A cidade dos jacarandás
ed. A.A.Bispo

Revista

BRASIL-EUROPA 173

Correspondência Euro-Brasileira©

 
Pretoria. Foto A. A. Bispo 2018. Copyright

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Fotos A.A.Bispo 2018©Arquivo A.B.E.

 


N° 173/17 (2018:3)





Tensões e união de grupos populacionais em processos coloniais
e linguagem visual urbana - deseuropeizações no exemplo de Pretoria
A cidade dos jacarandás: - o carnaval jacarandá e a xenofobia jacarandá

Union Buildings

 

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A consideração relacionada de cidades representa importante tarefa nos estudos de processos culturais em contextos internacionais. Edifícios e monumentos oferecem os mais imediatos e principais caminhos para o reconhecimento de elos entre cidades de diferentes nações e regiões.

As características estilsticas da arquitetura e das artes plásticas, em particular daquela de monumentos, revelam já em primeiras aproximações correntes estéticas comuns, que ultrapassam fronteiras nacionais e regionais.

Similaridades evidenciadas na linguagem visual do edificado despertam a atenção aos caminhos que a elas levaram, entre eles aqueles decorrentes das formação em diferentes centros de arquitetos, artístas, políticos e outras personalidades de influência, assim como de suas atuações supra-regionais e internacionais.

Reflexões mais abstratas levam à consideração desses fatores sob o aspecto da difusão de correntes das artes e do pensamento e sua recepção em diferentes contextos, e, assim, a processos históricos em contextos mais amplos, ultrapassadores dos limites das respectivas cidades consideradas.

A leitura mais aprofundada do percebido visualmente na arquitetura e nos monumentos possibilita o reconhecimento de sentidos subjacentes ao manifestado, a concepções e imagens inerentes que tiveram a sua expressão no construído.

Edifícios e monumentos adquirem assim características de sinais e a atenção passa do plano material do visto na realidade edificada ao imaterial do sinalizado.

É nessa esfera que as reflexões de mais alto grau de abstração se desenvolvem, onde pode-se analisar e considerar teoricamente a complexidade de relações de sentidos com épocas e diferentes contextos.

Não só os edifícios mais representativos e os monumentos marcam fisionomias de cidades e abrem caminhos para o reconhecimento de elos, relações e sentidos. Também - e sobretudo - é a própria localização de cidades nas suas inscrições no meio natural, os rios que as cortam ou as montanhas que as cercam, se à beira-mar ou em regiões altas, assim como a disposição de suas ruas e praças que mais determinam a sua configuração, imagem, vivência e condicionam a própria percepção e leitura da arquitetura. Muito menos do que à arquitetura, porém, empresta-se atenção  à estruturação urbana nas suas relações com o meio onde se implanta e no qual interage na consideração de cidades.

A fisionomia, a vivência e a qualidade de vida de cidades são sobretudo marcadas pelas suas praças, jardins e parques. Pouco considerada com maior atenção é sobretudo a arborização de ruas, avenidas e alamedas, embora co-determine relevantemente a imagem de cidades e a experiência do espaço urbano. A arborização de vias públicas é importante fator na percepção de similaridades entre cidades e o reconhecimento de elos e relações.

A atualidade da consideração das arborização de vias públicas - assim como da vegetação em geral no espaço urbano - vem sendo salientada nas considerações relativas ao meio ambiente na realidade.

Perante o crescente uso de áreas periféricas e dos problemas ecológicos resultantes de desenvolvimentos descontrolados e degradadores da terra, as cidades tornam-se ou podem tornar-se nichos de refúgio ambiental em inversão de situações, tornando-se mais verdes do que regiões que foram ou deveriam ser verdes. Há, assim um processo em desenvolvimento que implica em reconsiderações no tratamento do urbanismo e do paisagismo.

Pretoria, a „cidade dos jacarandás“ (Jakarandastad): duas árvores brasileiras

Pretoria. Foto A. A. Bispo 2018. Copyright
Pretoria, a capital da África do Sul - papel que divide com a Cidade do Cabo como sede do parlamento e com Bloemfontein como cidade da suprema corte de apelação - é uma cidade que merece ser considerada nos estudos de paisagismo, de arquitetura e urbanismo em contextos globais.

Elos e similaridades com o Brasil, numa primeira aproximação, evidenciam-se na aparência que toma a cidade com os seus jacarandás em flor (Jacaranda mimosifolia). Esses jacarandás - ca. de 70.000 - que arborizam muitas das ruas de Pretoria, foram trazidas da América do Sul na segunda metade do século XIX.

A história da introdução do jacarandá na África do Sul ainda não está muito esclarecida, podendo registrar-se diferentes explicações. Segundo uns, os jacarandás vieram da Argentina, segundo outros do Brasil. Certo seria que as sementes ou mudas vieram através da Cidade do Cabo. Sabe-se que já antes da descoberta do ouro no Witwateersrand, em 1886, já muitos fazendeiros tinham-se estabelecido na região e trazido mudas de plantas da região do Cabo, entre elas de árvores européias e também o jacarandá. Se no caso da nogueira, por exemplo, tratava-se de árvore frutífera, utilitária, no caso do jacarandá foram antes critérios estéticos de jardinagem de significado.

As primeiras duas dessas árvores teriam sido plantadas em Pretoria em 1888 por J. D. Cilliers, um membro da administração da cidade, no jardim de sua residência, Myrtle lodge. Este teria recebido as sementes importadas do Rio de Janeiro através de um jardineiro da Cidade do Cabo. Essas duas árvores brasileiras aindas vivem e podem ser vistas na área de uma escola primária, a Laerskool Sunnyside em Arcadia. Ali há uma placa que lembra a origem das árvores.

A maior difusão do jacarandá na África do Sul, porém, deu-se a partir da introdução de sementes da Austrália por James Clarke, um jardineiro que se dedicava ao cultivo e à aclimatação de plantas. Também ali tinha sido a árvore trazida da América do Sul, de modo que poder-se-ia falar de uma „segunda migração“ na viagem transoceânica do jacarandá. Presenteando 200 desssas árvores a um político de Pretoria em fins de 1906, foram elas plantadas numa das ruas da cidade (Kochstraat, hoje Bosmanstraat).

O horticultor William Nelson, proprietário da firma „Nelsonia Nurseries“, plantou ca. de 100 quilômetros de árvores ao longo de ruas de um novo bairro então implantado em Kensington, na periferia de Johannesburg. A plantação de tantos jacarandás levou ca. de 6 meses para ser completada, representando a maior obra de arborização de ruas da África do Sul até então. A escolha dessa árvore para esse empreendimento urbano foi parte integrante de um projeto do início do século (1909), contribuindo de forma significativa para que esse bairro, com as suas representativas residências se tornasse até hoje conhecido pela sua atratividade e qualidade de vida que oferece.

O principal motor da arborização em grande escala de Pretoria com jacarandás foi Walton Jameson, um engenheiro municipal, sendo por isso cognominado de „Jacaranda Jim“. Esse programa arborizador desenvolveu-se no decorrer das décadas do século XX.

Significado cultural do jacarandá - o „carnaval jacarandá“ - e a „jacarandá-fobia“

Enquanto, portanto, cidades sul-americanas como São Paulo recebiam sobretudo plátanos da Europa, que deram-lhe traços parisienses e marcaram a sua fisionomia e atmosfera em parte até o presente, a capital sul-africana teve a sua aparência, imagem e vida marcada pelos jacarandás que, ao florescer, imergem a cidade em cor lilás ou de malva. Somente algumas de suas ruas são cobertas de flores brancas. Plantados sobretudo nas primeiras décadas do século XX, as árvores atingiram o seu apogeu a partir da década de 1930. O seu significado cultural para a cidade manifestou-se na celebração do „carnaval jacarandá“, um evento anual que marcou o calendário festivo da cidade entre 1939 e 1964 e, mais recentemente, desde 1985. Ao lado de cortejos marcados pela profusão de cores, nele se coroa uma „rainha jacarandá“.

Nos diálogos que tiveram lugar em Pretoria, em 2018, quando considerou-se essa característica urbano-paisagística da capital sul-africana de evidente significado para estudos relacionados com o Brasil, tomou-se conhecimento de opiniões que defendem a substituição dessas árvores por espécimes nativas. Segundo essas vozes, também a arborização, que tanto marca a imagem e a vida da cidade, deveria haver uma africanização, compreendido aqui o termo no sentido de indigenização, uma vez que se trataria de árvores nativas.

Na troca-de-idéias, lembrou-se que a história da transplantação de espécimes é longa, assim como de sua aclimatização, tendo já determinado tão profundamente o vir-a-ser, a cultura e a imagem de cidades e regiões sul-africanas (Veja) que uma tal tentativa apenas poderia ser puntual, inócua nas suas dimensões, representando um empobrecimento por obscurecer desenvolvimentos de todo um século.

Este argumento vem ao encontro também áquele de um ministro responsável por assuntos florestais da África do Sul, Ronnie Kasrils, que em 2001 defendeu a proteção dos jacarandás como patrimônio arbóreo e muito contribuiu para que os jacarandás fossem salvos.

Segundo êle, a expressão „plantas estrangeiras invasivas“ representaria uma percepção desvalorizada de transplantações e que insinuava que todas as plantas de origens estrangeiras fossem invasivas e prejudiciais à flora nativa. O empenho de sua substituição representava antes uma „xenofobia jacarandá“ sem fundamentos científicos. Era uma árvore que, para além de suas qualidades estético-paisagísticas, era resistente e assim adequada para a arborização de ruas.

Da „xenofobia jacarandá“ à „africanização“ cultural - pós-Apartheid e post colonialism

Essas reflexões, partindo do jacarandá e do risco que está correndo com os intentos de sua substituição, aguçou a sensibilidade para as perdas que podem ocorrer também aos bens edificados da cidade, à sua arquitetura, monumentos, ruas e praças.

Tematizou-se, neste contexto, que monumentos e edifícios históricos que celebram vultos e ocorrências da presença colonial européia do passado e que hoje constituem ainda focos de atração de visitantes, correm o risco de desaparecer.


Esse empenho de africanização época pós-Apartheid corresponde a um complexo de anelos deseuropeizadores e decolonizadores, representando um significativo fenômeno a ser analisado no âmbito de estudos de post colonialism, uma preocupação particularmente acentuada na esfera de passado colonial britânico.

Compreende-se a intensidade desse empenho deseuropeizador considerando-se os elos entre o sistema de separação étnico-racial e a ordenação urbana do passado recente. Já há décadas tinha-se demolido um bairro habitado por grupos mixtos, o Marabastad, e, a partir de 1945, os habitantes foram divididos segundo grupos étnicos. Nos anos de 1960 e 1970, também demoliu-se um bairro onde não havia separação de grupos étnicos, o Lady Selborne.

O bairro Marabastad foi demolido até 1920, a partir de 1945 todos os habitantes foram expulsos e divididos em grupos étnicos. Nos anos 1960 e 1970, também o bairro Lady Selborne, que não tinha separação de raças, foi demolido.

Deseuropeização de nomes e suas implicações - de Pretoria a Tshwane

Esse anelo deseuropeizador manifesta-se da forma mais evidente na substituição de nomes de ruas, praças, e mesmo da própria cidade.

A denominação Pretoria deve ser substituída segundo alguns por Tshwane. Já hoje a cidade faz parte de um complexo metropolitano com essa denominação. Com isso, procura-se uma outra referenciação na compreensão da cidade e do seu vir-a-ser, o que corresponde a um empenho de reescrita da história, dirigindo a atenção da história cultural à natureza e à de nativos.

O nome é o do rio que corta o vale - Tschwane - que posteriormente seria redenominado, em africâno, de Aplesrivier. Este rio foi fator da fertilidade do solo que possibilitou uma provável ocupação inicial da região pelos Ndbele ou Matabele, grupo de língua Nguni, e, posteriormente, de outros grupos que fugiam dos Zulu. O conceito seria originário dos Setswana e significaria „local do boi preto“; também seria o nome de um antigo líder dos Ndbele.

O nome Pretoria, a história de conflitos entre bures e ingleses e a união

Pretoria tem o seu nome derivado de Andries Wilhelmus Jacobus Pretorius (1798-1853), a ela dada por seu filho Marthinnus Wessel Pretorius (1819-1901), fundador da localidade, em 1855 e primeiro presidente da República Sul-Africana. Andries Pretorius foi um representante dos bures de ascendência holandesa, líder do movimento pioneiro dos Voortrekker, vulto da história política do Transvaal, prestigiado entre os bures por ter vencido os Zulkiu na batalha do Blood River e fundador da República Sul--Africana.

Em 1860, a então capital da República Sul-Africana/Transvaal, Potschfstroom foi transferida para Pretoria, um ato que representouz o fim do movimento iniciado com o êxodo dos bures da Cidade do Cabo. Na Primeira Guerra dos Bures, a cidade foi cercada por unidades inglesas em 1880/1881, sendo encerrado com a „Paz de Pretoria“ e independência do Transvaal (1881).  A Segunda Guerra dos Bures (1899-1902) marcou o fim das repúblicas bures e o início da suserania britânica.

A cidade foi novamente cercada por tropas inglesas, uma fase encerrada com um acordo de paz - Vereeniging - em 1902. Em 1910, as repúblicas bures do Transvaal e Oranje-Freistaat, junto com a Colonia do Cabo e com Natal, uniram-se para formar a União Sul-Africana. Pretoria passou a ser a capital de todo o país e a Cidade do Cabo tornou-se sede do Legislativo.

O nome de Pretoria traz assim constantemente à memória a história do país e da cidade, não só lembrando o seu fundador e e um dos mais importantes líderes dos pioneiros bures, os conflitos entre duas facções da história colonial sul-africana, entre descendentes de holandeses e  ingleses, como também a sua união.

Elos de sentidos além fronteiras: Völkerschlachtdenkmal e o monumento aos Voortrekker

O passado bure tem o seu maior monumento no monumento Voortrekker, uma edificação maciça de granito que muito lembra o Völkerschlachtdenkmal da Alemanha, nas proximidades de Leipzig. Essa semelhança revela paralelos interpretativos de sentidos simbólicos entre as lutas no sul da África e aquelas da Alemanha do início do século XIX, uma guerra de libertação contra as forças napoleônicas que, antes da Primeira Guerra, surgia como a de maiores dimensões da história.

O Union Buildings - a união na arquitetura - Herbert Baker (1862-1946)

É sobretudo porém a união entre os bures e os ingleses que tem a sua expressão na linguagem visual de monumentos e da arquitetura de Pretoria.

O edifício mais representativo de Pretoria - e da África do Sul em geral - é o Union Buildings (Uniegebou), residência do presidente do país e sede de gabinete presidencial. O seu significado ultrapassa o contexto sul-africano. É uma obra arquitetônica de primeira grandeza para a história da arquitetura sob a perspectiva dos estudos de processos culturais em relações internacionais, em particular daqueles referentes ao Império Britãnico. Adquire particular relevância pelos sentidos do projeto e da linguagem visual da arquitetura.


Com a sua planta semi-circular, apresenta duas asas que expressa a união dos povos europeus ou de ascendência européia que marcaram a história sul-africana e que até então dividiam o país.

A implantação do edifício monumental em sítio elevado em meio a jardins, acentua o significado simbólico da obra e documenta a importância do paisagismo  para a arquitetura britânica. Nos jardins encontram-se estátuas de Andries Pretorius (1798-1853) e Marthinus Wessel Pretorius (1819-1901)

A construção foi iniciada em fins de 1910 e terminada pouco antes da primeira guerra. Os Union Buildings pode ser considerado como a obra mais significativa de Herbert Baker, arquiteto inglês que marcou a fisionomia de várias cidades do Império Britãnico, o „arquiteto da África do Sul“. Considerá-lo com atenção é de importãncia para estudos de arquitetura de países como a Austrália, a Nova Zelândia e a Índia. O seu túmulo se encontra na Westminster Abbey.

Baker adquiriu a sua formação em contexto familiar, estudou na Royal Academy School de Arquitetura e trabalhou no escritório de Ernest George (1839-1922), onde travou contato com Edwin Lutyens (1869-1944). Cedo alcançou reconhecimento e renome, sendo aceito como membro do Instituto Real de Arquitetura Britânica, alcançando prêmios em 1890. Em 1892, viajou à África do Sul, onde um irmão seu ocupava-se com o estabelecimento de uma fazenda.

Na África do Sul, Herbert Baker dedicou-se ao estudo de tendências e métodos de construção de cunho holandês dos bures, então predominante, atuando em trabalhos de recuperação de casas coloniais. Adquiriu, assim, experiência com o uso do arenito como material de construção.

Fundamental para a sua carreira foi o apoio de Cecil John Rhodes (1853-1902). Foi este que o contratou a construir a nova sede presidencial em Pretoria. Correspondendo aos desenvolvimentos políticos, voltou-se a uma renascença de estilos coloniais de construção. Foi com o apoio de Rhodes que teve a possibilidade de desenvolver estudos no Egito e no sul da Europa. Em 1912, estabeleceu-se na India, onde, em 1913, projetou o edifício da Assembléia Legislativa em Nova Delhim, trabalhando ao lado de Edwin Lutyens, marcou de forma significativa a fisionomia dessa cidade. Os seus trabalhos foram reconhecidos com a sua nobilitação ao retornar a Londres.

Após a Primeira Guerra Mundial, Bakers tornou-se o arquiteto diretor de construções de cemitérios memoriais na Inglaterra e em Flandres. Aqui utilizou-se do arenito que tinha aprendido a usar na África do Sul, o que passou a caracterizar os cemitérios militares.

Arquitetura e música: o carrilhão e o órgão dos Union Buildings e a Melrose House

Os sentidos simbólicos da linguagem visual do edifício são salientados do ponto de vista sonoro por um carrilhão de 32 sinos e por um órgão que se encontra na sua principal sala.

Ambos os instrumentos foram doados por George Jesse Heys (1852-1939), lembrando com isso um empreendedor de posses de ascendência britânica que residia na Melrose House. Esta residência, de traços que relacionam o estilo cabo-holandês com o vitoriano, representa um dos bens histórico-arquitetônicos de Pretoria. Foi na sala de jantar dessa residência que foi assinado o Tratado de União a 31 de maio de 1902. Nela encontra-se hoje um museu.


O patrimõnio arquitetônico e a transformação populacional do centro de Pretoria

A capital da África do Sul possui um patrimônio arquitetônico que é um dos mais valiosos e significativos das grandes cidades do antigo Império Britânico. Sobretudo no seu centro encontram-se edifícios monumentais que documentam a recepção de diferentes estilos e tendências da arquitetura de fins do seculo XIX e do século XX.
Esses edifícios marcaram por décadas a fisionomia da cidade e a colocam sob o aspecto arquitetônico à altura das mais importantes metrópoles de antigas colonias britânicas, tais como Sydney ou Melbourne na Austrália.
O conjunto arquitetõnico que mais expressa as transformações estético-culturais e político-culturais nas suas relações internacionais de mais de um século encontra-se no centro histórico da cidade: a Kerkplein/Church Square. Essa praça, hoje em remodelação, que era marcada pelo monumento ao presidente Paul Kruger (1825-1904), é ladeada por vários edifícios que mereceriam uma atenção especial,
entre êles o do palácio da Justiça, o do antigo Parlamento, o dos Correios e o do antigo teatro Capitol.

Apesar da lembrança que o centro de Pretoria no seu significado arquitetônico pode trazer de cidades como Sydney e Melbourne, as condições atuais de sua vivência lembram hoje antes aquelas de grandes cidades com centro velhos ou „downtowns“ problemáticos, podendo-se lembrar de São Paulo.

A transformação de uso e da constituição demográfica levou a que esse centro já não tenha funções residenciais para camadas de mais posses da população, em geral de ascendência européia, não sendo
também mais frequentado fora de horários comerciais.
A presença de visitantes de ascendência européia em fins de semana é vista como de alto risco e evitada por parte de organizações, de policiais e mesmo de choferes de táxi.

Essa situação atual traz à consciência um aspecto pouco considerado na leitura urbana e nas reflexões voltadas a processos deseuropeizadores: o de uma processualidade não dirigida de transformação social e étnica de espaços e edifícios, de uma contradição entre a linguagem visual e os sentidos desses edifícios representativos e a realidade cultural do homem que hoje os ocupa.







De ciclo de estudos sob a direção de

Antonio Alexandre Bispo


Indicação bibliográfica para citações e referências:
Bispo, A.A. „ Tensões e união de grupos populacionais em processos coloniais e linguagem visual urbana - deseuropeizações no exemplo de Pretoria. A cidade dos jacarandás: - o carnaval jacarandá e a xenofobia jacarandá“
. Revista Brasil-Europa: Correspondência Euro-Brasileira 173/17(2018:3).http://revista.brasil-europa.eu/173/Pretoria_cidade_dos_jacarandas.html


Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira

© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1998 e anos seguintes © 2017 by ISMPS e.V.
ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501


Academia Brasil-Europa
Organização de Estudos de Processos Culturais em Relações Internacionais (ND 1968)
Instituto de Estudos da Cultura Musical do Espaço de Língua Portuguesa (ISMPS 1985)
reconhecido de utilidade pública na República Federal da Alemanha

Editor: Professor Dr. A.A. Bispo, Universität zu Köln
Direção gerencial: Dr. H. Hülskath, Akademisches Lehrkrankenhaus Bergisch-Gladbach
Corpo administrativo: V. Dreyer, P. Dreyer, M. Hafner, K. Jetz, Th. Nebois, L. Müller,
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