Revista

BRASIL-EUROPA

Correspondência Euro-Brasileira©

 

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Berlin-Schönenberg.Foto A.A.Bispo©


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Krummhübel 2003. Fotos.A.A.Bispo.
©Arquivo A.B.E.

 

Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira 146/8 (2013:6)
Editor: Prof. Dr. A.A.Bispo, Universidade de Colonia
Direção administrativa: Dr. H. Hülskath

Organização de Estudos de Processos Culturais em Relações Internacionais (ND 1968)
Academia Brasil-Europa
Instituto de Estudos da Cultura Musical do Mundo de Língua Portuguesa (ISMPS 1985)

© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1998 e anos seguintes © 2013 by ISMPS e.V. Todos os direitos reservados
ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501

Doc. N° 3050




Elisabeth Lesske (Krickeberg) de Liebenau (1861-1944)
- mãe do etnólogo e americanista Walter Krickeberg (1885-1962) -
no contexto do movimento feminino alemão nos seus elos com a Silésia
e seu significado para o Brasil



Reflexões em Berlin-Schönenberg  pelos 10 anos de viagem de estudos eurobrasileiros à Silésia

 

No âmbito dos estudos da A.B.E. de 2013 dedicados aos elos entre regiões da antiga Prússia, em parte pertencentes hoje a outros países, em particular à Polonia, do Norte da Alemanha, e do espaço do Mar do Leste nas suas referenciações com o Brasil, foram reconsideradas questões que vem sendo tratadas há muitas décadas.


Essas questões dizem respeito à procura de novos conhecimentos e de outros enfoques geográfico-mentais de contextos em geral ignorados dos observadores ocidentais devido às convulsões, destruições, mudanças de limites nacionais e populacionais por que a Europa passou no século XX.


Entre os temas considerados, tratou-se de relações entre instituições e personalidades de centros antiga tradição universitária, de cidades portuárias e cosmopolitas de comércio e de grupos privilegiados de propriedades rurais nessas áreas limítrofes com o Brasil através sobretudo da emigração e do exílio, da recepção de imagens do Brasil no passado e da presença de antigas imagens de terras natais em regiões de refúgio na Alemanha e nas distantes regiões nascidas da colonização.


10 anos de viagem de estudos eurobrasileiros à Silésia


A Silésia e regiões circunvizinhas da Alemanha e da Polonia foram percorridas em viagem de estudos da A.B.E. em 2003, um empreendimento que se seguiu ao Congresso de encerramento do triênio pelos 500 anos do Brasil em 2002. Nesse Forum Rio Grande do Sul a atenção foi despertada para a necessidade de maior conhecimento dos pressupostos culturais de descendentes de colonos alemães provenientes de regiões hoje pouco conhecidas ou de contextos político-culturais não mais existentes no presente, entre elas a da Silésia.


As observações então feitas em regiões da fronteira alemã com a Polonia e na própria Polonia, em particular em em Krummhübel e no centro da minoria alemã de Oppeln, demonstraram as grandes dificuldades que se colocam a tentativas de reconstrução histórica para o melhor conhecimento de processos em áreas tão totalmente transformadas na sua configuração populacional, cultural e política.


Estudos de pressupostos culturais da emigração da Silésia e de descendentes de silésios no Brasil devem ser  assim, conduzidos de forma relacionada com estudos regionais, em particular também aqueles conduzidos por emigrados e sociedades de silésios e de expulsos de outras regiões do antigo Leste e da Europa Central em geral na própria Alemanha.


Aproximações a mundos submersos de cultura alemã


Essas populações de regiões limítrofes foram mais intensamente confrontadas com questões de afirmação cultural em situações instáveis, impregnadas de sentimentos de alemanidade e do valor de conservação de valores culturais tradicionais, ascensão social por meio da ilustração familiar e do cultivo, da cultura e das artes.


O despertar de interesses por viagens e povos extra-europeus foi fomentado pela literatura de difusão de conhecimentos, unindo-se assim uma prática cultura marcada por tradicionalismo de valores e desejos de atualização, de seguir tendências dos grandes centros e da moda.


Compreende-se que em panorama assim esboçado, a mulher e a educação feminina tenham desempenhado importante papel, responsável que eram as mães sobretudo pela formação das filhas. Estas, apesar de todo o resguardo e discreção impostas pelas normas da época, tinham a possibilidade de demonstrar os seus dotes e cultivo através de seus talentos artísticos e musicais, fundamentados estes pela leitur de novelas e romances, da apreciação pela música de salão, do gosto pela moda e da trabalhos manuais.


Trata-se assim, nessas aproximações a mundos submersos de antigas regiões marcadas pela cultura alemã, de levar em conta estreitas relações entre informações propiciadas por magazines de ilustração familiar e de formação infanto-juvenil, que traziam referências ao mundo admirado das principais cidades e de regiões longínquas, aqueles de erudição através da leitura de obras clássicas a serviço do desenvolvimento dos próprios talentos na exteriorização, ainda que tímida e reservada, das potencialidades intelectuais, creativas e interpretativas.


Trata-se, em conceitos mais atuais, de considerar interrelações entre uma cultura antes popular e uma antes erudita sob a perspectiva de processos sócio-culturais explicávels pela situação particular desses contextos marcados o mesmo tempo por tradição e apêgo à identificação alemã, de nobilidade reservada e ao mesmo tempo de ânsia de obtenção e demonstração de conhecimentos e talentos, ainda que fosse atravessar da carreira de filhas e filhos nos grandes centros, em particular em Berlim.


Teria havido, assim, pontes entre valores, atitudes, expectativas e práticas culturais irradiadas de regiões afastadas com características coloniais, de fronteiras e em defronto com contextos culturais não-alemães na vida cultural e intelectual dos grandes centros, não aristocrática, mas ao mesmo tempo conservadora e marcada por uma cultura de características triviais mas de ambições instrutivas e de ilustração.


Essa irradiação era possibilitada pelo envio de filhas de famílias de posses ao estudo em instituições de ensino feminino mais avançado que só existiam nos grandes centros, ainda que sobretudo dedicados à economia doméstica e ao professorado feminino.


Essa era também a oportunidade para casamentos com jovens bens situados das capitais, o que lhes abririam caminhos para a integração em círculos sociais privilegiados, ao exercício e demonstração de seus talentos e cultivo na compensação de as suas origens provincianas, continuando, porém, a projetar a realização de ímpetos e ambições na formação e promoção de seus filhos e filhas. Essa auto-realização a partir de filhos unia-se assim a um momento educativo e que não poderia deixar de ter consequências para a vida e as atividades de personalidades que alcançariam por vezes renome internacional nas diversas áreas do conhecimento.



Movimento feminino e consciência do seu início nas Montanhas Centrais


Essa aproximação, que dirige a atenção de forma privilegiada à mulher, à educação feminina e ao papel desempenhado pela mulher não só no ambiente cultural local mas também nas suas projeções na capital e no mundo, assim como as suas contribuições ao desenvolvimento da cultura e das artes a partir de suas próprias qualidades e características de formação, não é arbitrária, mas resultado da constatação de que existiu uma consciência feminina, até mesmo de um pioneirismo do  movimento feminino na Silésia e em outras regiões extremas de presença alemã.


Essa consciência, documentada em magazines de grande divulgação pela passagem do século, não poderia deixar de influenciar o movimento feminino que se processava nessa época na Alemanha, organizado em associações, promovendo encontros sob a direção de destacadas líderes e possibilitando as atividades de uma plêiade de escritoras e artistas.


Um artigo publicado em folha ilustrada para famílias do ano de 1900 (Die Gartenläube: Ilustriertes Familienblatt, Leipzig: Ernst Keil's Nachfolger), dedicado ao tema "A primeira associação feminina alemã" (Ludovica von Bodenhausen, "Der erste deutsche Frauenverein", op.cit. 842-843), dirige de início a atenção dos leitores às elevações que preparam as Montanhas Gigantes (Riesengebirge), as mais altas da Silésia, da região dos Sudetos, de áreas de fronteiras atuais entre a Polonia e a República Tcheca.



A publicação desse artigo de Ludovica von Bodenhausen de 1900 documenta a consciência histórica do florescente movimento feminino pela passagem do século em Berlim e os seus antigos elos com a região da Silésia, sobretudo com o histórico castelo de Fischbach no atual Karpniki.


Essa região, onde nasce o Elbe, então as maiores montanhas centrais alemãs, mais altas do que aquelas da Floresta Negra, foram procuradas no século XIX por literatos e homens de arte, em parte substituindo estadias em regiões alpinas. Transformaram-se assim os seus centros em centros de irradiação cosmopolita de viajantes que traziam novos impulsos dos grandes centros mas procuravam uma região apreciada como profundamente alemã pelos seus mitos,estórias e figuras fantásticas.


Situando de início o seu texto na estrada real silésia, no castelo da aldeia de Fischbach em meio às florestas aos pés das "montanhas do falcão", a autora lembra que, assim longe do mundo, na paz e na tranquilidade, uma mulher de origem nobre desenvolveu a sua ação para a salvação da pátria quando os alemães, em 1813, levantaram-se contra o invasor.


Tratava-se do castelo preferido da princesa Marianne, Princesa de Hessen-Homburg (1875-1846), filha do Conde Friedrich Ludwig von Hessen-Homburg, esposa do Príncipe Wilhelm da Prússia, irmão de Friedrich Wilhelms III.


O nome dessa princesa surge assim em contexto com o da rainha Luise (1776-1810) e princesa Luise Radzivill, decantadas como "tríade de estrêlas de virtudes femininas e de nobres ideais, que alimentaram o espírito do levante que iluminou as trevas das provas passadas pela nação." (loc.cit.)


Esse espírito possibilitado pela formação, espírito e dotes de coração nunca teria perdido a fé no futuro da pátria. Após a morte da rainha Luise, a princesa Marianne assumiu o primeiro lugar na Corte prussiana, tornando-se motor da beneficiência patriótica. Pela primeira vez teria surgido aqui, sob a liderança de mulheres como grupo em si fechado de auxílio a serviço do bem-estar público com uma proclamação a 6 de março de 1813 às mulheres da Prússia.


As doadoras tornavam-se companheiras de uma Sociedade de Mulheres para o Bem da Pátria (Frauenverein zum Wohle des Vaterlandes). Esse apelo a mulheres de todas as classes sociais não ficou sem consequências, reunindo aristocratas, mulheres de funcionários públicos e do povo, de artesãos e serviçais, levando á fundação de 20 filiais nas diferentes províncias, onde procurava-se unir o entusiasmo patriótico a obras de caridade.


Teria sido o exemplo da Princesa Marianna da Prússia o início do moderno Samaritanismo, que levou em 1864 em Genebra à escolha da "Cruz Vermelha" como símbolo, o mesmo dos antigos templários do castelo de Fischbach. Desse início histórico, criou-se então em 1866 a Sociedade Patriótica de Mulheres (Vaterländische Frauenverein). (loc.cit.)


Estreitas relações de amizade uniram a Princesa Marianne a Elise Radziivill, de uma família que passava meses de verão em Ruhberg, próximo de Fischbach, tornando-se também uma personalidade de liderança no movimento feminino que tinha as suas raízes nas distantes regiões de florestas. Também uma das filhas de Marianne, a rainha Marie da Baviera, mãe do rei Maximiliano II, que entrou na história pelo seu interesse artístico, é lembrada no rol das personalidades da história do empenho feminino na Alemanha.


A Princesa Marianna da Prússia era a mãe do Príncipe Adalbert (1811-1873) , o primeiro admiral da marinha prussiana e o viajante pesquisador que esteve no Brasil e entrou na história científico-cultural com fundamental obra para o conhecimento do Brasil, (H. Kleke, Reise Seiner Königlichen Hoheit des prinzen Adalbert von Preussen nach Brasilien, Nach dem Tagebuch Seiner königlichen Hoheit mit höchster Genemigung auszüglich bearb. und hrsg. ... Berlim: Hasselberg 1857).


Elisabeth Krickeberg, nascida Lesske em Liebenau


Transcorridos dez anos dessa viagem de estudos da A.B.E., as atenções foram agora dirigidas a Elisabeth Krickeberg, nascida Lesske, mãe do etnólogo e americanista Walter Krickeberg. Trata-se de escritora que teve grande produção literária, hoje porém pouco lembrada, um dos muitos nomes de autores e autoras de romances, contos e novelas que, embora profusamente divulgados do início do século à Segunda Guerra, marcando gerações, encontram-se hoje esquecidos dos leitores alemães.


A consideração de seu nome adquire porém significado sob diferentes aspectos, uma vez que, através de um trabalho dedicado ao enfeite de penas dos "povos naturais" das Américas, publicado em magazine de alta divulgação nos anos anteriores à Primeira Guerra:


(Elisabeth Krickeberg, "Der Federschmuck der Naturvölker Amerikas", Mit fünfzehn Aquarellen von Curt Agthe", Velhagen & Klasings Monatshefte XXVI. Jahrgang 1911/12, 3. Band, Berlin, Bielefeld, Leipzig, Wien: Velhagen & Klasing, 229-240).


Esse texto, desconhecido ou ignorado nos meios etnológicos, indica pressupostos culturais e de formação que podem esclarecer a orientação de interesses do seu filho na posição de tão excepcional destaque que alcançou na história da Etnologia indígena e na Americanística do século XX.


A lembrança do nome de Elisabeth (Lesske) Krickeberg não se justifica apenas retroativamente a partir de seu filho. Para além de sua extensa obra literária, o artigo em questão demonstra a sua elevada formação e o seu interesse por questões relativas aos indígenas das Américas, as suas leituras e contatos com etnólogos, os seus conhecimentos de materiais do Museum für Völkerkunde em Berlim, ou seja, revela uma personalidade feminina de amplos interesses, extraordinárias qualidades e força de trabalho que teria ficado antes em posição discreta devido às convenções impostas à mulher na época.


Considerar Elisabeth (Lesske) Krickeberg surge assim também como um subsídio à recuperação de nomes da história feminina, não apenas no sentido de justiça póstuma, como também no de percepção de um papel desempenhado pela mulher na sensibilização pelos valores estético-artísticos da arte indígena.


Pressupostos culturais de Elisabeth Krickeberg


Lembrar o nome de Elisabeth Lesske significa também dirigir a atenção ao contexto cultural de sua região natal, a de Liebenau in der Mark (Neumark), hoje Lubrza, na Woiwodschaft Lebus, distrito Swiebodzin/Świebodziński, na Polonia. Züllichau, foi após o Congresso de Viena distrito administrativo de Frankfurt a.d.Oder na Província de Brandenburg, compreendendo também a região de Schiwebus.


Tudo indica poder Elisabeth Lesske ser vista como representativa do tipo de formação feminina em família de posses dos proprietários de terras da região, na qual, após a visita à escola municipal, eram orientadas por professores particulares em prendas domésticas e atividades artísticas e musicais. 


A partir de 1873, visitou a escola feminina - para filhas de famílias -de Schwiebus, formando-se em economia doméstica e, a seguir, transferindo-se para Berlim, frequentou o Seminário de Formação de Professoras para ensino médio e avançado a partir de 1878, terminando o curso em 1880 como professora para escolas para jovens.


Essa formação condizia com as normas educativas da época e das possibilidades existentes de estudos para a mulher. Significativamente, Elisabeth Lesske não exerceu as atividades de professora possibilitadas pela sua formação, reservando-se à vida doméstica da família até o seu casamento com Konrad Krieckeberg, um funcionário de correios, em 1883.


Em Berlim, passou viveu nos bairros de Schöneberg e Charlottenburg, o que indica o nível social elevado do meio em que conviveu e que correspondia culturalmente à sua formação de infância e juventude. A sua intensa atividade como escritora, manifestada em muitas publicações a partir de 1891, quando escreveu uma Novelette para um jornal provincial,


Em 1892, participou de um concurso do Universum para uma Novelle, a Onkel Fritz, que ficou entre as primeiras quatro premiados. Desde então, publicou no Universum, no Illustrierten Welt, no Buch für Alle, pequenas novelas, contos e artigos.  Num concurso do Lahrer Hinkenden Boten para um bom conto popular encontrou interesse para o seu Frieda Schwar (S. Pataky, Lexikon deutscher Frauen der Feder 1. Berlim, 1898, 456-457).


Essas atividades de escritora e a publicação de artigos em revistas de ilustração de famílias indicam que Elisabeth Krickeberge não se restringiu às tarefas caseiras de lar, utilizando-se de todas as possibilidades então existentes para agir intelectualmente e criativamente.


Trabalhos de maior porte, romances e novelas, passaram a ser lançados pela passagem do século. Os seus títulos demonstram um interesse por figuras históricas (p.e. Heinrich von Stephan, Dresden 1897), obra que mereceu atenção maior na época e representa uma das poucas consideradas até o presente.


Recordações do ambiente de sua infância em região de fronteiras uniam-se a um apêgo a um modo de vida de alemães (Dahinten in Polen, Berlin 1899). A sua produção literária indica assim não apenas um interesse pelo romance histórico regional como também pelo conhecimento do povo, de seus tipos populares, figuras característico-humorísticas e estórias (e.o. Muck als Freiwerber und andere Geschichten, Berlin 1900; Ohne Liebe. Der tolle Graf, Leipzig 1903; Die Frau Professor, Leipzig 1906).


Elisabeth Krickeberg participava nessa época da Liga de Escritoras alemãs, então presidida por Louise Schulze Brücke e Martha Friedmann.


Mãe de Walter Krickeberg


Os anos que antecederam a passagem do século até a Primeira Guerra Mundial foram assim marcados por uma intensa atividade publicística de Elizabeth Krickberg, acompanhando a formação e os estudos do seu filho.


Walter Krickeberg nasceu em Schwiebus (Neumark), uma ex-região prussiana da Silésia, da circunscrição de Züllichau-Schwiebus que, com as suas cidades Bomst, Liebenau, Schwiebus, Unruhstadt e Züllichau, foi um distrito existente desde 1816 e que deixou de existir como tal após a Segunda Guerra, sendo incorporada à Polonia.


Após terminar os estudos secundários em 1903 no Ginásio Prinz Heinrich de Berlin, passou a estudar Direito, e a seguir Geografia, Arqueologia, História Antiga, Línguas americas e Etnologia. Tendo sido motivado por Leo Frobenius (1873-1938), estudou e manteve contatos com renomados etnólogos.


Atuando como voluntário desde 1906 no Museum für Völkerkunde em Berlin, passou a ser auxiliar científico em 1907. Nessas condições, explica-se o conhecimento de Elizabeth Krickberg dos materiais conservados no Museu que se manifesta no seu texto publicado em 1911/12.


Dificilmente pode-se saber, porém, o que foi mais determinante nessa atenção aos materiais do Museu e a questões indígenas, se o incentivo materno a partir de conhecimentos em círculos familiares ou através das atividades do filho como atuante no Museu.


O texto de Elizabeth Krickberg indica uma pensadora independente, que se baseia em próprias leituras e tira delas consequências. Além do mais, a sua atenção e valorização dos objetos indica enfoques e a prática de sua formação doméstica.


Sintomáticamente, essa fase inicial de Walter Krickberg no Museu coincide com um período em que Elizabeth Krickberg parece ter diminuido a sua produção literário, lançando só em 1910 um novo título (Die Krähe und andere Novellen, Leipzig 1910).


Os títulos dos anos que se seguem - em particular daqueles da Guerra, onde o seu filho serviu, sugerem temas mais sérios ou de amor, ainda que a autora continuasse ativa literariamente mesmo nesses anos conturbados (Wie wir vergeben unsern Schuldigern, Berlin 1913; Und hätte der Liebe nicht, Dresden 1914; Trotzige Liebe, Berlin 1915; Die Hollmanns, Berlin 1916; Siddys Ehekontrakt, Berlin 1917, Auf einsamer Höh, Berlin 1918 u.a.). Após a Guerra, Elizabeth Krickberg deu continuidade à sua produção, lançando vários títulos entre 1919 e 1931 (e.o. Im Strudel der Großstadt, Berlin 1919).


Para a continuidade dos relatos: http://revista.brasil-europa.eu/146/Arte-Plumaria-Indigena.html


Súmula de trabalhos de ciclo de estudos dirigidos por
Antonio Alexandre Bispo







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Indicação bibliográfica para citações e referências:
Bispo, A.A. "Elisabeth Lesske (Krickeberg) de Liebenau (1861-1944) - mãe do etnólogo e americanista Walter Krickeberg (1885-1962) - no contexto do movimento feminino alemão nos seus elos com a Silésia
e seu significado para o Brasil". Revista Brasil-Europa: Correspondência Euro-Brasileira 146/8 (2013:6). http://revista.brasil-europa.eu/146/Elisabeth-Krickeberg.html