Feitiçaria em Cartagena - Canárias e Brasil
ed. A.A.Bispo

Revista

BRASIL-EUROPA 172

Correspondência Euro-Brasileira©

 
Inquisicao/Cartagena. Foto A.A.Bispo 2017. Copyright

Inquisicao/Cartagena. Foto A.A.Bispo 2017. Copyright

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Fotos A.A.Bispo 2018©Arquivo A.B.E.

 


N° 172/4 (2018:2)




A feitiçaria combatida pela Inquisição em Cartagena de Indias
o manejo do mal em meio portuário-comercial marcado pela ambição material:
o „cabrón“ - a entidade maléfica da Popa da Galera
e suas correspondências nas Canárias e no Brasil


Museo Histórico de Cartagena, Palácio de la Inquisicion, Cartagena

 

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Inquisicao/Cartagena. Foto A.A.Bispo 2017. Copyright

Um dos objetivos da revisita de Cartagena de Indias no âmbito do ciclo euro-brasileiro realizado no Caribe, em 2017, foi o de dar continuidade a estudos de processos culturais ali anteriormente realizados no sentido de análise de condicionamentos culturais. Nesse intento, concepções e imagens transmitidas pela religião desempenham importante papel.

É justamente sob este aspecto que Cartagena de Indias adquire grande relevância para estudos referentes ao Brasil e, reciprocamente, o Brasil para aqueles referentes a essa importante cidade portuária e comercial da antiga Nova Granada.

O significado de Cartagena para estudos de fenômenos e processos religioso-culturais na história colonial reside sobretudo no fato da cidade ter abrigado o Tribunal da Inquisição. O Tribunal ali funcionou até a revolução de 11 de novembro de 1811, retornando por alguns anos em 1816, sendo definitivamente extinto em 1821 com a libertação de Cartagena.

Em palácio construído no século XVIII, que é um dos principais monumentos arquitetônicos no coração de Cartagena, na praça Bolívar - antiga da Inquisição -, encontra-se instalado o Museo Historico de Cartagena.

Para além de objetos e materiais históricos vários, entre êles instrumentos de tortura, oferece subsídios e documentos de relevância para estudos da história de concepções e práticas consideradas como contrárias à doutrina, em particular de feitiçaria, que teria sido intensamente praticada na cidade e sua região.

Já anteriormente esse museu foi visitado e os conhecimentos ganhos considerados em estudos, colóquios e seminários. (Veja)

Em 2017, a atenção dirigiu-se mais especificamente a uma questão que surge como fundamental para a compreensão das acusações de feitiçaria pela Inquisição: a da convicção de pactos com uma entidade maléfica ou demoníaca que estaria no início de procedimentos e práticas contrárias à doutrina e que justificavam inquéritos, julgamentos e punimentos.

Significado para o Brasil: época da União Pessoal entre a Espanha e Portugal

O Tribunal de Penas del Santo Oficio de la Inquisición foi estabelecido em 1610 sob Filipe III (1578-1621), ou seja à época na qual Espanha e Portugal (aqui como Filipe II) - e com êle também o Brasil - encontravam-se em União Pessoal (1580-1640). Trata-se, assim, de um fato histórico que deve ser considerado também com especial atenção em estudos históricos da perspectiva brasileira.

Ocorreu assim em época marcada por intentos e medidas de reforma interna da Igreja - de contra-reforma relativamente a contextos protestantes -, e cujo marco foi o Concílio de Trento (1545-1563).

Esse movimento de reforma, determinado por intentos de superação da influência mundana na Igreja, no culto e suas expressões, teve como pressuposto compreensivelmente a detectação e denunciação de abusos e desenvolvimentos a serem combatidos.

Essa sensibilização para o reconhecimento do que devia ser combatido e extirpado em processo de auto-reforma correspondia a uma orientação ao fundamental, às bases teológicas e doutrinárias em geral, assim como à pureza e severidade de costumes.

O espírito tridentino encontrou sobretudo na Península Ibérica condições particularmente favoráveis, uma vez que já há muito ali se encontravam enraizadas tendências reformistas em contexto cultural profundamente marcado pelo ardor religioso.

Se à época de um rei cognominado de „piedoso“ - D. João III (1502-1557) - foi a militância da recém-criada Companhia de Jesus principal expressão de uma reorientação nos procedimentos missionários, no início do século XVII a reorganização centralizadora das ações em contextos globais levou à criação da Congregação da Propaganda Fide, em 1622.

Filipe III deu continuidade a uma política marcada por fervor religioso do seu pai, Felipe II. É Numa quase que obcessão em superação de situações e desenvolvimentos vistos como condenáveis da época, mesmo em detrimento de interesses econômicos, é que se pode compreender medidas que tiveram graves consequências, como o da expulsão dos mouriscos, ou seja, o dos mouros já convertidos ao Catolicismo.

Esse espírito de desconfiança quanto à crença e às práticas de conversos - ou induzidos à conversão - estendeu-se também aos judeus que, tendo-se exilado no passado em Portugal, dali também tinham sido a seguir expulsos ou levados à conversão, muitos deles transferindo-se a regiões extra-européias descobertas e administradas pelos portugueses: à África e a outras partes do mundo, em particular aos Países Baixos, onde Amsterdam tornou-se um centro dos judeus portugueses ativos no comércio mundial. (Veja)

Sendo Cartagena de Indias cidade portuária marcada por intenso comércio, essa desconfiança quanto a um judaísmo de mercadores portugueses „cristãos novos“ ou tido por cristãos teria sido um dos motivos do estabelecimento do Santo Oficio da Inquisição em Cartagena.

Em visão mais ampla, torna-se necessário considerar que a União Pessoal da Espanha e Portugal levou a uma complexa situação nas regiões que há décadas tinham sido contactadas pelos portugueses nas várias partes do mundo e que passaram a ser alvo de ataques de inimigos da Espanha e interessados no comércio mundial.

Enfraquecimento de estruturas administrativas e eclesiásticas, das atividades missionárias, tensões e conflitos nas diferentes regiões, paralelamente a uma intensificação de ambições de poder material através do comércio e do tráfico são fatores que merecem ser considerados no panorama complexo de uma história em contextos globais interrelacionados de fins do século XVI e início do XVII.

Cidades portuárias e comerciais de diferentes regiões e continentes experimentaram esse desenvolvimento marcado por um espírito voltado a bens materiais, à consecução de interesses sem maiores escrúpulos em vida marcada por insegurança e violência, por mudanças e instabilidades, de modo que torna-se compreensível a intensidade de intentos que visavam a tomada de controle de desenvolvimentos através de uma reforma a partir de fundamentos, de uma „limpeza“ em combate ao mal segundo as concepções do edifício religioso.

Cartagena de Indias, fundada em 1533 por Pedro de Heredia (1484-1554), experimentou um extraordinário crescimento como cidade portuária e comercial, como entreposto de ouro, prata, pérolas e pedras preciosas que eram ali procuradas primeiramente por naves da Espanha ou de outras partes do mundo e que ali negociavam com armas, ferramentas, tecidos e outros produtos trazidos do Exterior. Vindas de portos como Sevilla ou Cádiz, dali continuavam a rota a Portobelo no Panamá ou a Santo Domingo.

Essa riqueza material de Cartagena - a Pérola das Indías - explica também a atração que exercia sobre corsários que a atacavam e saqueavam, o que levou à construção das grandes fortificaçoes que até hoje constituem bens patrimoniais de grande significado para a arquitetura militar. Essa necessidade de defesa, que se manifesta também no aspecto fortificado de igrejas possibilita também compreender um espírito de mêdo e de necessidade de defesa e combate ao mal que teria marcado a vida na cidade.

Aqueles que, vindos da Espanha, procuravam sucesso material nessa cidade de Nova Granada, sabiam dos perigos de todos os tipos que corriam. Movidos pelas necessidades ou pela ambição, tomavam a si uma vida determinada pelos esforços na procura de enriquecimento, pensando no retorno com os bens alcançados. A concepção de Índias no seu sentido etnológico-simbólico de antiga proveniência sugeria o mundo marcado por ambivalências de riquezas e misérias de uma sociedade marcada por desequilíbrios e diversidade étnica e cultural com a sua numerosa população africana, de mestiços e mulatos.

Essas considerações podem favorecer a compreensão de desenvolvimentos e situações que levaram à instalação do Tribunal do Santo Ofício em Cartagena de Indias. Do sistema de concepções e imagens transmitido pela tradição religiosa, parece ser compreensível a preocupação pelo poder do „príncipe deste mundo“ em sociedade marcada em primeiro ímpeto pela tentação de procura de enriquecimento e bens terrenos em geral, mas que devia afastá-lo.

O „príncipe deste mundo“ nas práticas acusadas de feitiçaria - o „cabrón“

As acusações de feitiçaria na tradição da Inquisição partiam desde a Idade Média da suposição de um contato ou pacto com o demônio daquele que desejava enriquecimento ou a satisfação de seus interesses no mundo material ou carnal. O anjo decaído - substância intelectual - e associado com o mal encontrava-se no início, na abertura de desenvolvimentos. Devia ser porém afastado pelos riscos de perda da alma daquele que usara dos seus auxílios.

Em Cartagena de Indias, essas concepções e imagens de antiga proveniência e que foram de tão graves consequências na história da Inquisição tiveram a sua expressão em práticas relacionadas com uma entidade cognominada de „cabrón“. Um dirigente de tais práticas, de nome Luís Andrea, caiu na rêde da Inquisição e terminou os seus dias preso. O Busiliaco era príncipe de muitos outros.

Segundo a „História Geral dos Descalços“, de Fr. Luís de Jesus, publicada em Madrid, em 1681, Luis Andrea era um mestiço e o culto constava de oferendas, sobretudo com uso de tabaco, Constava de danças, invocando-se a descida da entidade: „Vri, Vri Busiliaco venì“.

„Y le festejavan con bayles, besandole debaixo de la cola; y despues le limpiavan con hojas de tabaco.“ (Fr. Luis de Jesus, Historia General de Los Religiosos Descalzos del Orden de los Hermitanos del Gran Padre, y Doctor de la Iglesia San Augustin, de la Congregacion de España, y de las Indias II, Madrid: Bedmar 1681,Capitulo 9§5, Decada Quarta 121/122).

Segundo os registros da Inquisição, a entidade aparecia a Luís Andrea em traje de licenciado, muito triste, dizendo que se mudaria para outro lugar - o Promontorio  da Canoa - pelo fato dos religiosos terem ali estabelecido o culto mariano.

Se o „cabrón“ estava à base das práticas, o seu local não era na casa onde se realizavam as práticas, mas fora dela, em lugar ermo, deserto, pouco visitado. Esse local afastado era o do alto do morro da Galera.

Ali era o local da entidade que era designada com vários nomes. Assim como conhecido no costume ibérico - ou mesmo europeu em geral - essas designações refletem o intento de evitar-se o nome do diabo. Maior interesse merece porém a sua designação de „cabrón“ e o fato de ser representado com atributos de cabra macho ou bode, com chifres e pés de cabra. Trata-se assim da imagem de bode montanhês, conhecido da figura do capricórnio da tradição das imagens zodiacais nas suas relações com os elementos. Com essas relações, compreendem-se associações com a tipologia do homem, com imagens da antiga mitologia e vultos das Escrituras.

Um dos aspectos da caracterização dessa imagem pode ser explicada através do uso do termo „cabrón“. O termo é usado em diferentes contextos no sentido de pessoa que se mostra amiga, que age diplomáticamente, de forma velada, mostrando-se cúmplice sem deixar perceber que persegue os seus interesses, correspondendo ao emprêgo eufemistico da palavra „compadre“. Tem, assim, um sentido de falso, ludibriador, trapaceiro ou malandro. O „cabrón“ é um „trickser“.

Segundo o transmitido, o „cabrón“ exigia respeito e era temido pela sua vingança, pois atrapalhava trabalhos. Assim, quando os missionários chegaram para fundar o convento da Popa, procuraram fazer uma „limpeza“, atirando a imagem do „cabrón“ das alturas - fato lembrado no „Salto del Cabrón“. Essa expulsão teria sido a causa da sua vingança, trazendo todo o tipo de perturbações que adiaram por décadas o término da construção do convento. Sinal da mudança espiritual do local foi uma cruz de madeira levantada no seu topo e a denominação do convento de Santa Cruz.

Origens e mecanismos do sistema cultural -  o „cabrón“ nas Canárias

Embora sempre se registra a suposição de aqui tratar-se de um culto autóctone indígena ou africano, mantido vivo entre mestiços e mulatos de Cartagena, os dados indicam tratar-se antes de permanência de concepções e práticas dos colonizadores de antiga proveniência, sobretudo daquelas conhecidas nas Canárias. O fato da manutenção de tradições por determinados grupos étnicos e sociais da população não indica necessariamente a origem dos conceitos e expressões, nem o caminho de sua difusão.

O termo „cabrón“ também é conhecido na tradição canária para o demônio, também chamado eufemisticamente de cão ou „perro“. O problema interpretativo de origens derivado do não-entendimento dos mecanismos próprios do sistema cultural também já era existente nas Canárias. Como essas ilhas foram contactadas no início da expansão européia, ali procederam-se muito antes do que na América processos de transformação cultural desencadeados pelos contatos e pela ação missionária.

Observadores confrontados com nomes e práticas que lhes pareciam estranhos tenderam assim a supor continuidades da cultura pré-cristã dos aborígenas das ilhas, os guanches. Essas suposições por demais generalizadas explicam-se pelo desconhecimento das características sistêmicas do edifício cultural na sua capacidade de atualizações quanto a tipos em diferentes contextos.

Possivelmente invertendo processos, estudiosos viram nessa entidade de conotações demoníacas do „macho cabrío“ uma entidade negativa dos guanches, o Guañajé, ao lado de outras como Canajá e Jucancha, divindades que seriam protetoras do gado caprino, ovino e do cão.

A designação em Cartagena de „cabro uri“ com o anjo decaído, de luz tornado trevas, da noite separada dia segundo a Gênese. O termo, sugerindo uma proveniência do hebraico, pode ser entendido como um sinal de que a entidade deve ser compreendida como integrante de um sistema de concepções e imagens mais amplo relacionados com a luz.

Purificação religiosa da Popa e a Purificação de Nossa Senhora - a Candelária

Na interpretação de processos vistos como sincretísticos nas Canárias, constatam-se referências à deusa Chaxiraxi nas suas relações com a Virgem da Candelária. Essas relações, porém, pelas características do sistema, apenas dizem respeito ao tipo, ao pré-cristão, ou seja a divindade apenas poderia ser sincretizada com o tipo pré-figurador de Maria no Velho Testamento. Constitui uma tarefa de futuros estudos tentar verificar se processo similar não ocorreu na Popa da Galera, uma vez que ali surgiu um dos grandes centros da veneração da Candelária.

A purificação religiosa da Popa com a elevação da cruz e a derrubada do „cabrón“ foi acompanhada pelo fomento do culto mariano da Candelária, ou seja, da festa da Purificação de Nossa Senhora na sua apresentação no Templo. (Veja)

Do ponto de vista imagológico, os religiosos utilizaram-se do antigo tipo de Nossa Senhora negra, de fundamentação tipológica no Antigo Testamento, conhecido e venerado em várias regiões da Europa na Idade Média, sendo uma de suas principais expressões a da peregrinação à da virgem negra de Rocamadour e, em Toledo, a virgem negra na catedral. A

Assim como nas Canárias, a imagem, pela sua pele escura, é designada também na Colombia eufemisticamente de „morena“ ou „morenita“.

Implantando essa tradição da linguagem de imagens, os religiosos fomentaram não só a prática da peregrinação à igreja da Popa como também fizeram da festa da Candelária uma das mais significativas da população de ascenência africana da região.

A entidade negativa nos altos e o mastro da cruz na Popa na imagem da barca

Os dados transmitidos pela tradição documentam a vigência, em Cartagena, da imagem da nave, de tanta relevância para a linguagem visual do Catolicismo. Para além dos estudos de teólogos e estudiosos da Antiguidade que consideram a gama de significados dessa imagem, os conhecimentos ganhos da tradição lusa e brasileira contribuem à compreensão dos significados do monte de Cartagena nas suas amplas dimensões.

O convento, como principal monumento da cidade colombiana, situa-se em monte que, elevando-se dos mares, lembra uma nave, o que se manifesta na sua denominação de galera pelos espanhóis que a viram em 1510.

A entidade maligna encontrava-se nos seus altos, uma imagem conhecida na tradição popular da figura do gajeiro no romance da „Nau Catarineta“. A narrativa manifesta a idéia de uma navegação a esmo, de perda de rumo, de calmaria, de demora da vista de terra firme, uma situação conhecida do texto bíblico no navegar da arca de Noé e, na mitologia, nas atribulações da viagem de Ulisses.

É o mastro - a cruz - à qual se prende Ulisses que permite que a nave prossiga a sua viagem sem sucumbir ao canto das sereias. Também em Cartagena encontrava-se o „cabrón“ no alto da Popa, sendo porém substituído pelo mastro da cruz. O „Cerro de la Galera“ passou a ser conhecido como „Cerro de la Cruz“.

De ciclos de estudos sob a direção de

Antonio Alexandre Bispo


Indicação bibliográfica para citações e referências:
Bispo, A.A. „ A feitiçaria combatida pela Inquisição em Cartagena de Indias. O manejo do mal em meio portuário-comercial marcado pela ambição material: o „cabrón“ - a entidade maléfica da Popa da Galera
e suas correspondências nas Canárias e no Brasil“
. Revista Brasil-Europa: Correspondência Euro-Brasileira 172/4 (2018:2).http://revista.brasil-europa.eu/172/Feiticaria_em_Cartagena_de_Indias.html


Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira

© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1998 e anos seguintes © 2017 by ISMPS e.V.
ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501


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Editor: Professor Dr. A.A. Bispo, Universität zu Köln
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