Revista

BRASIL-EUROPA

Correspondência Euro-Brasileira©

 

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Berlim 1975. Foto A.A. Bispo.©


Berlim 1975. Foto A.A. Bispo.©


Berlim 1975. Foto A.A. Bispo.©




Berlim 1975. Foto A.A. Bispo.©

















Berlim 1975. Fotos.A.A. Bispo.

Pinturas e vitrais no texto: Teatro Municipal de S.Paulo
©Arquivo A.B.E.

 

Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira 147/1 (2014:1)
Editor: Prof. Dr. A.A.Bispo, Universidade de Colonia
Direção administrativa: Dr. H. Hülskath

Organização de Estudos de Processos Culturais em Relações Internacionais (ND 1968)
Academia Brasil-Europa
Instituto de Estudos da Cultura Musical do Mundo de Língua Portuguesa (ISMPS 1985)

© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1998 e anos seguintes © 2014 by ISMPS e.V. Todos os direitos reservados
ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501

Doc. N° 3056






Débito e Crédito - 1974-2014

Época de balanços e reajustes

Revendo inícios de programa de interações euro-brasileiras a partir de 1974
na procura de esclarecimentos de complexas heranças culturais

 
Berlim 1975. Foto A.A. Bispo.©
Esta edição da Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira, que abre 2014, reflete a preocupação quanto a caminhos percorridos e bloqueios, a balanços, revisões e correções de rumos de desenvolvimentos iniciados em 1974 que deverá marcar os trabalhos do corrente ano.


Ao mesmo tempo, a Revista dá sequência sob diferentes aspectos a complexos temáticos tratados em 2013.


Esses reajustes pretendem servir ao prosseguimento em consciência e coerência auto-crítica dos trabalhos da Academia Brasil-Europa (A.B.E.) e do Instituto de Estudos da Cultura Musical do Mundo de Língua Portuguesa (I.S.M.P.S.).


Continuidades relativamente às atividades de 2013 manifestam-se sobretudo na atenção à responsabilidade dos estudos culturais perante os esforços de esclarecimento e de auto-esclarecimento, analisando contextos, épocas, realizações, desenvolvimentos e suas proprias posições e ações à luz dessa obrigação condutora, como tematizado em Nancy na abertura dos estudos realizados pelo ano Diderot (Veja http://revista.brasil-europa.eu/145/Renaissance-Nancy-2013-Brasil.html).


Berlim 1975. Foto A.A. Bispo.©


Repartindo de Wiesbaden e da memória do escritor de "Débito e Crédito"


Esses ciclos de 2013 em regiões francesas, seguindo a estudos precedentes da época das luzes e do pensamento esclarecedor na Alemanha, teve o seu início neste último país, na cidade de Wiesbaden, capital de Hessen. (Veja http://revista.brasil-europa.eu/145/Estudos-regionais-franceses-e-Brasil.html).


Berlim 1975. Foto A.A. Bispo.©
É essa mesma cidade que se ofereceu agora como ponto de partida para uma fase de trabalhos marcada pela preocupação de balanços e revisões, uma vez que traz à memória o nome de Gustav Freytag (1816-1895), que ali tem o seu monumento.


Este escritor, hoje pouco lembrado, foi autor de Soll und Haben (1855), um dos romances mais lidos no passado alemão e que sugere o lema apropriado de Débito e Crédito nos propósitos quase que de metafórica contabilidade das reflexões atuais.


Embora falecido em Wiesbaden, Gustav Freytag nasceu na Silésia, evidenciando-se aqui mais uma linha de continuidade com os trabalhos relatados no último número da Revista de 2013 e que trouxeram à consciência questões de contextos submersos em regiões de passado alemão (Veja http://revista.brasil-europa.eu/146/Elisabeth-Krickeberg.html).


Soll und Haben: atenção a caminhos da  burguesia e do  nacionalliberalismo


A lembrança do nome de Gustav Freytag como exponente do nacional-liberalismo dirige a atenção primordialmente a meados do século XIX, a anos marcados pela frustrada revolução de 1848 na Alemanha, pelo poder da burguesia comercial e cultural nas suas relações com a antiga aristocracia e com o capital, mas também a seus desenvolvimentos posteriores, efeitos, deformações e mesmo graves consequências.


Embora referenciando-se pelas décadas por excelência do Liberalismo de 1850 e 60, as análises não podem prescindir de considerar os anelos de liberdade civil, de associação, conquista de direitos e suas expressões culturais e artísticas em situações opressoras decorrentes da Restauração e da Santa Aliança nos seus pressupostos remontantes ao Esclarecimento.


Considerar Gustav Freytag significa porém lembrar em especial do nome de um soberano e de um estado com quem esteve ligado em laços de afinidade e amizade e que representou uma grande exceção entre os detentores aristocratas do poder constituído: Ernst II, Duque de Saxe-Coburgo e Gotha (1818-1893). (Veja http://revista.brasil-europa.eu/147/Alemanha-e-Opera-Nacional_1974.html)


Colocando-se à testa dos anelos liberais, êle próprio homem de cultura, compositor, escritor e viajante de regiões extra-européias, foi não apenas vulto ao mesmo tempo do liberalismo e da unidade nacional alemã como grande promotor das artes, para o qual a arte passou a desempenhar quase que funções de religião.


As análises não podem porém restringir-se a essas décadas de meados do século XIX e seus pressupostos remontantes à época das luzes, mas devem considerar desenvolvimentos posteriores, uma vez que são com expressões e estruturas delas decorrentes mas transformadas que o homem atual se confronta.


Sociedades de canto, instrumentais ou outras formas de organização e prática da vida sócio-cultural então originadas não refletem hoje apenas formas de expressão, textos, sentimentos de amor à terra e á natureza, visões dos anos de 1850 e 60, mas sim trazem a carga de épocas mais recentes, de inserções e instrumentalizações político-culturais. Considerar problemas atuais de associações e práticas assim organizadas da vida cultural não podem ser solucionados com reviviscências de remoto passado, mas exigem o confronto com situações posteriormente criadas.


A reconscientização da problemática Wagner em 2013 e o debate patrimonial



No início dos trabalhos de 2014 - que necessariamente dão sequência e desenvolvimento àqueles antecedentes - deve-se considerar em primeiro lugar que 2013 foi marcado pela passagem dos 200 anos de nascimento de Richard Wagner (1813-1883).


Essa data foi internacionalmente lembrada em publicações, conferências, cursos e celebrações várias, salientando-se naturalmente aquelas que tiveram lugar na Alemanha, em particular no Festival de Bayreuth.


Muitos desses eventos não deixaram de tematizar aspectos problemáticos da interpretação e realização da obra wagneriana e da questionabilidade de seu pensamento e de seus escritos - em primeiro lugar aquele sobre o Judaísmo e a Música -, com as suas lamentáveis consequências político-culturais, sobretudo nas vinculações com concepções antisemitas e com o regime nacionalsocialista dos anos 30 e 40 do século XX.


Não podendo ser mera comemoração, a rememoração de Wagner trouxe à consciência que aqui se trata não apenas de questões histórico-musicais e estéticas, mas de um complexo Todo, tal herança com pêsos negativos, repleto de ambivalências, nebulosidades, inseguranças, mal-estares e dúvidas que dificultam aproximações e análises que pretendam ser conduzidas em espírito de objetividade e distância.


Uma intenção de democionalização ou depolitização de reflexões na expectativa de uma maior objetividade científica vê-se logo confrontada com os riscos de indesculpáveis relativações e silenciamentos.


O confronto com a herança de Wagner traz à consciência de forma mais intensa do que em muitos outros casos que o herdado, que patrimônios não possuem apenas valores positivos, mas também negativos, dívidas e obrigações que não podem ser simplesmente esquecidas ou - na pior das hipóteses - interpretadas elas próprias positivamente.


A problemática Wagner voltada a ser discutida em 2013 assume nesse sentido presente atualidade no âmbito do debate relativo ao patrimônio cultural que vem sendo desenvolvido de forma intensa por organizações internacionais e foi considerada de forma especial em diferentes países, e que, apesar de seus sucessos, já levou, infelizmente, à declarações de proteção a heranças "culturais" que surgem como questionáveis e até mesmo desrespeitam critérios éticos superiores, e que deveriam antes ser tratadas criticamente e superadas: nem todas as tradições merecem e devem ser conservadas!


O confronto renovado com a problemática Wagner traz à consciência a imprescindibilidade de reflexões mais aprofundadas, diferenciadas e críticas quanto a concepções de patrimônio cultural e do próprio conceito de cultura que representa o seu pressuposto.

(Veja e.o. www.revista.brasil-europa.eu/134/Romenia-Brasil.html


Permanente atualidade de uma orientação teórico-cultural de estudos musicais


Dizendo respeito sobretudo à música, essa preocupação com o complexo wagneriano demonstra que uma aproximação musicológica adequada exige e pressupõe análises culturais, da própria inserção de protagonistas em contextos culturais e a auto-reflexão do pesquisador.


O reconfrontar-se com a herança Wagner contribui assim a confirmar a necessidade de uma renovação dos estudos musicológicos - não só histórico-musicais - através de uma orientação teórico-cultural, o que - embora - defendido há décadas da perspectiva do Brasil -, ainda encontra resistências na Europa e, infelizmente, experimentou retrocessos no Brasil.


A atualidade das repreocupações com a problemática wagneriana não diz respeito apenas à História da Música da Alemanha ou mesmo da Europa. A lembrança do ano Wagner 2013 nos principais centros de diferentes países europeus e nas Américas traz à consciência as suas dimensões internacionais e que foram há muito fomentadas sobretudo pelo movimento wagneriano, criando contextos e dando origem a desenvolvimentos locais e regionais.


Somente uma perspectiva global de processos culturais pode fazer jus a essa internacionalidade. Nada seria aqui mais falso do que manter a concepção disciplinar predominante em muitos centros de pesquisa musical na qual uma musicologia histórica limitar-se-ia à Europa em distinção de uma Etnomusicologia de regiões extra-européias.


Não se tratando porém de questões de simples difusão de repertórios e obras, mas de um complexo de concepções de múltiplos significados, conotações e inserções, coloca-se a exigência de análises de pressupostos mentais, sociais e político-culturais de tal recepção, de seus precedentes e suas pré-condições.


O olhar é aqui dirigido necessariamente a desenvolvimentos anteriores à própria difusão de obras de Wagner ou do posterior movimento wagneriano e suas consequências, preocupando-se com a análise de edifícios de imagens,suas estruturas e mecanismos nas suas atualizações em diferentes épocas e contextos.


É a partir desses antecedentes e dessas pré-condições que desenvolvimentos posteriores podem ser analisados mais adequadamente, ou sejam a propria difusão de obras de Wagner, a assimilação de elementos de sua linguagem estético-musical por outros compositores e a continuidade de concepções
relacionadas com o seu nome mesmo sem evidências na linguagem musical.


Significado do Brasil na internacionalidade da problemática wagneriana


Nesse sentido de análise de processos culturais em contextos globais, e na consciência de que a problemática Wagner não é apenas uma questão alemã, cabe ao Brasil como a poucos outros países um papel de alto significado nos contínuos reconfrontos com o complexo personificado no nome do compositor.


A percepção desse significado especial e aparentemente singular do Brasil não pode basear-se exclusivamente na obra de compositores brasileiros reconhecidos como wagnerianos e suas atividades educativas e político-culturais, sobretudo nas décadas iniciais da República.


Ela não se reduz á difusão e recepção de obras, técnicas e concepções de Wagner no país, ou pela formação de brasileiros na Europa, nem sempre diretamente através da Alemanha, mas também indiretamente através do Wagnerismo na França e em outros países (Veja e.o.http://www.revista.brasil-europa.eu/121/Deolindo-Froes.html), mas apresenta complexas e por vezes paradoxas interações recíprocas.


Este foi o caso de Arthur Iberê de Lemos (1901-1967), lembrado em 2013 pela sua contribuição à coletânea Brasil-Allemanha de 1923 (Veja http://revista.brasil-europa.eu/141/Brasil-Alemanha-1923.html) e que surge como um texto de condução teórico-cultural em época de reconhecimento do significado do teuto-brasileirismo na situação de dramático enfraquecimento em que se encontrava a Alemanha após a Primeira Guerra.  (Veja http://revista.brasil-europa.eu/141/Brasil-Alemanha-Weltanschauung-e-Musica.html),


Por complexos caminhos, diretos e indiretos, o wagnerismo reatingiu aqui pela voz de um brasileiro intentos de intensificação de elos bilaterais, de auxílio do Brasil à Alemanha, de retomada e promoção da emigração e colonização, de participação em empreendimentos econômicos, industriais e de povoamento e exploração de terras. (Veja http://revista.brasil-europa.eu/143/Paul-Vageler.html)


Essas interações e desencadeamentos de iniciativas, inseridas em contexto crítico da Alemanha debilitada, não poderiam deixar de em desenvolvimentos posteriores da década de 30. A consideração da problemática wagneriana do entre-Guerras não pode resumir-se - mesmo sob a perspectiva brasileira - ao que ocorreu no próprio país.


O Brasil não pode libertar-se tão simplesmente do pêso e das obrigações da herança wagneriana e que não é apenas inócuamente enriquecedora. Êle deve estar preparado para expor-se até mesmo em posição de preeminência à confrontação com a problemática político-cultural e mesmo humana do edifício de concepções e imagens representado por Wagner.


As discussões revividas em 2013 - e que revelam a contínua atualidade dos problemas relacionados com esse patrimônio - não são apenas de interesse geral ou informativo para o Brasil, assistidas de longe ou em satisfação de curiosidades.


O tomar consciência das interações ocorridas e das dimensões de suas graves ambivalências pressupõe porém o direcionamento da atenção a desenvolvimentos anteriores àqueles da época debilitada da Alemanha de pós-Guerra, quando a situação favorável dos teuto-brasileiros ofereceu-se ao reatamento e intensificação de relações. (Veja http://revista.brasil-europa.eu/141/Brasil-Alemanha-1913.html)


Anamnese: consideração de situações anteriores á Guerra


Não bastaria, aqui, partir de uma retomada de situações anteriores à Primeira Guerra, marcadas por entusiasmo germânico e por compositores receptivos à linguagem estético-musical wagneriana no Brasil, uma vez que o wagnerismo de exposta evidência de linguagem musical sonora já não surgia como incontestável com a cesura da Guerra.


O olhar às precedências ultrapassa as condições criadas pela instauração do regime republicano em 1889. Aquele que procura uma diagnose mais diferenciada constata que a consideração de processos político-culturais não podem restringir-se de forma tão
simples à forma de govêrno ou à convicção política de compositores mais evidentemente marcados por Wagner.


Proximidades ao universo wagneriano no Império: Pedro II e Bayreuth


Nada menos do que o próprio Imperador D. Pedro II surge estreitamente relacionado com Bayreuth, a inauguração dos Festivais em 1876 e em contato com o movimento wagneriano.


Êle não apenas tornou-se membro da Sociedade de Patrocinadores de Bayreuth (Patronats-Verein), sendo continuamente informado como contribuinte através do recebimento das Bayreuther Blätter, que mesmo abonou com antecedência de anos, como também possibilitou subsídios através de canais da representação do Brasil na Alemanha e na França, a iniciativas locais de cunho formativo-cultural de R. Wagner .


O interesse de Pedro II no desenvolvimento de Bayreuth foi de conhecimento dos aficcionados pela obra e pelas visões de R. Wagner, salientando-se aqui o austríaco Nikolaus Johannes Oesterlin (1815-1850), um dos mais convictos entusiastas do compositor e seu mundo e maior colecionador de escritos e materiais referentes ao compositor, suas obras e concepções.


Através das informações dos primeiros volumes do catálogo de sua biblioteca, a êle chegados através de canais diplomáticos, Pedro II teve a oportunidade de manter-se informado da forma mais ampla a respeito de publicações referentes a Wagner até a década de 80 que marcaria o fim da monarquia. (Veja http://revista.brasil-europa.eu/147/Pedro-II-e-Bayreuth.html)


Necessária consideração de precedentes a Bayreuth nas interações com o Brasil


Seria porém precipitado e mesmo incorreto tirar desse interesse de Pedro II por Bayreuth - soberano que seguia com atenção o desenvolvimento das mais diversas correntes do pensamento, das ciências, da cultura e das artes - fosse wagneriano no sentido concretizado na Casa dos Festivais e dos desenvolvimentos que se seguiram.


A análise deve aprofundar-se no tempo, seguir caminhos anteriores a Bayreuth, uma vez que também Wagner transformou-se significativamente no decorrer dos tempos, nele acentuando-se determinados aspectos de sua personalidade e visões que teriam sido preparadas e estariam antes em potencial em situações anteriores.


Wagner de anos tardios surge numa primeira aproximação dificilmente em relações de coerência com aquele mestre-capela de Côrte de Dresden que, participando do movimento revolucionário de 1848, teve de procurar exílio em Zurique.


É justamente a essa época que remontam elos entre Wagner e o Brasil. Esses contatos com um brasileiro - E. Ferreira França Filho (1828-1888)- e mesmo envio de obras a Pedro II, registrados pelo próprio Wagner na sua autobiografia, não foram superficiais, mas interferiram no seu próprio processo criador e projetos. Em cogitação esteve nada mesmo do que uma dedicatória do idealizado Tristan und Isolde a Pedro II, uma vez que ao compositor surgia como inadequado dedicar o complexo em configuração dos Die Nibelungen ao imperador do grando país dos trópicos, como sugerido do lado brasileiro.


Não seria suficiente, portanto, cogitar quais teriam sido as consequências de uma difusão já em meados do século XIX de obras de Wagner no Rio de Janeiro no desenvolvimento da vida e da criação musical no Brasil como já há muito considerado na literatura.


A aproximação de um brasileiro na Alemanha a Wagner e a receptividade do compositor às sugestões inscrevem-se em processos político-culturais amplos que, embora tivessem a sua eclosão de maior evidência nos movimentos da frustrada revolução e 1848 na Alemanha, a ela não se restringiram.


Esse marco surge como altamente significante no estudo das relações entre o Brasil e Alemanha e da história de ações de brasileiros no Exterior, e portanto de excepcional relevância para estudos eurobrasileiros.


Êle pode ser visto como um referencial para a análise de contextos globais de época por excelência do liberalismo e da burguesia comercial e intelectual, marcada por anseios de liberdade e valores remontantes a ideais do Esclarecimento em contextos sentidos como opressores de situações restaurativas e em tensões com aquele sentido como ameaçador de um poder derivado antes de transações financeiras e que seriam de tão dramáticas consequências.


Evidencia-se, assim, uma ponte com o mundo do Soll und Haben de Gustav Freytag e, com êle, com a situação de exceção que constituiu Coburg e Gotha sob Ernst II, paladino dos ideais liberais e da união nacional, das artes e da cultura, êle próprio vendo-se modestamente como grande diletante, e talvez aquele que deveria ser visto como o mais próximo paralelo a Pedro II.


É o olhar dirigido a esse contexto que permite reconhecer nomes, fatos e elos relacionados com o Brasil e que nele agiram, não apenas de forma indireta. Há décadas vem sendo assim a atenção dirigida a um nome de músico que chegou ao Brasil em 1848, a Adolph Maersch, tendo cabido a Ayres de Andrade ter salientado a sua insuficiente consideração (Ayres de Andrade, Francisco Manoel da Silva e seu Tempo: 1808-1865: uma fase do passado musical do Rio de Janeiro à luz de novos documentos, 2 vols. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro 1967, 189-190 e capítulo XXI).


A consciência, porém, de que a história não pode ser assim tão fácilmente reconstruída na sua decorrência temporal ou cronológica por aquele que, hoje a analisando, tem de se confrontar com a carga de desenvolvimentos posteriores, aguça-se ao constatar que cartas entre o brasileiro que em 1857 entrou em contato com Wagner - assim como uma carta deste ao brasileiro -, conservadas por Winifrid Wagner (1897-1980, diretora dos Festivais de Bayreuth de 1930 a 1944, época do assim-chamado "Hitler-Bayreuth", foram consideradas primeiramente no idioma original em artigo publicado em 1939 ((H. Hunsche, "Richard Wagner und Brasilien", Ibero-Amerikanisches Archiv XII/3, outubro de 1939).


Essa correspondência ganhou nova atualidade com a publicação, em 1971, de artigo de grande relevância do mesmo autor, onde H. Hunsche trata de uma retificação histórica dos projetos de Wagner relativos ao Brasil com base na correspondência não publicada, em português (Humboldt: Revista para o Mundo Luso-Brasileiro, ed. A. Theile 11/23, 1971, 80-84). (Veja http://revista.brasil-europa.eu/147/Wagner-Brasil_1976.html )


Na consciência despertada nessa época no Brasil pelo estudo de processos culturais - que levou à fundação da correspondente entidade em 1968 (ND) - e sobretudo motivado pelos 150 anos da Independência do Brasil 1822-1972) -, o pesquisador voltado a reconsiderações do século XIX não poderia deixar de, já sensibilizado por Ayres de Andrade, receber essa tentativa de retificação histórica com a máxima atenção.


De pronto evidenciou-se que o significado da publicação de Hunsche nas suas amplas dimensões não poderiam resumir-se a seu escopo, ainda que importante, de descobrir carta e partituras com dedicatória de Wagner enviadas a Pedro II e que deveriam encontrar-se no Brasil.


Presença do Brasil no Centenário dos Festivais de Bayreuth em 1976


O Centenário dos Festivais, em 1976, ofereceu a oportunidade para o confronto com a problemática de Bayreuth em Bayreuth, marcada então por produtivas tensões entre tradição e renovação crítica, conservadorismo wagneriano, alemanidades e esforços de internacionalização e atração da juventude.


Foi nesse Festival que entrou na história como o do "Anel do século" de Pierre Boulez e Patrice Chéreau (1944-2013) que tornou-se possível o diálogo brasileiro com os representantes franceses que, longe de atualizações superficiais, salientaram o atual e a necessária atualidade a ser percebida e tematizada no problemático patrimônio wagneriano.


Graças ao apoio do Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD, Deutscher Akademischer Austauschdienst), pôde-se proceder a estudos de materiais e vestígios documentais referentes ao Brasil e participar de um debate internacional em andamento, nele inscrevendo a perspectiva de processos referenciados pelo Brasil.


Essa vivência de Bayreuth, das realizações nas suas diferenças e no debate em andamento não poderia deixar de marcar decisivamente o desenvolvimento posterior das reflexões, tematizadas e debatidas em aulas e seminários, expressas ou subjacentes em muitas iniciativas.


O ano Wagner de 2013 não poderia, assim, sob o aspecto dos estudos eurobrasileiros, deixar de trazer á consciência esse trajeto de décadas sob a pena de deturpação histórica de desenvolvimentos que já são, há muito, internacionais.


O ano de 2013 foi também marcado pelo falecimento de Patrice Chéreau, e é sob esse impacto que o marco representado pelo Centenário dos Festivais ainda mais se impõe, sendo a êle dedicados os textos aqui publicados.


Início das interações eurobrasileiras de confronto com situações críticas em 1974


A participação no Centenário dos Festivais em 1976 não representou, porém, o início das interações brasileiras na Alemanha com o problema de expressões culturais remontantes a meados do século XIX e que tinham atingido o então presente com cargas de desenvolvimentos político-cuturais posteriores.


Esse início deu-se em outubro de 1974 com a procura de personalidades e entidades da vida cultural e com a participação nas suas atividades. Essas iniciativas foram resultados de desenvolvimentos dos anos anteriores no Brasil e constituiram parte integrante de um programa amplo, preparado com a colaboração de personalidades da pesquisa e da vida musical no Brasil.


Uma delas disse respeito a reflexões conjuntas, vista dos dois lados, da situação de sociedades, em particular vocais e instrumentais remontantes ou portadoras de expressões do século XIX. Esse intento foi resultado de levantamentos e estudos de sociedades corais e instrumentais no Brasil no escopo da organização voltada ao estudo de processos culturais e que levou, na ocasião dos 150 anos da Independência, a observações da situação dessas entidades e de sua função local e regional em diferentes regiões do país.


As questões que se colocavam foram tratados em conferência no Centro Mário França Azevedo de associação de comércio de São Paulo, em 1973, salientando-se a necessidade de estudos de contextos relacionados com classes comerciais e economia do passado sob a perspectiva do presente em rápida transformação nas diferentes regiões.


Esses intentos não se restringiram a bandas de música, mas abrangeram também associações operárias e sociedades de canto de imigrantes e seus descendentes, em particular de alemães. Estas, importantes no passado, encontravam-se em crise devido ainda às consequências da Guerra, procurando-se reorientações e recontatos com correspondentes sociedades e organizações alemãs. Não se tratava aqui apenas de questões de estruturas da prática, mas, entre outros aspectos, da problemática não só estética, mas político-cultural do canto em língua nacional.


Explica-se, assim, que se tenha procurado, de início, contato com sociedades masculinas de canto, ligas e movimentos correspondentes na Alemanha, e isso em contextos regionais alemães marcados pelo romantismo da época do nacional liberalismo e por cargas das décadas de 30 e 40: Lüneburg e Lüneburger Heide. (Veja http://revista.brasil-europa.eu/147/Brasil-em-Lueneburg_1974.html)


O início das atividades nessa região de Lüneburg foi de excepcional significado também para o tratamento de um outro complexo músico-cultural remontante ao século XIX e que também surgia como em situação crítica devido ao passado mais recente tanto no Brasil como na Alemanha: o movimento Bach e a da música antiga em geral.


Se do lado do Brasil as questões foram tratadas sobretudo a partir de preocupações da Sociedade Bach de São Paulo, a principal personalidade do início dos diálogos na Alemanha foi Volker Gwinner (1912-2004), professor de órgão da Escola Superior de Música de Hannover e regente da Johannes-Kantorei de Lüneburg. (Veja http://revista.brasil-europa.eu/147/Brasil-em-Hannover_1974.html ) Numa segunda etapa, e em correspondência aos precedentes da Sociedade Bach de São Paulo, esses trabalhos deveriam levar a Salzburg, procurando-se ali o contexto da academia fundada em 1919 e que deveria marcar a sua revitalização na A.B.E..


O interesse pelo século XIX na musicologia alemã e a América Latina


O início dessas interações internacionais à luz da consciência despertada no Brasil pela necessária reconsideração do século XIX, em particular na música, veio de encontro a um novo interesse pelo século XIX nos estudos musicológicos na década de 70 na Alemanha.

Essa nova atenção teve uma de suas expressões na série de Estudos para a História da Música do Século XIX, um programa de pesquisas da Fundação Thyssen, cujo mentor foi Karl Gustav Fellerer, um dos grandes vultos da história institucionalização universitária da musicologia na Alemanha e da Universidade de Colonia.

O volume dedicado à América Latina, já pelo seu título "As culturas musicais da América Latina no século XIX" (Die Musikkulturen Lateinamerikas im 19. Jahrhundert, Regensburg: G. Bosse 1982 = Studien zur Musikgeschichte des 19. Jahrhunderts 57) e pelo fato de ser editado por um etnomusicólogo, Robert Günther, traz à luz um dos problemas centrais da pesquisa músico-cultural da América Latina na Musicologia européia: o da da impossibilidade de sua consideração adequada no sistema de divisão de áreas em Musicologia Histórica, Etnomusicologia e Sistemática institucionalizado sem ser este questionado no trabalho interdisciplinar em fundamental revisão de seus princípios.

O fato dessa divisão não apenas basear-se em critéríos de métodos, se baseados em fontes históricas, se antes empíricos ou sistemáticos, mas sim também em concepções geográfico-culturais do europeu e do extra-europeu, faz com que a América Latina seja primordialmente vista como esfera da alçada da Etnomusicologia, uma vez que a Musicologia Histórica se auto-delimita por vezes expressamente à Europa.

Esse inscrição disciplinar prejudica o tratamento de questões de natureza histórico-musical, da música de concertos, de compositores e obras, de ópera, de salão, instrumental e vocal, passando estas a ser consideradas à luz antes crítico-negativa de perspectivas e interesses antes voltados ao extra-europeu e às expressões culturais tradicionais ou populares. Sob essas condições, o resultado do projeto, apesar do seu significado e mesmo pioneirismo, não poderia deixar de levar a uma antologia ou coletânea, não correspondendo ao plural do termo cultura de seu titulo e ao escopo de apresentar tendências e perspectivas da pesquisa.

Estas não poderiam ser traçadas sem considerar a transformação básica de orientações preparada pelo desenvolvimento iniciado no Brasil - onde as áreas disciplinares não se encontravam tão fortemente institucionalizadas como na Alemanha - e que consistia fundamentalmente numa orientação das atenções a processos e ao processual, à dinâmica interna e a mecanismos e estruturas não apenas entre as esferas culturais categorizadas, mas do próprío edificio cultural.

Essa decepção de expectativas foi tanto mais sentida pelo fato de ter sido Colonia procurada justamente pelo fato de ali ter atuado até há pouco um dos musicólogos alemães que mais conhecimento possuia do patrimônio de expressões músico-culturais da Península Ibérica - do mundo latino em geral -, preocupando-se com o estudo de seus sentidos e significados, o que poderia ter aberto caminhos para análises atualizadas em cooperação internacional de edifícios culturais que passaram a interagir na América Latina no decorrer de processos de colonização e cristianização: Marius Schneider (1903-1982).

Problemáticas relações entre pesquisa e religião no Catolicismo em Colonia

A escolha de Colonia como principal centro para o desenvolvimento do programa de estudos e interações justificou-se assim pela sua proximidade ao mundo latino na pesquisa e na cultura, manifestada sobretudo na força do Catolicismo na cidade e na região renana.

O cuidado pela forma do culto e o aparato das solenidades litúrgicas e paralitúrgicas de Colonia não apenas fascinam o latinoamericano pelo fato de apresentar de forma intensificada expressões culturais similares e, com elas, modos de compreender o mundo e o homem, como também sugerem possibilidades mais fáceis de diálogos e cooperações.

De fato, essas condições facilitaram aproximações e permitiram iniciativas múltiplas, marcando a decorrência do programa preparado até mesmo de forma preponderante, levaram porém à encoberta de diferenças, mal-entendidos e desvios que tiveram consequências questionáveis no desenvolvimento posterior dos trabalhos euro-brasileiros, sobretudo naqueles relacionados com a música sacra.

Muitos desses encontros em desencontros foram resultado de defasagens e diferenças em época marcada pelo espírito e pela procura de renovação iniciada pelo Concílio Vaticano II. Relacionaram-se, porém, de forma complexa com a pesquisa e com o desenvolvimento e as perspectivas que haviam levado ao programa de interações.

Este, no Brasil, nascera de uma preocupação primordialmente teórica e de pesquisa, nela inscrevendo-se a música sacra. A atenção dirigida a transpassagem de esferas culturais, ao intermediário, trouxera à luz universos submersos de um passado sacro-musical de acompanhamento instrumental combatido por décadas da militância de restauração litúrgico-musical pré-conciliar.

O próprio Gregoriano passou a ser estudado sob a perspectiva dessa orientação voltada à pesquisa, procurando um redirecionamento do movimento Gregoriano até então vigente. Em Colonia, porém, o desenvolvimento deu-se em caminho contrário: do meio acadêmico à aproximação de estudantes e pesquisadores à esfera religiosa.

A preocupação pelo patrimônio cultural, artístico e espiritual assumiu em Colonia outras características daquelas do Brasil uma vez que se dirigia antes à conservação e promoção da polifonia vocal e do Gregoriano como cultivados em época pré-conciliar sem desobedecer, porém, os preceitos do Concílio.

A ponte aqui estabelecida foi sobretudo possibilitada pela Etnomusicologia. As imprecisões quanto a métodos na sua mescla com criterios geografico-espaciais do europeu e do extra-europeu da divisão das áreas musicológicas vieram de encontro a uma concentração das atenções renovadoras pós-conciliares ao mundo extra-europeu, desviando-as em parte da Europa.

Ponto culminante desse desenvolvimento - e de partida para varias iniciativas euro-brasileiras - foi o Congresso Internacional de Música Sacra realizado em Bonn, em 1980, e no qual a presença brasileira foi significativa. A constatação das diferenças, antes sob o aspecto das relações entre a pesquisa e a religião, e sobretudo dos problemas e mesmo êrros decorrentes do uso inadequado da Etnomusicologia é que levou à proposta brasileira da realização de um Simpósio Internacional no Brasil, o primeiro da série Música Sacra e Cultura Brasileira, em 1981.

Esse evento, o maior do gênero nas suas dimensões, representou assim, apesar de suas reinterpretações, uma tentativa de correção dos desvios que o programa de interações experimentava na esfera católico-renana em que se desenrolaram e, sobretudo, na questionável orientação da Etnomusicologia, que já passava então a ser dirigida sobretudo de Berlim e que foi causa de contínuas tensões nos trabalhos posteriores.

Organologia como promissor início em Berlim de análises de edifícios culturais

Fora, porém, justamente em Berlim que, anos antes, em 1975, procurara-se contatos para a discussão de uma questão que se revelara já no Brasil como primordial nas preocupações relativas à divisão de áreas disciplinares.

Se a orientação dirigida a processos dizia respeito de início a uma revisão de relações entre a história e a etnologia, logo percebeu-se que também tornavam-se necessárias reconsiderações do sistemático, em particular o da análise de estruturas e mecanismos inerentes a processos no edifício cultural. Esses problemas manifestavam-se da forma mais evidente nos instrumentos musicais, cuja sistemática convencional segundo meios de produção sonora não satisfazia a necessidade de elucidação de suas transformações, formas híbridas, metamorfoses e conotações de sentidos.

Tanto para os estudos históricos de instrumentos como para a organologia no âmbito da Etnomusicologia, Berlim oferecia-se com o seu Museu de Instrumentos Musicais como centro necessariamente a ser procurado na tentativa de uma primeira na Alemanha discussão das possibilidades visualizadas no estudo da linguagem visual e da hermenêutica de instrumentos que determinariam trabalhos posteriores.

Relações entre ciência e prática. Collegium Musicum de São Paulo e Hamburgo

O núcleo central do programa de estudos e interações iniciado na Europa em 1974 residiu, assim, na tentativa de desenvolvimento internacionalizado de reflexões encetadas e resultantes de problemas reconhecidos no Brasil.

O questionamento de divisão de áreas disciplinares e o direcionamento da atenção a processos - a processos inerentes ao edifício cultural e ao edifício cultural na processualidade histórica - esteve estreitamente relacionado com a preocupação de uma institucionalização adequada da Musicologia como ciência no Brasil.

Essa preocupação - que levou à criação do Centro de Pesquisa em Musicologia (ND 1968) - era compartilhada por regentes e outros representantes da prática musical que também se dedicavam à pesquisa e ao estudo da literatura musicológica.

Dentre aqueles que, movidos pelo desejo de renovação de repertórío de modo fundamento mais se salientaram pela erudição e pelo conhecimento dos desenvolvimentos da pesquisa internacional distinguiu-se Roberto Schnorrenberg, regente do Collegium Musicum de São Paulo.

Apesar do estreito relacionamento entre a pesquisa e a prática, reconhecia-se que a formação de pesquisadores e de artistas, regentes e compositores necessariamente exigia diferentes estruturas institucionais. Para a Musicologia como ciência, o seu lugar seria na área das Ciências Humanas e da Filosofiia, não na das Artes e Comunicações. A observação das soluções encontradas nos grandes centros da Europa para essas relações entre a pesquisa e a prática nas universidades foi assim objetivo primeiro do programa e que levou de início à procura de diálogo em Hamburgo, centro do Collegium Musicum sob Jürgen Jürgens (1925-1994) e que sob diferentes aspectos relacionava-se com o de São Paulo.

Esse diálogo internacional devia preparar de forma fundamentada e refletida, aproveitando e possivelmente corrigindo experiências de outros países, a formação de uma Sociedade Brasileira de Musicologia com o objetivo último de institucionalização adequada da Musicologia no âmbito das Ciências Humanas e da Filosofia no Brasil.

Desvios e bloqueios de toda a ordem, circunstâncias e fraquezas humanas deformaram iniciativas e impediram o escopo último dos esforços. Cumpre, assim, reconscientizar-se de pontos de partida, marcados então pela consciência do confronto com complexas situações culturais, para uma análise diferenciada dos desenvolvimentos, detectação dos pontos de desvios e da natureza dos bloqueios para possíveis correções e retomada de caminhos.

Essas deformações e mesmo falências não dizem respeito apenas ao Brasil, mas também a desenvolvimentos na Alemanha, onde hoje se encontram, de forma inconcebível há 40 anos atrás, musicólogos - sobretudo etnomusicólogos - docentes e estudantes - que não sabem música!

Tambem aqui torna-se necessário balanços e reajustes, o que apenas podem ser feitos considerando que a internacionalização de estudos hoje tão propugnada não é nova, mas possui uma longa história, e um de seus significativos exemplos é programa iniciado em 1974 e que foi ponto de partida de desenvolvimentos euro-brasileiros de décadas.

Antonio Alexandre Bispo





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Indicação bibliográfica para citações e referências:
Bispo, A.A. "Débito e Crédito - 1974-2014. Época de balanços e reajustes. Revendo inícios de interações euro-brasileiras na procura de esclarecimentos de complexas heranças culturais".
Revista Brasil-Europa: Correspondência Euro-Brasileira 147/1 (2014:1). http://revista.brasil-europa.eu/147/Revendo_Brasil-Europa_1974-2014.html