Flora e Fauna no Madagáscar e no Brasil
ed. A.A.Bispo

Revista

BRASIL-EUROPA

Correspondência Euro-Brasileira©

 

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Ivoloina. Fotos A.A.Bispo 2015. Copyright.Arquivo A.B.E..

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Ivoloina. Fotos A.A.Bispo 2015. Copyright.Arquivo A.B.E..

Ivoloina. Fotos A.A.Bispo 2015. Copyright.Arquivo A.B.E..

Ivoloina. No texto: Montagne d‘Ambre. Fotos A.A.Bispo 2015 ©Arquivo A.B.E..

 

154/9 (2015:2)



De árvores do viajante, jacarandás, jacas e goiabas
Flora e Fauna no Madagáscar e no Brasil, degradação e projetos ambientais

Estudos internacionais pelos 450 anos do Rio de Janeiro - Programa Cultura/Natureza da A.B.E.


 
Pelos 450 anos do Rio de Janeiro, a A.B.E. promoveu, no início de 2015 ciclos de estudos no Índico, dando continuidade a trabalhos anteriores nessa região do globo.

Entre os complexos temáticos tratados anteriormente, destacaram-se aqueles voltados à Botânica nas suas relações com os estudos culturais. Entre eles, considerou-se, em Maurício, o significado do jardim botânico de Pamplemouses na história da aclimatação de espécimes nas suas transplantações do Oriente ao Brasil. (Veja)

Considerando a extraordinária importância do Jardim Botânico do Rio de Janeiro pela sua antiga história, pela sua importância científica e pragmática, e não por último pela papel que desempenhou e desempenha na imagem do Rio de Janeiro no Exterior, pareceu ser imprescindível voltar a considerar questões da história da viagem das plantas no ano comemorativo de 2015.

Embora tenha-se revisitado Maurício, as atenções se concentraram agora em outras ilhas dessa esfera do globo. Procurou-se considerar nos respectivos contextos as questões que se levantam, os diferentes pêsos dados a problemas e à procura de soluções, as iniciativas e métodos, paralelos e relações com o Brasil.

Entre as instituições visitadas, aquelas do Madagáscar se diferenciaram por dirigir a atenção a uma problemática de grande atualidade e que diz respeito também ao Brasil:  Ambos os países possuem uma extraordinária riqueza florestal e de vida animal, mas também vivenciam de forma trágica processos de destruição do patrimônio natural em extraordinárias dimensões.

Cumpre, assim, que se tome conhecimento mútuo de problemas e situações atuais, de consequências ambientais, sociais e culturais desses processos, e sobretudo dos esforços de conscientização e dos projetos e ações múltiplas de proteção e recuperação ambiental em ambos os contextos.

Partiu-se da convicção de que o contato pessoal e a troca-de-idéias com especialistas, estudantes, idealistas e ativistas malgaches podem possibilitar o conhecimento de iniciativas, sucessos e insucessos no país, e contribuir à motivação e mesmo o ao encorajamento recíprocos  quanto a um problema cujas dimensões ultrapassam fronteiras nacionais e mesmo continentais.

Montagne d'Ambre. Fotos A.A.Bispo 2015. Copyright.Arquivo A.B.E..

Montagne d'Ambre. Fotos A.A.Bispo 2015. Copyright.Arquivo A.B.E..
Os parques do Madagáscar visitados permitiram a consideração de diferentes aspectos de questões do relacionamento Cultura/Natureza do programa da A.B.E.. (Veja)

No Mont Passot,  com as vistas da paisagem da ilha de Nosy Be e dos grandes lagos em crateras, envolvidos em estórias e observâncias, em grande parte fady, a atenção volta-se às relações entre a defesa do meio ambiente e da valorização de paisagens na sua função social e econômica possibilitada pelo desenvolvimento de um ecoturismo, também com o emprêgo de tradições culturais.

No Parc National Montagne d‘Ambre, com as suas matas naturais e muitas cascatas, focalizou-se a conservação de reservas florestais e a possibilitação responsável de sua visitação para fins de obtenção de recursos: um sistema de estrito acompanhamento com guias em viaturas do parque impede a entrada incontrolada de visitantes que poderiam danificar a vegetação ou perturbar a vida animal.

Uma particular atenção mereceu porém o parque zoológico Ivoloina pelo fato de tematizar mais diretamente o problema da degradação do meio ambiental e extinção de espécies da vida animal , além de exemplificar esforços de recuperação de áreas florestas e de proteção de animais.

Esse parque situa-se não distante da cidade de Tamatave, porto da capital Tananarive, sendo sustentado pelo Grupo Fauna e Flora do Madagáscar  (Madagáscar Fauna and Flora Group, MFG) e apoiado pelo Ministério do Meio Ambiente e Florestas.

A proximidade à zona urbana de Tamatave levanta problemas sob certo aspecto similares a alguns parques zoológicos e botânicos brasileiros que, no passado implantados em zonas distantes do centro, acabaram por ser alcançados pelo crescimento de zonas periféricas, passando a ser cercados por bairros de baixa qualidade de vida.

Também para alcançar o parque Ivoloina, hoje atração turística de Tamatave, o visitante atravessa bairros períféricos e regiões semi-rurais que testemunham paupérrimas condições de moradia e vida.

Concepção recuperacionista e educacional - aguçamento e promoção da sensibilidade

Já na entrada do parque, nos quadros informativos, na disposição e manutenção de caminhos, áreas de animais e gaiolas, constata-se o cuidado e a sensibilidade que os idealistas do MFG dedicam ao projeto, que se difere sob muitos aspectos de parques zoológicos convencionais de muitos países do mundo.

Percebe-se que a preocupação não se limita ao abrigo tecnicamente adequado ou ao preenchimento de condições mínimas de sobrevivência dos animais expostos, mas ao cultivo e à propagação de um relacionamento sensível entre o homem e os animais, muitos deles vivendo em liberdade.

A idéia motriz transmitida é a da necessidade de recuperação de um relacionamento perdido de respeito e de proximidade afetiva e emocional do homem para com os animais. Não tanto considerações teóricas ou abstratas, mas o contato direto, comunicativo, ainda que sem palavras, podem abrir as mentes, através do coração.

Esse motivo condutor do projeto manifesta-se nas explicações de estudantes que, após terem realizado cursos de formação especializada na própria entidade, dedicam-se a conduzir os visitantes tematizando o respeito e relações afetivas aos seres viventes: silêncio, cuidado, delicadeza e ternura, discreção e mesmo distinção de atitudes para com os animais marcam as elucidações.

Nessas exposições, manifesta-se assim o cuidado por uma mudança de consciência relativamente aos animais através de uma mudança de paradigmas fundamentada em aguçamento da sensibilidade e de valores emocionais, de acordo com os objetivos educacionais do projeto. Essa orientação educacional determina tanto a formação de jovens estudantes de ciências naturais e que, após práticas no parque, prosseguem estudos em áreas relacionadas com o ambientalismo, como a orientação dos visitantes externos, sejam escolares do país, sejam turistas estrangeiros.

Esse intento educacional não se limita, assim, à transmissão distanciada de conhecimentos, mas inclui o intuito de transmissão de uma atitude sensível de atenção e afetividade para com os seres viventes.

O observador externo confronta-se com guias que não apenas transmitem conhecimentos de forma objetiva, especializada, mas que não se envergonham de manifestar gestos e palavras afetivas. Expressam, assim, que aprenderam nos cursos que realizaram que os intentos protecionistas da fauna e flora é uma questão de cultura, também e sobretudo de desenvolvimento cultural do indivíduo, de educação de sentimentos e de mente.


Dimensões culturais do extermínio de espécimes: os lemures da „Lemúria“

Essas dimensões culturais assim compreendidas, estreitamente relacionadas com o cultivo da sensibilidade, são tematizadas quando se considera espécimes que correm risco de extinção. No caso de alguns tipos de lemures - o animal próprio do Madagáscar - lembra-se que, no passado, eram protegidos pelo fato de serem considerados como fady, o que impedia de serem mortos e comidos pelo homem.

Os chineses, porém, que já há muito e de forma crescente vivem e atuam no Madagáscar, não possuem tais restrições, devorando animais de todos os tipos. Esse problema, que também atinge certas espécies de serpentes, adquiriu graves dimensões, pois, com o contato e as transformações culturais resultantes, também os malgaches passaram a não mais respeitar as antigas observâncias.

Haveria aqui, portanto, uma situação que demonstra  o significado das relações Cultura/Natureza sob o aspecto do ambientalismo, do conservacionismo e recuperacionismo. Ter-se-ia uma situação que exige a sua consideração nos estudos culturais sob dois aspectos e concepções de cultura: o convencional, aquele dito como „antropológico“, que dirige a atenção ao encontro e a interações de grupos populacionais, à mudança de hábitos e modos de vida, e aquele que, ainda que retomando conceitos de cultura considerados passados, acentua a cultura do indivíduo nas suas relações com civilização, ética e cultivo e aguçamento da sensibilidade. Relativações culturais não podem justificar barbáries.


Os Lemures não merecem apenas atenção de cientistas naturais, mas também de pesquisadores culturais, demonstrando já na sua denominação o seu significado para estudos de relações Cultura/Natureza.

Chegando a ter designado a própria ilha como Lemúria no passado, o termo evoca concepções relacionadas com mortos, espíritos de sombras e respectivas práticas de culto da Antiguidade. Mesmo que a designação tenha sido dada aos animais devido à seus olhos e modos de vida noturna, não se pode deixar de considerar o extraordinário significado do culto a ancestrais e práticas ligadas à morte, ao sepultamento e ao desenterramento ritual de defuntos no Madagáscar.

Esses elos com espíritos e almas pode também explicar concepções religioso-culturais que impediram até hoje a caça de algumas espécies de lemures. Este era o caso dos Indris que, por não terem hábitos apenas noturnos e permanecerem longo tempo ao sol, eram relacionados com a luz, o que, na sua correspondência com espíritos que procuram a luz, não eram mortos.

Recuperação de áreas degradadas, pecuária, desertificação e conceitos de cultura

Essa orientação, consciente ou internalizada, que se manifesta em palavras e atitudes de interlocutores malgaches do parque faz-se perceber também nas explicações concernentes à área ambiental escolhida para abrigar o parque zoológico. Salienta-se que esta não é uma floresta nativa, mas uma mata secundária, nascida em região já degradada, sendo que o seu redesenvolvimento, a reconquista do espaço pela vegetação é acompanhada com respeito e apoiada. Diferentemente de parques instalados em reservas florestas, o Ivoloina situa-se em área que se encontra em grande parte em processo de recuperação.

Nos diálogos, lembrou-se de um problema que é comum tanto ao Brasil como ao Madagáscar: o das queimadas que, em grandes extensões e regularmente praticadas, desencadeiam um processo de desertificação. Considerou-se que essa prática, secular, já se encontra documentada em antigos relatos de viagem, mas que alcançou dimensões dramáticas com o procedimento sistemático de desenvolvimento agrícola e, sobretudo, pecuário.

Como registrado  nos mais antigos mapas do Madagáscar, onde grande área da ilha surge com a designação de „Terra de Gado“ (Veja), a pecuária desempenhou desde épocas remotas importante papel na economia e na vida da população. O zebu já surgia como emblema do país em representações européias do Madagáscar no século XVII. (Veja) O roubo de gado, no qual até mesmo se salientaram determinados grupos populacionais, foi constante fator de conflitos de guerra que arruinaram terrenos antes férteis, o que também é registrado em antigos mapas. A implantação de pastos foi responsável em grande parte pela desertificação de grandes áreas, pelo extermínio de espécimes vegetais e animais, pela diminuição crescente de florestas que, no passado, eram excepcionalmente ricas em madeiras nobres.

Nessa problemática revela-se mais uma vez o significado e a importância de reflexões mais atentas e diferenciadas de conceitos de cultura. Não é o fato de uma prática ser tradicional, documentada mesmo nos mais antigos documentos, que a sua continuidade pode ser justificada, por mais que esteja inserida no edifício cultural e determine formas de expressão e vida. Até mesmo se for considerada como emblema nacional e expressão de identidade cultural não pode ser isenta de questionamentos quanto a necessárias reflexões quanto a costumes e posições.

A „árvore dos viajantes“ (Venala Madagáscariensis)

A área degradada na qual foi implantado parque de Ivoloina encontra-se em processo de recuperação espontânea, fomentado e protegido no sentido em dar condições e tempo para a regeneração natural e para a reconquista de espaços. Essa atitude implica também numa nova atenção a uma planta que justamente é identificada com a vegetação que primeiramente cresce em áreas degradadas ou destruídas pelo fogo: a ´“arvore do viajante“.

Na consideração dessa planta, já o nome indica o seu significado para estudos culturais e justifica o fato de surgir também como emblema do Madagáscar. A designação explica-se por juntar-se água da chuva no fundo das folhas que, na sua base, encontram-se juntas umas às outras, formando um receptáculo que pode ser comparado com uma canoa. Furando a base das folhas, os viajantes podiam saciar a sede nas caminhadas em regiões ermas. As características de sua polinização explicam também a sua difusão, possibilitada por lemures e pássaros. Estes, quando tocam a flor da árvore para alcançar o néctar, esta se abre de forma explosiva, cobrindo-os de pólens, o que é então transportado para outras plantas.

Uma outra explicação do nome fundamenta-se no fato das folhas apontam em geral na direção oriente-ocidente, de modo que a árvore pode servir à orientação a viajantes.

A „árvore do viajante“  em relatos e imagens históricas

A „árvore do viajante“ surge como emblema do país e de companhias, representada em instrumentos musicais, decorações de tecidos ou em souvenirs. Pela sua beleza, é empregada em projetos de paisagismo e jardins em outros países, também europeus.

Já os mais antigos textos de natureza geográfico-cultural relativos ao Madagáscar mencionam a „árvore dos viajantes“.

O „compêndio geográfico“ de Friedrich von Hellvald, publicado em 1906 em quinta edição (Die Erde und ihre Völker. Ein geographisches Hausbuch I, Stuttgart, Berlin, Leipzig: Union Deutsche Verlagsgesellschaft, 1890, 613) reproduziu uma fotografia da árvore como forma característica do mundo vegetal do Madagáscar (Urania speciosa/Ravenala Madagáscariensis). Já essa obra de fins do século XIX explicava a sua denominação pelo fato de oferecer água ao viajante.

Cotejos com plantas pioneiras em áreas degradadas no Brasil - a embaúba

Nas trocas-de-idéias em Ivoloina, lembrou-se de árvores pioneiras de regiões degradadas ou incineradas pelo homem no Brasil. Mencionou-se a embaúba da América do Sul e Central (cecropia) por ser também em muitos casos sinal do solo deteriorado como última das árvores sobreviventes, marcando tristemente a destruição com as suas grandes folhas, ou o início de uma difícil recuperação vegetal.

Crescendo rapidamente à procura de luz, com tronco e galhos ocos, mas de vida curta, em particular ao lado de rios, em clareiras e estradas, são plantas que marcam campos e matas secundárias. Também aqui é a árvore propagada através a difusão das sementes dos frutos por animais e aves. Pouco valorizada, mereceria mais atenção e valorização. Considerou-se, entre outros aspectos, a utilidade medicinal da embaúba, utilizada para diferentes fins por indígenas e caboclos.

Questões de difusão de plantas estrangeiras - goiabas e jacas

Em Ivoloina, lembrou-se que a difusão da „árvore do viajante“ fora do Madagáscar é vista criticamente por aqueles preocupados em propagação de espécimes estranhas fora do seu habitat, por exemplo na Polinésia. No Madagáscar, vê-se também com reserva a expansão de espécimes introduzidas e que nem sempre é favorável ao equilíbrio ecológico. Sob esse aspecto, salienta-se a goiabeira, cuja presença no parque é documentada com pés de goiaba com a indição de sua proveniência do Brasil e do Havaí.

Um caso mais complexo relativo à discussão sobre origens de plantas é o da jaca (Artocarpus heterophyllus), muito comum no Madagáscar e em outras ilhas do Índico. A sua designação - em inglês „Jeckfruit“ - remontaria de uma expressão malaia (chakka), o que indica elos com uma esfera do globo do qual teriam provindo antigos habitantes, ancestrais de grupo populacional do Madagáscar. A planta também não seria estrangeira pelo fato de ser amplamente difundida na Índia e no mundo insular índico.

Reconsiderações de plantas não-endêmicas: jacarandás

Os problemas de propagação demasiada de plantas e animais introduzidos para o equilíbrio ecológico e para a proteção de vida vegetal e animal endêmica não podem ser menosprezados, bastando lembrar-se dos eucaliptos que cobrem grandes extensões do planalto no Madagáscar e que representa um problema de uniformização da vida vegetal e de esgotamento do solo para muitos países, entre êles para o Brasil. Entretanto, a presença e o significado de espécimes não-endêmicas passam a ser considerados com critérios mais diferenciados, o que deveria valer também nos estudos culturais.

O pesquisador que dirige a sua atenção ao Madagáscar sob o aspecto das relações Cultura/Natureza, atenta sobretudo ao extraordinário patrimônio de flora e fauna endêmico da ilha, de remota proveniência e sob muitos aspectos incomparável no mundo. Não se deve esquecer, porém, como também é o caso do Brasil, que plantas e animais introduzidos no decorrer dos séculos fazem parte da história natural-cultural do Madagáscar e não podem deixar de ser considerados e mesmo revalorizados.

Muitas das plantas introduzidas   tornaram-se de imprescindível significado para a economia e a vida do Madagáscar - como  arroz, cana-de-açúcar, baunilha, canela, cravo da Índia, da América do Sul café e cacau, outras emblemáticas para cidades e regiões do país. Assim, a flor de ylang-ylang(Cananga odorata) levou à indústria que justificou, desde o início do século XX, a cognominação de Nosy Be como „ilha de perfumes“.

É compreensível, assim, que uma aproximação cultural a questões botânicas passe a reconsiderar e revalorizar de forma mais diferenciada essa nova flora, como salientado nas trocas de idéias em Ivoloine.

Do ponto de vista paisagístico e urbanístico, o jacarandá (Jacaranda mimosaefolia) merece particular atenção nos estudos malgache-brasileiros por marcar a capital do Madagáscar, Antananarive, que, à época do seu florescimento, é envolvida em cor violácea.

A história da introdução do jacarandá no Sul da África, no Índico e na Austrália é complexa, devendo ser estudada nos seus elos com a Europa e dos europeus que se empenharam em jardins botânicos na Europa e fora dela.

Personalidade lembrada em Ivoloine foi a de Carl Ferdinand Heinrich von Ludwig, Barão de Ludwig (1784-1847), que introduziu o jacarandá no jardim botânico da Cidade do Cabo, na África do Sul, em fins da década de 20 do século XIX. Se caminhos alemães explicam a difusão e o significado cultural, estético e emblemático do jacarandá no África do Sul e Zimbabwe, o seu extraordinário significado em cidades australianas revelam antes relações com a Inglaterra ou de alemães relacionados com botânicos e jardineiros ingleses. (Veja)



De ciclo de estudos da A.B.E.
sob a direção de

Antonio Alexandre Bispo




Todos os direitos reservados

Indicação bibliográfica para citações e referências:
Bispo, A.A.(Ed.).„De árvores do viajante, jacarandás, jacas e goiabas
Flora e Fauna no Madagáscar e no Brasil, degradação e projetos ambientais“.
Revista Brasil-Europa: Correspondência Euro-Brasileira 154/9 (2015:02).http://revista.brasil-europa.eu/154/Flora_e_Fauna_Brasil_Madagascar.html


Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira

© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1998 e anos seguintes © 2015 by ISMPS e.V.
ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501


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Organização de Estudos de Processos Culturais em Relações Internacionais (ND 1968)
Instituto de Estudos da Cultura Musical do Espaço de Língua Portuguesa (ISMPS 1985)
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Editor: Professor Dr. A.A. Bispo, Universität zu Köln
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