O „altar de oro“ do Panamá
ed. A.A.Bispo

Revista

BRASIL-EUROPA 172

Correspondência Euro-Brasileira©

 


N° 172/9 (2018:2)




O „altar de oro“ do Panamá
linguagem visual em tradição agostiniana no seu significado em processos coloniais
- justificativas de sacralidade: templo no templo, lília e romã -
Recontextualizações - a presença portuguesa


Pelos 400 anos de Frei Andrés de San Nicolás, Agostiniano Recoleto (1617-1666) e 450 anos de morte de Fr. Andrés de Urdaneta (1498-1568) Iglesia San José, Ciudad de Panamá

 

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A atenção ao Panamá recentemente despertada pela ampliação do canal interoceânico em 2016, pouco mais de um século da sua abertura em 1914, justifica uma retomada de reflexões sobre o significado econômico do ístmo nas relações entre a Europa e as Américas, entre o Atlântico e o Pacífico no passado e no presente, também sob o aspecto dos estudos relacionados com o Brasil.

Nessa parte mais estreita de ligação intercontinental passaram bens e riquezas não apenas desde a abertura do canal, mas já no início da história colonial. Ouro e prata do Peru após a descoberta do império Inca constituiram as principais bases do brilho da antiga cidade de Panamá - Panamá la Vieja - na época do seu apogeu. Cobiçada pela sua riqueza, foi ela atacada e saqueada por corsários e, destruída pelo fogo, levou a que fosse transferida para o local onde hoje se encontra o centro histórico da Cidade do Panamá.

Trata-se de um passado submerso, alvo de pesquisas arqueológicas nas ruínas da antiga cidade e pouco restou que desse testemunho do antigo esplendor de uma cidade que chegou a ser a mais rica dos assentamentos espanhóis nessa esfera do globo. (Veja)

Há, porém, uma importante exceção nessa ausência de bens que trazem à memória essa época áurea: o „altar de oro“, considerado como a mais valiosa obra do patrimônio histórico-artístico panamenho.

Considerar o „altar de oro“ na sua linguagem visual surge porém de significado sob diversos aspectos para os estudos brasileiros. O seu estudo dirige a atenção, por caminhos indiretos, a pressupostos históricos e culturais globais que tiveram também a sua expressão no Brasil.

O „altar de oro“ pode servir a análises de condicionamentos culturais que determinaram e determinam o pensamento e a ação do homem nas suas relações com o meio, escopo primordial dos estudos levados a efeito em países continentais do Ísmo em 2017.

Atualidade da consideração do „altar de oro“ - ano comemorativo agostiniano

Cidade do Panama. Foto A.A.Bispo 2017. Copyright
O „altar de oro“ é o altar-mor da igreja dos Agostinianos Recoletos, conhecida como de São José, no núcleo histórico da Cidade do Panamá.

Lembrar a presença dos Agostinianos no Panamá impõe-se pela atualidade das comemorações dos 400 anos de Frei Andrés de San Nicolás, Agostiniano Recoleto, um dos grandes nomes da história religiosa e cultural da Colombia. (Veja

Não se partindo de configurações atuais dos países da região, mas de contextos da organização territorial e eclesiástica do passado colonial, a ação dos Agostinianos no Panamá insere-se necessariamente no espectro de temas considerados relativamente ao papel desempenhado por essa ordem em desenvolvimentos de uma esfera do continente que foi estreitamente marcada pelas relações entre o Atlântico e o Pacífico.

Os Agostinianos que atuaram no Panama Viejo vieram do Convento da Popa de Cartagena de Indias. (Veja) Os religiosos da Popa pretendiam ordenar dois religiosos - Fr.Juan de San Agustín e Fr. Juan de la Concepción e, para isso, por falta de bispo, dirigiram-se ao Panamá, onde atuava como bispo o Agostiniano Fr. Agustín de Carvajal (1558-1618).

Da Popa veio o P. Vicente Mallol (+1640), natural de Valencia, que fomentou o estabelecimento, a partir de 1610, dos Agostinianos no Panamá. Ali construiram a igreja e convento de S. José, em 1612, procurando para isso um local afastado. Com a reconstrução da cidade ao local atual, também para ali se transferiram, fazendo do seu convento de S. José centro de atividades de assistência religiosa para toda a região. (Fr. Luis de Jesus, Historia General de Los Religiosos Dscalzos del Orden de los Hermitanos del Gran Paadre, y Doctor de la Iglesia San Augustin, de la Congregacion de España, y de las Indias II, Madrid: Bedmar 1681, Decada Quarta §VIII, 126))

Agostinianos nas Filipinas. Fr. Andrés de Urdaneta - 450 anos de sua morte

No ano em que se relembra a passagem dos 450 anos de sua morte, cumpre lembrar o nome de um dos mais destacados vultos dos Agostinianos no continente americano nas suas relações com o Pacífico: Fr. Andrés de Urdaneta, basco, nascido na província Guipuzcoa.

Como erudito com formação em matemática e astronomia, militar, navegador e descobridor, entrou na história pelo seu trabalho de cartografia de rota marítima no Pacífico: das Filipinas a Acapulco no México - o „caminho de Urdaneta“.

Tomando parte em expedição espanhola às ilhas das especiarias - Molucas - foi um dos poucos que alcançou a região, sendo ali porém aprisionado pelos portugueses, retornando à Europa apenas em 1536. Realizando assim uma viagem de circum-navegação do globo, entrou na história como um segundo Fernando de Magalhães (1480-1521).

Não sendo bem acolhido na Corte espanhola, Urdaneta transferiu-se para a Nova Espanha - México -, entrando na ordem dos Agostinianos. Pelos seus conhecimentos, foi indicado para a expedição que, em 1559, tinha como objetivo a colonização das Filipinas. Com outros Agostinianos, alcançaram em 1565 a ilha Cebu, onde levantou-se um convento da ordem. De retorno, o seu navio atingiu Acapulco em 1565. A rota e Urdaneta marcou as viagens martítimas dos séculos XVI e XVII entre Manila e Acapulco.

Reentrada dos Agostinianos a partir das Filipinas - 120 anos

A atuação dos Agostinianos no Panám perdurou até meados do século XIX, quando - como em muitos outros países - a ação das ordens foi combatida, os conventos suprimidos em 1832 e muitos religiosos tiveram que abandonar o país. Essa situação modificou-se apenas com a assinatura de uma concordata com a Santa Sé, em 1887.

Invertendo a direção de processos históricos nas relações entre a América Central e as Filipinas, o Panamá recebeu religiosos das Filipinas quando de sua separação da Espanha, entre êles Agostinianos, em parte espanhóis de Cuba.

Um papel importante nessa fase da história eclesiástica do ístmo foi desempenhado pelo mestre de capela da Catedral - Santos Jorge - , um músico formado no colégio agustiniano de Peralta de Navarra, Espanha, e que reconheceu os Agostinianos recém-chegados pelo seu hábito e pela simbólica correia. Obtiveram permissão de ali ficar, uma vez que havia falta de sacerdotes na Colombia e, em particular, no ístmo.

A êles foi oferecida a deteriorada igreja de San José com o chamado „altar de oro“. Foram os próprios religiosos que, segundo a tradição, teriam reconhecido que se tratava de uma igreja sua através dos sinais da ordem nela existente. Foi, assim, a linguagem visual que marcou o redescobrimento da igreja e do convento. Concomitantemente com os trabalhos de sua reconstrução, alguns deles deram reinício ao trabalho missionário na região do Darién.

O Colegio de San Agustín, instalado em representativo edifício, tornou-se um dos principais educandários do Panamá. Da sua atuação eclesiástico-administrativa, os Agostinianos assumiram as paróquias de Río Abajo e da Sagrada Familia em David, assim como a Prelatura de Bocas del Toro.

É significativo lembrar os paralelos históricos entre a reentrada dos Agostinianos no Panamá e a história mais recente de suas atividades no Brasil. Assim, foi também em fins do século XIX, em 1899, que os Agostinianos vieram para a Luz, onde fundaram o Colégio da Luz, atuando porém na antiga igreja da Boa Morte. Em 1906, deram início à construção do colégio no alto do Morro Vemelho, entre os bairros da Liberade e do Paraíso, onde o ensino teve início em 1931. (Veja)

O Interior da igreja dos Agostinianos no Panamá

Essa igreja, uma das primeiras levantadas após a transferência o da cidade, experimentou como outras modificaçõs no decorrer dos tempos. Vítima de um incêndio, em 1737, foi reconstruída. A ordem retomou-a em fins do século XIX, tendo sido o seu interior reformado no início do século XX. O altar foi restaurado em 1915.

A configuração interna da igreja, com os seus altares dos mais diferentes estilos dá testemunho das diferentes épocas da sua longa e diversificada história.

A série de altares laterais oferece quase que um panorama de expressões artísticas, ainda que modestas, do sentimento religioso das diferentes fases da igreja, denotando sobretudo a época em que serviu de capela de colégio.

Cidade do Panama. Foto A.A.Bispo 2017. Copyright
Uma particular atenção merece a imagem de Santa Edviges em altar lateral da igreja pelo fato de demonstrar ser alvo da devoção popular, assumindo significado para estudos culturais empíricos, também naqueles relacionados com o Brasil.

Uma evidência da similiaridade de práticas são as oferendas em forma de casas e igrejas que, em miniaturas e em parte em confecção artesanal, ali encontram-se depositadas. Com essa devoção, acentuam-se e diferenciam-se as relações culturais com o Velho Mundo.

As oferendas em forma de igrejas e casas lembram que Hewig von Andechs (1174-1243), duquesa da Silésia, foi modêlo não só de caridade através da sua dedicação no auxílio de pobres, como também na fundação de igrejas.

A linguagem simbólica corresponde assim àquela que marca a veneração da santa na Alemanha, segundo a qual é designada a catedral de Berlim. Ainda que marcada sobretudo pelo Beneditismo, essas características de sua exemplaridade vieram ao encontro daquelas dos Agostinianos.

O centro e referencial do todo: o „altar de oro“

Todas as atenções, porém, dirigem-se ao monumental altar-mor. Na magnificência de extraordinária obra de arte de talha em madeira totalmente revestida e na profusão ornamental, pode ser visto como um exemplo significativo do Barroco ibérico nas Américas.

Segundo a tradição, esse monumental altar, valioso também sob o aspecto material, remontaria à igreja na antiga cidade (Panamá la Vieja). (Veja)

Segundo essa narrativa, teria sido salvo pelo fato de um religioso ter coberto o seu revestimento de ouro com tinta preta, evitando assim a cobiça e o roubo por ocasião do ataque do corsário Henry Morgan (1635-1688), em 1671. Este, aproximando-se do altar, ali encontrara um velho sacerdote, perguntando-lhe onde os religiosos tinham escondido todo o ouro e a prata. O sacerdote teria dito que a ordem era muito pobre, pedindo esmolas a Morgan que, entregando-lhe moedas, afirmara serem os religiosos mais piratas do que êle próprio.

De acordo com essa narrativa, o altar representaria assim um relito e um testemunho da riqueza e do aparato religioso que teriam marcado a vida da cidade destruída. Diferindo dessa tradição que situa a criação do altar no século XVII, parte-se hoje antes de uma construção posterior, do século XVIII, o que seria fundamentado em análises estilísticas. 

O tabernáculo - templo no templo

O centro do altar-mor é constituído pelo tabernáculo, de dimensões e configuração que o fazem referencial de todo o programa teológico e foco das atenções de celebrantes, fiéis e de todo aquele que entra na igreja. Pelas suas características, surge como um documento da importância concedida à acentuação das concepções teológicas sobre a eucaristia, a transubstanciação e a presença divina nos anelos da reforma católica.

É dessa afirmação de convicções dogmáticas, da „recolocação“ da presença divina no centro do todo e de tudo que se explica o esplendor magestático do ouro que reveste todo o altar. O ouro não é aqui expressão da riqueza material da ordem, mas sim da concepção condutora de Magestade Divina manifestada.

O tabernáculo situa-se em trono elevado, alcançado por degraus - pela „escada celeste“ também conhecida de muitas igrejas do Brasil - situando-se em nicho com baldaquim, resplandecendo na luz que dele se irradia.

Uma particular atenção merece ser dedicada às colunas salomônicas que o ladeiam, fazendo-o surgir êle próprio como um templo, um templo dentro de templo, referenciando-o segundo o Templo de Salomão. Também conhecida do Barroco português e brasileiro - bastando citar a catedral de Mariana -, essa coluna do „altar de oro“ traz à consciência o significado de sua consideração à luz da história do pensamento teórico na arquitetura, em particular daquela de autores espanhóis.

Fundamentação bíblica da linguagem de sinais

O comentário em Ezequiel dos jesuítas espanhóis Jerónimo del Prado y Villa (1546-1595) e Juan Bautita Villalpando (1552-1608), de fins do século XVI, publicado em três volumes em Roma, entre 1596 e 1604, surge como uma obra de particular relevância para a compreensão dos fundamentos teológicos da linguagem visual na plástica e arquitetura do Barroco.

Nessa obra, com muitas ilustrações, procurou-se reconstruir o templo de Salomão, relacionando os dados bíblicos com concepções nascidas da erudição, resultados de estudos de antigas fontes clássicas.

O templo de Jerusalem, destruído por fim pelos romanos no ano 70, surge como tipo ou modêlo inspirado por Deus. Para a sua reconstrução,  as principais fontes são as descrições no primeiro livro dos Reis, no segundo livro das Crônicas e no texto do profeta Ezequiel. Este registrou a visão de uma área de templo de complexa estruturação. (Ez. 40-44)

A Corte espanhola foi um dos principais centros de reflexões relativas ao templo de Salomão, não sem polêmicas. Assim o erudito Benedictus Arias Montano (1527-1598) colocou em questão a possibilidade de reconstrução histórica e da suposição de uma proveniência divina, sendo a posição contrária aquela representada pelo comentário em Ezequiel dos autores jesuítas, obra oferecida a Filipe II (1527-1598) e publicada em Roma.

Na sua reconstrução, Villalpando coloca no centro do complexo do templo com a disposição das doze tribos de Israel e a arca da Aliança.

Uma particular consideração foi dada aos fundamentos elevados sobre os quais se levantava o monte do templo.

Nos estudos que relacionam arquitetura e música, tem-se considerado em colóquios e seminários significado da obra de Villalpando, uma vez que nela o autor considera proporções e relações aritméticas de significado intervalar, relacionando-as com medidas do homem, o que empresta à sua reconstrução um sentido simbólico-antropológico.

Para além das diferentes ordens arquitetônicas da Antiguidade clássica, harmonizadas com a tradição biblica, inclui-se na obra reconstrutiva a coluna salomônica. Esta, considerada como elemento caracteristicamente ibérico, relaciona-se com a simbologia da romã. A ordem salomônica de Villalpandos revela essa simbologia das folhas de lília e semente de romã.

A importância das concepções tratadas na obra de Villalpando para o estudo da arquitetura ibérica tem sido reconhecida, tendo-se registrado similaridades dos planos nela tratados com o El Escorial e, em geral, com atividades construtivas da época de Filipe II. Uma atenção mais acurada mereceria ser dada às suas extensões no Novo Mundo.

Sentidos da ornamentação: folhas de lília e sementes de romã

É nesse contexto que a leitura do „altar de oro“ adquire maior profundidade. A singular configuração do tabernáculo traz à lembrança o sentido tipológico da Arca da Aliança. A própria profusão vegetal de sua ornamentação parece documentar o motivo da romã conhecido das ilustrações e do texto de Villalpando.

As folhas e os frutos/flores da vegetação não surgem como mera decoração sem sentidos mais profundos, assim como os próprios raios ornamentados de folhas que denotam a resplandescência da pureza associada à imagem da lília.

Significado da Assunção e o cinto negro do consôlo

Entre as imagens nos vários nichos do altar-mór deve ser salienta aquela de Maria com o menino Jesus que oferece um cinto negro àquele que o contempla. Representação similar, em imagem mais recente, encontra-se em altar lateral.

Este cinto, segundo a tradição, teria sido feito de pele de camelo por Maria durante a sua gravidez e entregue em visão quando de sua assunção de corpo no céu ao Apóstolo S. Tomás, que também aqui mostrava-se incrédulo. Foi esse cinto lembrado como parte do hábito dos Agostinianos que permitiram que esses fossem reconhecidos quando de sua chegada das Filipinas em fins do século XIX.

O cinto surge como prova da assunção, da subida também em corpo aos céus de Maria. Ao mesmo tempo, porém, tendo sido feito durante a sua gravidez, relaciona duas concepções fundamentais e duas formas de devoção, a de que Maria foi concebida sem pecado original e a da sua assunção.

Compreende-se, assim, que os Agostinianos, cuja história e atuação é tão marcada pela veneração mariana, destacaram-se nas Américas tanto pela devoção a Nossa Senhora da Luz ou da Candelária, como na Colombia, como à Assunção, como no Panamá. Também aqui esses religiosos fomentavam a veneração do cinto negro em irmandades devotadas a Nossa Senhora da Consolação.

Presença de Portugal - Na. Sra. de Fátima na igreja dos Agostinianos

Esse significado do culto mariano na tradição agostiniana torna compreensível também as suas atualizações em formas de devoção mais recentes.

Este é o caso da veneração de Nossa Senhora de Fátima em altar lateral da igreja dos Agostinianos, onde a sua aparição aos pastores é representada em plásticas que tornam presente o contexto português na igreja panamenha de uma ordem tão estreitamente vinculada históricamente à Espanha.

De ciclos de estudos sob a direção de

Antonio Alexandre Bispo


Indicação bibliográfica para citações e referências:
Bispo, A.A. „ O „altar de oro“ do Panamá: linguagem visual em tradição agostiniana no seu significado em processos coloniais - justificativas de sacralidade: templo no templo, lília e romã. Recontextualizações - a presença portuguesa-“
. Revista Brasil-Europa: Correspondência Euro-Brasileira 172/9 (2018:2).http://revista.brasil-europa.eu/172/Linguagem_visual_agostiniana.html


Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira

© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1998 e anos seguintes © 2017 by ISMPS e.V.
ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501


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