expondo não só grande coleções de livros e manuscritos, demonstrando o método empregado para instruir e educar indígenas, como objetos do trabalho indígena sob a sua orientação. Esses objetos chamaram a atenção do público, atônico perante a grandeza natural das regiões distantes e da indústria dos missionados considerada no espírito de celebração do liberalismo e da Itália nacional, "ressurgida", que se irradiava no mundo, adquirindo colonias.

Súmula de trabalhos da A.B.E.e do I.S.M.P.S. sob a direção de
Antonio Alexandre Bispo, Universidade de Colonia



Indicação bibliográfica para citações e referências:
Bispo, A.A.(Ed.).“ Primeira mostra de trabalhos indígenas em missões italianas
Esposizione generale italiana e dell'Arte Sacra de 1898 em Turim“
. Revista Brasil-Europa: Correspondência Euro-Brasileira 159/8 (2016:01). http://revista.brasil-europa.eu/159/Benediktbeuern_Salesianos.html


Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira

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Benediktbeuern, 2015 e 2016. No texto: Ushuaia, 2008. Fotos A.A.Bispo ©Arquivo A.B.E.