La France chrétienne no Brasil e no Índico
ed. A.A.Bispo
Revista
BRASIL-EUROPA 155
Correspondência Euro-Brasileira©
La France chrétienne no Brasil e no Índico
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BRASIL-EUROPA 155
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N° 155/9 (2015:3)
„La France chrétienne“ no Brasil e no Índico
Uma síntese histórico-simbólica na pintura mural da catedral de Saint-Denis, La Réunion
Restauração católica e galicanismo, universalismo e nacionalismo na arte e na música sacra
Estudos promovidos pela A.B.E. em La Réunion
pelos 450 anos do Rio de Janeiro e 350 anos da chegada dos franceses nas Mascarenhas
Os estudos internacionais motivados pela celebração do Rio de Janeiro na passagem dos seus 450 anos não podem deixar de considerar com particular atenção a recepção de impulsos franceses na cultura em geral, em particular no pensamento, na literatura, na música, na educação e em várias outras áreas da vida da antiga capital do Brasil desde o século XIX, e que culminaram na sua remodelação urbana no início do século XX (Veja).
Se a influência cultural francesa no Brasil tem sido há muito objeto de estudos em diversas áreas do conhecimento e do ensino, uma atenção mais aprofundada merecem os elos com a França na esfera religiosa devido às suas amplas implicações e consequências.
A formação de sacerdotes em institutos e seminários franceses, em particular no Seminário de St. Sulpice, foi decisiva para a transmissão ao Brasil da escola de espiritualidade francesa, do movimento católico restaurativo e correspondente intensificação de atividades missionárias. Essa formação e a recepção das tendências francesas no Brasil forneceram as bases a do movimento político-eclesiástico que combateu o Império: a „questão religiosa“ que foi tão decisiva à derrubada de um sistema visto como herdeiro da Época do Esclarecimento e à instauração da República por golpe militar. (Veja)
A ação de religiosas e religiosos franceses na repopulação e criação de novos de conventos brasileiros foi de duradouras consequências na recatolização de amplos círculos da sociedade, sobretudo sob o aspecto educativo, em particular feminino, mas também na área caritativo-social .
Na arquitetura de muitas igrejas, colégios, asilos e hospitais religiosos, na decoração interna de edifícios, em vitrais, pinturas e plásticas fêz-se sentir os vinculos das respectivas ordens com a França.
Também na música sacra os elos com a França foram de grande relevância, ainda que em alguns casos por caminhos indiretos através de religiosos alemães que já traziam da Europa elos com o movimento católico francês. (Veja) Este foi o caso do movimento organístico através da formação de músicos brasileiros com grandes instrumentistas e compositores da França, no movimento gregoriano estreitamente relacionado com o trabalho paleográfico dos Beneditinos de Solesmes, e na hinologia através da difusão de cantos religiosos franceses, em parte propagados através do ensino escolar.
Aparente contradição entre o universalismo da música sacra e o nacional na música
Sob o aspecto dos estudos histórico-musicais, já há muito constatou-se a dificuldade de compreender-se a concomitância na época de critérios universalistas e nacionais na criação musical, os primeiros orientados segundo concepções teológico-musicais que tiveram a sua expressão pontifícia no Motu Proprio de Pio X (1903). (Veja)
Compositores brasileiros que entraram na História da Música do Brasil sobretudo por obras que refletem intentos de criação de uma arte nacional deixaram também obras religiosas com outras características na sua linguagem musical, sem referências ao folclore, indicadoras da recepção de modêlos e correntes litúrgico-musicais européias.
Também já há muito tem-se demonstrado que essa contradição na obra de compositores brasileiros é aparente, que é artificial e mesmo incorreta ver uma dicotomia e mesmo incompatibilidade entre as tendências universalistas da música sacra e as nacionais na música profana.
Elas representam antes duas faces de um complexo desenvolvimento do século do Historismo, do Romantismo e da Restauração, do fascínio pelo Catolicismo da Idade Média e pelas tradições de um remoto passado transmitido pelo povo, um complexo estreitamente vinculado com desenvolvimentos políticos europeus, em particular da França, o país do qual partira a Revolução e no qual a Restauração mais se fêz sentir.
Dificuldades de apreciação adequada de obras de arte sacras
O campo de tensões político-culturais estreitamente relacionado com a religião que atravessou o século na França e suas irradiações no mundo não se limitou naturalmente à música, mas manifestou-se em todas as áreas do pensamento e da cultura, na arquitetura e nas artes em geral.
As artes visuais são até mesmo as mais evidentes expressões de um sistema cultural, de um complexo edifício de pensamento e anelos no qual o componente imagológico foi relevante, se não essencial. A leitura da arquitetura de igrejas e das obras de arte sacra possibilita de forma privilegiada o reconhecimento e a análise desse complexo conjunto de visões que marcaram desenvolvimentos por muitas décadas na França e nos países por ela influenciados.
Essa leitura é, porém, dificultada - como na música - por critérios de uma História da Arte que teve dificuldade em tratar essas expressões a partir de seus próprios pressupostos, até mesmo desqualificando-as. Muitos edifícios da época com decorações pintadas, e muitas pinturas internas de igrejas foram destruidas como sendo sem maior valor artístico ou expressão de Kitsch.
O estudo orientado culturalmente da arte sacra do século XIX e início do XX no Brasil - e nos quais a então capital do país inscreveu-se de forma privilegiada - exige a consideração do movimento do catolicismo francês do século da Restauração nos seus estreitos elos com a intensificação de sentimentos galicanos, em particular após o trauma nacional determinado pela derrota na Guerra Franco-Prussiana.
Ainda que correspondendo à política eclesiástica do Catolicismo que teve a sua maior expressão no Concílio Vaticano I, o movimento de revitalização católica francesa foi marcado por situações, desenvolvimentos e contextos político-culturais e sócio-culturais da França.
O espírito de fervor e o ímpeto missionário e de formação católica da juventude teve a sua expressão em grandes obras construtivas, em monumentais igrejas de magníficos interiores pela sua qualidade artística e dos materiais empregados, como em Montmartre, em Lyon (Veja) ou em Marselha. (Veja)
Apesar da dificuldade de se analisar adequadamente essa arte religiosa, ela não apenas reflete impulsos de tendências artísticas da sua época, como também revela a influência que exerceu no sentido de uma retomada ou intensificação de assuntos religiosos ou espirituais na arte, em particular na pintura.
O Historismo no movimento católico do século XIX e no galicanismo
O movimento católico do século XIX francês , nas suas inserções e implicações político-culturais correspondeu a um espírito do Historismo contextualizado na França. Não só os aparecimentos de Maria e os milagres mais recentes ocorridos no país, mas a história de santos franceses da história e sobretudo os fundamentos cristãos do país com os seus mártires e reis santificados em remoto passado foram assuntos históricos tratados nas representações internas de igrejas.
Essa perspectiva histórica francesa do Catolicismo foi transplantada para o mundo extra-europeu pelo clero secular que se formou nos institutos sacerdotais, dos religiosos nos centros das respectivas ordens e institutos missionários da França. A transmissão da cultura e da arte religiosa francesa no decorrer do processo de recatolização do Brasil decorreu concomitantemente com o fomento do culto de santos franceses e com a difusão de visões históricas do Catolicismo contextualizado na França.
Restauração e galicanismo nas colonias francesas - intensificação colonial
Apesar de ser o movimento restaurativo entendido como universal, as suas inserções na história das nações européias foram determinantes em processos culturais desencadeados nas várias partes do mundo.
Os estudos euro-brasileiros exigem neste sentido a consideração global de outras regiões do globo que também foram alvo da irradiação de tendências do pensamento teologico e da arte religiosa francesa. Nesse intento, as colonias francesas no Índico - como em outras partes do mundo - devem ser estudadas nos seus elos comuns e nas suas diferenças com desenvolvimentos ocorridos no Brasil.
As expressões artísticas nas colonias francesas à época da expansão colonial francesa no mundo relacionam-se aqui com a presença cultural da França em países e regiões não submetidas politicamente ao país, representando uma dimensão outra, mais sutil, de um processo colonialista.
Entre as colonias francesas, salienta-se La Réunion, a antiga Bourbon, ilha que se distinguiu pela sua intensa vida cultural, literária e artística dos círculos sociais mais privilegiados da sociedade,, chegando a ser decantada como „ilha dos poetas“. Nela nasceram grandes escritores como Evariste de Parny (1753-1814) ou Leconte de Lisle (1818-1894), assim como renomados pintores, litógrafos e desenhistas (Veja).
Esse apogeu cultural foi possibilitado pela potência econômica de algumas de suas famílias de grandes proprietários de terras de agricultura. La Réunion merece ser assim considerada com especial atenção em estudos de situações coloniais e do colonialismo.
A catedral de São Salvador de Saint-Denis, a sua capital, adquire neste intuito de estudos da arte religiosa francesa em contextos globais um significado que ultrapasssa aquele de ser monumento histórico e importante elemento do patrimônio histórico-arquitetônico de La Réunion.
De remotas origens - no local levantara-se em 1670 uma modesta capela coberta de folhas de palmeira dedicada a S. Luís, Rei da França - a igreja deu lugar, após a sua substituição por igreja dedicada a S. Denis, consagrada em 1756, a um templo de grandes proporcões projetado por um engenheiro em 1828 e elevado a catedral em, 1850.
Programa teológico: religião e vida colonial
A praça e a igreja, com o seu prestilo com representações de Maria, S. José, S. Pedro e S. Paulo, encomendadas de ateliers de Toulouse, apresentam assim referências plenas de sentido, o programa teológico de todo o espaço alcança porém o seu ponto máximo no grande mural hemicircular da concha do coro da nave principal e que substituiu no início do século XX a austera cruz de madeira registrada no Album de Roussin.
O mural do altar-mór da catedral de S. Salvador
Essa obra de arte que domina o interior da catedral surpreende o visitante não apenas pelas suas dimensões - 12 X 4,5 metros, como também pelas suas qualidades estéticas e de alta qualidade de execução.
Trata-se assim de um grande cenário histórico-geográfico referenciado pela imagem central do Salvador, o que se explica pela intenção da obra expressa no seu título: „La France chrétienne“.
O mural da catedral de La Réunion representa uma síntese da história religiosa francesa realizada para a catedral de S. Salvador de uma cidade que traz o nome de S. Dinis, o missionário-mártir da França, que designa a igreja onde se encontram sepulturas de seus reis.
O grande programa histórico-religioso e teológico ainda se prolonga em outras pinturas, como aquelas laterias que representam S. Denis pregando o Evangelho aos barqueiros de Lutèce, e S. Denis prestes no momento da morte no alto de Montmartre, bezendo o futuro Paris.
Essas pinturas estabelecem assim relações com as representações à esquerda e à direita do painel central, criando pontes através de séculos entre a Evangelização de remoto passado e aquela da colonia do Índico, entre o Paris representado na síntese e o martírio de S. Denis. O programa de sentidos alcança o seu ápice nas cenas do Apocalipse projetadas para a cúpula.
Simbolismo e restauração católica: Abbé Jules-François Moirod (1862-1920)
O autor dessas obras foi um artista-sacerdote e sacerdote-artista que, embora caído no esquecimento, como poucos representa a interação entre religião e arte nos seus elos com a história cristã contextualizada na França de fins do século XIX e início do XX: o Abbé Jules-François Moirod.
Moirod, nascido em Nanc (Jura) em 1862, foi um artista que desde tenra infância sentiu pendores para a pintura e a escultura, sendo porém também desde cedo envolvido pela atmosfera de fervor religioso que se intensificou nas províncias francesas da segunda metae do século XIX. Decidindo-se pela vida religiosa, entrou no Grand Séminaire e, após a sua ordenação a sacerdote, dirigiu-se a Paris, onde realizou os seus estudos no Institut catholique e na Sorbonne. Em Paris, entrou em contato com aquele que se tornou o seu principal mentor: Puvis de Chavannes.
Pierre Cécile Puvis de Chavannes (1824-1898) e seu papel na arte sacra
Esse papel decisivo desempenhado por Puvis de Chavannes na formação de Moirod e na consecução do grande mural com a síntese da França Cristã em Saint-Denis traz à luz o significado desse artista para os estudos a arte sacra no século XIX.
Em geral, salienta-se na sua obra a passagem de um Romantismo de juventude ao Simbolismo, assim como a criação de paineis e murais de grandes dimensões para edifícios públicos, o que explica as grandes pinturas murais de Moirod. Entre elas destacam-se aquelas de prefeituras em Paris e Poitiers, na Sorbonne e no Panthéon.
Puvis de Chavannes realizou viagens à Itália, sendo marcado pelas relações entre religião e arte sobretudo após a sua segunda viagem a Roma, efetuada com Louis Bauderon de Vermeron (1809-1870). Entre os pintores que lhe deram impulsos destacaram-se em Paris Henry Scheffer e Thomas Couture, estabelecendo um Atelier em 1852. Manteve relações de amizade e de artes com os pintores Alexandre Bida (1813-1895), Louis-Gustave Ricard (1823-1873) e com o gravador Victor Florence Pollet (1811-1882).
O Manifesto Simbolístico do poeta Jean Moréas (1856-1910), de 1886, marcou a sua obra, refletindo-se na de Moirod. Segundo esse manifesto, a característica essencial da arte simbólica seria a de nunca fixar uma idéia conceitualmente ou expressá-la diretamente, apenas indiretamente. Procurava-se assim, superar uma lacuna que se sentia no Realismo, emprestando à arte uma profundidade de alma. A arte surge como uma mediadora entre o mundo visível e os seus sentidos velados.
A sua grande oportunidade como artista obteve Moirod com o mural da catedral da Réunion. Submeteu a Puvis de Chavannes o projeto da decoração do templo e os estudos para as pinturas, sendo estes reenviados pelo artista com anotações e sugestões. Após a morte de Chavannes, Moirod deu continuidade à obra sem receber conselhos de outros artistas ou críticos, procurando independência relativamente ao gosto do público ou de bancas julgadoras, de galeristas ou de críticos. Queria ser nesse sentido um „selvagem“, um independente, um „convencido primitivo“ em pleno século XIX.
Fra Angelico (ca.1386/1400-1455) como modêlo do artista cristão
Essa „selvageria“ não o impediu de estudar mestres antigos e modernos, de acompanhar os salões e visitar os grandes museus da Europa. Os principais artistas recentes que marcaram a sua obra foi, ao lado de Puvis de Chavannes, Hyppolyte Flandrin (1809-1864). Este, também de Lyon, importante centro do fervor recatolizador francês, dedicou-se à pintura religiosa, dando continuidade à corrente do Pré-Rafaelismo, surgindo como estacado vulto da arte sacra francesa com as suas pinturas para o coro de St. Germain-des Prés em Paris e da igreja de St. Vincent-de Paul.
Os estudos realizados em Roma, em particular também de obras históricas de arte florentina e de Siena tiveram correspondência também na veneração da obra de Fra Angelico (ca. 1386/1400-1455) por Moirod. O dominicano Fra Angelico, ou Fra Giovanni da Fiesole, o Beato, foi não apenas na sua pintura mas como artista-religioso e religioso-artista o modêlo de Moirod.
Cores, desenho e conteúdo místico seriam na obra de Moirod devidos respectivamente a Puvis de Chavannes, Flandrin e Fra Angelico, este último também modêlo de vida e da função vista na arte para a transmissão de convicções religiosas e sentidos teológicos, como pregação em luzes e cores.
Moirod pintou outras obras de grandes dimensões de motivos histórico-religiosos para igrejas francesas, como os Funérailles de Ste. Séraphie aux Catacombes para a igreja de Poligny, Jura, a Pélerinage à la grotte de Lourdes em Montagna-le Templier; 38 telas resumindo a doutrina cristã como interpretações de obras; La Légende de N.-D. de Bon Recontre em Nanc; Le Christ appetant à lui tous les hommes para a igreja de Mont-sur-Monnet. La Ste. Vierge couronnée au ciel et glorifiée sur la terre par toutes les générations para a igreja de Censeau. Também pintou outros murais e telas para igrejas de La Réunion, salientando-se a da vida de S.Bento da Ordem para a igreja de S. Bento.
A recepção da arte de Moirod em La Réunion foi tão positiva que o bispo local o nomeu a cônego honorário de Saint-Denis. Se essa nomeação foi o reconhecimento de Moirod como artista, o seu reconhecimento como sacerdote deu-se na sua nomeação a „curé-doyen“ de Cousance, Jura.
Com a regulamentação política que dificultou a consecução de pinturas religiosas na França, Moirod passou sobretudo a realizar obras para o Exterior. (G. Froidure d‘Aubigné, „Moirod„, in Dictionnaire biographique international des écrivains I-IV, Henry Carnoy, 118 ss,m, Collection des grands dictionnaires biographiques internationaux I, C, XIV e XVI)
Pinturas enigmáticas na catedral de Sain-Dénis - e questões de tipologia
A catedral de Saint-Dénis apresenta um misterioso problema de identificação de obras que preocupa especialistas e conservacionistas locais. Tratam-se de obras colocadas recentemente na catedral, um da Virgem, outro de personagem desconhecida em atitude implorante. Desconhecendo-se o autor das obras e mesmo o sentido da segunda tela, tem dado origem a várias hipóteses, uma delas de atribuição a um pintor de nome Paul-Felix Guérin, este também desconhecido e da figura representada a São Francisco ou São Martinho.
O próprio nome da cidade Saint-Denis traz continuamente à lembrança os primórdios da história religiosa de Paris. Esse bispo de Paris do século III, martirizado ao redor do ano de 250, venerado como semeador da Cristandade francesa, um dos padroeiros da França, cujo culto foi sempre relacionado com os seus reis, apresenta uma hagiografia que merece ser estudada sob a perspectiva de sua linguagem simbólica e implicações.
Elemento importante dessa linguagem visual é a menção de ter sido decapitado em Montmartre, levando a seguir a sua própria cabeça para o local onde então seria construida a sua igreja. É, assim, representado como degolado que traz às mãos a sua cabeça, nascendo do corpo uma videira. Essa menção poderia ser lida como metáfora cultural, de um plantio na terra de semente.
Em interpretações tipológicas, Saint-Denis surge como anti-tipo de Dionísio, no sincretismo galo-romano identificado com Esus, a divindade de Paris. Na tradição brasileira, corresponde a Exú.
Relíquias de Saint-Pacifique nas suas associações com a música
Um dos principais fundamentos religiosos do significado da igreja de Saint-Denis foi o fato de ter recebido, em 1760, relíquias da vera cruz e do mártire Saint-Pacifique. Essas relíquias foram trazidas por um sacerdote criolo originário da cidade de Saint-Paul: François Gonneau.
Após ter recebido formação de Lazaristas, esse religioso, ordenado em Avignon e retornado a Bourbon em 1751, onde tornou-se vigário em Saint-Benoit, trouxe as relíquias de Avignon, sendo o relicário conservado na catedral de Saint-Denis. Saint-Pacifique levanta questões não só de autenticidade como também de identificação, tudo indicando, como conhecido em outros casos, ser o nome associado de forma complexa com diferentes vultos da hagiografia.
Nesse conjunto de significados, merece particular atenção a lembrança do troubadour desse nome convertido por S. Francisco de Assis e que se tornou um de seus companheiros, sendo enviado à França em 1217 para nela implantar a Ordem. Fora nomeado pelo imperador em Roma como „príncipe dos poetas“, sendo a sua vida como troubadour marcada pela sua religiosidade, honestidade e mesmo santidade. Retornano à Itália foi visitador das Clarissas, sendo a êle atribuida a versão cantada do Cantico do Sol de S. Francisco.
De ciclo de estudos da A.B.E.
sob a direção de
Antonio Alexandre Bispo
Indicação bibliográfica para citações e referências:
Bispo, A.A.(Ed.). „„La France chrétienne“ no Brasil e no Índico. Uma síntese histórico-simbólica na pintura mural da catedral de Saint-Denis, La Réunion. Restauração católica e galicanismo. universalismo e nacionalismo na arte e na música sacra“. Revista Brasil-Europa: Correspondência Euro-Brasileira 155/9 (2015:03). http://revista.brasil-europa.eu/155/La_France_chretienne.html
Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira
© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1998 e anos seguintes © 2015 by ISMPS e.V.
ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501
Academia Brasil-Europa
Organização de Estudos de Processos Culturais em Relações Internacionais (ND 1968)
Instituto de Estudos da Cultura Musical do Espaço de Língua Portuguesa (ISMPS 1985)
reconhecido de utilidade pública na República Federal da Alemanha
Editor: Professor Dr. A.A. Bispo, Universität zu Köln
Direção gerencial: Dr. H. Hülskath, Bergisch--Gladbach, Akademisches Lehrkrankenhaus der Universität Bonn
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Fotos A.A.Bispo, La Réunion. 2015 ©Arquivo A.B.E.