Uma „escultura multiétnica“
ed. A.A.Bispo

Revista

BRASIL-EUROPA 172

Correspondência Euro-Brasileira©

 
Puerto Limon. Foto A.A.Bispo 2017. Copyright

Puerto Limon. Foto A.A.Bispo 2017. Copyright

Puerto Limon. Foto A.A.Bispo 2017. Copyright

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Fotos A.A.Bispo 2018©Arquivo A.B.E.

 


N° 172/15 (2018:2)




Uma „escultura multiétnica“
em homenagem ao desenvolvimento de região marcada por ferrovia
- paralelos Puerto Limón e Porto Velho -

Lembrando Philipp J.J. Valentini (1828-1899)
autor de
„The Portuguese in the track of Columbus (1493)“


„Escultura Multietnica Monumento en Homenagem al Desarrollo de la Provincia de Limón“

 

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Puerto Limon. Foto A.A.Bispo 2017. Copyright

Sob vários aspectos foram até hoje desenvolvidos estudos que procuraram relacionar o Brasil e Costa Rica na consideração de processos culturais abrangentes. Esses conhecimentos esclarecem elos, paralelos e similaridades entre os dois países, apesar da distância geográfica e das diferenças quanto a contextos históricos.

Em visitas a instituições na capital de Costa Rica, em 2008, foram consideradas possibilidades e perspectivas de cooperação internacional no desenvolvimento de estudos. (Veja) Completando-se em 2018 dez anos desses contatos e observações in loco, realizou-se novo ciclo de estudos no país, considerando-se agora sobretudo a cidade de Puerto Limón.

Com a escolha desse porto, esses estudos euro-brasileiros em Costa Rica complementaram aqueles levados a efeito no Panamá. Puerto Limón é uma cidade que apresenta paralelos com Colón, cidade geminada com Santos.(Veja) Ambas situam-se em meio ambiente similar, ambas tiveram a sua origem e desenvolvimento no século XIX, ambas foram marcadas pela construção da ferrovia para o transporte e exportação de produtos agrícolas do interior.

Esse significado da agricultura e do papel desempenhado pela ferrovia nos dois casos centroamericanos vale também para contextos brasileiros. Costa Rica apresenta no seu desenvolvimento no século XIX pontos comuns com a do Brasil, bastando lembrar que para ambos os países o café marcou desenvolvimentos, expressões culturais e ainda marca a imagem de ambos os países.

Nos estudos anteriormente desenvolvidos em Costa Rica, registrou-se e analisou-se sobretudo o significado do comércio de exportação de bananas e que criou as bases para um florescimento artístico-cultural, cuja maior expressão é o representativo teatro de sua capital. Ali encontra-se em mural de alto valor artístico a maior celebração da banana que se conhece. (Veja)

Por outro lado, em debates conduzidos no âmbito dos estudos culturais, consideraram-se os aspectos sociais e ambientais problemáticos dessa produção. Essas reflexões tiveram continuidade em Costa Rica sob o signo dos problemas ambientais e do interesse recentemente manifestado por empresários brasileiros na empresa que lidera o cultivo e o comércio da fruta. (Veja)

Limón oferece-se como caso exemplar para estudos das consequências populacionais e culturais decorrentes da construção de ferrovias para o escoamento de produtos naturais na segunda metade do século XIX e início do XX em diferentes contextos. Se no caso de Colón a atenção é dirigida sobretudo a Santos, no caso de Puerto Limón oferece-se sobretudo Porto Velho para a consideração de desenvolvimentos paralelos.

Construção de ferrovia para o transporte dos planaltos do interior ao porto

Um dos problemas principais que se colocou à Costa Riga após a sua independência, em 1821, foi o da falta de um porto no Caribe que pudesse facilitar o comércio com a Europa. O transporte era feito por tropas de mulas através do Camino Real  que ligava o Vale Central com Punta Arenas, porto no Pacífico.

Com o desenvolvimento do comércio do café com a Inglaterra na década de 1840, procurou-se soluções que facilitassem o escoamento do produto. A atenção voltou-se à costa do Caribe, que possibilitava viagens mais curtas à Europa. Procurou-se um melhor caminho e, em 1857, fechou-se o primeiro contrato para a construção de uma estrada de ferro com um empresário inglês. Este, porém, chegou apenas a construir um pequeno trecho, de pouca duração. Em 1869, assinou-se um contrato com outro emprésario inglês, também sem maior sucesso. Em 1871, um novo contrato foi fechado com Henry Meiggs (1811-1877), que passou a seu filho Henry Meiggs-Keith (1839-1875) para uma ferrovia em direção ao Atlântico. Também aqui os trabalhos foram interrompidos.

Exigindo muita mão de obra, a construção da ferrovia apenas tornou-se possível com a vinda de trabalhadores de outros países. Em 1872, chegaram os primeiros imigrantes da Jamaica para as obras.

Em 1879, o govêrno firmou um contrato com Minor Cooper Keith (1848-1929), que se estabelecera em Limón para dedicar-se ao cultivo da banana, tornando-se esta fator principal que deu impulso á construção a ferrovia.

Em 1890. terminou-se a ligação entre Limón e San José. O lado do Atlântico do país ganhou em importância relativamente ao do Pacífico, levando a uma mudança na orientação dos desenvolvimentos e a um florescimento de Puerto Limón. A  ligação com o Pacífico por via férrea foi iniciada apenas em 1895 e, com interrupções, terminada em 1910. Apenas alguns anos antes da Primeira Guerra achou-se o país ligado às duas costas por ferrovia.

Ferrovia e configuração populacional da região - descendentes de africanos

Diferenciando-se sobretudo da constituição populacional da sua capital e de círculos influentes da sociedade e do pensamento, Puerto Limón surge como cidade cujos habitantes são majoritariamente de ascendência africana.

A grande parte desses trabalhadores que vieram para Limón foram trazidos da Jamaica, provindos assim da esfera marcada pela colonização inglesa, com outro idioma e outros pressupostos culturais daqueles da população de Costa Rica. 

Para a construção da ferrovia, os primeiros contratados vieram do Caribe, de Honduras, Curaçao, Panamá e Belize, a seguir, porém, sobretudo de Jamaica. Em 1877, ali chegou o primeiro navio „Lizzie“ vindo de Kingston, com 123 trabalhadores. Em 1878, contrataram-se mais um milhar de jamaicanos para os trabalhos.

A permanência, que devia ser por tempo determinado, tornou-se para muitos definitiva. É nessa esperada temporariedade que procura explicar-se a falta de integração dos descendentes de africanos na sociedade costariquense com a manutenção de suas práticas tradicionais.

A crise financeira da ferrovia levou a que muitos se dedicassem a uma agricultura de subsistência, favorecendo um assentamento precário ao lado da linha, assim como uniões com nativos, entre eles com indígenas de Talamanca.

Foi a seguir que teve início a época marcada predominantemente pelo cultivo e pelo comércio a banana. Haveria aqui também uma relação com os jamaicanos imigrados, pois estes já estariam acostumados com o cultivo na Jamaica.

Costa Rica na literatura sobre países e povos de cunho evolucionista

A construção da ferrovia em Costa Rica foi acompanhada na Europa e considerada na literatura de divulgação de conhecimentos geográficos e de povos. Em obras instrutivas para uso em famílias. as respectivas regiões passaram a ser consideradas em círculos mais amplos da população, despertando atenções que tiveram também consequências no fomento de iniciativas internacionais.

Significativo exemplo dessa literatura foi obra „A terra e seus povos“, do austríaco Friedrich Anton Heller von Hellwald (1842-1892), um „livro geográfico para uso de casa“, editada em Stuttgart, primeiramente em 1876 (ed. Francke), seguindo-se várias edições. (Friedrich von Hellwald, Die Erde und ihre Völker. Ein Geographisches Hausbuch I, Stuttgart: W. Spemann, 1877).

Pelo seu nascimento em Padua e pela sua familia, Heller von Hellwald foi marcado pela situação de conflitos militares e culturtais da presença austríaca no norte da Itália, o que pode explicar a sua orientação histórico-militar e suas perspectivas no tratamento de desenvolvimentos histórico-culturais em diferentes regiões do mundo.

Transferindo-se para Stuttgart, foi redator do periódico Das Ausland, destacando-se e sendo criticado pelas suas posições de cunho evolucionista. Como o próprio autor salienta no seu prefácio, von Hellwald utilizou-se sobretudo de informações dispersas em numerosas revistas da época. Procurou com essa compilação contribuir à área do conhecimento de povos ou Etnografia, que estaria menos desenvolvida do que a da Geografia, mas que adquiria maior significado para o leitor, uma vez que o conhecimento da terra apenas forneceria o palco para as ações que nele ocorriam. Com a fusão da Etnografia com a descrição de países, também esta área ganhava em significado; só um cientista mais rígido que apenas se voltasse à natureza em si poderia renunciar a esse conhecimento de países. (op.cit. VII)

Tratando das Costa Rica, von Hellwald traça um panorama positivo do país a partir de suas concepções raciais de cunho evolucionista. O habitante de Costa Rica se distinguia de forma favorável entre todos os centroamericanos pela sua pele branca. O tipo do indígena tinha sido afastado e a maior parte dos habitantes revelava poucos traços de uma descendência da raça americana. O povo caracterizava-se por sua amável cortesia e espírito de ajuda para com todos, também para com estrangeiros, contrastando com aquele da Guatemala. O homem simples do povo não se preocupava tanto com questões de política, mas dedicava-se inteiramente às suas plantações de café. O quadro positivo que Costa Ricas oferecia era devido ao fato de ser a sua população sobretudo constituída por brancos. Mesmo assim, havia aspectos negativos, tais como a grande criminalidade, o que despertava receios de seus dirigentes que esta pudesse prejudicar a boa imagem do país no Exterior.

Uma questão premente era a da colonização. A mão de obra existente mal dava para manter as plantações de café, não sendo suficiente para a execução de grandes projetos, como a das ferrovias. A linha que já estava funcionando em alguns de seus trechos, partia da costa atlântica na baía de Limón, aqui em Puerto Moin, devendo atravessar as  montanhas e o planalto, as cidades de Cartago e San José, atingindo Calderas no golfo de Nicoya no Pacífico. Os trabalhadores precisavam vir de Cartagena e de Jamaica.

Von Hellwald salienta que Costa Rica não tinha até então população negra, mas para as regiões mais baixas e quentes apenas poder-se-ia contar com „negros, mulatos e zambos“, uma vez que a experiência demonstrarea que alemães e irlandeses não se acomodatavam nas regiões tropicais e em curto espaço de tempo ou adoeciam ou se tornavam letárgicos como os nativos. As tentativas em trazer colonos alemães para fazendas tinham fracassado. Também os norte-americanos e os alemães vindos para Chiriqui não se tinham adaptado, retirando-se assim que tinham esgotado a coleta de ouro de antigos túmulos indígenas. (op.cit. 272-275)

Fundação de Puerto Limón:  Philipp J. J. Valentini (1828-1899)

Se Colón deveu a sua fundação em 1850 a William Henry Aspinwall (1807-1875), Puerto Limón foi oficialmente fundada em 1854 por Philipp J.J. Valentini, um estudioso alemão da história antiga das Américas.

Nascido em Berlim, de pai italiano e mãe alemã, Philipp Valentini cursou o ginásio em Torgau, estudando posteriormente na Universidade de Berlim. Viajando à Costa Rica, fundou Puerto Limón sob os auspícios do govêrno em 1854. Retornando à Alemanha, alcançou o doutorado na Universidade de Jena com uma dissertação sobre a história mais antiga de Costa Rica. Voltando a esse país em 1861, exerceu durante dez anos atividades como plantador de café, realizando concomitantemente viagens de estudos pela América Central.

Os seus méritos, em particular no estudo do calendário mexicano, foram internacionalmente reconhecidos, passando a integrar a American Antiquarian Society em 1879. Transferindo-se nesse ano a Nova Iorque, ali viveu até a sua morte.

Philipp Valentini merece ser relembrado no âmbito de estudos relacionados com Portugal e com o Brasil. Como especialista em antiguidades mexicanas, estudou fontes da época dos Descobrimentos, entre elas o planisfério Estense - „Cantino“. Desses estudos - e do seu conhecimento geográfico - chegou a conclusões que salientam o papel relevante, mesmo pioneiro de portugueses nas descobertas da região. Esses conhecimentos divulgou no estudo „The Portuguese in the Back of Columbus (1493)“, publicado em 1888 e 1889 no Journal oif the American Geographical Society of New York (vol.20, 1888, 432-444; vol. 21, 1889, 15-56, 167-196, 359-379).

Segundo êle, logo que Colombo retornou da sua primeira viagem, o rei de Portugal enviou secretamente uma frota de quatro naves às ilhas descobertas em 1493 por Colombo. Elas teriam alcançado as costas de Yucatan e como resultado de suas explorações desenharam um mapa com as descobertas nos três lados da península. Com base em mapa de 1501, procurou idenfiticar nomes das descobertas portuguesas na costa do Yucatan, entre elas Conillo, identioficado como Cozumello, e Kimpech, a atual Campeche. Para Valentini, os portuguesses foram os primeiros, em 1493, que descobriram Yucatan, seguindo-se então Pinzon-Solis. Essa tese foi reafirmada em The Discovery of Yucatan by the Portuguese in 1493. An Ancient Chart (Records of the Past, vol. I, 1902, pp. 45-59)

Puerto Limon. Foto A.A.Bispo 2017. Copyright

Escultura Multietnica Monumento en Homenagem al Desarrollo de la Provincia de Limon

Como a obra de von Hellwald documenta, a imagem positiva de Costa Rica em visões evolucionistas do século XIX foi marcada por concepções raciais de superioridade do homem branco relativamente a indígenas e africanos. Possuindo uma população constituída sobretudo por descendentes de europeus, o país distinguia-se dos demais das regiões. Nessa configuração populacional, a região de Limón diferenciou-se com a vinda de descendentes de africanos para a construção da ferrovia e que, ali permanecendo, levaram a que até hoje Puerto Limón e a província se caracterizem pelo grande número de habitantes de ascendência africana. A valorização da diversidade étnica e cultural de Limón adquire um significado que ultrapassa os limites regionais, dizendo respeito a todo o país e à sua imagem. A mais significativa expresssão desse intento revalorizador é o fato da Comissão de Cultura do Concelho Municipal de Puerto Limón ter levantado, em 2016, um grande conjunto plástico que tematiza a diversidade étnica e que é compreendido como monumento em homenagem ao desenvolvimento da província.

Com esse monumento, Limón inscreve-se nas iniciativas atuais que, em vários países da esfera do Caribe insular e continental procuram valorizar o pluriétnico e o multicultural.

A obra lembra explicitamente a vinda de trabalhadores descendentes de afriocanos para a construção da ferrovia. Mulheres, homens e crianças são representados sobre trilhos, com atributos identificadores - entre êles um tambor - assim como com produtos naturais transportados pela ferrovia, como cacau, banana e café. O projeto entende essa vinda de trabalhadores como sendo a de  uma „segunda onda imigratória“ de descendentes de africanos ao litoral de Costa Rica. A primeira teria ocorrido à época colonial com a vinda de escravos, embora muito menos intensivo do que em outras regiões.

Os africanos foram empregados a partir do século XVII sobretudo noas plantações de cacau na região de Matina, nas fazenas de Guanacaste e nas plantações do Vale Central. À época da abolição, em 1823, já havia uma considerável porcentagem da população resultante de miscigenações, calculando-se que 17% da população do país à época de sua  independencia, em 1821, possuia ascendência africana.

A segunda onda migratória exige uma outra perspectiva, aquela ´ da Jamaica. Essa ilha tinha passado aos inglêses em 1655, desenvolvendo-se ali sobretudo o cultivo da cana de açúcar. Como em outras partes do Caribe, as plantações de cana exigiram grande número de trabalhadores, com consequente intensificação da vinda de africanos, supondo-se que a sua maioria provinham do reino Ashanti. Após a emancipação, em 1833, a decadência da produção e a crise da economia do açúcar em meados do século XIX levaram à emigração jamaicana a outras ilhas como Cuba, e à terra firme, como Panamá e Costa Rica.

No monumento, a construção da ferrovia é apresentada como fator fundamental da configuração étnica e cultural da região de Limón, e que a difere sob muitos aspectos daquela da Costa Rica no seu todo.

Com isso, a cidade desempenha para Costa Rica o que Colón desempenha para o Panamá, ou seja, um papel de motor da diversidade e assim de cidade particularmente favorável para considerações sobre o pluriétnico e o multicultural.

Aspectos de processos culturais desencadeados com a ferrovia: cultos

Entre os muitos aspectos que merecem ser considerados destacam-se aqueles da esfera religiosa, em particular a pocomia, correspondente a práticas de Jamaica (pukumina). Essas práticas despertaram atenção sobretudo em fins da década de 1930 e nos anos de 1940, levando a medidas restritivas.

Um desses momentos foi o da intensificação e difusão do culto em Limón no contexto de problemas sociais e de insegurança pessoal dos descendentes de migrantes.

A United Fruit Company, pretendia transferir as plantações de banana ao Pacífico, sendo porém vedada por decreto presidencial de 1934 empregar mão de obra de afro-descendentes. Essa transferência traria o desemprego dos migrantes em Limón. Nesse contexto, a imprensa registrou um alastramento de práticas conhecidas da Jamaica e de Cuba na região costeira de Costa Rica e que eram criticadas como diabólicas ou e magia negra.

Essa revitalização de práticas religiosas tradicionais pode ser vista como tendo vindo ao encontro de anelos de retorno à terra natal a partir de uma situação de exílio. Este já não se deu no retorno à Jamaica, mas em muitos casos com a transferência de trabalhadores e suas famílias ao Panamá à procura de trabalho e em fuga às perseguições legais. É significativo que se registre que os cantos das rodas de pocamia eram em inglês.

No Panamá, intensificou-se um culto com características similares àquele de Limón: o Bedwardismo. Este surgira em 1890 em Jamaica como movimento de cunho evangélico liderado pelo pastor Alexander Bedward (1859-1930), fundador da Iglesia Libre Bautista Nativa de Jamaica. Bedward tinha trabalhado em Colón, onde, sendo movido por uma visão, retornou em 1886 à Jamaica com missão de fundar a igreja.

Os cultos da zona americana do Canal trazidos ou criados por imigrantes caribenhos a partir de movimentos evangélicos ali encontraram outras condições legais para a sua prática, pois se tratava de uma zona norteamericana, com outra legislação do que aquela da sociedade católica de Costa Rica, o que possibilitou a atuação mais livre de líderes e o surgimento de „iglesias espirituales“.

A atuação da United Fruit Company em Costa Rica poderia ser comparada com aquela dos norteamericanos na zona do canal. No caso costariquenho, porém, as autoridades locais continuaram a ter o predomínio de poder, o que explica o maior combate aos cultos. Os praticantes da pocomía passaram em grande parte a cultos evangélicos que também conheciam possessões e o falar em várias línguas, os chamados „panderetas“.

Necessidade de diferenciações e precisões

A visão histórica que parte de fases ou ondas migratórias de africanos e seus descendentes merece ser repensada.

A configuração populacional que hoje marca Puerto Limón  não foi uma decorrência não de desenvolvimentos históricos seculares do tráfico de africanos trazidos como mão de obra escrava para as colonias, como em grande parte dos países das Américas, mas sim de iniciativas e desenvolvimentos do século XIX posteriores à emancipação nas colonias britânicas e mesmo na de outros países na região.

A história da vinda de africanos para Puerto Limón aproxima-se antes daquela de imigrações internas no continente para fins de procura de trabalho, ainda que as condições reais de vida pouco se diferenciaram daquelas do trabalho escravo. Poder-se-ia ver nesse processo paralelos com desenvolvimentos ocorridos no Brasil.

De ciclos de estudos sob a direção de

Antonio Alexandre Bispo


Indicação bibliográfica para citações e referências:
Bispo, A.A. „Uma „escultura multiétnica“ em homenagem ao desenvolvimento de região marcada por ferrovia - paralelos Puerto Limón e Porto Velho. Lembrando Philipp J.J. Valentini (1828-1899), autor de ‚The Portuguese in the track of Columbus (1493)‘“
. Revista Brasil-Europa: Correspondência Euro-Brasileira 172/14 (2018:2).http://revista.brasil-europa.eu/172/Puerto_Limon_Escultura_Multietnica.html


Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira

© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1998 e anos seguintes © 2017 by ISMPS e.V.
ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501


Academia Brasil-Europa
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Editor: Professor Dr. A.A. Bispo, Universität zu Köln
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