Italianità, Deutschtum e Paulistanidade

ed. A.A.Bispo

Revista

BRASIL-EUROPA 162

Correspondência Euro-Brasileira©

 

N° 162/16 (2016:4)



Do passo Brenner/Brennero ao Brasil: 
Italianità, Deutschtum e Paulistanidade

no centenário de Carlos Gomes em 1936
O festival do
Instituto Musical de São Paulo no Club Germania

45 anos de encontro sobre a história do Instituto Musical de São Paulo
Agradecimentos póstumos à profa. Rafaela Amato

Estudos euro-brasileiros em Bozen/Bolzano 2016


 

Na visita promovida pelo ISMPS/ABE à Villa Gomes em Maggianico/Lecco (Veja), onde hoje se encontra instalada uma escola de música, considerou-se, em diálogos com o seu diretor, a inserção deste instituto em tradição cultural da música sacra regional, considerando-se que esta se diferencia significativamente daquela na qual edificou-se a Villa Brasilia de Antonio Carlos Gomes na segunda metade do século XIX. (Veja)


A intenção de valorizar a história do edifício e sua época no âmbito dos trabalhos do atual instituto exige, como pressuposto, refletir sobre essas diferenças quanto a visões do mundo, do homem e das artes nas suas dimensões internacionais.


A Villa de Carlos Gomes, a ser considerada no contexto da Scapigliatura lombarda, dirige a atenção a círculos marcados pelo secularismo de uma Itália nacional que, nascida de movimento unificador, tinha levado à superação dos Estados Eclesiásticos e se encontrava sob muitos aspectos em conflitos com a Igreja. A atual escola de música, ao contrário, tem como mentor uma personalidade da restauração católica. 


As relações com a esfera cultural austríaco-alemã devem ser consideradas em ambos os casos, ainda que distintamente. No caso da Villa Gomes, a sua construção deu-se em época na qual os ideais unificadores nacionais italianos, que já tinham levado à vitória sobre o império austro-húngaro em vastos territórios, acalentava ainda a expansão do território para aquelas regiões que ainda se encontravam sob a égide dos Habsburgs.


Essas reflexões relativas à inscrição de instituições em processos culturais tiveram prosseguimento em visita promovida pelo ISMPS/ABE a Bozen/Bolzano.


Da escola de música na Villa Gomes ao Conservatorio Monteverdi em Bolzano


Bolzano. Foto A.A.Bispo 2016. Copyright

Bolzano. Foto A.A.Bispo 2016. Copyright
Esta cidade italiana, marcada como poucas pela sua tradição cultural austríaca, sedia a mais importante instituição de ensino musical do Alto Adige/Tirol do Sul, o Conservatorio di musica Claudio Monteverdi, Istituto di alta formazone musicale, Istituto superiore di studi musicali della provincia di Bolzano.


Desde 2006, a instituição promove cursos acadêmicos que possibilitam uma graduação a nível universitário. Assim como o instituto na Villa Gomes em Maggianico também abriga uma biblioteca municipal de música, o de Bozen/Bolzano possui uma biblioteca municipal especializada que, pelos seus acervos, é a principal do Alto Adige e que é aberta ao público em geral.


Essa instituição levanta outras questões do que aquelas tratadas em Maggianico/Lecco. Ela remonta ao Civico Liceo Musicale Gioachino Rossini criado em 1927 a partir de uma escola de música da associação musical local, fundada em 1854.


Esse liceu foi elevado a Conservatório Real de Música em 1939. Ela é abrigada no edifício do antigo convento dominicano, em frente à igreja dos Dominicanos, na praça que lembra esta ordem.


Tem-se, assim, uma situação exatamente inversa àquela de Maggianico/Lecco. Se a Villa Gomes como monumento de uma época secular abriga hoje uma escola de música que se inscreve em tradição sacro-musical, em Bolzano tem-se um instituto de formação musical nascido de tradição secular instalado em prédio de antigas funções religiosas.


Além do mais, o Conservatorio Monteverdi, embora de tradição remontante ao século XIX, teve a sua história institucional marcada pelo período posterior à Primeira Guerra, ou seja, à época na qual Bolzano já passou a pertencer à Itália. A sua elevação a Real Conservatório deu-se em anos do regime fascista.


O Conservatorio Monteverdi é instituição de uma cidade e região que como poucas outras foi marcada pelos anelos nacionais e nacionalistas italianos e italianizadores em população na sua maioria de língua e cultura austríaco-alemãs. Êle traz à consciência a necessidade de considerar essas relações teuto/austríaco-italianas não só quanto a seus pressupostos no período antecedente à Primeira Guerra ainda sob a égide da Áustria-Hungria, como também no período de entre guerras e sobretudo em época de regimes nacionalistas totalitários tanto na Alemanha como na Itália.


Sob a perspectiva dos estudos culturais relacionados com o Brasil, o ponto alto das relações com o regime fascista italiano foi a comemoração do centenário de Carlos Gomes, em 1936. (Veja)


A situação de confronto e interações culturais teuto-italianas sob as condições políticas dos anos de 1930 que são de tanta importância para Bolzano teve repercussão no Brasil, em particular em São Paulo com a sua grande população de imigrantes austríacos, alemães e italianos. A análise de situações paulistas podem ser até mesmo de significado para estudos culturais europeus, uma vez que oferecem, à distância e de forma concentrada, documentos que favorecem análises dos impulsos recebidos.


O centenário de Carlos Gomes no contexto das relações internacionais dos anos 1930


A comemoração do centenário de Antonio Carlos Gomes em 1936 foi um evento de amplas dimensões políticas - também em São Paulo. Não foi apenas a celebração de um vulto histórico de compositor e de suas obras, o que não explicaria a intensidade e as características das comemorações.


Nenhum outro compositor recebera antes a atenção oficial e de instituições particulares concedida a seu centenário, sendo a data de seu aniversário - o 11 de julho de 1936 - declarado feriado nacional. Foi um fenômeno de reconscientização e revalorização de um nome de um passado já longínquo e de um compositor cujas obras eram já pouco executadas e que tinham sido mesmo alvo de críticas em passado mais recente.


Justamente por revelar ser expressão e estar a serviço de fins supra-musicais, de significado identitário tanto para italianos, ítalo-brasileiros e brasileiros, em particular paulistas, é que as comemorações de 1936 adquirem especial interesse para análises de processos culturais. Não tanto o compositor e sua obra, mas sim as próprias celebrações como um significativo momento histórico da década de 30 passam a ser objeto de estudos.


O centenário de 1936 em São Paulo surge como importante marco na história das relações Itália-Brasil - mas também Brasil-Argentina -, sobretudo sob o aspecto de processos identitários da imigrantes e seus descendentes. Pelo fato do compositor ser nascido em Campinas, o centenário de 1936 surge como um marco também para o estudo de processos identitários paulistas.


Como manifestado por políticos da Câmara Municipal de Campinas, a lembrança do centenário e as comemorações do compositor eram devidas sobretudo a empenhos de italianos e ítalo-brasileiros, sendo que os brasileiros não podiam ficar atrás no reconhecimento do compositor que deu ao país o Il Guarany e repercussão no Exterior. Ter-se-ia, com essa menção, uma reação de meios oficiais, artísticos e intelectuais do país ao empenho e a iniciativas da colonia italiana. ("As commemorações do centenario de Carlos Gomes", Correio Paulistano, 11 de Julho de 1936)


Esse fato singular adquire no caso de São Paulo um significado especial, pois os paulistas, como manifestado na Revolução de 32, encontravam-se inseridos em intenso processo de intensificação de sentimentos identitários, com o culto de hinos, emblemas e de vultos da história regional.


O empenho oficial italiano para com o centenário de Carlos Gomes foi resposta em reconhecimento à posição tomada pelo Brasil relativamente às sanções da Liga das Nações para com a Itália após a ocupação da Etiópia. Foi esse o motivo das grandes comemorações do compositor na própria Itália e que tiveram considerável repercussão no Brasil. (Veja)


Um dos poucos países europeus que tinham compreensão pelos intentos coloniais e imperialistas da Itália fascista era a Alemanha nacionalsocialista, uma vez que também pretendia a recuperação das colonias perdidas após a Primeira Guerra. A proximidade dos dois regimes totalitários e nacionalistas não poderia deixar de ter repercussão nos círculos da imigrantes de língua alemã e de italianos no Brasil, as colonias mais ativas na vida cultural, sobretudo em São Paulo.


Os profundos ressentimentos  decorrentes da Primeira Guerra, quando a Itália passou para o lado dos inimigos das potências centro-européias, foram atenuados pelos desenvolvimentos políticos que levaram a regimes afins politicamente sob vários aspectos.


Na vida musical de São Paulo de meados da década de 30 pode-se encontrar testemunhos dessa aproximação ítalo-teuto-brasileira, em particular no âmbito as comemorações do centenário de Carlos Gomes em instituições não pertencentes à colonia italiana.


O centenário em escolas públicas: Ginásio Minerva - o papel de Alfredo Gomes


Carlos Gomes foi recordado em escolas primárias e secundárias de São Paulo. Dentre elas, salientou o Ginásio Minerva com uma sessão solene realizada no dia 10 de julho, nas suas ependências no centro da cidade (Rua Barão de Itapetininga), às vésperas do dia feriado.


Essa sessão, que abriu a série de comemorações, foi resultado do empenho do diretor desse ginásio, João Freissat e de seus professores de história e música, em particular o professor Alfredo Gomes, filho de José de Sant'Anna Gomes (1834-1908), irmão de Carlos Gomes.


Este e o professor Alcides Basilio prepararam textos sobre o compositor e o seu reconhecimento no Exterior que foram lidos durante a sessão.


Também o Liceu Panamericano preparou uma sessão festiva em homenagem ao compositor na manhã do 11 de julho, destacando-se aqui o empenho e a atuação da declamadora Noema Nascimento Gama, diretora do estabelecimento.


O centenário no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo


O centenário de Carlos Gomes não poderia deixar de ser festejado no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, já pelos elos de formação e mesmo origem com a Itália de vários de seus professores. Diferentemente de outras comemorações, preparou-se um recital exclusivamente com obras do próprio compositor para o dia 11 de julho.


A programação ficou a cargo da professora Zilda Macedo, que preparou os seus alunos mais aptos - na sua maioria ítalo-brasileiros - para a apresentação de oobras para canto do compositor. O programa incluiu trechos de óperas e modinhas: Ave Maria (Noemi Monteiro); Corre serenamente al mar/Schiavo (Diva Giongo); Conselhos (Dulce Pesaro); Sempre teco (Antonio Gloria); Ballata/Guarany (Nene Noschese) e Ciel de Parahyba (Clotilde Antinori).


A segunda parte do programa contou com as obras Nocturno, Noces d'argent, Civettuola; Mon Bonheur; Monólogo de Zuleda/Condor) e um dueto de Il Guarany, interpretados respectivamente por Ruth Vianna, Esther Andrade, Elide Escobar, Luiz Fortes, Maria Thereza Portella, Clotile Antinori e Armando Pacheco, este substituindo Mario de Lorenzo.


O centenário no Instituto Musical de São Paulo - paulistanismo de professores


Brennero. Foto A.A.Bispo 2016. Copyright
Diferentemente do Conservatório com os seus elos estreitos pessoais e artísticos com a Itália, as comemorações do centenário no Instituto Musical de São Paulo, no dia 14 de julho, foram marcadas pelo empenho de personalidades profundamente identificadas com o paulistanismo que tivera a sua principal expressão na Revolução de 32 e que continuava a ser celebrada e a marcar a consciência cultural de seus professores.


Já pelo próprio contexto de sua fundação, ocorrida apenas em fins da década de 20, distinguia-se o Instituto do Conservatório, criado antes da Primeira Guerra. Se no Conservatório João Gomes de Araújo (1846-1943) tinha sido um contemporâneo de Carlos Gomes, o conhecido e admirado, garantido vínculos de famílias tradicionais de músicos de passado com a Itália, onde se formara, no Instituto era o seu filho João Gomes Júnior (1868/71-1963), aquele que representava uma nova geração que, apesar de toda a continuidade, era mais profundamente identificada com o movimento revolucionário paulista, o que cantou em hinos de patriotismo regional.


O Coral do Instituto, sob a regência de João Gomes Jr., seu diretor, cantara, em 26 de julho de 1932, na Rádio Cruzeiro do Sul,o Hymno a São Paulo de Paulo Florence (1864-1949), também professor da ia instituição. O produto da venda do hino foi revertido em favor da assist^ncia às famílias dos combatentes".


João Gomes Júnior esteve representado no programa com várias composições próprias. Com o coral do Instituto, apresentou uma Fuga a 3 vozes em re bemol maior, Sinos de Capela e, como ponto alto do programa, a Suite Brasileira para quarteto, escrita em homenagem a Carlos Gomes e executada pelo quarteto do Instituto, formado por H. Marcopulos, J., Marcopulos, Irineu Murari e José Haselbauer.


Essas composições denotavam uma linguagem musical distinta daquela de Carlos Gomes, seja pelo interesse de João Gomes Júnior pela fuga e contraponto, seja pela consideração de elementos musicais da tradição brasileira em suite assim qualificada. Apesar dessa distância geracional para um compositor da època da juventude de seu pai, foi João Gomes Júnior aquele que preparou um trabalho sobre a vida e a obra de Carlos Gomes que foi lido na ocasião do concerto festivo.


Elos com a cultura musical alemã de professores do Instituto Musical de São Paulo


Dois outros professores do Instituto, também compositores, encontravam-se, pela sua formação, ainda mais distantes esteticamente da obra de Carlos Gomes: Felix de Otero (1868-1946) e Paulo Florence. Ambos possuiam por formação e interesse estreitos vínculos com a cultura musical alemã. Através de suas atividades didáticas e das próprias composições incluidas em programas de ensino, os alunos do Instituto possuiam maior contato com obras, compositores e correntes estéticas da Alemanha.


Essa distância relativamente ao contexto musical italiano em que se inseriu Carlos Gomes foi atenuada, no caso de Felix de Otero, pela escolha de duas de suas composições de textura menos elaborada, o Nocturno para piano, executado por Maria Valente, e  a canção Sonhando, interpretada por Ada Mascigrande, uma das mais destacadas alunas de canto da instituição. Mais contrastante com a linguagem estética e mesmo o contexto músico-cultural de Carlos Gomes foi a contribuição de Paulo Florence como professor e compositor.



O seu empenho pela celebração do compositor explicava-se antes por orgulho e consciência regional de Campinas. Correspondia, aqui, ao empenho de políticos da cidade natal de Carlos Gomes que, liderados por M. Florence, defendia a necessidade de que não fosse deixada a data e o reconhecimento do compositor apenas aos italianos residentes no Brasil. (Correio Paulistano, loc. cit.)


Deve-se a Paulo Florence a inclusão, no programa comemorativo, justamente de obras de compositores absolutamente distantes do mundo sonoro e do contexto histórico-cultural de Carlos Gomes, revelando a sua orientação marcadamente alemã.


Assim, após o Noturno de Felix de Otero, incluiu-se uma composição de Leopoldo Miguez (1850-1902), Pelo amor, com texto de Coelho Netto (1864-1934), cantada por Tercina Saraceni, tornando-se presente, no programa, o nome de um compositor que fora inserido em contexto político contrário a Carlos Gomes, que tomou o lugar por êle esperado no Instituto Nacional de Música e que vinculava-se antes a correntes wagnerianas e, em geral, à Neue Deutsche Schule.


Essa orientação segundo a esfera musical alemã a que se prendia Paulo Florence manifestou-se sobretudo na inclusão de uma obra de J. Brahms (1833-1897) no programa, a Rapsódia n° 2, executada por Cecy Cabral. Também a obra mais relevante do próprio Paulo Florence que encerrou a primeira parte instrumental do programa, o Scherzo-Valsa, tocado por Lygia Bernardinelli, manifestava a inserção de Paulo Florence em contexto músico-cultural distinto daquele de Carlos Gomes.


As demais peças do programa não deixavam perceber reflexões programáticas, tendo sido incluídas devido às circunstâncias: a Toccata de Paradis (1759-1824) executada por Armando Moura Lacerda e a ária Dinorah (Ombra leggera) de G. Meyerbeer (1791-1864) cantada por Catharina Tropea Fernandes, a única peça que possuia uma certa afinidade com o mundo cultural em que viveu Carlos Gomes e de um compositor que admirara na sua juventude.


A programação vocal do concerto manifestava de forma ainda mais acentuada o intento de alternar obras da tradição alemã e da italiana. Intercaladas entre obras de João Gomes Júnior, Ada Mascigrande interpretou um solo do 2° ato de Aída de G. Verdi (1813-190 ), e o coral o Côro do "Navio Fantasma" de R. Wagner (1813-1883).


Todo o programa foi assim disposto a apresentar um panorama amplo da música européia nas suas diferentes tendências e formas de expressão na Alemanha e na Itália, preparando assim a apreciação da posição de Carlos Gomes e sua obra no seu tempo e na vida musical da atualidade de então na conferência de João Gomes Júnior.


Assim preparada, pôde a última parte do programa ser dedicada exclusivamente a obras de Carlos Gomes. Estas foram preparadas sobretudo por ítalo-brasileiros que estudavam no Instituto e que constituiam a maior parte dos alunos de canto. Uma redução para piano da abertura de Salvator Rosa, executada por Rafaela Amato e Ebe Menozzi, abriu essa parte do programa,


Seguiram-se o romance Sempre teco por Ada Mascigrande e o romance sem palavras Murmúrio, interpretado por Nilza Alves Pereira. Alternando números de canto e piano, seguiram-se a modinha Conselhos, por Tercina Saracini, em redução, o Noturno do 3° ato de Condor, executado por Rafaela Amato, a Ballata de Il Guarany cantada por Catharina Tropéa Fernandes e o Prelúdio do Condor executado novamente por Rafaela Amato.


A sessão musical foi encerrada com o Hino Acadêmico de Carlos Gomes e o Hino a Carlos Gomes especialmente composto para a ocasião por Paulo Florence sobre o texto de Corrêa Júnior e cuja apresentação constituiu o ponto alto do programa.


Ó artista glorioso - rebento

immortal, de uma raça gentil -

que, nas azas sonóras do vento,

ao céu alças a voz do Brasil!

Nossa terra, a vibrar, se resume

da tua arte na viva expressão:

mattas virgens, ardendo em perfume...

aguas claras, banhando o sertão...

Tua memoria de artista

cultuamos, com fervor:

pois que da gente paulista

és immortal esplendor!

Da tua obra a radiante magia

nos conduz pelos mundos além!

Fulgem astros em cada harmonia!

Cada som mil estrellas contém!

São retalhos de sol brasileiro,

são pedaços do nosso torrão,

os teus poemas, Orpheu campineiro,

gloria e orgulho de toda a Nação!


O grande festival de Carlos Gomes no Club Germania


Se o programa do Instituto Musical de São Paulo revela o empenho de consideração tanto de compositores, obras e correntes estéticas alemãs e italianas nas comemorações de um compositor celebrado pela colonia italiana sobretudo por sua italianidade, ainda mais significado foi o fato de ter-se escolhido para a sessão comemorativa o salão do Club Germania.


Carlos Gomes foi assim celebrado no principal centro da vida cultural e artística de língua alemã de São Paulo. Essa escolha justificava-se pelos elos mantidos com círculos alemães de São Paulo por Paulo Florence e, sobretudo, através da mediação de Josef Haselbauer, professor do Instituto.


O Hino a Carlos Gomes de Corrêa Júnior, colocado em música por Paulo Florence decantando o compositor como "rebento imortal de uma raça gentil" vinha de encontro a concepções raciais e de elos com a terra então atuais tanto em meios italianos como em meios alemães marcados pelos desenvolvimentos políticos da Itália facista e a Alemanha nacional-socialista.


De ciclo de estudos sob a direção de
Antonio Alexandre Bispo



Atenção: este texto deve ser considerado no contexto geral deste número da revista. Veja o índice da edição


Indicação bibliográfica para citações e referências:
Bispo, A.A.(Ed.). “ Do passo Brenner/Brennero ao Brasil:  Italianità, Deutschtum e Paulistanidade no centenário de Carlos Gomes em 1936. O festival do Instituto Musical de São Paulo no Club Germania“
.Revista Brasil-Europa: Correspondência Euro-Brasileira 162/16 (2016:04). http://revista.brasil-europa.eu/162/Italianita_Deutschtum_Paulistanidade.html


Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira

© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1998 e anos seguintes © 2016 by ISMPS e.V.
ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501


Academia Brasil-Europa
Organização de Estudos de Processos Culturais em Relações Internacionais (ND 1968)
Instituto de Estudos da Cultura Musical do Espaço de Língua Portuguesa (ISMPS 1985)
reconhecido de utilidade pública na República Federal da Alemanha

Editor: Professor Dr. A.A. Bispo, Universität zu Köln
Direção gerencial: Dr. H. Hülskath, Akademisches Lehrkrankenhaus Bergisch-Gladbach
Corpo administrativo: V. Dreyer, P. Dreyer, M. Hafner, K. Jetz, Th. Nebois, L. Müller, N. Carvalho, S. Hahne

Corpo consultivo atual - presidências: Prof. DDr. J. de Andrade (Brasil), Dr. A. Borges (Portugal)




 








Brennerpass/Brennero
Fotos A.A.Bispo 2016 ©Arquivo A.B.E.

 

_________________________________________________________________________________________________________________________________


Índice da edição     Índice geral     Portal Brasil-Europa     Academia     Contato     Convite     Impressum     Editor     Estatística     Atualidades

_________________________________________________________________________________________________________________________________