Dom Pedro II e a ceia na tumba de Atreus
ed. A.A.Bispo

Revista

BRASIL-EUROPA 170

Correspondência Euro-Brasileira©

 
Nauplia.Foto A.A.Bispo 2017. Copyright

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Micenas. Fotos A.A.Bispo 2017©Arquivo A.B.E.

 


N° 170/4 (2017:6)




Dom Pedro II (1825-1891) e a ceia na tumba ou „casa do tesouro“ de Atreus em Micenas
Tentativas de percepção de sentidos e significados


 
Nauplia.Foto A.A.Bispo 2017. Copyright

Ponto alto do ciclo de estudos euro-brasileiros na Grécia em 2017 foi a visita à „casa de tesouro de Atreus“, o mais conhecido e mais bem conservado monumento de Micenas, no passado sobretudo conhecido como „casa do tesouro de Agamemnon“.

Trata-se de um monumental sepulcro real com cúpula afunilada, semiterrâneo, hoje descoberto, que remonta a ca. de 1250 A.C., ou seja, a ca. de 13 séculos antes da era atual. Provavelmente é um mausoléu que, como outros do gênero, por terem sido ali enterrados reis com objetos valiosos, supõe-se que tenha servido como local seguro para a deposição e guarda de bens, tornando-se conhecido como casa de tesouros. Por não ter-se totalmente arruinado e ser assim visível, foi roubado e delapidado no decorrer dos tempos.


Atualidade e significado da visita à „casa do tesouro“ de Agamemnon ou de Atreus

Essa visita foi motivada pelos 140 anos da estadia no local de Dom Pedro II, o que faz com que o monumento adquira excepcional significado para os estudos relacionados com o Brasil.

Esse visita do imperador brasileiro em Micenas adquiriu nova atenção com a publicação, na Alemanha, do livro Schliemann und Sophia: Eine Liebeschichte, de Danae Coulmas (München: Piper 2001, ISBN 3-492-04303-8).

A autora, nascida em Atenas mas radicada em Colonia, dedica uma consideravelmente longa passagem de seu livro à visita de Dom Pedro II a Micenas. (págs. 153-154).

Ela lembra que Schliemann tinha descoberto fora dos muros do burgo e Micenas duas tumbas com cúpulas que tinham sido consideradas no passado como casas de tesouros. Eram construções gigantescas, alcançadas respectivamente por caminhos ladeados por pedras ciclópicas e que levavam a portal tão grandioso como aquele que levava ao burgo. Logo após este famoso portal do leão, pouco mais abaixo, Schliemann encontrou um círculo de pedras sepulcrais e, entre elas, cenas gravadas representando homens armados em carros de guerra e na caça, o que abria novas perspectivas para a compreensão do mundo de Homero.

Como a autora salienta, apesar da urgência em dar continuidade a esses trabalhos, Schliemann teve que dirigir-se em setembro desse ano por alguns dias a Troia, pois Dom Pedro II tinha demonstrado o seu interesse em conhecer a antiga cidade.

Em Troia, guiado por Schliemann, teve notícia das novas descobertas em Micenas e manifestou a sua intenção de visitar também as ruínas, tomando conhecimento no local do prosseguimento e das perspectivas dos trabalhos.

Em outubro, acompanhado pelo erudito diplomata e escritor Joseph-Arthur de Gobineau (1816-1882), o imperador brasileiro veio a Micenas, fazendo a viagem a cavalo a partir de Corinto.

Refeição oferecida a Dom Pedro II na „casa do tesouro de Agamemnon“

Baseando-se em registro de Gobineau, a autora descreve a recepção oferecida por Schliemann ao imperador brasileiro e que incluiu uma refeição no „túmulo de Agamemnon“ que, segundo o erudito francês, decorreu de forma muito agradável.

Tinha-se forrado o chão com ramos de oliveira, serviu-se vinho local - retsina - lembrando que os habitantes de Micenas já tomavam esse vinho há 3500 anos -, queijo feta e azeitonas pretas, carne de cordeiro no espeto e melões de mel da região, já então conhecidos como sendo os melhores do país.

Schliemann procurou, assim, oferecer ao imperador uma refeição da terra no contexto histórico-arqueológico da revelação de remotas eras sob a monumental cúpula, unindo assim cultura tradicional popular, história e mitologia, uma intenção que vinha ao encontro aos interesses que marcaram o século do Historismo e do desenvolvimento não só da Arqueologia como também do Folclore e da Etnografia. Segundo Gobineau, o almoço sob a cúpula do „túmulo de Agamemnon“ teria agradao extraordinariamente a Dom Pedro II. (loc.cit.)

A menção irônica da autora sugerindo um duvidoso gosto de Dom Pedro II devido a esse excepcional agrado deve ser considerada como inapropriada e mesmo descabida. Queria ela que tivesse sido  preparado um ato pomposo no meio de um campo de trabalhos arqueológicos, de poeira de escavações e de remoção de pedras?

A recepção preparada por Schliemann ao imperador foi simples e digna, revelando que já tinha conhecimento da modéstia de Dom Pedro II.

Pelo contrário, o ato do imperador brasileiro em querer visitar Micenas e receber informações no local a respeito das escavações, com o desconforto e o cansaço da viagem a cavalo a local ermo, assim como o seu contentamento pela refeição na „casa de tesouros“ de Agamemnon dá testemunho da intensidade do seu interesse e honra o Brasil por ter estado este representado em fase de significado na história da arqueologia.

Há, porém, aspectos mais profundos do significado dessa refeição no interior do túmulo ou „casa do tesouro“ de Atreus e de Agamemnon que merecem ser considerados.

Aproximações a sentidos da tumba ou tesouro como local da refeição

Na sua magnitude, fortaleza e devido ao fato de ter-se mantido a sua cobertura, o monumento  oferece a possibilidade de vivência de um espaço que é impressionante sob diferentes aspectos.

As suas paredes e os muros que ladeiam o caminho de entrada são construídos com pedras de granes dimensões e extraordináriamente bem cortadas e ajustadas, o que faz com que se levantem questões sobre recursos técnicos, modos e circunstâncias de trabalho de tão remotas eras. Já essa entraa revela o significado do monumento sob o ponto de vista construtivo para a história da arquitetura, da engenharia e do trabalho de pedreiros e construtores.

Esta sempre despertada e inquietante questão relativa à capacidade e aos esforços sobrehumanos que se revelam nesses muros de pedras possuem dimensões mitológicas, sendo que também aqui - como em outras ruínas de Micenas - fala-se de obra ciclópica.

Essa designação traz à lembrança os cíclopes, os filhos de Gaia e Uranos banidos e que vivem e trabalham na esfera tenebrosa das profundidades e assim também com outros seres terrenos das trevas e titães.

A consideração do monumento sob o aspecto material  não se resume assim a reflexões sobre as condições sociais e de trabalho que possibilitaram a construção, mas possui dimensões culturais mais profundas. Ela traz à memória antigas concepções relacionadas com a terra, com o terreno e suas transformações, assim comoo com o subterrâneo. O elo entre o sepulcro e o tesouro de Atreus ou Agamemnon adquire sentidos mais amplos, aqueles entre a morte e as riquezas da terra no seu subsolo.

O impacto maior daquele que entra no mausoléu decorre não só das trevas que nele dominam por ser subterrâneo como sobretudo da forma cônica - ou de „pera“ - de sua cobertura.

Esta configuração do espaço dirige a atenção às alturas, ao foco de todos os aneis de pedra que dele partem ou a ele levam.

Considerando a forma triangular que se constata em aberturas sobre portais nesse mausoléu e em Micenas, tende-se a reconhecer uma relação de sentido entre essa forma e esses espaços triangulares e o cone da cobertura do mausoléu. Este, diferentemente de pirâmides, tem base circular, mas a elas se assemelha pelo fato de ser uma forma que parte ou culmina num ápice, tal qual um foco ou núcleo de partida e chegada: no Um.

Nauplia.Foto A.A.Bispo 2017. Copyright

Movimento ascendente que nasce nas profundezas atingidas na descida

Apesar da solidez material da construção, a construção não é estática, mas marcada por uma dinâmica intrínseca, por um movimento ascendente ou descendente, levando ao centro nas alturas ou dele partindo.

Esse movimento pode ser percebido também na configuração triangular sobre portais, em particular também no portal principal ou real de Micenas, o emblema da antiga cidade.

Ali tem-se a figura de leões que o caracterizam, uma imagem que traz à lembrança concepções conhecidas dos conhecimentos e da Filosofia da Natureza de remotas proveniências: aquelas relativas ao fogo. O observador não pode deixar de lembrar que o fogo é o elemento da matéria que sempre sobe, dirigindo-se às alturas, o agente de todo o movimento e transformações ascendentes.

Assim refletindo, a mausoléu passa a oferecer novas possibilidades de leitura, aguçando a percepção de sentidos mais profundos da construção e das narrativas mitológicas que com êle se associam.

Nele entrando, o observador, na atmosfera tenebrosa, úmida e fria das profundezas do espaço tumular passa a sentir mpulsos que tendem a subir e o espaço é experimentado não na tranquilidade da morte, mas sim como que intranquilo, imbuído de movimentação, como se nele atuassem forças geradoras da ascendência.

O observador ganha a impressão de encontrar-se aqui numa fase crucial de desenvolvimentos, do ponto inferior de caminhos que, das alturas às profundezas levaram à morte e ao mesmo tempo em situação geradora, um portal de desenvolvimentos que levam aos altos.

Suscinta lembrança da deturpação da estirpe dos Tantalidos: Atreus

Atreus é conhecido da narrativa histórico-mítica como tendo sido por um tempo soberano de Micenas. A sua história insere-se naquela de uma estirpe marcada por violências e atos criminosos derivados do orgulho, da vaidade, do excesso de auto-consciência e da falta de gratidão proporcionados pela riqueza e poder, e que surge como origem de um desenvolvimento amaldiçoado através de gerações.

Numa recordação sumária dos desenvolvimentos deturpadores deve-se lembrar que a série de crimes teve início com Tantalos, um filho mortal de Zeus, rei de extraordinária riqueza e poder, que gozava de convivência com os deuses, mas  que, com o  seu orgulho e vaidade cometeu crimes blasfêmicos, sendo o pior aquele que, tendo convidado os deuses a uma refeição, a êles serviu carne humana, aquela do seu próprio filho Pelops. Esses atos levaram-no a seu banimento ao Tartaros, onde sofre eternamente. Uma refeição criminosa e blasfêmica, originada do orgulho e da presunção marca assim um desenvolvimento maldito, uma imagem contrária àquela em que um imperador, conhecido pela sua modéstia, foi recebido com um jantar marcado por simplicidade.

O processo sinistro iniciado por Tantalos tem sequência com o pai de Atreus, Pelops, que matou um filho de Hermes (Mercúrio), Myrtilos. Essa morte de um filho de Hermes deve ser considerada com particular atenção.Teria sido ela que levou a que Hermes se vingasse na descendência de Pelops. Isso concretizou-se em Chrysippos, filho de Pelops e de uma ninfa, um jovem de extraordinária beleza. Como a mãe de Atreus, Hippodameia, temia que este pudesse tornar-se o sucessor de Pelops, foi êle morto por um de seus filhos, possivelmente Atreus.

Este fugiu para Micenas, onde então regia pelo seu sobrinho Eurystheus; tornou-se soberano interino por suas ações militares e, por fim, com a morte de Eurystheus, foi nomeado rei. Outras versões relatam diferentes circunstâncias da sua subida ao poder real.

O sentido mais profundo dessas decorrências decorre de seus elos com as personificações mitológicas e, entre elas, Artemis (Diana) desempenha importante papel. Deve-se lembrar que, com a sua associação com a lua, o luminar da noite, a linguagem visual manifesta esfera de trevas em que toda a narrativa se desenvolve. 

Tendo Atreus prometido oferecer a Artemis o seu melhor cordeiro, encontrou um de ouro, dando-o à sua mulher para que o escondesse. Esta deu-o a Thyestes, irmão de Atreus, que era o seu amante. Como quem tivesse o cordeiro tornar-se-ia rei, Thyestes reclamou o cargo para si. Atreus recuperou o trono seguindo um conselho de Hermes: Thyestes entregaria o trono se o sol ve movimentasse para trás, o que aconteceu. Tomando conhecimento que Thyestes tinha uma relação com a sua mulher, Atreus expulsou-o. Após algum tempo, fingindo reconciliação e a sua intenção o reestabelecimento da paz, convida-o a uma ceia. Nela teria, segundo uma versão, oferecido carne de seus filhos assassinados como se fosse carne de cordeiro. Retoma-se aqui a imagem da refeição oferecida aos deuses por Tantalos, acentuando-se o momento da falsidade e da traição.

Na sequência desses atos criminosos, surge o de um incesto. Um oráculo tinha profetizado que se Thyestes tivesse um filho com a sua própria filha Pelopeia, este mataria Atreus. Esse filho da união incestuosa, Aigisthos, foi desertado pela mãe envergonhada. Descoberto por um pastor, a criança foi encontrada e entregue a Atreus, que o educou como filho. Quando este tornou-se adulto, Thyestes contou a êle que era tanto o seu pai como o seu avô, o que levou a que Aigisthos o matasse.

Agamemnon e a Guerra de Troia - relembrando alguns de seus aspectos

Que o mausoléu/tesouro tenha sido sobretudo identificado como o de Agamemnon torna-se compreensível por ser este filho de Atreus (e Aerope), o mais importante vulto da estirpe remontante a Tantalos. Rei de Micenas, de grande riqueza, poder e extraordinária energia, fato que se expressa na sua designação de Senhor dos Homens (Anax andron). Casou-se com Klytaimnestra, - teria para isso possivelmente assassinado o seu marido -, com a qual teve os filhos Ifigênia, Elektra, Orestes e Chrysothemis.

Agamemnon entrou na história sobretudo como chefe dos exércitos gregos na Guerra de Troia. O motivo dessa guerra foi o rapto da mulher do seu irmão Menelaos - Helena -por Paris.

Mais uma vez revela-se na narrativa histórico-mítica o significado de Diana e, assim, da lua e da noite. Reunidos exercíto e frota, estes não puderam partir pela razão de Diana ter enviado ventos contrários. Esse ato da deusa foi causado pelo fato de Agamemnon ter matado em Aulis uma de suas cervas sagradas. Para acalmar os ventos, o visionário Kalchas aconselhou-o a sacrificar a sua filha Ifigenia. Em último momento, porém, sacrificou-se no seu lugar uma cerva e Ifigenia foi raptada e levada para Tauris.

Agamemnon liderou os Achaios com energia, mas a sua inimizade com Aquiles colocou os Achaios em situação difícil. Agamemnon tinha recebido a promessa de a êle ser entregue a filha de Chryses, um sacerdoite de Apolo. Quando este sacerdote quis resgatar a filha, foi ameaçado e expulso. Chryses orou a Apolo com o pedido que este castigasse Agammenon.  Com as suas flechas, Apolo enviou uma epidemia aos gregos. Em conselho e guerra, o visionário Kalchas revelou ter sido Agamemnon o responsável pela epidemia e este foi obrigado a entregar a moça. Como substituição, fez com que um dos soberanos a êle sujeitos entreguessem a êle troféus de guerra de Aquiles, entre eles a sua escrava e amada Briseis, o que levou a que Aquiles se afastasse da guerra.

Após 10 anos de cerco, Troia caiu. Na viagem de volta, Agamemnon foi levado por uma tempestade à ilha de Creta, onde fundou cidades, entre elas duas elas denominadas segundo cidades de sua terra. Voltando a Micenas com a visionária Kassandra, ali foi apunhalado no banho pela sua mulher Klytaimnestra e seu amante Aigisthos, um ato de vingança pelo fato de Agamemnon ter sacrificado Ifigenia. Kassandra foi também assassinada ou expulsa para Kolchis. Devido à morte de Agamemnon, o seu filho Orestes matou mais tarde a sua mãe.

Os restos de Orestes foram levados para Esparta. Os espartanos consideravam-se como descendentes de Agamemnon, fundamentando assim a sua pretensão de liderança na Grécia.

O agrado de Dom Pedro II pela refeição na tumba de Agamemnon

O agrado de Dom Pedro II pelo fato de ter sido recebido por Schliemann com uma refeição na „casa o tesouro“ de Agamemnon não exprime nem um gosto duvidoso por parte do imperador brasileiro, como insinuado por Danae Coulmas, nem pode ser simplesmente explicado pela agradabilidade do convívio ou por motivo de curiosidade diletante. Tanto o ato de Schliemann como o agrado de Dom Pedro II pressupõem um profundo conhecimento da obra de Homero de ambas as partes, não apenas por parte do responsável pelas escavações.

O imperador brasileiro tinha conhecimento já anteriormente da existência desse maior monumento de Micenas. Como nunca tinha sido totalmente aterrado, fora visitado por vários eruditos desde o século XVIII e mencionado em várias obras divulgadas internacionalmente.

A fase decisiva da revelação do monumento sob Schliemann pressupõe um longo desenvolvimento de décadas. Já em 1729 tinha sido registrado visualmente em desenho feito por Michel Fourmont (1690-1740), religioso, pesquisador de Antiguidades e filólogo.

Além do trabalho de franceses, foi sobretudo aquele de ingleses que marcaram os conhecimentos relativos a Micenas no século XIX. Thomas Bruce, 7. Earl of Elgin (1766-1841), realizou ali escavações, levando materiais para a Inglaterra.Edward Dowell (1767-1832), registrou restos de uma coluna ali vista e divulgou Micenas em aquarelas de alto valor histórico e artístico. Após William Gell (1777-1836), que visitou o túmulo na mesma época, destacou-se Howe Peter Browne, 2. Marquess of Sligo (1788-1845) que, em 1810, realizou escavações em Micenas e, com a permissão do governador de Morea, levou restos de meia-colunas que ali existiam para a Irlanda.

Da parte de Dom Pedro II, precisa-se sobretudo salientar a sua formação humanística profundamente enraizada na tradição portuguesa e brasileira e o interesse pelos estudos de autores antigos, em particular também de Homero à época do II Império e cujo principal testemunho é a obra de Manuel Odorico Mendes (1799-1864). (Veja)

Tendo conhecimento e interessando-se tão profundamente pelo Ilias de Homero a ponto de ir a Troia e Micenas, certamente tinha-se preocupado com a sua interpretação e sentidos.

A refeição na narrativa histórico-mítica da estirpe dos descendentes de Tantalos não poderia deixar de ter sido considerada nos seus estudos e revigorada com a refeição a êle oferecida no próprio local da „casa do tesouro“ de Agamemnon.

Explica-se, assim, o seu extraordinário agrado por ter sido assim recebido por Schliemann e ter feito essa experiência. A refeição ali vivenciada surgia em contraste à terrível refeição de Tantalos, nascida da prepotência de soberano e da falta de gratidão pelos bens de riqueza e poder que recebera.

A função dessa imagem negativa da ceia como exemplo ameaçador do perigo da pretensão e falta de modéstia parece ter marcado profundamente a própria vida de Dom Pedro II.

Aqui abrir-se-iam perspectivas para estudos psicológicos que seriam também de relevância para análises de processos histórico- e mesmo político-culturais no Brasil. Êle próprio parece ter-se continuamente dedicado a um auto-aperfeiçoamento que o levou a tornar-se um soberano de renome internacional não só pelo seu saber e procura de conhecimentos, como também pela sua atitude e comportamento despretenciosos e nobres na sua modéstia.

Vínculos de Schlieman com Dom Pedro II após os encontros de Troia e Micenas

Ainda que pouco estudados, os elos de Schlieman com o imperador brasileiro não se interromperam após os encontros na Grécia. A mais alta prova da admiração que Schlieman devotava a Dom Pedro II reside no fato de ter a êle dedicado a sua obra magna sobre Micenas, aberta com um prefácio de W.E. Gladstone (Henry Schliemann, Mycenae: a narrative of researches and discoveries at Mycenae and Tiryns, New York: Scrhibe, Armstrong & Company, 1878). (Veja)

Relatos da viagem de estudos da A.B.E. à Grécia em 2017
sob a direção de
Antonio Alexandre Bispo



Indicação bibliográfica para citações e referências:
Bispo, A.A. „Dom Pedro II (1825-1891) e a ceia na tumba ou „casa do tesouro“ de Atreus em Micenas
Tentativas de percepção de sentidos e significados“
. Revista Brasil-Europa: Correspondência Euro-Brasileira 170/4(2017:6).http://revista.brasil-europa.eu/170/Pedro_II_em_Micenas.html


Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira

© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1998 e anos seguintes © 2017 by ISMPS e.V.
ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501


Academia Brasil-Europa
Organização de Estudos de Processos Culturais em Relações Internacionais (ND 1968)
Instituto de Estudos da Cultura Musical do Espaço de Língua Portuguesa (ISMPS 1985)
reconhecido de utilidade pública na República Federal da Alemanha

Editor: Professor Dr. A.A. Bispo, Universität zu Köln
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